A semana começa com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) mergulhada por inteiro numa disputa eleitoral cujo desfecho se dará no dia 27, quarta-feira. Mais do que um simples processo sucessório, o que está em jogo nessa corrida às urnas é a manutenção, ou não, do modelo de gestão imprimido pelo reitor Natalino Salgado, baseado na estruturação e na expansão do complexo universitário, e a consolidação da UFMA como campo de ação de partidos que vão do centro à extrema esquerda. Quatro candidatos estão na briga – Nair Portela, Antonio Gonçalves, Antonio Oliveira e Sofiani Labidi -, mas a disputa para valer se dá entre os dois primeiros, ela como favorita em todas as avaliações, e ele como o adversário ranheta que acredita numa virada. Os dois últimos só terão chance numa reviravolta espetacular, o que é improvável.
A UFMA, cujo comando está em disputa, é hoje um complexo universitário gigantesco, que quase dobrou de tamanho nos últimos oito anos. São atualmente nove campi – São Luís, Imperatriz, Grajau, Balsas, Pinheiro, Bacabal, Codó, Chapadinha e São Bernardo -, nos quais funcionam nada menos que 96 cursos regulares de graduação nas áreas de saúde, técnica, humanas e sociais. Abriga em seus quadros l.500 funcionários de carreira ou três centenas de terceirizados, e um exército de 25 mil alunos nos cursos de graduação regulares, e outros 25 mil em cursos de pós-graduação, especialização, extensão, universidade aberta e ensino à distância.
O que está em jogo nesse processo eleitoral é o futuro desse complexo, que no momento vive uma transição em matéria de crescimento e qualidade no final da arrojada, estruturante e expansionista gestão do reitor Natalino Salgado, aplaudida pela maioria e duramente criticada pelos segmentos que lhe fazem oposição. Gestor politicamente ativo, o reitor da UFMA conseguiu superar a maioria das divergências na instituição e ocupou espaço importante na visão do MEC, que o aponta como uma referência a ser seguida. Seus adversários da esquerda batem forte na sua linha de gestão e criticam duramente o pragmatismo com que ele se movimenta.
Nesse contexto, os segmentos que lutam pelo poder estão divididos em dois campos políticos bem definidos: uma “coalizão” formada pelo PCdoB e pela ala majoritária do PT, à qual se somam forças ligadas a outros partidos de centro, que apoiam a candidatura da professora Nair Portela, graduada e pós-graduada em Enfermagem e atual diretora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, e a outra, formada pelos partidos da esquerda radical, PSTU e PSOL, e que tem como candidato o professor Antonio Gonçalves, graduado e pós-graduado em Medicina e que preside a Apruma, a influente entidade sindical representativa de professores e servidores.
As candidaturas do atual vice-reitor Antonio Oliveira e a do professor Sofiani Labidi são projetos pessoais isolados, com bases de apoio tímidas. No meio universitário as preferências estão mesmo divididas entre Nair Portela e Antonio Gonçalves. Nair Portela tem o apoio declarado dos dirigentes dos nove campi, dos diretores dos quatro centros, do DCE, da Assuma, do Sintema, da Associação dos Aposentados, e, não se sabe por que, até dos líderes comunitários do chamado Eixo Itaqui-Bacanga, e o estímulo discreto do Palácio dos Leões. O professor Antonio Gonçalves conta com segmentos da Apruma, a poderosa entidade sindical dos professores e funcionários e que há tempos é controlada por PSTU e PSOL, além do apoio de eleitores destacados, como o ex-reitor Fernando Ramos e o ex-candidato a reitor e um dos líderes da esquerda do PT, Francisco Gonçalves.
As eleições na UFMA sempre foram marcadas por campanhas intensas, com situação e oposição travando verdadeiras guerras políticas. A disputa em curso mantém a tradição, com a diferença de que desta vez a briga pela maioria do eleitorado se dá com a participação de um reitor que termina o segundo mandato sem desgastes e com poder de fogo para defender a continuidade na candidatura de uma professora experiente, com ideias próprias, mas afinada com a linha de ação em curso. Isso torna muito mais difícil o desafio da oposição de virar o jogo. Mas como a corrida ao voto é um processo que costuma apontar tendências e às vezes é marcado pela imprevisibilidade e pela surpresa, vale aguardar a contagem dos votos.
Em tempo: o cargo de vice reitor é disputado pelos professores Fernando Carvalho, que deve fazer dobradinha com a candidata a reitora Nair Portela, o que lhe dá a condição de favorito, e pela professora Marise Marçalina, que fará chapa informal com o candidato Antonio Gonçalves.
PONTOS & CONTRAPONTOS
Encontro marcado
O deputado federal Waldir Maranhão (PP), vice-presidente da Câmara Federal, tem encontro marcado com delegados da Policia Federal e procuradores da República no próximo dia 2 de junho, na sede da PF, em Brasília. Vai depor sobre a denúncia feita pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, segundo a qual foi um dos beneficiados pelo esquema de corrupção na empresa para financiar campanha de 2010 e 2014. Um dos 19 políticos do PP denunciados na Operação Lava Jato, o parlamentar maranhense tem dito a interlocutores que nada deve e que vai provar que está sendo vítima de um equívoco ou de uma perseguição política.
São Luís, 23 de Maio de 2015.