Aliados da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) comemoram o fato de ela ter aparecido 3,7% à frente do governador Flávio Dino (PCdoB) na preferência do eleitorado de Rosário, na disputa pelo Governo do Estado, parecendo não levar em conta que aquele pedaço da Região do Munin é politicamente excepcional, tanto que o prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (PCdoB) aparece em terceiro lugar com 17%, nada parecido com o resto do Maranhão. Essa dianteira, que mais sugere um empate técnico, foi encontrada pelo instituto Conceito no dia 17 de setembro, quando foram entrevistados 280 eleitores rosarienses de diversas idades. Os números encontrados pelos entrevistadores do instituto Conceito sob re as preferência do eleitorado daquela cidade foram os seguintes: Roseana Sarney com 32,2%, Flávio Dino com 29,5%, o prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (PCdoB), com 17%, o senador Roberto Rocha (PSDB) com 6,2%, e a ex-prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge (Podemos), com 1,4% – não souberam responder 5,5% e 8,2% anulariam o voto. Lembrando que a margem de erro é de 3%, podendo a ex-governadora chegar a 36,2% ou a 30,2%, e o governador a 32,5% ou a 26,5%.
Para começo de conversa, o peso dos principais candidatos a governador – Flávio Dino, que tentará a reeleição, e Roseana Sarney, que provavelmente tentará voltar ao Palácio dos Leões mostra Rosário tem um eleitorado com os pés no chão e decidiu polarizar a disputa entre o governador e a ex-governadora, mas deixando no ar que têm uma solução regional, que é o prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo. Os rosarienses, como os bacabeirense e os santa-ritenses, votam cada vez mais mal humorados com candidatos a governador, movidos por duas tremendas decepções coletivas, a derrocada escandalosa do polo industrial de confecções de Rosário, na segunda metade dos anos 90 do século passado – que ainda gera consequências, e o escandaloso fiasco em que se transformou o sonho de ver aquela região tornar-se polo petrolífero, com a implantação da gigantesca refinaria Premium I.
O que faz com que Roseana Sarney ainda tenha uma boa perspectiva eleitoral em Rosário é o poder de fogo da prefeita Irlahi Morais (PMDB), que com o apoio do senador João Alberto, do deputado federal João Marcelo e do deputado estadual Roberto Costa, transformou o Rosário numa espécie de cidadela pemedebista, tornando-se linha de frente no projeto que prevê a candidatura da ex-governadora ao Palácio dos Leões. Sem o apoio decisivo da prefeita pemedebista, que se reelegeu quebrando uma nefasta sequência de prefeitos destrambelhados que não passaram de um mandato, a ex-governadora Roseana Sarney talvez fosse batida por Hilton Gonçalo. E governador Flávio Dino tem condições de virar o jogo, e o fará com mais facilidade se conseguir, como espera, fincar as bases de um complexo mais realista de refino de petróleo em Bacabeira, como está sendo alinhavado.
No que diz respeito ao terceiro lugar do prefeito santa-ritense Hilton Gonçalo (17%) na preferência dos rosarienses, trata-se de um fenômeno localizado no pedaço do Munin que reúne Rosário, Bacabeira e Santa Rita, onde ele parece consolidado como o maior líder. Não há como não enxergá-lo como tal depois da proeza que protagonizou de voltar à Prefeitura de Santa Rita com quase 80% votos, eleger a mulher, Fernanda Gonçalo (PMN), prefeita do município de Bacabeira (17 mil habitantes), e a irmã, Irene Gonçalo), em Pastos Bons (19 mil habitantes), uma cidade referência no sertão maranhense. E no caso, vale repetir, não fosse a prefeita Irlahi Morais, provavelmente Hilton Gonçalo estaria disputado em Rosário com Flávio Dino.
Não se trata de inibir a comemoração dos partidários da ex-governadora Roseana Sarney com o “gostinho” isolado de vê-la à frente do governador Flávio Dino. Mas, vale repetir, Rosário é uma realidade completamente à parte no contexto dos municípios maranhenses, sujeita a mudanças. Por isso ninguém duvida de que, diante desses números, o governador Flávio Dino vai jogar pesado para melhorar o seu desempenho e virar o jogo. Sabendo que com a movimentação da prefeita Irlahi Morais, com o PMDB mantido no poder central e seus representantes maranhenses com acesso fácil ao Palácio do Planalto e à Esplanada dos Ministérios, o jogo ali deve endurecer e poderá surpreender a favor de um dos lados.
PONTO & CONTRAPONTO
Zé Reinaldo segue construindo base e ganha apoio enfático do deputado federal Rubens Jr. (PCdoB)
Ao mesmo tempo em que se defronta com incompatibilidades política e ideológica com o governador Flávio Dino (PCdoB), o ex-governador e atual deputado federal José Reinaldo Tavares (ainda no PSB, mas a caminho do DEM) vai se movimentando e construindo uma base de apoio político ampla e consistente à sua candidatura ao Senado e que deverá, no momento certo, ganhar sua expressão eleitoral. Na noite de sábado, José Reinado foi alvo, em São Mateus (40 mil habitantes), do 2º Encontro da Gratidão, organizado pelo prefeito Miltinho Aragão (PSB) – o primeiro aconteceu há três meses em Tuntum, organizado pelo refeito e presidente da Famem, Cleomar Tema Cunha (PSB), um dos mais entusiasmados apoiadores do projeto senatorial do ex-governador. Foram a São Mateus vários prefeitos, entre eles Tema Cunha, 25 prefeitos da região e o ex-prefeito Chico Leitoa (Timon), representando o comando do PSB.
Além do presidente da Famem, a presença mais forte no evento de São Mateus foi a do deputado federal Rubens Jr. (PCdoB), cujas palavras para justificar o evento foram de uma precisão política exemplar:
“É mais do que justo esse pleito do ex-governador José Reinaldo por tudo o que ele representa para o nosso campo político no Maranhão. Sem o apoio do governador José Reinaldo, não teria surgido Flávio Dino, Jackson não teria sido eleito em 2016 e a história não teria sido do jeito que foi. Ele já se sacrificou várias vezes. Em 2010 perdeu uma eleição em que todos nós fomos derrotados. E em 2014 ele recuou para uma candidatura de deputado federal para que pudéssemos apoiar um outro candidato a senador. Agora em 2018 acreditamos que chegou a hora de o José Reinaldo ser o senador de todos nós”.
Florêncio Neto assume como prefeito de Bacabal, mas sabe que não ficará no cargo
A posse do vice-prefeito Florêncio Neto (PHS) no cargo de prefeito Bacabal ocupando temporariamente o espaço formal e político aberto com o afastamento – tudo indica definitivo – do prefeito Zé Vieira (PR) é o desfecho previsto do imbróglio cuja etapa decisiva só acontecerá quando a Justiça Eleitoral disser como será a etapa final do processo eleitoral naquele município.
O agora prefeito Florêncio Neto sabe que, salvo por uma distorção judicial, não continuará no cargo. Pelo simples fato de que a confirmação de que Zé Vieira é ficha suja certamente levará a Justiça Eleitoral a explodir a chapa na qual foi eleito como vice. A Justiça Eleitoral só tem duas alternativas possíveis ao reconhecer formalmente a inelegibilidade de Zé Vieira: anular os votos da chapa por ele liderada e empossar o deputado estadual Roberto Costa (PMDB), que assim passa a ser o primeiro colocado, tornando-se prefeito em definitivo, ou convocar uma nova eleição para prefeito de Bacabal, nesse caso tendo o presidente da Câmara Municipal como prefeito interino.
É essa a etapa final do roteiro. Qualquer coisa fora disso será mero jogo para ganhar tempo, mas sem nenhum efeito prático. Nada mais.
São Luís, 30 de Outubro de 2017.