Weverton perde força política e suas perdas fortalecem Brandão

 

Weverton Rocha, com a esposa Sâmia Bernardes, evento em que retomou sua campanha de rua

Não têm sido dias fáceis para o senador Weverton Rocha (PDT), que vem sentindo, em intervalos de horas, o desmonte da estrutura política que imaginou ter montado e consolidado para disputar o Governo do Estado. A base de prefeitos está encolhendo dia após dia, alguns dos deputados federais que lhe declararam apoio começam a pensar seriamente em rever suas posições, o reduzido grupo de deputados estaduais corre o risco de desaparecer, isso depois de a família de Jackson Lago, o legendário fundador do seu partido, haver-lhe dado as costas e declarado apoio ao vice-governador Carlos Brandão (PSB).  A debacle é tão forte que até o seu principal operador político, Erlânio Xavier (PDT), que ensaiou candidatar-se ao Senado contra o governador Flávio Dino (PSB), jogou seus búzios e decidiu manter seu emprego de prefeito de Igarapé Grande, porque, se a ciranda continuar nesse ritmo, dificilmente será reeleito presidente da Famem em janeiro que vem. Não bastasse esse vendaval, o senador tem de encarar uma dura derrota na Câmara Municipal de São Luís, onde seu partido já deu as cartas e hoje caminha para entregar o poder sem nenhuma condição de lutar por ele, e o candidato que ele abraçou desistiu ante a derrota anunciada.

O que chama a atenção é o fato indiscutível de que todas essas perdas estão se revertendo em ganhos reais para o vice-governador Carlos Brandão, que deve aumentar expressivamente o seu poder de fogo político daqui a 48 horas, quando assumir o comando do Estado como governador titular e pré-candidato à reeleição. Ao mesmo tempo, esse cenário de perdas não parece alcançar o estado de ânimo do senador Weverton Rocha, que decidiu minimizar os reveses sofridos retomando sua pré-campanha com a realização de atos massivos.

Nos últimos meses, o senador Weverton Rocha, que liderou todas as pesquisas sobre a corrida eleitoral, mas permaneceu estacionado no patamar de 20 a 25 pontos percentuais e viu seu principal adversário, o vice-governador Carlos Brandão ameaçar sua liderança, foi repetidamente acusado por adversários e críticos de que sua candidatura ao Palácio dos Leões é um projeto pessoal e não o movimento de um grupo político representativo. Ele sempre reagiu afirmando tratar-se do projeto de um grupo forte e sólido, tanto que lhe deu a imagem de um foguete, exatamente para mostrar irreversibilidade de sua decisão, mas esse argumento foi perdendo força, à medida que seus aliados de primeira hora foram revendo suas posições.

Hoje, diante da posição ainda não declarada pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto, que era o principal fiador da sua pré-candidatura, mas interrompeu sua migração para o PDT, decidindo permanecer no PCdoB, seu aliado mais expressivo agora é a senadora Eliziane Gama (Cidadania). É óbvio, no entanto, que mais do que seu projeto de chegar aos Leões, o que a senadora quer mesmo é eleger Inácio Melo, seu marido e operador político, que ganhou de presente o enfraquecido braço do PSDB no Maranhão. Os partidos cujos presidentes lhe declararam apoio, como o Republicanos e o União Brasil, estão divididos, com parte das suas forças apoiando o pré-candidato do PSB, que até agora não sofreu nenhuma perda, ao contrário, só reforçou o seu cacife político.

Por mais desfavorável que seja, o cenário que ganha forma em torno da pré-candidatura do senador Weverton Rocha não é motivo suficiente para ele rever o seu projeto de poder. A seu favor, além do mandato senatorial e a presidência estadual do PDT, tem a juventude, o arrojo e uma atração quase obsessiva pelo Palácio dos Leões, onde poderia chegar sem maiores problemas daqui a dois anos, mas preferiu antecipar, jogando todas as suas cartas e correndo todos os riscos. No momento, suas cartas estão diminuindo, e seus riscos, aumentando.

Vale lembrar que a eleição será daqui a seis meses, e que a campanha para valer só será iniciada em agosto. Há tempo suficiente para revisões e ajustes.

 

 PONTO & CONTRAPONTO

 

Ato de filiação de Rubens Jr. mostra a força de Brandão no PT

Carlos Brandão ovacionado pela militância petista no ato de filiação de Rubens Jr.

A julgar pelo entusiasmo com que foi recebido pelo PT na festiva filiação do deputado federal Rubens Jr., que deixou o PCdoB, o vice-governador Carlos Brandão dificilmente escolherá o seu vice nas fileiras de outro partido. Foi uma recepção triunfal, que revelou duas situações. A primeira foi a força e o prestígio político de Rubens Jr., demonstrados na maneira surpreendentemente efusiva com que foi recebido pelos petistas, manifestação suficiente para torna-lo uma das estrelas do PT maranhense. A outra situação foi o clima de festa com que Carlos Brandão recebido pelos petistas, algo inimaginável meses atrás, quando o partido de Lula da Silva ainda remanchava internamente sobre quem apoiaria para governador. A festa de filiação de Rubens Jr. sepultou, em cova profunda, qualquer resquício de dúvida sobre o assunto. Em meio à festança partidária, alguns que dela participaram e frequentaram algumas rodas, foram para casa quase convencidos de que o pré-candidato a deputado federal Felipe Camarão é nome forte para ser o companheiro de chapa de Carlos Brandão.

 

Roseana comemora, mas MDB sofre perdas

Roseana comemora trabalho no MDB, mas perdeu Arnaldo Melo e Socorro Waquim para o PP

Ontem, a ex-governadora Roseana Sarney divulgou um vídeo em que dizia ter tido um dia cansativo por conta do exaustivo trabalho de comandar o MDB e prepará-lo para lançar chapas competitivas para a Câmara Federal e Assembleia Legislativa. Nas redes sociais, no entanto, o presidente do PP, deputado federal André Fufuca, apresentava um grupo de pré-candidatos recém filiados ao partido, entre eles, ninguém menos que o deputado estadual Arnaldo Melo e a deputada estadual Socorro Waquim, dois destacados agora ex-emedebistas. Ele um político experiente, que presidiu a Assembleia Legislativa em dois mandatos consecutivos e que, como tal, assumiu o Governo do Estado em dezembro de 2014 para fechar o Governo de Roseana Sarney. Ela, ex-prefeita de Timon, deputada estadual em outros mandatos, professora renomada. Esse conjunto de dados levam a uma indagação: o que mesmo a presidente do MDB estava comemorando?

São Luís, 30 de Março de 2022.

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