Se confirmado ministro, Dino e Ana Paula Lobato terão grandes desafios a vencer

Se for nomeado ministro, Flávio Dino abrirá vaga para Ana Paula Lobato no Senado, e ambos terão grandes desafios a vencer

Se não houver uma mudança de plano do presidente eleito Lula da Silva (PT) na última hora, o senador eleito Flávio Dino (PSB) assumirá o mandato e, logo em seguida, se licenciará para ser nomeado ministro da Justiça e Segurança Pública abrindo vaga no Senado da República para o seu 1º suplente, a vice-prefeita de Pinheiro Ana Paula Lobato (PSB). Tanto o titular que se afastará, quanto a suplente que assumirá, terão enormes desafios pela frente. Flávio Dino comandará um ministério cujo desempenho será decisivo no Governo do presidente Lula (PT), uma vez que, além das atribuições institucionais, manterá o controle das Polícias Federal e Rodoviária Federal, hoje gravemente afetadas por focos perigosos de partidarismo. Ana Paula Lobato, por sua vez, além das atribuições básicas do mandato senatorial, terá de propor e viabilizar seus projetos, defender os interesses do Maranhão na Esplanada dos Ministérios e atuar no Senado alinhada ao novo Governo, o que significará também combater a dura oposição que está sendo forjada pelos porta-vozes do bolsonarismo na Casa. Os desafios de ambos são consideráveis.

Com o lastro de quem foi juiz federal, deputado federal, governador e eleito senador, Flávio Dino, se confirmado, não chegará ao Ministério da Justiça e Segurança Pública por acaso nem como fruto por acordos bancados por aliança partidária. Sua escolha, dada como certa, será calcada na soma dos seus conhecimentos com a sua experiência, e também pela sua respeitabilidade pessoal e sua estatura política. Não foi sem razão que ganhou a difícil tarefa de coordenar o grupo de Justiça e Segurança Pública na transição. Ao longo dos dois últimos anos, o líder maranhense conversou inúmeras vezes com o líder petista, que enxerga nele um dos homens públicos mais preparados do país na atualidade. Não tivesse essa avaliação, o presidente eleito Lula da Silva não o escalaria para a coordenação desse segmento, cuja essência é garantir a estabilidade democrática, principalmente agora, que a democracia brasileira está sob forte ameaça.

Flávio Dino poderia, se quisesse, abrir mão da Segurança Pública e comandar um Ministério da Justiça esvaziado, menos problemático e menos trabalhoso e desafiador, e dedicar parte do seu tempo à articulação política. Mas ele fez exatamente o contrário, pois enquanto o presidente eleito e alguns aliados mais próximo propuseram a divisão da pasta da Justiça para a criação do Ministério da Segurança Pública, Flávio Dino advogava exatamente a permanência da segurança pública na pasta. Sua proposta central nessa área é criar as condições para a maior integração possíveis entre as polícias estaduais – Civil e Militar – e a Polícia Federal, além da despolitização das polícias, que para ele é o problema grave, mas que tem solução. E como não poderá deixar de ser, vai atuar também na articulação política do Governo. É da sua natureza e o cargo permite.

No contexto em que Flávio Dino venha a ser ministro da Justiça e Segurança Pública, a enfermeira e atual vice-prefeita de Pinheiro Ana Paula Lobato terá o enorme desafio de substituí-lo com o representante do Maranhão no Senado. Chegará ali para ocupar o espaço que até pouco tempo foi ocupado por azes da política, como os ex-governadores Epitácio Cafeteira, Edison Lobão e João Alberto, e o próprio ex-presidente da República José Sarney – que mesmo eleito pelo Amapá, nunca deixou se ser visto como um senador maranhense -, e atualmente por Eliziane Gama, cuja atuação a tornou respeitada. Mesmo não tendo exercido um mandato parlamentar, Ana Paula Lobato tem raízes políticas profundas na política pinheirense, neta e filha de prefeitos, forjada, portanto, nos duros confrontos que sempre marcaram a história da Princesa da Baixada. Seu casamento com o deputado estadual reeleito Othelino Neto (PCdoB), atual presidente da Assembleia Legislativa e candidato a novo mandato a ligou mais ainda ao complicado jogo político. E isso produz uma certeza: se Flávio Dino se tornar ministro, Ana Paula Lobato sabe para onde irá e o que deve fazer enquanto lá permanecer.

Se a convocação não acontecer, o que improvável a essas alturas do campeonato, cada um para seu rumo, Flávio Dino fazendo um mandato de excelência no Senado e Ana Paula Lobato caminhando na direção da Prefeitura de Pinheiro.

PONTO & CONTRAPONTO

Sarney dá conselhos importantes a Lula

Lula da Silva e José Sarney no encontro anterior, durante a pandemia

Não surpreendeu a visita do presidente eleito Lula da Silva (PT) ao ex-presidente José Sarney (MDB), na residência dele, sexta-feira, em Brasília. O líder petista e o presidente de honra do MDB atuam em campos políticos e ideológicos distintos, mas existe entre eles uma forte afinidade evidenciada por um elo: ambos são democratas, acreditam nas instituições, no sistema partidário, no voto secreto e universal, nas urnas eletrônicas e num sistema que permite a alternância de poder sem crises. Aos 92 anos, José Sarney mantém uma lucidez espantosa, como tem mostrado nas suas crônicas domingueiras, e nas conversas com quem o visita em São Luís e em Brasília. Dono de rara inteligência e de muita sensibilidade, Lula da Silva não perde a oportunidade de trocar impressões com José Sarney. Tanto que, ao falar sobre a visita em conversa com jornalistas, declarou: “A minha conversa com o Sarney é a visita a um homem, que foi presidente da República, a uma pessoa que foi presidente do Senado, a uma pessoa que tem história nesse país, a uma pessoa que me ajudou muito”.

De fato, os conselhos de José Sarney foram importantes para o sucesso de Lula da Silva nos seus dois mandatos presidenciais. E certamente terão valia expressiva nesse momento em que o país vive sob tensão, causada exatamente pelos que não toleram a democracia.

Parceria administrativa de Brandão e Braide depende de como se dará a disputa em 2024

Eduardo Braide e Carlos Brandão conversam em Brasília, e podem até firmar parcerias por São Luís

Não será surpresa se o governador Carlos Brandão (PSB) e o prefeito Eduardo Braide (PSD) alinhavarem uma convivência que, mesmo sem um acordo político formal, produza bons resultados para São Luís. O ponto convergente a um entendimento nesse sentido é que os problemas da Capital são gigantescos e desafiadores, alguns deles exigindo uma ação conjunta das duas esferas de poder. O ponto divergente é que as eleições municipais estão se aproximando, e essa contagem regressiva coloca o prefeito da Capital e o governador do Estado em rota de colisão por causa pelo Palácio de la Ravardière. O prefeito Eduardo Braide é candidatíssimo à reeleição, e vem mostrando que tem cacife para levar seu projeto adiante. Por seu turno, o governador Carlos Brandão quer a Prefeitura de São Luís alinhada ao seu Governo, de preferência com um prefeito do seu grupo político. O Palácio dos Leões trabalha com três opções de candidato: o deputado estadual e federal eleito Duarte Jr. (PSB), que já conhece o caminho das pedras; o vereador Paulo Victor (PCdoB), que assumirá a presidência da Câmara Municipal em fevereiro e vem ganhando terreno como pré-candidato a prefeito, e o deputado federal reeleito Márcio Jerry (PCdoB), que joga bem no tabuleiro político ludovicense. Todos sabem que Eduardo Braide é osso duro de roer.

São Luís, 04 de Dezembro de 2022.

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