A orientação do ex-presidente José Sarney para que o PMDB assuma de vez uma postura de oposição cerrada ao governo liderado por Flávio Dino (PCdoB), sob a alegação de que a derrota nas urnas em 2014 foi uma decisão do eleitorado de colocar o partido na oposição deixou a agremiação pemedebista em estado de forte tensão e o Palácio dos Leões em clima de expectativa. Durante visita à sede do PMDB na manhã de sábado, onde foi recebido pelo presidente reeleito, senador Joao Alberto, e várias lideranças, Sarney foi enfático ao avaliar que nada explica ou justifica que representantes do PMDB na Assembleia Legislativa estejam divididos entre uma banda que adotou uma postura de tolerância ao governo e outra que faz oposição agressiva à gestão do PCdoB. E seu principal argumento é o de que o governador Flávio Dino “está colocando placa nas obras de Roseana”, situação que, no seu entendimento, deveria estar sendo explorada pelo partido. E o fato é que a orientação de Sarney, que teve também um forte viés de cobrança, colocou o PMDB numa saia justa.
Quem conhece a trajetória do ex-presidente sabe que ele não chegou onde chegou fazendo concessões a adversários. Ao contrário, Sarney sempre esteve no campo de batalha política, travando embates com os mais diferentes adversários, o que fez dele um político alimentado pela refrega, tanto na seara estadual quanto no campo federal. Tanto que ele nunca descartou um adversário, preferindo ter cada um de pé para manter o ataque e o contra-ataque. Foi assim com Pedro Neiva, de quem se afastou; com Nunes Freire, com quem rompeu; com João Castelo, que tentou criar asas e foi duramente combatido; com Jackson Lago, que o derrotou batendo Roseana Sarney nas urnas, mas que recebeu o troco sendo deposto após uma guerra no tapetão da Justiça Eleitoral. E só quem não o conhece e é muito ingênuo imaginaria que Sarney engoliria a derrota acachapante que Flávio Dino impôs ao seu grupo nas urnas e a marca renovadora que o comunista está imprimindo ao seu governo.
Quando sai a campo e chama o seu partido à razão, cobrando uma postura de oposição cerrada, diuturna e implacável ao Governo Flávio Dino, Sarney mexe com várias frentes. Em primeiro lugar, injeta ânimo no maior braço partidário do Maranhão, tirando-o de uma posição de expectativa, para induzi-lo a ser uma agremiação ativa, que precisa se movimentar para não cair na inércia partidária nem na conformação política. Em segundo, incentiva o debate, evitando assim que o governador Flávio Dino implante o seu projeto sem uma discussão, num processo que dá consistência à democracia, sem os traumas das restrições impostas pela limitação do estado democrático de direito. E, finalmente, quer manter acesa a já tênue chama do sarneysismo, de modo a que ele sobreviva enxergando possibilidades de se reciclar e voltar um dia ao comando político do Maranhão.
Sarney parece avaliar que agora não há outro caminho de o seu grupo voltar a ser comandado a partir do Palácio dos Leões se não dobrando o adversário no campo de ação política, vendo naturalmente o PMDB como o exército que atuará na linha de frente. Se estiver pensando assim, estará coberto de razão. Isso porque o adversário que enfrenta agora é jovem, preparado, lidera uma geração, enfrenta-o abertamente, exatamente porque chegou ao poder como ele o alcançou em 1965, na esteira de um amplo movimento de massa. E Flávio Dino não deixou sequer um rastro duvidoso que pudesse sugerir um questionamento da sua eleição na Justiça Eleitoral. Portanto, um adversário difícil, para muitos quase impossível de ser abalado por uma oposição política, por mais dura e implacável que ela venha ser posta, principalmente se partir do PMDB.
É esse o desafio que Sarney, com sua cobrança, coloca nas mãos do PMDB, sugerindo que a deputada estadual Andrea Murad sirva de exemplo para os deputados estaduais Roberto Costa, Max Barros e Nina Melo na Assembleia Legislativa; o deputado Hildo Rocha motive os deputados federais Alberto Filho e João Marcelo de Souza na Câmara Federal, e o vereador ludovicense Fábio Câmara seja o inspirador dos vereadores pemedebista. Não será nada fácil, e o consagrado vencedor José Sarney pode ser derrotado nessa guerra – embora seja também razoável sugerir que não o subestimem.
PONTOS & CONTRAPONTOS
Othelino ataca Sarney
Já conhecido como algoz dos chefes do Grupo Sarney, em especial o ex-presidente José Sarney e a ex-governadora Roseana Sarney, sobre quem tripudia sempre que rebate estocada de algum deputado sarneysista no atual governo, o deputado Othelino Neto (PCdoB) surpreendeu ontem, ao rebater as declarações do ex-presidente, entre elas a de que o governador Flávio Dino está colocando placas nas obras deixadas por Roseana. Visivelmente sem a motivação de outros dias, Othelino Neto recorreu ao roteiro de sempre – o sarneysismo afundou o Maranhão, os governos do grupo foram desastrados, e por aí vai. Só que começou admitindo que as obras do atual governo são as obras não concluídas no governo anterior, chegando ao ponto de, num erro tático surpreendente, responsabilizou a ex-governadora pelo arquivamento do projeto da Refinaria Premium I. E foi além ao rebater a frase de Sarney segundo a qual São Luís há muito não tem prefeito. Ficou claro, mesmo fazendo algum esforço, o deputado do PCdoB não encontrou o ponto e, ao invés de atingir fortemente o sarneysismo, deu um passe de primeira para ser rebatido por um sarneysista de proa e ousado, o deputado Edilázio Jr. (PV).
Edilázio Jr. contra-ataca
Atento ao discurso nada azeitado do deputado Othelino Neto, o deputado Edilázio Jr. percebeu que o comunista chutou bolas fora e foi à tribuna para contraditar. Rebateu um por um os argumentos com os quais o governista espancou as declarações de José Sarney, fustigando nos pontos em que ele errou na dose. À afirmação de Othelino de que Roseana nada fez or São Luís em seus 14 anos de governo, Edilázio Jr. respondeu batendo forte afirmando ter certeza de que Othelino passa todos os dias em várias obras viárias de Roseana na capital, citando os elevados, a Via Expressa e indagando o que foi feito pelos prefeitos por ele apoiados. E fechou rebatendo a acusação de que Roseana foi a responsável pelo arquivamento do projeto da Refinaria Premium I. O deputado verde fez um desafio enfático ao colega comunista: “Quem afundou a refinaria foi a presidente Dilma, que o seu governador aplaude e defende. Eu desafio o deputado Othelino Neto vir aqui, agora, propor uma monção de repúdio à presidente Dilma por ter acabado com o projeto da refinaria. Serei o segundo a assinar”. Provavelmente por ter avaliado que errou na dose e ficou em franca desvantagem e que o oposicionista soube explorar o erro tático, o governista preferiu não dar a tréplica.
São Luís, 09 de Novembro de 2015.
Olá, gostei do artigo, aguardo mais dicas como esta. Para eu que estou começando agora são dicas muito importantes.
Realmente Flavio Dino derrotou Sarney nas Eleições de 2014, e olha que não foi difícil, mas ainda não mostrou a que veio, e a unica coisa que melhorou foi para a família do Secretario de articulação politica que estão todos empregados , porque as outras coisas o que não piorou está igual, vejamos: Educação pior, Saúde pior, Segurança muito pior, Infra Estrutura pior, nesse ritmo não precisa nais nada para que este projeto de Governador seja deposto em 2018. E pior de tudo é que eu também votei nesse cidadão, mas vai ficar na historia do Brasil o Governador que governou atravez das redes sociais, UMA LASTIMA