Não funcionou, ao contrário, pareceu uma rajada de fracasso, a estratégia do senador Weverton Rocha (PDT), de trazer ao Maranhão os chefes do Congresso Nacional, para cumprir agendas sem pé nem cabeça, mas apenas para uma demonstração de prestígio destinada a fortalecer sua pré-candidatura. E de quebra, tentar mostrar que os pré-candidatos, apoiados pelos partidos dos presidentes do Senado e da Câmara Federal, não têm prestígio. A ida do presidente do Senado e do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a Imperatriz, há duas semanas, para anunciar a pavimentação de ruas numa área periférica da cidade, e a do presidente da Câmara Federal, deputado Arthur Lira (PP-AL), nesta semana a São Luís, para uma conversa com prefeitos na Famem, revelaram-se absolutamente inócuas, e resultaram em verdadeiros desastres políticos, principalmente a do cacique político alagoano e chefe da tropa bolsonarista na Câmara Baixa.
Anunciada com certo estardalhaço, a inusitada visita do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a Imperatriz, chamou a atenção por dois aspectos. A justificativa – o anúncio de uma estranha parceria entre o senador Weverton Rocha e o presidente do Senado, para a pavimentação, com bloquetes, de algumas ruas num bairro periférico da Princesa do Tocantins. E o teor político, em parte melado pela presença do senador Roberto Rocha (sem partido), que usou a prerrogativa do mandato para recepcionar o chefe da sua Casa legislativa, situação que desagradou visivelmente o anfitrião Weverton Rocha, já que nem o deputado federal Edilázio Jr., presidente do partido de Rodrigo Pacheco no Maranhão, nem o pré-candidato do PSD ao Governo do Estado, Edivaldo Holanda Jr., participaram da festa.
O único ganho real do senador Weverton Rocha naquele estranho ato político foi a declaração do senador Rodrigo Pacheco que, respondendo à pergunta de um repórter sobre sucessão estadual, disse que no Maranhão, como o senador Roberto Rocha lhe havia confidenciado que não será candidato a governador, a única candidatura sólida e viável seria, na sua avaliação, a do senador pedetista. No mais, o presidente do senado foi embora deixando no ar muitas indagações a respeito do que ele viera mesmo fazer no Maranhão. E quem conhece política sabe que ele diria o mesmo se o anfitrião fosse Carlos Brandão ou Edivaldo Jr..
Mas nada se comparou ao desastre político em que se transformou a “visita de trabalho” que o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, fez a São Luís, a convite do senador Weverton Rocha, para falar sobre as entranhas do Orçamento a prefeitos mobilizados pela Famem, comandada por Erlânio Xavier, operador político-mor do pré-candidato do PDT. A agenda foi bem montada, os eventos, que incluiu um oportuno encontro do presidente Arthur Lira com o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB). Mas, além do encontro com prefeitos na Famem, Arthur Lira, sempre ao lado do senador Weverton Rocha, protagonizou uma série de grosseiras derrapagens políticas.
Produto dos Lira, que representam o que há de pior e mais retrógrado na política de Alagoas, e provavelmente chancelado pelo seu anfitrião, mas certamente sem saber o que aconteceu nos sete últimos anos, o deputado Arthur Lira cometeu a grosseira incoerência de criticar a política educacional do atual governo do Maranhão, fazendo papel de bobo. E foi mais longe na sua precipitação, que beirou a estupidez, ao insinuar críticas à política de saúde em curso no estado. Dois tropeços inacreditáveis, que se completaram com o comentário desfavorável à participação do PP maranhense na aliança PSB-PP-PT-PCdoB, liderada pelo governador Flávio Dino (PSB) em torno da pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão (PSB) ao Palácio dos Leões. O arrogante Arthur Lira não demorou para receber o troco do deputado federal André Fufuca, presidente regional e presidente nacional em exercício do PP, que lhe mandou um recado curto e grosso: o PP do Maranhão está com Carlos Brandão, e fim de papo.
Está claro como sol de meio-dia que o senador Weverton Rocha pretendeu, com as duas visitas, dar uma demonstração de prestígio, uma esquesitice aceitável. Mas errou na dose quando atropelou, desnecessariamente, as lideranças do PSD e do PP no Maranhão, fazendo agressivas provocações sem sentido ao governador Flávio Dino. A mesma clareza mostra que as visitas não geraram ganho real à sua pré-candidatura, que permanece estacionada há meses e meses na faixa entre 20% e 25% de intenções de voto, conforme todas as pesquisas feitas até aqui. E com o agravante de que o seu principal concorrente, Carlos Brandão, só cresce.
PONTO & CONTRAPONTO
Roberto Rocha enfrenta dificuldades para se encaixar num projeto viável
Ninguém duvida de que o senador Roberto Rocha chegará ao dia 31, data que encerra a “janela partidária” filiado a um novo partido e decidido sobre o mandato majoritário que disputará em outubro. Mas é fato que está encontrando dificuldade para se encaixar em um projeto com alguma viabilidade. Ele perdeu completamente o link com o PSDB – partido que comandou duas vezes no Maranhão -, não conseguiu convencer o deputado federal Josimar de Maranhãozinho de ceder-lhe a vaga de candidato a governador pelo PL, e ouviu o mesmo de Lahesio Bonfim, que lhe abriu a possibilidade de ser candidato a senador pelo Agir36. Mas pode também sair candidato pelo PTB, se o partido de Roberto Jefferson não aceitar a filiação de Lahesio Bonfim. É precipitado afirmar quer o senador esteja numa situação crítica, mas é lícito avaliar que ele se encontra numa delicada, correndo o risco de definir uma posição que não seja exatamente aquele com que sonhou.
Tudo indica que o União Brasil do Maranhão irá para as urnas dividido
Independente de qual venha a ser a orientação da cúpula nacional do União Brasil em relação à corrida para o Governo do Maranhão, já está sacramentado que o partido se dividirá em dois caminhos. A corrente liderada pelo deputado federal Juscelino Filho, vice-líder do partido na Câmara Federal, vai seguir apoiando a pré-candidatura do senador Weverton Rocha. Já a corrente comandada pelo deputado federal Pedro Lucas Fernandes, cotado para presidir o braço maranhense do partido, está fechado com o projeto de candidatura do vice-governador Carlos Brandão. Na cúpula nacional do partido há quem advogue uma intervenção uma ordem de apoio a um dos candidatos, mas há também os que preferem deixar as coisas como estão.
São Luís, 26 de Março de 2022