Saído das eleições com sua posição política fragilizada, inclusive dentro do PDT, do qual é presidente regional e controla com mão de ferro, o senador Weverton Rocha começa a retomar a agenda política de olho nas eleições municipais de 2024. Na segunda-feira, ele reuniu a cúpula do PDT de São Luís para anunciar que o atual presidente do partido na Capital, vereador Raimundo Penha, será substituído pelo vereador, presidente da Câmara Municipal e deputado estadual eleito Osmar Filho. O que poderia ser interpretado como uma rotina partidária, foi visto por alguns pedetistas como o primeiro movimento com aquele objetivo. O chefe maior do PDT agradeceu o desempenho do presidente que sai, Raimundo Penha, e se mostrou convicto de que o presidente que vai sucedê-lo, Osmar Filho, vai cuidar da preparação do braço ludovicense do partido para encarar as urnas daqui a um ano e dez meses.
Pelo que ficou claro, não houve um debate dentro do braço municipal do PDT, de modo que a escolha recaísse sobre o atual vereador e futuro deputado estadual Osmar Filho. O senador Weverton Rocha justificou a escolha dizendo que Osmar Filho é um político experiente e que está preparado para comandar o PDT ludovicense na corrida eleitoral que se avizinha. Disse também que o futuro presidente do PDT na Capital saberá o que fazer para recolocar o partido nos trilhos das vitórias eleitorais, como foi eleição do próprio Osmar Filho para a Assembleia Legislativa.
Com esse movimento, o senador Weverton Rocha mostra que não foi politicamente liquidado pelo surpreendente e humilhante terceiro lugar na corrida ao Palácio dos Leões, ficando atrás do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (PSC), ambos atropelados pela força política e eleitoral do governador Carlos Brandão (PSB), que se reelegeu em turno único. Ao contrário, ele está de pé e firme no comando do partido, de onde dificilmente sairá enquanto durar o seu mandato senatorial.
Se por um lado esse movimento tem o peso e o simbolismo de uma demonstração de força, por outro parece que ele recebeu mais um voto de confiança para executar o projeto de fazer com quer o PDT volte a ter o peso que já teve no Maranhão, em especial em São Luís, onde dominou a cena por mais de três décadas sob o comando do legendário Jackson Lago. Ao entregar essa tarefa ao vereador e deputado estadual eleito Osmar Filho, um dos seus mais fiéis aliados, está avisando, a quem interessar possa, que vai continuar no comando. Isso porque dificilmente Osmar Filho comandará o braço do partido na Capital sem seguir sua orientação.
Várias perguntas estão colocadas no ar, entre elas as seguintes: depois de dar as cartas por mais de 30 anos e sendo a Capital o berço da sua outrora imbatível militância, o PDT terá candidato próprio à Prefeitura de São Luís em 2024? O partido continuará sendo regra três do prefeito Eduardo Braide, como aconteceu em 2020? O PDT vai insistir na aliança com o agora União Brasil, tendo como candidato o deputado estadual reeleito Neto Evangelista? Ou se aliará ao candidato a ser lançado com o apoio do Palácio dos Leões, provavelmente o deputado estadual e deputado federal eleito Duarte Jr. (PSB)?
Qualquer que seja o caminho a ser seguido pelo PDT em São Luís, ele será um norte decidido pelo senador Weverton Rocha, para ser colocado em prática pelo futuro presidente Osmar Filho. Pode ser até que o assunto seja colocado em discussão dentro do partido, mas ninguém duvida de que a palavra final será a do senador. Pelo menos enquanto durar o seu mandato na Câmara Alta, cuja renovação está agendada para 2026, daqui a três anos e dez meses e meio.
PONTO & CONTRAPONTO
Yglésio abre frente de ataques à gestão de Braide em São Luís
Depois da guinada política que o tirou da centro-esquerda e remeteu para a direita radical, alinhando-o ao presidente Jair Bolsonaro, o deputado Yglésio Moises (ainda no PSB), assumiu a condição de pré-candidato ao Palácio de la Ravardière e começou a disparar munição pesada contra a gestão do prefeito Eduardo Braide (sem partido). Sem se preocupar com a possibilidade de estar fazendo denúncias inconsistentes a respeito do que, segundo ele, seriam irregularidades, abriu uma frente de confronto com o prefeito Eduardo Braide (sem partido) em São Luís usando as áreas de educação, saúde, limpeza pública atraso salarial de médicos e de servidores terceirizados. “Mais de 60 mil alunos vivem um verdadeiro colapso educacional e geracional”, atacou, acrescentando: “Vai chegar o momento em que a população olhará para o lado e verá que São Luís, dois anos depois, está exatamente no mesmo lugar: com dois retornos mexidos e um posto de saúde inaugurado”.
O prefeito Eduardo Braide não deu, nem direta nem indiretamente, atenção à provocação.
Bolsonaristas fazem carreata tímida em São Luís
Bolsonaristas de São Luís aproveitaram o feriado da Proclamação da República para externar sua insatisfação com a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) para o ex-presidente Lula da Silva (PT) com uma carreata, ontem, na tarde na Litorânea, puxada por uma empresa de engenharia voltada para a produção de concreto para construção. O movimento teve o formato de sempre: motociclistas na frente, caminhões em seguida fazendo buzinaço incômodo, e logo atrás deles automóveis, nem todos todos usando a bandeira nacional. Dois aspectos da manifestação chamaram a atenção. O primeiro: a quantidade de motocicletas, caminhões e automóveis encolheu drasticamente em relação às grandes carreatas realizadas pelos partidários do presidente Jair Bolsonaro durante a campanha. O segundo: apesar de toda a zoada e dos esforços dos manifestantes, a grande maioria das pessoas que se encontravam na orla não deu a mínima para a manifestação.
São Luís, 16 de Novembro de 2022.