Senadores atuaram forte na esfera parlamentar e tiveram altos e baixos no campo político

Eliziane Gama, Ana Paula Lobato e Weverton Rocha:
atuações diferentes no Senado ao longo de 2024

Os três senadores maranhenses – Eliziane Gama (PSD), Ana Paula Lobato (PDT) e Weverton Rocha (PDT – não agiram exatamente como uma bancada ao longo de 2024. Também não se comportaram como adversários, mas se dividiram em dois blocos no que respeita à relação com o Governo do Estado. Embora muito envolvida com articulações no Congresso Nacional e empenhada na reconquista de apoios decisivos no meio evangélico, Eliziane Gama atuou efetivamente como um quadro governista no plano nacional, apoiando integralmente o presidente Lula da Silva (PT), e na seara estadual, se movimentando em sintonia com o governador Carlos Brandão (PSB). Ana Paula Lobato migrou do PSB para o PDT e rompeu com o governador Carlos Brandão, mas dedicando seu apoio ao Governo Lula. E Weverton fez gestos, mas depois consolidou sua posição de adversário do governador Carlos Brandão.

Ao contrário de Ana Paula Lobato, que exerceu apenas dois dos oito anos do seu mandato, não sofrendo a pressão por reeleição em 2026, Eliziane Gama e Weverton Rocha vivem tal situação, mergulhados na contagem regressiva e dominados pelo clima de incerteza em relação à disputa senatorial. Os dois estão em final de mandato e têm pela frente o rascunho de um cenário em que podem ter como concorrentes o governador Carlos Brandão atual ministro do Esporte, André Fufuca (PP), o que torna os seus projetos de reeleição muito complicados.

A senadora Eliziane Gama teve um ano muito agitado como congressista. Apresentou várias proposições, foi relatora de um grande número de PLs, propôs a instalação de uma CPI para investigar os jogos de aposta eletrônicos (bets), como também para investigar o tráfico de cigarros eletrônicos que invadiu o País, além de outra para investigar as causas mais comuns de violência doméstica. Propôs atualizações para a Lei Maria da Penha, bem como a segurança alimentar dos brasileiros mais pobres. Liderou a “Caravana Fome e Sede de Justiça”, como aval de 14 parceiros, entre eles o Governo do Estado e igrejas evangélicas, que levou assistência médica, jurídica e cultural a comunidades em várias regiões do Maranhão. Não participou com muita ênfase da corrida às prefeituras, e viu seu colega de partido, Eduardo Braide (PSD) – a quem não apoiou -, se reeleger em turno único em São Luís. Com prestígio em alta em Brasília, Eliziane Gama se lançou candidata à presidência do Senado, mas semanas depois a retirou, a pedido do comando nacional do PSD, que decidiu apoiar o senador Davi Alcolumbre (UB-AP). Na semana passada, Eliziane Gama reuniu a imprensa para um almoço, ao longo do qual fez um balanço do seu mandato e reafirmou que é candidata à reeleição.

Na condição de titular desde fevereiro, quando o titular Flávio Dino renunciou para se tornar ministro do STF, a senadora Ana Paula teve em 2024 um ano parlamentar bem mais consistente do que 2023, quando atuou como suplente do senador Flávio Dino (PSB), que foi para o Ministério da Justiça. Neste ano, ela teve uma atuação parlamentar mais forte e intensa, focando boa parte do seu trabalho na defesa da mulher. Ao mesmo tempo, se mostrou mais ativa no campo político, tendo se tornado líder do PDT no Senado, e alinhando-se ao deputado Othelino Neto (Solidariedade), seu marido, como oposição ao governador Carlos Brandão. Atuou na disputa pela Prefeitura de Pinheiro apoiando André da RalpNet (Podemos), mas viu seu partido, o PDT, perder força em todo o estado. Mais recentemente, se movimentou nos bastidores pela candidatura de Othelino Neto à presidência da Assembleia Legislativa, respaldando também a tentativa dele de virar o jogo na Suprema Corte. Tudo leva a crer que em 2025, com mais experiência, Ana Paula Lobato terá atuação legislativa e política mais intensa e visível, ainda sem a pressão por reeleição, que só baterá à sua porta em 2030.

O senador Weverton Rocha manteve a equação que vem marcando seu mandato: muita atuação nos bastidores e no plenário do Senado, ora apoiando o Governo, ora operando fora da curva, mas sempre afirmando ser aliado incondicional do presidente Lulas da Silva (PT). Sua produção legislativa tem sido intensa, como autor e relator de projetos importantes votados pela Casa, tendo também mantido posição de alinhamento do Palácio do Planalto, como o principal fiador da presença do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, no Ministério da Previdência. Se foi bem nas atividades parlamentares e nas relações em Brasília, o senador pedetista perdeu muita força política com o fraco desempenho do seu partido nas eleições municipais. Em meio às especulações sobre o seu futuro político, o senador Werverton Rocha evitou declarar com clareza se tentará a reeleição ou disputará o Governo do Estado. Mais recentemente, ele sinalizou, sem muita precisão, que tentará a reeleição, ciente que o fará provavelmente disputando com disputando a colega Eliziane Gama, o governador Carlos Brandão e o ministro André Fufuca. Nas conversas reservadas, ele e seus aliados garantem que o projeto de renovar o mandato tem o aval do presidente Lula e da cúpula do PT.

Os senadores Eliziane Gama e Weverton Rocha fecham 2024, portanto, se preparando para a contagem regressiva para as eleições gerais de 2026, que definirão os seus futuros na seara políticas. Já a senadora Ana Paula Lobato deverá continuar se aprofundando nas atividades senatoriais sem se preocupar com as urnas, uma vez que essa preocupação só desembarcará no seu gabinete em 2029, ano preparatório para o embate de 2030.

PONTO & CONTRAPONTO

Eliziane e Weverton dizem ter o apoio de Lula. E se Brandão e Fufuca forem candidatos?

Lula da Silva: dificuldade para apoiar candidatos ao Senado nas eleições de 2026

Quando o assunto são as eleições de 2026, os senadores Eliziane Gama e Weverton Rocha, candidatos à reeleição, têm pelo menos um, ponto em comum: ambos passam em frente a afirmação de que têm o apoio do presidente Lula da Silva. Ela por todo o apoio que vem dando ao Governo e ele pela mesma razão, acrescentando que cultiva boa relação com o presidente Lula da Silva.

Uma avaliação mais aberta da corrida ao Senado desbota um pouco o senário mostrado pelos dois senadores. Primeiro porque se o governador Carlos Brandão for candidato a senador, como está no roteiro original, é quase certo que terá o apoio do presidente Lula da Silva. O governador e o presidente cultivam boas relações institucionais, políticas e pessoais, não havendo como ambos seguirem rumos diferentes.

Ao mesmo tempo, se a candidatura do deputado federal e atual ministro do Esporte André Fufuca (PP) ao Senado for confirmada, dificilmente o presidente Lula deixará de apoiá-la. Além de ministro do Esporte bem avaliado, André Fufuca é um dos garantidores do apoio do PP ao Governo. Corre nos bastidores que o presidente Lula da Silva simpatiza com seu projeto senatorial.

O que fica claro é que dificilmente o presidente da República declarará apoio às quatro candidaturas. Resta esperar para saber a quem ele apoiará.

Não há dúvida: a União é a responsável pelo desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek

A responsabilidade é da União, que não cuidou da manutenção de uma ponte de 60 anos

Algumas vozes estão tentando colocar o desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek, na fronteira do Maranhão com o Tocantins, em Estreito, na conta do governador Carlos Brandão (PSB), pegando como gancho o desabafo de familiares dos mortos na tragédia, que têm todo o direito de externar sua indignação com o que aconteceu e cobrar punição para os responsáveis. E não há dúvidas de que o grande responsável por tudo é o poder público federal.

Vale chamar a atenção para o fato de que a ponte é parte da BR-226, exatamente na divisa dos dois estados. Em todos estão cansados de saber que o Governo do Estado não pode se envolver com obra do Governo Federal, que não delega essa prerrogativa. Assim, se a Ponte Juscelino Kubitschek estava fatigada e desgastada, com risco de desabamento, a responsabilidade por isso era do DNIT, braço do Ministério dos Transportes nessa seara.

Se houvesse responsabilidade e culpabilidade estadual nesse caso, elas, primeiro, deveriam ser igualmente divididas entre Maranhão e Tocantins, que eram beneficiários, cada um com metade da estrutura viária que desabou e matou, tudo indica, 16 pessoas por conta da irresponsabilidade do poder público federal.

Antes de apontar o dedo para os governos estaduais, o governo federal tem de explicar, detalhadamente, porque uma ponte de concreto de 533 metros, ou seja, meio quilômetro, de mais de 60 anos, não estava sendo vistoriada e reparada com a necessária frequência.

Parte da culpa federal pela tragédia está no fato de que o Governo da União não aceita compartilhar responsabilidades nesse campo. O Governo do Estado, por exemplo, não pode assumir uma obra federal. A fiscalização e a manutenção de obras rodoviárias federais ficam a cargo do DNIT, não podendo os governos estaduais e municipais sequer dar pitacos no que está feito.

Durante seus governos, Roseana Sarney (MDB), Flávio Dino (PSB) e o próprio Carlos Brandão tentaram compartilhar responsabilidades por obras federais.  A União bancaria e o Estado realizaria, com o acompanhamento do DNIT. Mas suas propostas foram rechaçadas com o velho “cada um na sua”.

Se a União permitisse o compartilhamento, provavelmente a realidade seria outra. Mas como isso não existe, o caminho mais fácil é apontar o dedo para quem estás mais próximo, no caso os Governos do Maranhão e do Tocantins, num justiçamento capenga. Até porque, o que cabe aos governos estaduais nesse caso está sendo feto: o apoio às buscas.

São Luís, 26 de Dezembro de 2024.

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