Terceiro e quinto maiores municípios e colégios eleitorais do Maranhão, Timon (168 mil habitantes e 107 mil eleitores) e Caxias (167 mil habitantes e 101 mil eleitores) travam uma guerra política cujos desdobramentos podem produzir reflexos importantes sobre a corrida eleitoral, especialmente no que diz respeito à disputa para o Governo do Estado. Em Timon, o grupo Leitoa tem o maior espaço político, a começar pelo fato de que controla a máquina municipal por meio da prefeita Dinair Veloso (PDT), e está alinhado à pré-candidatura do senador pedetista Weverton Rocha, com outras correntes apoiando a pré-candidatura do governador Carlos Brandão (PSB). Em Caxias, o grupo mais forte hoje é comandado pelo prefeito Fábio Gentil (Republicanos), alinhado de primeira hora de Carlos Brandão, que também tem o aval do grupo Coutinho, hoje representado pela deputada estadual Cleide Coutinho, que pertencia ao PDT, mas decidiu mudar para o PSB, para apoiar o governador à reeleição e o ex-governador Flávio Dino (PSB) para o Senado.
O caso de Timon é curioso. Durante mais de duas décadas, a política timonense foi ditada pelo hoje ex-prefeito e ex-deputado Chico Leitoa, um dos remanescentes do PDT criado por Jackson Lago, tendo o filho dele, o ex-deputado estadual, ex-deputado federal e ex-prefeito Luciano Leitoa, controlado o PSB, um caso raro em que num só município uma só família controla dois partidos importantes. Os Leitoa não se conformaram de perder o controle estadual do PSB, que passou a ser presidido pelo deputado federal Bira do Pindaré e se transformou numa força com o ingresso do governador Flávio Dino e do seu sucessor e candidato à reeleição Carlos Brandão. Os Leitoa queriam o PSB na base da pré-candidatura de Weverton Rocha, mas erraram no cálculo e perderam completamente seus vínculos com o partido.
Timon hoje abriga o seguinte cenário: todos os aliados de Chico Leitoa que estavam no PSB migraram para o PDT e estão fechados com a pré-candidatura de Weverton Rocha. Por outro lado, todas as correntes adversárias dos Leitoa, a liderada pelo coronel Schnneyder, que disputou a Prefeitura pelo Republicanos e ficou em segundo lugar; o deputado estadual Rafael Leitoa, dissidente do grupo Leitoa e que trocou o PDT pelo PSB, e mais ainda o ex-deputado estadual Alexandre Almeida, que deve apoiar Carlos Brandão. No momento, pesquisas indicam que o grupo Leitoa leva vantagem e dá maioria para Weverton Rocha, mas sinalizam também que essa vantagem está encolhendo com clara tendência de crescimento de Carlos Brandão em Timon.
Em Caxias aconteceu o inverso. Ali, o prefeito Fábio Gentil, reeleito com mais de 75% dos votos, o que faz dele a liderança política mais forte da Princesa do Sertão, está na linha de frente dos apoiadores da candidatura do governador Carlos Brandão à reeleição. Ao mesmo tempo, a deputada estadual Cleide Coutinho, que pertencia ao PDT, deixou ontem o partido para se filiar ao PSB a fim de apoiar a candidatura do governador Carlos Brandão à sua reeleição. Na nota que divulgou para comunicar a mudança de partido e seus motivos, a deputada Cleide Coutinho disse o seguinte: “Agradeço ao PDT pelo acolhimento e respeito com que sempre me trataram, mas por coerência decidi me filiar ao PSB para ajudar ainda mais meus amigos Carlos Brandão e Flávio Dino, meus candidatos na próxima eleição”.
Em Caxias, portanto, as duas forças dominantes estão com o governador Carlos Brandão, sem força expressiva apoiando Weverton Rocha. A mudança anunciada pela deputada Cleide Coutinho consolidou a preferência dela e do seu grupo pela pré-candidatura do governador Carlos Brandão, aliás, posição revelada há meses, desde que ela anunciou sua decisão de não mais disputar eleições.
Nas contas de um ás da política estadual, no cenário de hoje, somadas as forças dos dois municípios, o saldo geral é favorável ao governador Carlos Brandão, mas sem o prognóstico de que Weverton Rocha esteja fora do páreo.
PONTO & CONTRAPONTO
Números divergem sobre a posição de prefeitos na corrida sucessória
São divergentes as informações que estão correndo a respeito do posicionamento de prefeitos em relação aos candidatos ao Governo do Estado. Os números diferem, mas todos afirmam que no momento o governador Carlos Brandão já conseguiu o maior número de líderes municipais na sua base de apoio. Calcula-se que entre 110 e 120 prefeitos já são aliados declarados do governador na sua corrida à reeleição. O senador Weverton Rocha estaria com pelo menos 50 prefeitos apoiadores, ficando os demais divididos entre Josimar de Maranhãozinho (PL) e Lahesio Bonfim (PSC), e sobrando muito poucos para o senador Roberto Rocha, caso ele resolva disputar o Palácio dos Leões. Entre os apoiadores de Carlos Brandão, unânime que esse número de prefeitos vai aumentar. Por outro lado, não se percebe esse estado de ânimo entre os apoiadores do pré-candidato do PDT.
Anúncio com Detinha sinaliza definição de Josimar de Maranhãozinho
O anúncio partidário do PL, ontem, na TV, tendo a deputada estadual Detinha como estrela, reclamando da baixa participação das mulheres na vida política do País, e concitando o universo feminino a se filiar a partidos e se candidatar à Assembleia Legislativa e à Câmara Federal, pode ter funcionado também como recado sobre o futuro do deputado Josimar de Maranhãozinho. A peça de propaganda partidária sugere claramente que, como havia especulado o próprio chefão do PL: Detinha será candidata à Câmara Federal, restando a ele, Josimar de Maranhãozinho, quatro caminhos. O primeiro será tentar uma vaga na Assembleia Legislativa, projeto admitido por ele próprio. O segundo: disputar o Governo do Estado, projeto que já parece distante do parlamentar. Terceiro: ser candidato a senador, o que parece não ser do seu interesse, e ser candidato a vice-governador. Seu caminho mais provável é o que leva à Assembleia Legislativa.
São Luís, 14 de Abril de 2022.