Solução da crise na aliança governista só depende de uma conversa franca entre dois líderes

Carlos Brandão e Flávio Dino: só um acerto
entre eles pode salvar a aliança

Se pelo menos metade das especulações feitas nos últimos dias tiver algum traço de verdade, o governador Carlos Brandão (PSB) e o ministro Flávio Dino (STF) sentarão para uma conversa sobre demandas judiciais mantidas pelo Governo do Maranhão no plano federal, podendo encerrar a audiência colocando de novo as, hoje tensas e quase rompidas, relações políticas num patamar de convivência republicana. Caso essa concertação não ocorra, e, se ocorrer, não produza o reagrupamento da aliança governista, os maranhenses assistirão a uma guerra política de gravidade inédita, a julgar pelo nível de acirramento que começa a afetar os ânimos nos dois campos em choque.

Os sintomas de uma guerra iminente estão sendo evidenciados no dia a dia, com declarações fortes e ataques contundentes principalmente do grupo dinista contra o Palácio dos Leões. O bateu-levou em curso na Assembleia Legislativa está se dando entre a maioria do PCdoB, poiado por parte do PSD e uma fatia do PSB e pelo PSD contra a maioria do PSB, que tem o apoio do MDB, enquanto as representações do chamado “centrão” se mantêm em estado de alerta, ora pendendo para um lado, como nas votações favoráveis ao Governo, ora para outro, como aconteceu na surpreendente eleição para presidente da Assembleia Legislativa, que acabou sendo transformada no mais visível pomo da discórdia no seio da aliança governista.

Enquanto os confrontos acontecem, as demais cúpulas partidárias estão se mantendo distanciadas. Aos líderes do PDT (senador Weverton Rocha), PP (ministro André Fufuca), União Brasil (ministro Juscelino Filho), Podemos (deputado federal Fábio Macêdo) e PRD (deputado federal Marreca Jr.) não interessa entrar nessa guerra, o que os tem levado a situações complicadas e a malabarismo para não se indispor com nenhum dos grupos. Afinal, todos têm projetos de poder de curto, médio e longo prazo, os quais só serão viabilizados com alianças partidárias, como acontece agora.

Nesse cenário, o governador Carlos Brandão e o ministro Flávio Dino estão cientes de que se movem em terreno arenoso, não sabendo exatamente com quem contam, como mostraram recentemente a eleição da Mesa e, logo em seguida, a aprovação do reajuste do ICMS para financiar um arrojado programa Maranhão Sem Fome. Esses dois eventos mostraram a fragilidade da aliança e a necessidade de uma revisão rápida e eficiente para definir a composição dos grupos e, se possível, recompô-la integralmente.

O problema é que o que está em campo são dois projetos de poder, que têm o mesmo foco: a sucessão no Palácio dos Leões em 2026. De um lado está o governador Carlos Brandão, no comando da aliança e da máquina estatal, o que lhe dá imenso poder de fogo, e de outro o ministro Flávio Dino como referência do grupo básico com o qual governou por mais de sete anos, que acumula prestígio político e influência imensurável no plano judiciário. E no epicentro da crise está o vice-governador Felipe Camarão (PT), inicialmente apontado como o sucessor natural do chefe do Poder Executivo estadual no contexto da aliança partidária, mas que aliados do governador Carlos Brandão já não o apontam como tal.

A cizânia que ganhou força até aqui com o pugilato verbal entre deputados e outras vozes dos dois campos só serviu para acirrar os ânimos e tornar mais distantes os gestos de conciliação. Isso não interessa nem ao governador Carlos Brandão nem ao ministro Flávio Dino e, por extensão, a nenhum dos partidos indiretamente envolvidos da contenda. Daí a certeza de que uma conversa franca entre os dois quase “ex”-parceiros, com a avaliação de perdas e ganhos, é, sem dúvida, o melhor caminho para uma conciliação, que devolva ao grupo a plena hegemonia na política do Maranhão.

O futuro da aliança e o desfecho da sucessão, portanto, estão nas mãos de quem tem realmente poder de decisão e podem chegar a um entendimento.

PONTO & CONTRAPONTO

Edivaldo Jr. tem o desafio de construir um destino diferente de ex-prefeitos de São Luís

Edivaldo Jr.: entre entre o ex-pedetista Julião Amin,
o pai, ex-deputado Edivaldo Holanda, e a esposa,
Camila Holanda, é saudado por apoiadores

Repercutiu bem no meio político o anúncio, feito sábado, numa grande reunião com apoiadores, de que o ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Jr. (ainda sem partido) será candidato a uma cadeira na Assembleia Legislativa.

Edivaldo Jr., que recomeça sua vida pública depois de um equívoco implacável e um fracasso retumbante como candidato a governador em 2022, decidiu agora por um recomeço mais viável e mais plausível, como quem de fato voltou a colocar os pés no chão como político.

E vai para a guerra eleitoral de 2026 com o desafio de quebrar um tabu de fato desafiador: mostrar que, ao contrário de alguns ex-prefeitos de São Luís, não será vítima do estigma de não mais vencer eleição ou não completar mandatos depois de passar pelo Palácio de la Ravardière.

Os exemplos desde a redemocratização: Gardênia Castelo (1985/1988) só se candidatou a vice-presidente da República em 1990 e sofreu dura derrota; Conceição Andrade (1993/1996) não mais se elegeu depois do mandato; mesmo reeleito, Tadeu Palácio (2002/2008) foi tragado depois pelo crivo das derrotas eleitorais; depois de prefeito de São Luís, Jackson Lago venceu a eleição para governador em 2006, mas foi derrubado em 2009, tentou de novo em 2010, mas foi derrotado e faleceu em 2011; e João Castelo se elegeu deputado federal depois de ser prefeito de São Luís, mas morreu no meio do mandato parlamentar.

Para fulminar o estigma, o jovem Edivaldo Jr., que antes de prefeito foi vereador e deputado federal, deve agora se eleger deputado estadual e cumprir o mandato.

Boatos sobre mudanças na equipe de Braide não devem ser confirmados

Eduardo Braide, com a primeira-dama Graziela Braide, em clima festivo na inauguração do
Complexo do Elevado da Cidade, no Tirirical,
dá sinais de satisfação com a equipe

Correram rumores de uma minirreforma no secretariado do prefeito Eduardo Braide (PSD), que teria interesse de fazer ajustes na equipe para acomodar situações na Câmara Municipal.

O prefeito de São Luís, porém, não emitiu nenhum sinal de que pretenda fazer tais mudanças, dando a entender que está satisfeito com o grupo que o assessora no comando das pastas.

De acordo com uma fonte com trânsito no Palácio de la Ravardière, o prefeito Eduardo Braide é fechado e não conversa com ninguém sobre o desempenho da sua equipe. E quando não está satisfeito com o andamento de uma secretaria, muda o titular sem conversa fiada.

Isso explica em parte o fato de não ter nenhum secretário por indicação política.

São Luís, 09 de Dezembro de 2024.

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