O salvamento, ontem, do mandato do presidente Michel Temer (PMDB), com a decisão da Câmara Federal de arquivar a segunda e última contra ele, colocou ponto final nas incertezas e ligou o sinal verde para que as forças políticas do Maranhão comecem de fato a se organizar para a guerra eleitoral que se aproxima. De um lado, a sobrevivência do presidente teve o efeito de uma injeção de ânimo no Grupo Sarney, funcionando como a senha que faltava para que sua estrela maior, a ex-governadora Roseana Sarney, tire finalmente da gaveta o projeto por meio do qual espera voltar ao Palácio dos Leões. De outro lado, o livramento do presidente Michel temer teve sabor de derrota política para as forças lideradas pelo governador Flávio Dino (PCdoB), sem que isso, no entanto, signifique danos ao seu projeto de poder. A nova situação do chefe da Nação pode ser também vista como uma injeção de ânimo no projeto da terceira via do senador Roberto Rocha (PSDB).
Como estava sendo desenhado, o projeto eleitoral do Grupo Sarney encontrava-se até ontem estancado numa tensa e incômoda indefinição, já que o único nome viável que dispõe para disputar o Governo do Estado, a ex-governadora Roseana Sarney não admitia ser candidata sem ter a retaguarda do PMDB no poder, que na intimidade ela chama de “cavalo selado”. O cavalo foi selado no final da votação da Câmara Federal, com a ajuda direta dos votos favoráveis dados pelos deputados Hildo Rocha (PMDB), João Marcelo (PMDB), Sarney Filho (PV), Victor Mendes (PSD), Júnior Marreca (PEN), Pedro Fernandes (PTB) e Aluísio Mendes (PTN), uma vez que os outros deputados que votaram a favor do presidente – Cléber Verde (PRB), André Fufuca (PP), José Reinaldo Tavares (PSB) e Juscelino Rezende (DEM) – já migraram do Grupo Sarney para a aliança que dá sustentação ao governador Flávio Dino.
As diversas correntes do Grupo Sarney ganhou, na noite de quarta-feira, o argumento que precisava para convencer a ex-governadora Roseana Sarney a se candidatar, por acreditar, como ela, que com a permanência do pemedebista no Palácio do Planalto, os candidatos do PMDB poderão ter suas candidaturas turbinadas ao longo da campanha. E é nesse clima que a ex-governadora está sendo estimulada a entrar na briga, mesmo com as muitas dificuldades que rondam seu projeto.
De outro lado, a vitória d presidente confirmou um já esperado saber de derrota ao grupo liderado pelo governador Flávio Dino. Os votos dos deputados Rubens Jr. (PCdoB), Weverton Rocha (PDT), Julião Amin (PDT), Eliziane Gama (PPS), Zé Carlos (PT) e Waldir Maranhão (PTdoB) – a deputada Luana Costa (PSB) não compareceu – foram importantes como uma necessária e democrática manifestação da Oposição, mas não o suficiente para barrar o rolo-compressor acionado, também dentro das regras democráticas, pelo Palácio do Planalto. A sobrevivência de Michel Temer certamente significará tempos difíceis para o atual Governo do Maranhão, e fortes embaraços políticos durante a corrida pelo voto.
Viabilizado como bom gestor, o governador Flávio Dino está cacifado para tocar seu projeto de reeleição sem maiores sobressaltos. Mas sabe que uma candidatura como a de Roseana Sarney embalada por um PMDB no poder central, disposto a impedir a volta da esquerda ao primeiro plano e jogando tudo para eleger o sucessor do presidente Michel Temer, retomar o poder nos estados e sair das urnas ainda como o maior partido do Brasil, constitui uma ameaça política e eleitoral que não pode se desprezado.
Nesse contexto, que tende a uma forte polarização, a sobrevivência do presidente Michel Temer pode abrir também uma brecha para o senador Roberto Rocha elaborar e tocar o seu projeto eleitoral. Agora tucano de proa e rezando na cartilha da aliança PSDB-PMDB, mas chancelado pelo tucanato como candidato a governador, ele poderá contribuir para levar a disputa para um segundo turno e valorizar seu cacife nos acordos que eventualmente se farão para fechar o processo eleitoral.
O fato é que o arquivamento da denúncia contra o presidente Michel Temer ganhou a importância de marco decisivo para definir o cenário em que se dará a corrida eleitoral que desenhará o futuro do Maranhão nos próximos tempos.
PONTO & CONTRAPONTO
Rubens Jr. Weverton Rocha e Hildo Rocha fizeram a diferença na sessão que livrou Michel Temer
Os 17 deputados federais maranhenses – a deputada Luana Costa não compareceu – que contribuíram para decidir o destino da denúncia contra o presidente Michel Temer votaram manifestando duras e firmes posições contra e a favor do chefe da Nação. Mas ao longo do dia, no decorrer dos movimentos legítimos e interessantes feitos pela Oposição para embaraçar o processo, ameaçar o quórum e, se fosse possível, até adiar a votação, tudo com o objetivo maior de forçar o Governo a se desdobrar para manter sua base unida mostrando suas garras, três deputados maranhenses se destacaram: Rubens Jr., Weverton Rocha e Rubens Jr..
Hoje um dos membros mais destacados da bancada do PCdoB, atuando de igual para igual com “monstros sagrados” como a comunista fluminense Jandira Feghali, o deputado Rubens Jr. teve posição destacada na estratégia da Oposição de tirar o sono no Palácio do Planalto. Coube a ele a tarefa de infernizar a vida dos líderes governistas ao apresentar uma proposta de fatiar a denúncia em três, argumentando, de maneira firme e convincente, que eram três os denunciados – o presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Wellington Moreira Franco (Secretaria de Governo). A proposta, que chegou a ser considerada por vários líderes, apavorou os articuladores do Governo, que foram buscar socorro no deputado-presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ), tendo ele batido martelo mantendo a denúncia como uma só peça. Rubens Jr. ocupou todos os espaços para infernizar a vida dos líderes governistas com a proposta.
Líder da bancada do PDT e atualmente um dos deputados mais influentes na Oposição, a começar pelo fato de que mantém a linha de atacar fortemente o Governo, Weverton Rocha foi um dos mais ativos líderes oposicionistas na movimentação oposicionista para obstruir a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer e seus ministros. Além de articular com eficiência a bancada do PDT, que manteve firmemente sua posição a favor da denúncia e da investigação, Weverton Rocha manteve sua artilharia verbal na ativa no espaço onde os oposicionistas em obstrução montaram um plenário paralelo, de onde desferiram duros petardos verbais contra o Governo.
O deputado pemedebista Hildo Rocha se movimentou em sentido contrário. Enquanto a tropa oposicionista instigava os deputados a não darem quórum de 342 votos para garantir a abertura da sessão, o pemedebistas se mantinha no plenário e convocava seus colegas pelo microfone para comparecerem ao plenário para garantir a votação. Nos vários discursos rápidos que fez, convocou os colegas, fez críticas duras aos que tentavam inviabilizar a sessão e chamou várias vezes de “fujões” os que teimavam em se manter longe do o plenário. Foi, de longe, o governista que mais atuou para que o quórum fosse alcançado.
Em votação agitada, Wellington d Curso propõe concessão de medalha para João Dória
Amargando um processo de isolamento político e partidário, já estando com um é fora do PP, de onde se não sair de vez será convidado a fazê-lo, o deputado Wellington do Curso emitiu ontem um sinal claro de que está interessado em aterrissar no ninho dos tucanos. E o fez de uma maneira nada ortodoxa, mas surpreendente: propondo a concessão da Medalha do Mérito Nagib Haickel, uma importante honraria da Assembleia Legislativa a ninguém menos que o atual prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB). A proposta foi aprovada por 14 votos contra 13 em primeiro turno.
Habitualmente uma consensual e via de regra aprovada por acordo tácito, a proposta de Wellington do Curso destinada a homenagear o prefeito de São Paulo se transformou num surpreendente imbróglio, porque a bancada do Governo resolveu politizar a discussão e firmar posição contra a concessão. Apanhado de surpresa, o autor da proposta se movimentou em meio a um forte bate-boca e encontrou a solidariedade e o apoio da bancada da Oposição. E após um “jogo-de-dá-não dá” animado por um forte bate-boca entre governistas e oposicionistas, o requerimento foi aprovado por um voto de vantagem, podendo esse placar ser revertido no segundo turno, que deve ocorrer hoje. Curiosamente, o voto que deu a vantagem foi o do deputado Sérgio Frota, único tucano da Casa e que ironicamente integra a base de apoio do Governo
O resultado da votação mostrou que Wellington d Curso está politicamente isolado, mas já com a possibilidade de desembarcar no ninho dos tucanos. Quem sabe?
São Luís, 25 de Outubro de 2017.
Impressionante como muitos parlamentares da casa do povo(assembleia) não tem proposta e projetos para mudar e melhorar vida dos maranhense . Espero que divulgue os nomes dos 14 acéfalos para que a população saiba os nomes dessa quadrilha que só pensam neles . Porque homenagear o prefeito de São Paulo, João Dória? Espero que os 14 deputadinhos nos mostre que beneficio esse cidadão trouce para nossa terra. Só Deus poderá nos ajudar numa futura mudança.