Arquivos mensais: novembro 2017
Ação da PF no Governo Dino e decisão do TJ a favor de Roseana elevarão o tom do “bateu-levou” na campanha eleitoral
O 17 de Novembro de 2017 vai entrar para a crônica política do Maranhão como um dia, se não exatamente excepcional, mas suficientemente movimentado para ser lembrado por uma reviravolta em posições que vinham se consolidando e que norteariam os discursos das principais forças envolvidas na disputa pelo poder no estado ao longo da corrida às urnas. O dia começou com a Polícia Federal realizando a Operação Pegadores (5ª fase da Operação Sermão dos Peixes), com a prisão de mais de uma dezena de pessoas em São Luís e Imperatriz – entre elas Rosângela Curado, que disputou a Prefeitura de Imperatriz pelo PDT apoiada pelas forças governistas – por suposto desvio de recursos de pelo menos R$ 18 milhões da Secretaria de Saúde entre 2015 e 2017, portanto no atual Governo. E antes do final da manhã, a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça bateu martelo e, por meio do trancamento de ação acusatória movida pelo Ministério Público, eximiu a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) de envolvimento ou responsabilidade no que ficou conhecido como “Máfia da Sefaz”, um suposto esquema de mutreta fiscal que teria desviado nada menos que R$ 400 milhões dos cofres estaduais.
Os dois episódios sugerem uma inversão de posições, mas na essência têm o mesmo roteiro e, tudo indica, o mesmo desfecho. A julgar pelo que foi dito pelo delegado responsável, a Operação Pagadores atingiu em cheio o Governo Flávio Dino (PCdoB), já que os supostos desvios foram praticados entre 2015 e 2017, portanto durante o seu período, dando ao exército midiático alinhado ao Grupo Sarney munição de grosso calibre para disparar à vontade contra o governador Flávio Dino, que lidera a corrida eleitoral em todos os cenários. Do outro lado, a decisão da 2ª Câmara Criminal favorável à ex-governadora Roseana Sarney levou às forças de mídia alinhadas ao Palácio dos Leões a lembrarem que a situação é idêntica, argumentando que a ex-chefe do Executivo foi eximida, mas a encrenca existe, com provas robustas e que cedo ou tarde poderá levar para atrás das grades os envolvidos, entre eles o ex-secretário de Fazenda, Cláudio Trinchão.
Como um desdobramento articulado, a Operação Pegadores e a exclusão da ex-governadora Roseana Sarney da lista de acusados da “Máfia da Sefaz” já estão sendo transformadas em motes para a guerra de acusações a ser travada na corrida eleitoral que, pelo visto, já está em curso e tende agora a ganhar mais volume e barulho. Ciente da repercussão e do potencial de estrago da ação da PF, o Palácio dos Leões agiu rápido e antes de o comando da Operação se manifestar em entrevista coletiva, soltou uma nota dando uma série de explicações, anunciando providências e afirmando que o Governo não compactua com esse tipo de coisa. O secretário de Saúde, Carlos Lula, disse no twitter que estava acompanhando a ação da PF e se afirmou que a SES está colaborando para que tudo seja colocado em pratos limpos, garantindo também que no final ficará demonstrado que o Governo não tem envolvimento com qualquer distorção. Já os aliados da ex-governadora Roseana Sarney festejaram a sua condição de ficha limpa, mas preferiram silenciar em relação ao andamento das investigações destinadas a enquadrar os envolvidos no esquema criminoso da “Máfia da Sefaz”, que na perspectiva de alguns, terá um desfecho bombástico em pouco tempo, que poderá respingar politicamente na candidata do PMDB do Governo do Estado.
O fato incontestável é que uma leitura equilibrada e isenta dos dois acontecimentos desse 17 de Novembro mostra que o que foi apurado pela Polícia Federal na Secretaria de Saúde – funcionários fantasmas recebendo boladas gordas das empresas prestadoras que são pagas com dinheiro federal – é gravíssimo e deverá ter desdobramentos pesados para a conta do Governo, mas sem atingir diretamente o governador Flávio Dino, e que o esquema da “Máfia da Sefaz” poderá arranhar profundamente a imagem de lisura do Governo passado, mesmo que o arranhão não alcance diretamente a ex-governadora Roseana Sarney. Não há dúvidas, porém, de que nos momentos decisivos da guerra política e eleitoral, os dois serão responsabilizados pelas manchas s policialescos que alcançaram suas gestões.
PONTO & CONTRAPONTO
Prisão de Rosângela Curado é pancada forte no projeto senatorial de Weverton Rocha
A prisão da suplente de deputada federal Rosângela Curado arranha, no contexto geral, a imagem do Governo Flávio Dino, mas o seu impacto causará danos mais graves no até aqui bem encaminhado projeto do deputado federal Weverton Rocha de chegar ao Senado nas eleições do ano que vem. Foi o parlamentar quem, como chefe maior do PDT, bancou a nomeação – feita a contragosto, diga-se – da enfermeira e política tocantina para a Subsecretaria de Estado da Saúde naquela região. Menos de um ano depois, ainda na gestão do médico Marcos Pacheco na Secretaria de Saúde, o governador demitiu-a sob forte suspeita de desvio de conduta administrativa, abrindo uma crise na relação com o deputado Weberton Rocha. Certo de que Rosângela Curado seria a porta pela qual entraria forte em Imperatriz, já que naquele momento ela aparecia em todas as pesquisas como nome imbatível para a Prefeitura de lá em 2016, Weverton Rocha decidiu minimizar os danos políticos e eleitorais da demissão se licenciando para dar-lhe quatro meses de mandato federal. Ao mesmo tempo, travou uma luta de foice contra o presidente do PCdoB, o influente Márcio Jerry – então secretário de Comunicação e principal conselheiro político do governador Flávio Dino -, pela escolha do candidato do grupo em Imperatriz. Depois de meses de uma verdadeira guerra nos bastidores da aliança governista, Weverton Rocha conseguiu minar o deputado Marco Aurélio (PCdoB) e o secretário de Infraestrutura Cleyton Noleto (PCdoB) e impor Rosângela Curado como candidata do grupo governista. Uma série de fatores transformou a candidata do PDT no maior fiasco eleitoral da história recente de Imperatriz, desmontando o projeto senatorial do líder pedetista, que até o momento não “arrancou” em Imperatriz. A prisão de Rosângela Curado na Operação Pegadores, confirma que o governador Flávio Dino estava certo quando a demitiu em 2015 e que Weverton Rocha calculou muito mal. Há quem acredite que por sua capacidade de superar adversidades, o deputado Weverton Rocha consiga reverter tal situação, mas há também quem preveja que ele dificilmente conseguirá viabilizar como sonhou o seu projeto de sair de Imperatriz como escolhido para uma das vagas no Senado em 2018.
Operação Pegadores coloca Ricardo Murad em estado de alerta máximo
Ao mesmo tempo em que anima as forças do Grupo Sarney, que ganhou um mote para disparar contra o Governo Flávio Dino, a Operação Pegadores coloca o ex-deputado e ex-secretário de Saúde Ricardo Murad em estado de alerta máximo. Na avaliação geral, a ação de ontem da PF cuidou de um caso isolado de suspeita de desvio no Sistema Estadual de Saúde pela via do sistema de empresas prestadoras de serviço criado e posto em prática durante a sua marcante e controversa gestão no Governo Roseana Sarney. Ricardo Murad está no epicentro e é o alvo principal da Operação Sermão dos Peixes, desencadeada em 2015 com o objetivo de colocar na cadeia os responsáveis pelo suposto desvio de R$ 1,2 bilhão. Durante a Operação Sermão dos Peixes, Ricardo Murad foi acordado por agentes na manhã de 17 de Novembro 2015 – há exatamente dois anos – e levado coercitivamente para prestar depoimento na sede da Polícia Federal, onde permaneceu várias horas respondendo a uma bateria de perguntas de uma esquipe de delegados. A pancada política e moral foi tão forte que levou Ricardo Murad a tomar uma decisão antes impensável no seu caso: anunciou ao mundo que a partir daquele momento suspenderia suas intensas e abrangentes atividades políticas para se dedicar integralmente à sua defesa. E realmente se recolheu e sumiu do mapa por bom tempo, retornando meses depois, aos poucos. Aparentemente, as investigações da Operação Sermão dos Peixes parecem até encontrar-se em banho maria, mas a julgar pelo que está acontecendo no País, dificilmente uma denúncia envolvendo suposto desvio criminoso de R$ 1,2 bilhão da área de Saúde será mandada para o arquivo morto sem que tudo esteja devidamente esclarecido. Daí alguns observadores ouvidos ontem pela Coluna preverem que o Sermão vai continuar, abrindo caminho para Ricardo Murad fechar sua defesa e – quem sabe? – levar à frente seu projeto de encarar as urnas em 2018 como candidato a senador ou até mesmo a governador.
São Luís, 16 de Novembro de 2017.
Enquanto adversários tentam se consolidar, Dino reforça sua aliança partidária e mantém favoritismo
Enquanto a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) ainda tenta dar forma e conteúdo à sua pré-candidatura recém anunciada, o senador Roberto Rocha (PSDB) dá os primeiros passo para dar consistência ao seu projeto eleitoral, a ex-prefeita Maura Jorge (Podemos) continua se esforçando para convencer o eleitorado e a classe política de que não é um blefe, e a pré-candidatura do deputado Eduardo Braide (PMN) ainda é apenas uma possibilidade com chance de se tornar uma realidade, o governador Flávio Dino (PCdoB) fortalece o seu projeto de reeleição construindo sem maiores dificuldades uma ampla e sólida aliança, reunindo em torno da sua candidatura líderes expressivos e um espectro partidário que vai da esquerda à direita. Está concluindo negociações com o ex-ministro Gastão Vieira (PROS), com o deputado federal Juscelino Rezende (DEM) e com o deputado federal André Fufuca.
Favorito em todas as pesquisas, exceto nas realizadas em bolsões isolados, o governador vai aos poucos dando velocidade a essa locomotiva em direção às urnas. E o faz inaugurando ou anunciando obras em todas as regiões do estado, numa maratona que o difere da maioria esmagadora dos demais governadores, muitos atolados no charco da má gestão e da crise financeira. Essa realidade foi traduzida recentemente pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, em visita a São Luís: “Muitos Estados estão passando por um momento difícil, mas aqui no Maranhão, com a gestão Flávio Dino, a gente percebe que há rigidez e uma eficiência muito grande, que privilegia o desenvolvimento, a geração de renda”.
Enquanto comanda um Governo correto, que paga suas contas em dia e faz investimentos em áreas vitais, como educação, saúde e infraestrutura, o governador vai aos poucos dando coloração politica à sua maratona, certo de que, a menos de 11 meses das eleições, é hora de começar a fazer política e mostrar o que fez e está fazendo para dar mais legitimidade ao pedido de votos para a reeleição. Nas últimas semanas, Flávio Dino vem intensificando suas incursões pelos municípios, cumprindo uma agenda intensa, que inclui sábados, domingos e feriados.
E com o cacife de bom Governo – a Oposição não engole e o acusa de má gestão -, o governador tem auferido também bons resultados dos seus movimentos políticos. Repercutiu fortemente nas últimas horas sua aproximação com o ex-ministro Gastão Vieira, que decidiu a afastar-se do Grupo Sarney e levar o PROS para a órbita governista. A aproximação de Gastão Vieira tem um simbolismo forte e repercute com maior intensidade, principalmente pelo fato de que o ex-ministro foi durante décadas um dos “homens de ouro” do núcleo mais próximo de Roseana Sarney. Sua saída do PMDB foi a mais nítida sinalização de que o Grupo Sarney está fragilizado e terá dificuldades para se recompor. Seu ingresso na aliança situacionista demonstra que ele enxerga caminho largo nessa banda da polpitica estadual.
A política de atração de reforço partidário tem produzido outros resultados surpreendentes. É o caso do PTB, por exemplo, hoje comandado pelo deputado federal Pedro Fernandes. Agremiação alinhada – mas sem submissão – há décadas ao Grupo Sarney, o PTB ingressou firme na aliança governista, tendo como elo o vereador Lucas Fernandes, que é hoje o atual gestor urbanístico da Região Metropolitana de São Luís, numa aliança com o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) sob as bênçãos e estímulos do Palácio dos Leões. Na mesma linha, o governador Flávio Dino está praticamente fechado com DEM, liderado pelo deputado federal Juscelino Filho, num pacote que deve incluir a filiação do deputado federal José Reinado Tavares ao partido e a sua candidatura ao Senado – exigência do comando nacional.
O reforço à aliança liderada pelo PCdoB ganhou ainda mais consistência e densidade quando o PP, agora liderado pelo deputado federal Fufuca Dantas, que colocou as cartas na mesa e decidiu aliar-se ao governador, deixando de lado uma relação de décadas com a família dele com o Grupo Sarney visando exatamente dar uma guinada radical. Na mesma trilha, o governador construiu uma relação surpreendente com o ex-prefeito de Imperatriz, Ildon Marques, que foi por quase duas décadas a voz de Roseana Sarney na Princesa do Tocantins.
No cenário do momento, não dá para menosprezar nenhuma das candidaturas ou projetos de candidatura já postos, mas é absolutamente inviável enxergar algum candidato em condição de encarar Flávio Dino e acreditar que tenha condições de levar a melhor. Isso porque o que garante o favoritismo do governador é um conjunto de fatores – uma gestão eficiente e limpa, força política, credibilidade pessoal e boa articulação.
PONTO & CONTRAPONTO
Sarney Filho minimiza participação no programa do PV
Estranha a participação do ministro Sarney Filho no programa nacional do PV, exibido ontem antes do Jornal Nacional, da rede Globo. Enquanto o presidente da agremiação verde, Luiz Penna, bateu forte no desmonte moral e ético do Governo e dos políticos de um modo geral, mas com um foco claro no PMDB, e a líder do partido na Câmara Federal, deputada Leandre Dal Ponte (PR), criticou o desrespeito com as minorias e defendeu uma maior atuação política das mulheres, Sarney Filho participou com uma amena e didática defesa dos grandes rios. Como quem nada tinha a ver com a pancadaria, o deputado federal, que é candidato a senador, fez de conta que ignorou a pancadaria do presidente do partido contra o Governo Michel Temer, que identificou como um antro de corrupção. Como um professor ginasial, o ministro Sarney Filho, que é deputado federal licenciado e candidato a senador, aproveitou o horário nobre para, em cadeia nacional, ensinar, de maneira quase prosaica, que o importante é “salvar as nascentes dos pequenos rios”, porque, ensinou, “são eles que formam os grandes rios”. A participação “professoral” escondeu totalmente o deputado federal Sarney Filho, político de discurso forte e combativo, mas que ficou inteiramente apático diante da pancadaria no Governo do qual ele é parte. Essa situação esdrúxula pode ser uma sinalização de que o ministro está a caminho de mudar de partido, como vem sendo especulado sem que ele desminta.
Lobão desafia adversidades e fala na inserção do PMDB como candidato à reeleição
Mesmo sob intenso bombardeado pelos canhões impiedosos da Operação Lava Jato, que o acusam – até agora sem provas concretas – de participar de esquema, o senador Edison Lobão fez no horário destinado ao PMDB exatamente o contrário do que o ministro Sarney Filho fizera no programa do PV. Na inserção pemedebista, Edison Lobão jogou pesado como parlamentar informando haver destinado R$ 200 milhões em emendas para as áreas essenciais como saúde, educação, infraestrutura, etc.. O senador pemedebista sinalizou com clareza que, apesar dos pesares, ele está no jogo e disposto a jogar pesado para renovar o mandato. Lobão, que se apresentou sem paletó nem gravata fez um discurso direto, objetivo, como um comunicado, com uma formação precisa, sem adereços. Falou como um senador que está determinado a seguir na carreira, mesmo correndo o risco de ter sua carreira interrompida por um processo judicial.
São Luís, 14 de Novembro de 2017.
Eduardo Braide volta ao debate sucessório com vídeo insinuando sua candidatura ao Governo
O deputado estadual Eduardo Braide (PMN) volta ao centro nervoso e agitado do cenário político, e de novo apontado como possível candidato a governador. Os registros entusiasmados dessa possibilidade foram motivados por um vídeo de publicidade partidária no qual o parlamentar assanha o universo sucessório com um discurso em que se mostra interessado em entrar agora na corrida pelo Palácio dos Leões. Na peça, ele afirma que “o Maranhão pode crescer de verdade (…), sem aumentar impostos de forma abusiva prejudicando a população e os pequenos comerciantes (…)”, e que “educação e segurança não sejam só propaganda, mas funcionem de verdade”. Trata-se, evidentemente, de uma clara provocação ao governador Flávio Dino (PCdoB) e, de quebra, uma insinuação de que se as coisas lhe forem favoráveis, ele suspenderá sua corrida à Câmara Federal e partirá para o gigantesco desafio de entrar na briga pelo comando político e administrativo do Maranhão.
Um dos quadros mais preparados e promissores da nova geração de políticos maranhenses, Eduardo Braide faz um jogo inteligente nessa fase de pré-campanha. Com o enorme cacife que acumulou na corrida pela Prefeitura de São Luís no ano passado, na qual começou na rabeira e alcançou o peso de adversário principal do prefeito Edivaldo Jr. (PDT), com quem disputou um animado segundo turno, o parlamentar do PMN aproveita as incertezas que ainda povoam o quadro de candidatos a governador e se apresenta como alternativa saudável no jogo sucessório. Assim, assume o espaço do que seria uma espécie de “quarta via”, credenciando-se a se tornar o caminho da faixa do eleitorado que não gosta da linha de esquerda do governador Flávio Dino (PCdoB), da suspensão da aposentadoria da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) nem do projeto ainda em desenvolvimento do senador Roberto Rocha (PSDB).
Político antenado, que já consegue se situar no cenário como opção para deputado federal, senador e governador, Eduardo Braide procura tirar proveito dessa posição mostrando que tem noção clara do seu potencial e dos seus limites. No vídeo, por exemplo, ele se coloca como uma alternativa, mas isso não significa que esteja anunciando sua candidatura. O seu projeto, segundo ele próprio, é eleger-se deputado federal, disputar a Prefeitura de São Luís em 2020 e, consumadas essas conquistas, chegar ao Governo do Estado. Um roteiro natural, factível e viável, segundo todas as projeções feitas por aliados e adversários. Por enquanto, se nada excepcional e prejudicial acontecer, ele permanecerá fiel ao seu projeto, que vem montando cuidadosamente desde que chegou à Assembleia Legislativa em 2010.
Atento ao desenrolar dos fatos, e ciente de que a excepcionalidade pode acontecer, Eduardo Braide vem se preparando cuidadosamente para o desafio de saltar duas etapas – Câmara Federal e Prefeitura de São Luís – para encarar a briga por um mandato majoritário. Se as circunstâncias o empurrarem, ele poderá se credenciar a uma vaga no Senado, e se esse empurrão for de fato excepcional, estará pronto para medir força e prestigio com o governador Flávio Dino, a ex-governadora Roseana Sarney e com o senador Roberto Rocha. Poderá também entrar como candidato apoiado pelo Grupo Sarney se a ex-governadora desistir de enfrentar as urnas. Essa última possibilidade é admitida por fontes graúdas do Grupo Sarney, e o próprio parlamentar não diz nem sim nem não, apenas abre um sorriso maroto quando lhe perguntam sobre o assunto. Um comportamento típico de quem já alcançou o status de “raposa política”
Não é possível, nesse momento, fazer uma previsão segura sobre qual será o caminho do deputado Eduardo Braide nas eleições do ano que vem. A possibilidade visível é que ele vai disputar votos numa posição diferenciada, com a vantagem de quem parece vocacionado para se tornar um quadro político que, mesmo tendo um ideário político conservador do ponto de vista ideológico, está acima da média.
PONTO & CONTRAPONTO
Zé Vieira se diz perseguido em Bacabal, mas a verdade é que ele está lutando contra ele próprio
O prefeito eleito, empossado e afastado de Bacabal, Zé Vieira (PR), se diz vítima de perseguição, em entrevista publicada na edição de Domingo do Jornal Pequeno. Ele afirmou que a perseguição se dá porque ele declarou apoio ao governador Flávio Dino (PCdoB) e porque é inimigo do senador João Alberto (PMDB). O que acontece em Bacabal é uma guerra pelo poder, um conflito entre dois grupos que brigam há tempos pelo comando da Prefeitura bacabalense. Nessa guerra sem trégua, Zé Vieira, um senhor que caminha para os 80 anos, se desdobra para ocupar novamente um cargo que já ocupou por dois mandatos, e para isso joga tudo para seduzir o eleitorado e anular o adversário – agora mesmo está gastando uma pequena fortuna numa guerra judicial que, tudo indica, está perdida. Do outro lado está o senador João Alberto, um político integral e de tempo integral e que tem uma paixão sem medida por Bacabal, onde nasceu e passou parte da infância, mas nunca cortou os laços que os ligam. A diferença é que o senador João Alberto – que também já foi prefeito (janeiro de 1989 a abril de 1990) – não está disputando o cargo, mas apoiando o deputado Roberto Costa (PMDB), um dos políticos mais preparados e promissores da sua geração. Não há, portanto, nessa guerra política pelo comando de Bacabal, um algoz e uma vítima. E fazendo uma avaliação simples da situação, o mais correto é afirmar que, apesar de ter um adversário osso duro de roer na sua cola, Zé Vieira está na verdade lutando contra ele próprio, pois quem está dando força para a cassação do seu registro de candidatura, anular seus votos e mandá-lo para casa sem o direito de votar o ser votado durante três anos são as condenações por improbidade administrativa que lhe pesam sobre as costas.
Humberto Coutinho se recupera de um quadro infeccioso e se recolhe em Caxias para intensificar tratamento
A Dra. Cleide Coutinho e familiares, em respeito à população de Caxias e do Maranhão, informam que Dr. Humberto Coutinho encontra-se em Caxias para dar continuidade ao tratamento de um quadro infeccioso e, por determinação da equipe médica, as visitas estarão restritas aos familiares. Informam, ainda, que logo que haja liberação da equipe médica, Dr. Humberto retornará a receber todos os seus amigos com a mesma receptividade.
Caxias, 13 de novembro de 2017
O comunicado esclarece a ausência do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho (PDT), das últimas sessões. E se submeteu a mais uma sessão de quimioterapia, com a qual vem vencendo um câncer no intestino, e a um tratamento intenso para combater sequelas de um processo cirúrgico que sofreu para a retirada de aderências decorrentes de uma cirurgia anterior. A Coluna apurou que o deputado Humberto Coutinho encontra-se se recuperando em sua residência, mas sob rigorosa determinação dos seus médicos de proibir temporariamente o contato com amigos, aliados e correligionários políticos, com os quais costuma passar horas seguidas conversando sobre o cenário político nacional e nele o quadro maranhense e nos municípios. Nessas conversas, Humberto, Humberto Coutinho costuma se agitar, apesar da sua aparência serena. “Fazer polpitica conversando e o que eu mais gosto de fazer”, disse ele em uma conversa com o titular da Coluna. E é verdade, pois o médico, empresário da área de Saúde e pecuarista troca qualquer programa por uma boa conversa política, e é essa relação com a política que fez dele uma das principais referências do Maranhão nessa seara.
São Luís, 13 de Novembro de 2017.
Briga pela Prefeitura de Bacabal produz uma frenética e nebulosa guerra de liminares no Tribunal de Justiça
Não será surpresa se o desfecho da eleição para prefeito e vice-prefeito de Bacabal – que deve acontecer nos próximos dias – entrar para a crônica política como o mais surpreendente, frenético e nebuloso da História recente do Maranhão, tendo com o epicentro desse movimento o Tribunal de Justiça do Estado. O entra-e-sai de Zé Vieira (PR) no cargo por força de liminares tem causado espanto nos observadores externos, e até onde se sabe, mal-estar nos diversos escalões do Poder Judiciário. O que mais chama atenção é que nessa chicana o que está em jogo não é exatamente a condição do candidato do PR, porque a Justiça Federal já bateu martelo que ele está inelegível por três anos, mas uma ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ) mandando o Tribunal de Justiça do Maranhão suspender a sua permanência no cargo até que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirme ou a cassação do registro da sua candidatura, pedida pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), o que anulará os seus votos. A Justiça Eleitoral também decidirá se empossa o segundo colocado, o deputado Roberto Costa (PMDB), ou se convocará nova eleição.
Esse desafiador quebra-cabeça judicial começou ainda em junho de 2016, quando os candidatos a prefeito de Bacabal registraram suas chapas. Naquele momento, MPE pediu a anulação do registro de Zé Vieira alegando ser ele inelegível por ter sido condenado por improbidade administrativa pela Justiça Federal em processos relacionados com sua gestão anterior na Prefeitura de Bacabal. Zé Vieira acionou seu exército advocatício o recorreu ao TRE, que confirmou o pedido do MPE, levando o candidato do PR a recorrer ao TSE. Ao mesmo tempo, a tropa de choque advocatícia de Zé Vieira abriu outra frente, esta na Justiça Federal, recorrendo das condenações por improbidade administrativa. Enquanto isso, o processo eleitoral evoluía, com Zé Vieira se mantendo na disputa por liminares.
Apurados os votos de Bacabal, Zé Vieira foi eleito com mais de 22 mil votos, tendo como vice o jovem vereador e empresário Florêncio Neto (PHS), que entrara na chapa com o aval do pai, o deputado estadual Carlinhos Florêncio (PHS). O segundo colocado foi o jovem deputado estadual Roberto Costa (PMDB), que saiu das urnas com mais de 18 mil votos, comandando o grupo liderado pelo senador João Alberto (PMDB). De cara, o MPE contestou o resultado da eleição e pediu à Justiça Eleitoral que Zé Vieira não fosse diplomado. Foi atendido. Mas o candidato recorreu e conseguiu a diplomação por liminar. Nesse meio tempo, o STJ julgou a ação do MPF e os recursos do candidato e confirmou que está condenado por improbidade administrativa, comunicando essa decisão ao presidente do Tribunal de Justiça (TJMA), desembargador Cleones Cunha, que por sua vez cumpriu a regra e repassou o comunicado ao juiz de Bacabal. Diante da decisão do STJ, o juiz Jorge Sales Leite, titular da 3ª Vara de Bacabal, indeferiu (28/10) pedido de Zé Viera e manteve válido o ato do presidente da Câmara, Edvan Brandão suspendeu a posse de Zé Vieira, mas ele recorreu e reverteu a medida, levando em seguida a juíza Daniela Ferreira a confirmar o impedimento.
Foi a decisão da juíza de suspender a posse de Zé Vieira e empossar o vice-prefeito Florêncio Neto que deu a largada para o surpreendente conflito de entendimentos entre desembargadores. O recurso de Zé Vieira contra a decisão da Juíza foi protocolado no TJ na noite de 31/10, quando estava como plantonista a desembargadora Cleonice Freire, ex-presidente do Poder, que num despacho – que surpreendeu pela extensão -, contrariou a decisão da Justiça Federal e mandou empossar Zé Vieira. Dois dias depois, advogados do candidato Roberto Costa recorreram da decisão de Cleonice Freira ao relator do processo, desembargador Ribamar Castro, que no seu despacho (1º/11) cassou a liminar concedida pela colega e mais uma vez suspendeu a permanência de Zé Vieira no cargo, mandando empossar de novo o vice-prefeito.
A intensa “guerra” judicial produziu então uma situação no mínimo surpreendente. Os hábeis e ágeis advogados de Zé Vieira recorreram da decisão do desembargador Ribamar Castro. E no frenético sai-daqui-vai-para-ali, o processo foi parar nas mãos da desembargadora Nelma Sarney, que também não pensou duas vezes e (08/11) cassou a liminar concedida por Ribamar Castro e mandou empossar Zé Vieira, alegando que o desembargador não tinha competência para decidir sobre o caso. A aí aconteceu o mais incrível. Os advogados de Roberto Costa descobriram que, ao contrário do que havia sido decidido, era a desembargadora Nelma Sarney que não tinha competência para se manifestar, prerrogativa exclusiva do desembargador Ribamar Castro, que é o relator do processo. Diante da revelação, que cassou a liminar concedida por Nelma Sarney. O imbróglio foi parar na presidência da Corte, mas como o presidente Cleones Cunha não se encontrava em São Luís e a vice-presidente, desembargadora Maria da Graça Duarte se deu por impedida, coube ao decano do Judiciário, desembargador Bayma Araújo, colocar ponto final na mixórdia.
Considerado o maior processualista do TJMA, Bayma Araújo matou a charada e bateu martelo: Nelma Sarney não poderia desmanchar uma decisão do relator Ribamar Castro. Com isso, ficou valendo a suspensão da volta de Zé Vieira ao cargo. Houve ainda uma tentativa dos advogados dele de levar a questão ao Plenário, mas o decano Bayma Araújo fez valer a regra e brecou a operação. Sua decisão esgotou a possibilidade de recursos contra a decisão do STJ no TJMA. Zé Vieira continua fora do cargo.
Agora, o futuro da eleição para prefeito de Bacabal está nas mãos da Justiça Eleitoral. Nos próximos dias, o TSE vai julgar o último recurso de Zé Vieira, que já perdeu no Juizado de base e no TRE, por unanimidade.
PONTO & CONTRAPONTO
Hilton Gonçalo dá sinais de que pretende deixar o PCdoB e seguir seu próprio rumo
Não há dúvida de que está causando certo impacto no Palácio dos Leões e no universo governista com o um todo, mas a verdade é que as declarações do prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (PCdoB), sinalizando a possibilidade de deixar o partido e romper com o governador Flávio Dino já eram aguardadas por observadores mais atentos. E as razões várias e óbvias. A primeira é que Hilton Gonçalo é um político independente, que dificilmente se submeteria a uma orientação nada identificada com o que ele pensa. Seus movimentos indicam que ele é um democrata, com uma visão de centro, mas nada identificado com a esquerda, o que o torna inteiramente incompatível com o PCdoB. Depois, é um líder personalista, que não admite sombras. Além, tem um conceito próprio do que é gestão pública, que não “bate” exatamente com a do governador Flávio Dino. Vale lembrar que Hilton Gonçalo deixou o PDT depois de não encontrar condições de conviver com o comando absoluto do deputado federal Weverton Rocha.
Mesmo controlando três prefeituras – Santa Rita, Bacabeira e Pastos Bons – e tendo condições plenas de alcançar um mandato de deputado federal, Hilton Gonçalo sempre sinaliza que sua pretensão vai muito além, como o Palácio dos Leões ou um período de oito anos no Senado. E isso o torna um quadro atípico no cenário político do Maranhão. A primeira evidência de que dificilmente se manteria rigorosamente alinhado ao PCdoB e ao Palácio dos Leões veio na campanha para as eleições municipais de 2016. Candidato a prefeito de Santa Rita, com cacife de mais de 80% das preferências nas pesquisas, cuidou diretamente da eleição da mulher, Fernanda Gonçalo, em Bacabeira e da irmã, em Pastos Bons, encontrou ainda ânimo para, contrariando a orientação do seu partido e do Governo, participar intensamente da campanha do deputado Eduardo Braide (PMN) para a Prefeitura de São Luís.
Mais recentemente, Hilton Gonçalo tem sinalizado que pode entrar na disputa para o Senado. Não consolidou ainda esse projeto, mas as declarações dadas ao jornalista Diego Emir indicam que ele está disposto a esticar a corda e seguir o seu próprio rumo. Aguarda-se o seu próximo passo.
Movimentos de Brandão não mudarão a intervenção no PSDB do Maranhão
Erra feio quem insiste em alimentar a ideia de que poderá haver uma reviravolta no comando do PSDB no Maranhão. Pelo que aconteceu até agora e pelo que é possível prever diante dos fatos, a situação do ninho dos tucanos maranhenses está resolvida. O partido está sob o controle do senador Roberto Rocha, que é seu presidente provisório, e do ex-prefeito Sebastião Madeira, que será o secretário-geral. O embate entre os grupos liderados pelo senador mineiro Aécio Neves e os comandados pelo senador cearense Tasso Jereissati, que mantém o tucanato nacional em clima de guerra doméstica, não tem qualquer influência sobre a refrega que se deu no tucanato maranhense, que resultou na troca de comando, saindo o vice-governador Carlos Brandão e assumindo Roberto Rocha. A situação é simples. Roberto Rocha e Sebastião Madeira pediram e o então presidente provisório, Tasso Jereissati, interveio, afastou Brandão da presidência e entregou a direção a Rocha. Com a decisão do presidente afastado Aécio Neves de tirar o presidente provisório Tasso Jereissati da direção do partido, entregando ao ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, aliados de Carlos Brandão aproveitaram para “espalhar” que a mudança no braço maranhense do partido poderia ser revertida. Não será. Pelo simples fato de que os graúdos do tucanato nacional estão cientes de que Carlos Brandão tentará manter o PSDB na órbita do governador Flávio Dino (PCdoB), o que contraria frontalmente o projeto nacional de impedir a volta da esquerda ao poder, movimento no qual o chefe do Executivo maranhense é um dos comandantes de proa. O vice-governador Carlos Brandão não é malquisto na cúpula nacional do PSDB. Ao contrário, é respeitado. Mas encontra-se numa rota que não se encaixa na do partido, enquanto que Roberto Rocha e Sebastião Madeira se enquadraram perfeitamente. É apenas uma questão de conveniência, e não exatamente de simpatia.
São Luís, 12 de Novembro de 2017.
A Coluna será atualizada neste Domingo, 12/11/2017, a partir do meio-dia.
Sem o comando do PSDB, Carlos Brandão se fragiliza e abre disputa pela vaga de vice de Flávio Dino
A perda do comando do PSDB do Maranhão pelo vice-governador Carlos Brandão intensificou a disputa pela vaga de candidato a vice-governador na chapa com que o governador Flávio Dino (PCdoB) vai concorrer à reeleição. Os movimentos dos últimos dias nos bastidores da aliança governista revelaram que o PT evidenciou que é o principal interessado na vaga, caso o governador Flávio Dino resolva mudar o seu companheiro de chapa. Há outros interessados, como o PDT, o PSB, e o próprio PCdoB, por exemplo, mas seus dirigentes permanecem cautelosos, aguardando que as mudanças no PSDB do Maranhão sejam confirmadas e consolidadas, para que então definam se vão ou não entrar na briga pela vaga de vice. Trata-se de uma posição estratégica, que pode significar mais tempo de rádio e TV durante a corrida às urnas, bem como mais suporte político ou até mesmo reforço eleitoral. Mais do que isso, está em jogo, além da influência que o posto lhe assegura, a possibilidade concreta de o seu ocupante vir a tornar-se governador num mandato tampão de oito meses em 2022, já que é quase certo que, se reeleito, o governador Flávio Dino se desincompatibilizará para disputar um mandato federal, que poderá ser uma cadeira no Senado ou na Câmara Federal, o cargo de vice-presidente ou – quem sabe? – de presidente da República.
Carlos Brandão chegou ao cargo de vice-governador depois de assumir o comando do PSDB e aproveitando o vazio deixado pelo PT, que preferiu manter a aliança com o Grupo Sarney, e levou os tucanos para o movimento liderado pelo então candidato Flávio Dino em 2014. E com o PSDB tinha bom tempo de TV, apresentando ele próprio como o nome do partido. Cria política do ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB), em cujo Governo foi chefe da Casa Civil, e de onde saiu para ser deputado federal. Em Brasília, estreitou laços com o senador Aécio Neves, de quem se tornou aliado dentro do partido. Com a vitória de Flávio Dino em 2014, Carlos Brandão vem atuando como um vice inteiramente afinado com o governador, de quem vem recebendo tarefas importantes, como a de representá-lo em reuniões de governadores, compromissos em Brasília, e, mais recentemente, chefiando missões do Governo do Maranhão no exterior – a mais recente foi na China e durou quase 20 dias. No plano político, Carlos Brandão turbinou o PSDB e a base política do Governo com a eleição de 29 prefeitos em 2016, alguns dos quais devem segui-lo se ele deixar o ninho dos tucanos.
No jogo das montagens para as disputas eleitorais, vale quem tem poder partidário. Se virar o jogo e retomar o comando do PSDB maranhense, entregue ao senador Roberto Rocha e ao ex-prefeito de Imperatriz Sebastião Madeira – o que parece improvável a essas alturas do campeonato -, Carlos Brandão terá grande chance de continuar. Se, por outro lado, não recuperar o poder de fogo político e partidário, dificilmente será candidato à reeleição junto com o governador. E pelo que se observa até aqui, seja qual for o desfecho da guerra em curso na cúpula nacional do partido, a decisão tomada em relação ao braço da agremiação no Maranhão será mantida, pelo simples fato de que, para os cardeais do tucanato, é imprescindível que o PSDB tenha um candidato a governador e candidatos a senador no Maranhão para levar a candidatura presidencial a todos os rincões do estado. E já está definido que essa tarefa será do senador Roberto Rocha, tendo como coordenador o ex-prefeito Sebastião Madeira, que hoje fazem oposição frontal e dura ao governador Flávio Dino.
É essa a lógica das relações políticas e partidárias quando o que está em jogo é um projeto de poder até aqui bem sucedido que só sobreviverá com resultado positivo nas urnas.
PONTO & CONTRAPONTO
Ricardo Murad assume comando do PRP para atuar como linha auxiliar de Roseana Sarney
O ex-deputado Ricardo Murad é o novo manda-chuva do Partido Republicano Progressista (PRP) no Maranhão. Sua condição de presidente do partido foi consumada quarta-feira, em São Paulo, numa reunião com o presidente nacional da agremiação, Ovasco Resende, tendo como avalista o empresário maranhense Severino Sales, vice-presidente nacional. Ao assumir a presidência do PRP no Maranhão, Ricardo Murad cria mais uma linha auxiliar para a candidatura da ex-governadora Roseana Sarney, podendo ser ele próprio candidato a governador ou a senador dentro de uma estratégia de centrar artilharia pesada na direção do governador Flávio Dino. No comando do partido, Ricardo Murad vai definir um projeto para manter a deputada Andrea Murad (PMDB), sua filha e porta-voz aplicada e dedicada, e também garantir a renovação do mandato do deputado Souza Neto (PMN). Mas o ponto central da estratégia levar o PRP para uma posição de confronto aberto com o PCdoB, funcionando também como anteparo de Roseana Sarney. A ideia inicial seria Ricardo Murad ser candidato a governador para ser o contraponto de Flávio Dino, evitando o confronto dela com o governador, mas essa proposta caiu. O fato é que agora o ex-deputado está instrumentalizado, tendo um partido sob o seu comando absoluto, para participar ativamente na corrida eleitoral do ano que vem.
Em Tempo: Consumado seu ingresso no PRP, Ricardo Murad passar a ser, provavelmente, o político maranhense da sua geração que mais mudou de partido ao longo da carreira. Ele nasceu na antiga Arena e passou pelo PDS, PFL, PTB, PDT, PSB, PSDB e PMDB. Saiu de quase todos por absoluta incompatibilidade com as suas direções.
Edison Lobão avisa que sua candidatura à reeleição é irreversível
O senador Edison Lobão (PMDB) é candidato irreversível a novo mandato no Senado. Uma fonte a ele ligada disse à Coluna que, apesar de estar enfrentando uma barra pesada por conta das acusações que pesam contra ele na Operação Lava Jato, Edison Lobão está em franca atividade política, articulando sua candidatura à reeleição com prefeitos de todo o Maranhão. Além das intensas atividades de plenário – ele é conhecido como um dos senadores mais ativos – e das obrigações como presidente da Comissão de Constituição e Justiça, o senador pemedebista tem atuado como um dos principais articuladores do presidente Michel Temer (PMDB) no Congresso Nacional. No campo político estadual com foco na corrida eleitoral, o senador Edison Lobão mantém ativa sua ampla rede de contatos, que envolve deputados federais, deputados estaduais, prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e líderes municipais em todos os recantos do Maranhão, muitos deles apoiadores fiéis e responsáveis de um intenso entra e sai do seu gabinete na Câmara Alta. Se o fogo intenso de procuradores da Lava Jato vier a criar algum embaraço à sua candidatura à reeleição, o senador Edison Lobão só adite uma solução: a candidatura do seu primeiro suplente, Lobão Filho, que tem seu nome citado opção do grupo, mas deixa claro, que só entra para substituir o pai.
São Luís, 09 de Novembro de 2017.
Roseana Sarney pode enfrentar problemas sérios para montar a chapa majoritária que vai liderar
À medida que os ecos do anúncio da sua candidatura ao Governo do Estado começam a se dispersar, a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) a se dar conta de que o seu projeto tem um entorno complicado e que vai precisar de muita conversa, habilidade e renúncia para que as peças nele envolvidas se acomodem sem maiores problemas. São dois pontos a serem resolvidos: a montagem da chapa de candidatos ao Senado e a escolha do candidato à vice. Aparentemente são decisões simples para um candidato com o poder e a influência e a força que ela tem no grupo que comanda. Mas nas entranhas do sarneysismo há uma série de interesses pendentes em jogo, que só serão solucionados com a montagem de uma chapa majoritária cuidadosamente negociada. Essa negociação envolverá os senadores Edison Lobão (PMDB) e João Alberto (PMDB), o deputado federal Sarney Filho (PV) e o suplente de senador Lobão Filho.
Mesmo em guerra aberta contra as acusações que o colocaram na mira da Operação Lava Jato – preço que paga por ter sido ministro de Minas e Energia nos Governos Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT) – o senador Edison Lobão vem emitindo sinais cada vez mais claros de que é candidato à reeleição. Presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado e um dos políticos mais bem articulados do Maranhão, Lobão se movimenta para minimizar o desgaste e alimentar o seu cacife eleitoral. Há, porém, vozes dentro do Grupo que querem Lobão fora da disputa, mesmo sabendo que seu afastamento poderá minar gravemente o poder de fogo, sugerindo a sua substituição pelo suplente Lobão Filho. O senador se mostra indiferente a essas ondas e segue em frente como candidato.
O senador João Alberto tem sinalizado que está cansado da ponte-aérea São Luís-Brasília-São Luís, mas ainda não bateu martelo sobre o assunto. Em princípio, é candidato à reeleição, com a vantagem de que aparece bem nas pesquisas. João Alberto é homem de grupo e de sufocar um projeto pessoal em nome de outro que seja melhor para todos. Mas não aceita qualquer gesto movido pela intenção de descartá-lo. Nesse caso, vira um adversário duro, que todos no grupo respeitam. É provável que ele venha de fato a abrir mão da sua prerrogativa de candidato nato à reeleição. Mas isso terá de ser muito bem articulado.
Mesmo com o cacife de uma dezena de mandatos de deputado federal, com duas estadas prolongadas no Ministério de Minas e Energia, o que o torna um quadro qualificado, Sarney Filho entra na briga sem a garantia de que terá uma das vagas. Ele precisa que Edison Lobão ou João Alberto abra mão da sua candidatura. Já ouviu João Alberto declarar que em nome do grupo pode retirar sua candidatura a seu favor e tem recebido estímulos de aliados. O hoje ministro do Meio Ambiente enfrenta também o temor de parte do grupo de que dois Sarney numa chapa majoritária pode levar o eleitorado a fazer opção por um deles, o que lhe impõe um sério risco eleitoral.
São fatores de uma complicada equação que precisa ser montada por meio de uma delicada e cuidadosa articulação a ser comandada pela ex-governadora Roseana Sarney, certamente com o auxílio indispensável do ex-presidente José Sarney. E já sabendo que o deputado Sarney Filho vem apresentando sua candidatura como irreversível, Sarney, pai, deve resolver essa pendência com o senador João Alberto, que já teria sido sondado para ser candidato à vice, deixando, porém, a questão em aberto por enquanto.
Roseana Sarney sabe que as eleições de 2018 serão decisivas para o futuro do sarneysismo, que ainda abalado com a pancada de 2014, sabe o risco que corre nessa corrida se tomar decisões erradas. Como a de abraçar um projeto senatorial do ex-deputado Ricardo Murad, por exemplo.
PONTO & CONTRAPONTO
Palestra: Flávio Dino do que Lava Jato é “um imenso avanço”, mas alerta para os excessos
A Operação Lava Jato está sendo “um imenso avanço” na luta contra a corrupção e no combate à “vergonhosa desigualdade” que ainda graça no Brasil. Mas a Lava Jato tem sido também marcada também por muitos abusos e distorções que precisam ser corrigidas. Ao mesmo tempo, instrumentos judiciais – a delação premiada e a obstrução da Justiça -, instituídos recentemente, em lei cujo projeto foi por ele relatado quando deputado federal pelo PCdoB, estão sendo usados excessivamente abusivamente. Além disso, o excesso de judicialização impõe traumas ao estado de direito e coloca o Judiciário acima dos outros Poderes, empurrando a democracia para uma situação de risco.
Essas impressões, pronunciada no tom enfático dos convictos, foram feitas ontem pelo governador Flávio Dino em palestra sobre Direito Constitucional para estudantes de Direito da Uema, que realizam uma semana dedicada ao tema. O evento aconteceu em um dos auditórios da Assembleia Legislativa e terminou com o palestrante efusivamente aplaudido.
Bem à vontade e com uma fluência de professor de Direito Constitucional que é, e que sabe exatamente o que esta dizendo e onde quer chegar, o governador fez uma palestra em tom de alerta. Ele chamou atenção para o fato de que o excesso de judicialização tem sufocado e distorcido a função precípua do sistema judiciário brasileiro. E citou como exemplo fato de o Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte de Justiça do País, cuja função resolver pendências de natureza constitucional, já foi provocado para decidir sobre campeonato de futebol. Chamou, por outro lado, a atenção para o farto de que as instituições no Brasil estão em processo de ajustamento. E é natural que haja distorções e abusos, daí o alerta para que futuros advogados aprimorem seus conhecimentos e s apliquem com o verdadeiro senso de Justiça.
Saída de Jefferson Portela da corrida eleitoral é vista com lente distorcida
Muito alarde sobre a decisão do secretário de Segurança Pública, delegado Jefferson Portela, de não mais concorrer a uma vaga na Câmara Federal pelo PCdoB. Mesmo tendo arquivado o projeto por motivos pessoais – relacionados com problemas de saúde na família – o movimento de recuo do secretário foi imediatamente debitado na conta de outro candidato, o jornalista Márcio Jerry, presidente do PCdoB e secretário de Articulação Política e Comunicação, e, de longe, o mais influente integrante do chamado “núcleo duro” de assessores diretos do governador Flávio Dino (PCdoB). É verdade que havia uma discussão forte e às vezes áspera em relação à candidatura de Jefferson Portela, mas tudo indicava tratar-se de uma questão de lógica e de número.
O argumento atribuído a Márcio Jerry era o seguinte: teria o PCdoB, mesmo numa coligação forte, cacife eleitoral para eleger de uma tacada o deputado federal Rubens Jr., candidato à reeleição, Márcio Jerry de Jefferson Portela, ambos marinheiros de primeira viagem nas urnas? Partidários do secretário de Segurança argumentavam que seria possível sim, a eleição dos três. Mas outras vozes, usando a ponderação, avaliavam que um deles “dançaria” nas urnas se as três candidaturas fossem lançadas. E como não havia qualquer possibilidade de sacar Rubens Jr., que se tornou homem de proa no projeto de poder do governador Flávio Dino, nem Márcio Jerry, cuja candidatura está nas ruas desde que, ao ser empossado, o chefe do Executivo o transformou numa espécie de “homem forte” do seu Governo. A lógica fria que move os bastidores do poder apontou Jefferson Portela como o aspirante a ser descartado.
Militante de esquerda aguerrido desde o movimento estudantil, no qual atuou junto com Flávio Dino e Márcio Jerry nos anos 80 do século passado, Jefferson Portela cursou Direito e se tornou delegado de Polícia por concurso. tendo sido secretário de Segurança no Governo de Jackson Lago (PDT). Um dos quadros mais ativos do movimento político que levou Flávio Dino ao poder, Jefferson Portela tem legitimidade política de sobra para pleitear uma vaga de candidato no PCdoB. Sua saída do páreo, se de um lado alivia as tensões dentro do partido, por outro, o grupo diretamente ligado ao governador perde um quadro meio pavio curto, mas politicamente correto e bom de briga.
São Luís, 09 de Novembro de 2017.
Jereissati entrega presidência do PSDB a Rocha e secretaria geral a Sebastião Madeira; Brandão deve sair
Definido o caminho do PSDB do Maranhão. O partido agora está sob o comando do senador Roberto Rocha, que será nomeado presidente da Comissão Provisória a ser instalada ato contínuo à intervenção, tendo como secretário geral o ex-prefeito de Imperatriz Sebastião Madeira. Essa composição foi definida pelo presidente nacional do partido, o senador cearense Tasso Jereissati, e comunicada ao vice-governador Carlos Brandão, que permanecerá na presidência até a mudança ser consumada formalmente. A decisão de entregar a presidência do ninho maranhense ao senador Riberto Rocha foi negociada com o ex-prefeito Sebastião Madeira, que concordou com a fórmula, por entender que o comando se adequa melhor a Roberto Rocha, por ser ele o candidato escolhido do partido ao Governo do Estado. A batida de martelo estanca a crise no PSDB do Maranhão e define seu rumo a partir de agora, sendo o primeiro passo o rompimento total com a aliança que dá sustentação ao governador Flavio Dino (PCdoB) e a confirmação da candidatura do senador Roberto Rocha ao Palácio dos Leões.
A virada de mesa no ninho maranhense foi comunicada ao vice-governador Carlos Brandão na noite de segunda-feira, em Brasília, numa reunião com o presidente Tasso Jereissati. Brandão – que perdeu poder no partido com a derrocada do senador Aécio Neves, de quem era aliado – relacionou os avanços da sua gestão para permanecer no controle da agremiação tucana no estado, mas Jereissati foi taxativo e o comunicou que o comando será agora de Roberto Rocha – que participou do encontro – e Sebastião Madeira. Sem alternativa, o vice-governador entendeu que sua gestão chegara, de fato, ao fim, só lhe restando duas opções: permanecer no PSDB rompendo com o governador Flávio Dino e abraçando a candidatura de Roberto Rocha, ou sair do partido. Carlos Brandão e um grupo de prefeitos e vereadores deverão procurar outro pouso partidário.
O desfecho da crise no PSDB estava escrito nas estrelas. Era impossível, como ficou claro, a permanência do vice-governador Carlos Brandão no comando do partido sendo aliado de proa do governador Flávio Dino. Todas as evidências indicavam que, mesmo se Aécio Neves não tivesse sido tostado nas grelhas da JBS. Os tucanos vêm há tempos avisando que vão brigar pelo poder e elegeram o ex-presidente Lula da Silva (PT) e seus aliados, entre eles o governador Flávio Dino, como adversários a serem trucidados nas urnas. Para tanto, teriam de resolver suas diferenças internas e enquadras os braços regionais que eventualmente estivessem fora desse traçado. O Maranhão era o caso mais visível de “desvio” dessa linha, por encontrar-se alinhado ao governador Flávio Dino, o único chefe de Governo estadual do PCdoB, partido apontado como o mais duro adversário do PSDB depois do PT. Essa relação, cuja sobrevivência ninguém conseguia explicar, só era possível pela ação política firme do vice-governador Carlos Brandão. Ele próprio tinha perfeita consciência de que, por conta da sua relação sólida com o governador Flávio Dino, sua permanência no comando do partido seria apenas de uma questão de tempo.
A troca de comando será formalizada provisoriamente nos próximos dias, para ser consumada na convenção nacional, no final deste mês, quando os tucanos elegerão o sua cúpula e definirão as diretrizes para a corrida eleitoral do próximo ano. Em relação ao Maranhão, além da troca da direção partidária, a decisão mais importante é o lançamento da candidatura do senador Roberto Rocha ao Governo do Estado. Na reunião em Brasília, o presidente tucano Tasso Jereissati teria comunicado ao vice-governador Carlos Brandão de que a candidatura do senador Roberto Rocha é irreversível e terá todo o apoio possível do partido.
Essa é a realidade do PSDB no Maranhão, que está saindo de uma tormenta para, enfim, encontrar o rumo agora definido com a troca de comando e a candidatura de Riberto Rocha ao Governo do Estado.
PONTO & CONTRAPONTO
Mudança no PSDB causa indefinição sobre o destino de quadros importantes do partido
A guinada no PSDB está definida, mas as turbulências internas ainda estão longe de chegar ao fim. Com essa mudança, ninguém sabe precisar qual será o tamanho do PSDB do Maranhão depois que todas as pedras se acomodarem. Para começar, o vice-governador Carlos Brandão deve deixar o partido acompanhado de pelo menos 18 dos 29 prefeitos eleitos pelo partido nas eleições do ano passado. Há quem avalie que a debandada será menor, mas o próprio vice-governador tem dito que com a sua sápida e a candidatura do senador Roberto Rocha o PSDB será esvaziado. Entre os prefeitos, o caso mais emblemático é o de Luis Fernando Silva, de São José de Ribamar, que até aqui tem declarado alinhamento com o governador Flávio Dino. Politicamente importante e eleitoralmente forte. Com a mudança, ainda que tenha relações próximas com Sebastião Madeira Roberto Rocha, Luis Fernando tende a permanecer aliado ao governador Flávio Dino, com quem tem mantido uma convivência politicamente tranquila e institucionalmente produtiva. Outra situação delicada é a do deputado estadual Sérgio Frota, que tem dito e repetido que não romperá com o governador Flávio Dino nem abraçará a candidatura do senador Roberto Rocha. Se mantiver essa posição, é muito provável que Frota venha a ser convidado a deixar o partido, ou se desligue antes de ser mandado embora. Nessa situação encontram-se vereadores, vice-prefeitos e líderes políticos que estão vaiando se permanecem ou vão possa do partido.
Encontro de Eliziane Gama e André Fufuca mostra ascensão da nova geração na política do Maranhão
A visita que a deputada federal Eliziane Gama (PPS) fez ao deputado federal André Fufuca (PP), 2º vice-presidente da Câmara Federal, para discutir o quadro eleitoral, foi marcada um forte simbolismo. São dois políticos da nova geração em franca ascensão. Eliziane é um fenômeno eleitoral, apesar do tropeço impressionante na eleição para a Prefeitura de São Luís. Além de campeã de votos para a Câmara Federal em 2014, a deputada desponta em todas as pesquisas entre os nomes mais fortes para o Senado, deixando para traz, por exemplo, o deputado federal Weverton Rocha (PDT), praticamente consolidado como candidato ao Senado. André Fufuca é uma das revelações politicas mais expressivas da nova geração, já tendo, no seu primeiro mandato federal, chegado à presidência da Câmara Federal, uma proeza jamais alcançada por um parlamentar maranhense estreante naquela Casa. A conversa política de Eliziane Gama e André Fufuca é um fato que pode sugerir uma série de interpretações. A principal delas é que, com o resultado das eleições de 2014, o cenário político do Maranhão ganha novos desenhos, tendo o governador Flávio Dino como principal protagonista, o que abre caminho para o surgimento para a ocupação de espaço para políticos como o senador Roberto Rocha, os deputados federais Eliziane Gama e André Fufuca, e deputados estaduais como Eduardo Braide (PMN), Othelino Neto (PCdoB), Roberto Costa (PMDB), Edilázio Jr. (PV), entre outros.
São Luís, 08 de Novembro de 2017.
Crise no PSDB do Maranhão é reflexo direto de um “racha” profundo no tucanato nacional
A crise por que passa o PSDB do Maranhão vai muito além de uma guerra pelo poder no ninho local, tendo de um lado o ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, e o senador Roberto Rocha, e de outro o vice-governador Carlos Brandão. Essa peleja, ao contrário do que muitos imaginam, é reflexo direto de um racha abissal que agita e ameaça o futuro do tucanato, pondo em risco a mais forte expressão da principal corrente que prega uma estranha mistura de socialdemocracia política e liberalismo econômico, o que a posiciona como a principal força de combate às esquerdas no País. Nesse contexto, além da queda de braço pelo controle do partido no estado, está em jogo um projeto de poder do PSDB que passa pelo rompimento com o PCdoB e o saída dos tucanos da base de apoio do governador Flávio Dino. E a o ponto de confronto é exatamente a candidatura do senador Roberto Rocha ao Governo do Estado.
A crise intestina dos tucanos no plano nacional é fruto de um “racha” entre a corrente liderada pelo senador mineiro Aécio Neves e o grupo liderado pelo senador Tasso Jereissati. O vice-governador Carlos Brandão manteve o comando do partido enquanto Aécio Neves tinha força na cúpula do tucanato. Já Sebastião Madeira integra a ala ligada a Tasso Jereissati. Enquanto Aécio Neves esteve no trono e dava as cartas dentro do PSDB, Carlos Brandão segurou o controle firme do PSDB no Maranhão, mantendo-o na base do governador Flávio Dino. Nesse período, Sebastião Madeira, que é a maior liderança do PSDB no estado, foi mantido distante, quase isolado, mas esperando a hora de dar a volta por cima. A derrocada de Aécio Neves, transformado de uma hora para outra de líder máximo do tucanato e candidato a presidente da República em quase um pária dentro do PSDB, funcionou como uma bomba na base de poder de Carlos Brandão, que perdeu poder e agora vê o PSDB que montou ser desmontado e sem nenhuma chance de reação.
A orientação que está levando o PSDB a dar essa guinada tem como objetivo central colocar o partido como a força que vai liderar a corrida presidencial contra as esquerdas. E para isso, é necessário que os tucanos rompam todos os laços que tiverem com qualquer segmento de esquerda – exceto com o PPS, com o qual têm uma relação sólida. Essa orientação atinge direta e fortemente o PCdoB, e em especial o braço do partido no Maranhão, hoje o mais importante por conta da liderança alcançada pelo governador Flávio Dino, agora o seu quadro mais importante e promissor. Sob a orientação de Aécio Neves, o PSDB firmou e manteve a aliança com o PCdoB no Maranhão, tendo representante o vice-governador Carlos Brandão. Sob Tasso Jereissati, a ordem é romper com o PCdoB e com o projeto de Flávio Dino, e para isso mudará o comando estadual, por intervenção, já que não há qualquer possibilidade de Carlos Brandão seguir essa orientação do partido.
Apoiado pelo governador Flávio Dino, o vice-governador Carlos Brandão ensaia uma reação, desafia Sebastião Madeira a enfrentá-lo no voto, numa convenção do partido, mas sabe que a perda de poder no PSDB é irreversível e que seu caminho é mudar de partido. No contraponto, Carlos Brandão está ciente de que a direção do ninho dos tucanos maranhenses será assumida pelo ex-prefeito Sebastião Madeira, que vai comandar a campanha na qual o senador Roberto Rocha será adversário do governador Flávio Dino na disputa pelo Governo do estado.
Em resumo: a crise que sacode e muda os rumos no PSDB do Maranhão não é, portanto, uma quizila entre Carlos Brandão e Sebastião Madeira, mas o reflexo de uma guinada em que o partido está dando com vistas a se preparar para a guerra pelo poder central no ano que vem.
PONTO & CONTRAPONTO
Lançamento de musa do PCdoB ao Planalto pode criar embaraço ao governador Flávio Dino
O lançamento da deputada gaúcha Manuela D`Ávila como candidata do PCdoB à presidência da República no ano que vem pode criar um embaraço para o governador Flávio Dino, que até aqui tem se movimentado como incentivador de proa da candidatura do ex-presidente Lula da Silva (PT). A menos que seja uma estratégia com outros objetivos, o lançamento da musa comunista à sucessão do presidente Michel Temer (PMDB) contraria frontalmente a posição do governador Flávio Dino, que vem pregando a volta do ex-presidente ao poder, como ficou demonstrado no grande ato político, realizado em frente ao Palácio dos Leões, para marcar o encerramento da caravana do ex-presidente pela Região Nordeste, no início de setembro. Numa articulação feita por Lula, a banda do PT maranhense que estava aliada ao PMDB migrou para a base de apoio do governador Flávio Dino, e tudo indica que com chances de participar da chapa com a qual o governador brigará pela reeleição. Se a candidatura de Manuela D`Ávila for para valer, Flávio Dino terá de abandonar sua aliança com Lula para engajar-se na campanha da candidata do seu partido. E a menos que essa situação seja esclarecida com rapidez, o que só acontecerá com uma declaração do governador se posicionando sobre o assunto, a impressão que ficará será a de que ele não está alinhado com o projeto do seu partido.
Entra-e-sai de Zé Vieira causa mal-estar no TJ e má impressão fora dele
Vem causando mal-estar no Tribunal de Justiça e má impressão fora dele o entra-e-sai de Zé Vieira (PR) no cargo de prefeito de Bacabal por determinação judicial. Nenhum dos vários especialistas ouvidos informalmente pela Coluna encontrou fundamento na decisão da desembargadora Cleonice Freire de, durante um plantão, desfazer uma decisão da Justiça de afastar o prefeito do cargo por reconhecer que ele é ficha-suja e não deveria sequer ter concorrido à Prefeitura. O despacho da desembargadora – que já presidiu o Tribunal de Justiça – foi tão controversa que em menos de 48 horas foi desmanchada por um colega dela, desembargador José Ribamar Castro. De acordo com um dos especialistas ouvidos pela Coluna, a decisão da desembargadora tem pouca consistência jurídica, enquanto o despacho que a desmanchou está fundamentado em argumentos mais sólidos. O observador prevê que dificilmente o Pleno do Tribunal de Justiça mudará a decisão do desembargador José Ribamar Castro caso os advogados de Zé Vieira protocolarem – o que muito provavelmente farão, se já não tiverem feito – um agravo de instrumento, o último recurso possível nesse caso.
A conclusão dominante entre eles é a seguinte: Zé Vieira não mais será prefeito de Bacabal, nem Florêncio Neto (PHS) continuará vice e o substituirá. Essa chicana judicial vai terminar em pouco tempo. E o ponto final será colocado ela Justiça Eleitoral. Convencido pela Justiça Federal de que Zé Vieira tem contas rejeitadas e processos transitados e julgados por improbidade, que o tornam inelegível – ele não poderia ter sido candidato -, a Justiça Eleitoral certamente anulará os votos dados à chapa por ele liderada. Essa decisão poderá resultar em dois desfechos: declarar eleito o segundo colocado, no caso o deputado Roberto Costa (PMDB), ou convocar nova eleição em 30 dias. |O que vier a acontecer antes do posicionamento da Justiça Eleitoral será mera jogo-de-empurra.
São Luís, 06 de Novembro de 2017.