Nada de excepcional marcou o início, sexta-feira, e a continuidade no sábado, da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV para a Prefeitura de São Luís. Líder nas pesquisas e candidato à reeleição, o prefeito Eduardo Braide (PSD) se apresentou como gestor eficiente, enquanto o seu principal adversário, o deputado federal Duarte Jr. (PSB), passou a imagem de parlamentar atuante e que está preparado para comandar a Capital, enfatizando o mote “Bora resolver?”. O candidato do PDT, Fábio Câmara, ocupou seu tempo para apresentar um slogan já surrado: “São Luís tem jeito”. Franklin Douglas (PSOL) resolveu investir num plebiscito, para tornar ou não gratuito para estudantes o sistema de transporte coletivo da cidade, proposta defendida minutos antes, antes por Duarte Jr.. E Flávia Alves (Solidariedade) usou seu tempo para destacar o fato de ser a única mulher na disputa. Nada de novo ou espetacular, que de fato chamasse a atenção do eleitor.
Cinco minutos antes do início horário gratuito da noite, porém, uma inserção de natureza explosiva, mostrando o caso do Clio Vermelho e sua carga milionária foi colocada no ar pela coligação “Juntos por São Luís”, do candidato Duarte Jr.. Com uma montagem dramática, sugerindo tratar-se de um escândalo de largas proporções, o enredo tenta juntar todas as peças para jogar a dinheirama no colo do prefeito Eduardo Braide, encerrando com a seguinte pergunta: “Que história é essa, Braide?” Como não trouxe nenhuma confirmação nova, a peça pode ter servido apenas para manter o assunto em pauta.
Como estava desenhado previamente, o prefeito Eduardo Braide e o deputado federal Duarte Jr. dominaram o espaço do horário eleitoral gratuito, consolidando a polarização da qual são protagonistas desde a eleição de 2020. Os dois mostraram seus ambientes domésticos, suas vidas em família, passando ao eleitorado que são estruturados em matéria de vida familiar. Ao mesmo tempo, se mostraram profissionalmente, o primeiro como gestor da Capital e o segundo no exercício do seu mandato na Câmara Federal.
No seu primeiro programa, Eduardo Braide se apresentou como o prefeito de São Luís que está em busca da renovação do mandato. E nesse sentido, avisou claramente que pretende fazer uma campanha propositiva, na qual mostrará as suas realizações, sugerindo ao eleitor que lhe dê a chance de “continuar trabalhando”. Lembrou que “não foi fácil” enfrentar a pandemia, colocar ordem na administração, ajustas as contas do município e transformar a cidade um grande programa de obras. Destacou o fato de que as obras da sua gestão foram bancadas com recursos próprios, resultado de uma boa gestão financeira. “Com a casa em ordem e as contas no azul dá para ver a diferença”, declarou, para acrescentar: “Estamos realizando obras sem fazer empréstimos”, enfatizou.
Duarte Jr., por sua vez, fez questão de se mostrar a sua família, contou sua trajetória de menino pobre que conseguiu cursar Direito, tendo Flavio Dino como professor, tendo se tornado professor. Enfatizou o que fez no Procon, mesmo tempo em que destacou o seu trabalho político e seu desempenho como deputado federal – “o mais votado de São Luís”. Destacou o fato de apoiar o governo do presidente Lula das Silva (PT) e de defender as propostas dele no Congresso Nacional. E fez o que tem feito sempre: apontar problemas e propõe soluções dentro da sua visão do que é São Luís e de como vai atuar como prefeito, se eleito for.
O candidato Fábio Câmara fez um grande esforço para se apresentar descontraído e confiante, passando a imagem de alguém determinado. Mas tudo o que conseguiu no primeiro programa foi apresentar o slogan “São Luís tem jeito”, que não quer dizer muita coisa e nada tem de original. Franklin Douglas não escondeu a sua origem de militante do Movimento Estudantil e teve como mote principal do primeiro programa a defesa do plebiscito no qual os eleitores dirão de o transporte coletivo de São Luís deve ser gratuito ou não para estudantes. E, finalmente, a candidata do Solidariedade, Flávia Alves, para quem governar é ouvir e discutir, e que também enfatizou o fato de ser a única mulher na corrida à prefeitura de São Luís.
Em Tempo: Por pertencerem a partidos sem lastro, os candidatos Wellington do Curso (Novo), Yglésio Moises (PRTB) e Saulo Arcangeli (PSTU) não têm direito a espaço no horário eleitoral gratuito no Rádio e na TV.
PONTO & CONTRAPONTO
Madeira reúne Brandão e Dino em casamento com a presença da nata política do Maranhão
O casamento do secretário-chefe da Casa Civil do Governo do Estado Sebastião Madeira com a advogada Regiane Presot, na tarde de sábado, foi uma reunião política como havia algum tempo não acontecia no Maranhão. A começar pelo fato de que o casal de nubentes teve como padrinhos ninguém menos que o governador Carlos Brandão (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino, que de pronto atenderam ao convite.
Os jardins da casa de festas foram tomados pelo que há de expressivo no tabuleiro político maranhense na atualidade, como o vice-governador Felipe Camarão (PT), a presidente da Assembleia Legislativa Iracema Vale (PSB), a senadora Eliziane Gama (PSD), deputados federais de diversas correntes, deputados estaduais, prefeitos, figura do Poder Judiciário e do mundo advocatício, além de personalidades nacionais, como o ex-governador goiano Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB. Enfim, gente suficiente para se ter uma noção exata do que é o poder político no Maranhão contemporâneo.
A presença do governador Carlos Brandão e do ministro Flávio Dino foi uma demonstração robusta de prestígio de Sebastião madeira, político tocantino, fundador e atual presidente do PSDB no estado, que exerceu quatro mandatos de deputado federal e foi parte da cúpula nacional tucana, foi prefeito eleito e reeleito de Imperatriz, e quando muitos acreditavam que ele já era carta fora do baralho político maranhense, Sebastião Madeira saiu da província tocantina para atuar no cenário estadual, primeiro como presidente da Gasmar no Governo Flávio Dino, e depois como chefe da Casa Civil de Carlos Brandão, para se tornar, em pouco tempo, o mais ativo e influente “construtor de pontes” do mapa político estadual. Ao mesmo tempo, tirou o PSDB do limbo partidário para torna-lo um partido competitivo.
Culto e hábil com as palavras, o médico urologista Sebastião Madeira tem dito aos mais próximos que a força que exibe hoje aos 74 anos vem dos encantos da advogada e professora Regiane Presot, especializada em advocacia empresarial e 20 anos mais jovem. O casal está junto há vários anos, passando agora ao regime formal com a confirmação da união no concorrido ato de sábado.
Estremecidos e distanciados por conta de diferenças políticas, Carlos Brandão e Flávio Dino de cumprimentaram, trocaram palavras, dentro da mais correta civilidade. Ainda não se sabe onde esse encontro chegou, ou se vai chegar a algum lugar; pode ter ficado na convivência momentânea, mas também pode ter evoluído para uma retomada, agora que Flávio Dino está fora da política partidária.
O fato é que, com a experiência e a habilidade das velhas raposas e com o entusiasmo de noivo, Sebastião Madeira construiu um momento raro no cenário do Maranhão atual.
Pesquisas indicam que ministro e irmã prefeita vão continuar dando as cartas em Vitorino Freire
Se as informações que circularam no meio político sobre a corrida sucessória em Vitorino Freire, na esteira da pesquisa mais recente, feita pelo instituto Exata, contratada pelo portal imirante.com, divulgada na última segunda-feira, estiverem corretas, o grupo comandado pelo ministro Juscelino Filho (Comunicações) e pela prefeita Luana Rezende (União Brasil), que tem como candidato a prefeito Ademar Magalhães (União Brasil), o Fogoió, vai humilhar nas urnas a outra banda da família, comandada pelo ex-deputado Stênio Rezende, apoiado pela deputada Andreia Rezende (PSB), que tem como candidato um primo deles, Cyreno Rezende (PSB).
De acordo com a pesquisa, Fogoió tem 56% das intenções de voto, contra 18% do candidato Ribamar Filho (Agir), e apenas 10% de Cyreno Rezende. Mais do que isso, o levantamento trouxe à tona a informação de que 65% dos entrevistados apostam na vitória de Fogoió. Um quadro que dificilmente será revertido durante a campanha, a começar pelo fato de que a apoiadora de Fogoió, prefeita Luana Rezende, é aprovada por mais de 80% da população vitorinense.
O racha da família se deu porque o ex-deputado estadual Stênio Rezende, que foi ficha suja durante várias eleições, cobrou dos sobrinhos Juscelino Filho e Luanna Rezende apoio à sua candidatura à sucessão dele. Os irmãos, apoiados pelo pai, o ex-prefeito e ex-deputado estadual Juscelino Rezende, recusaram a candidatura do tio, que imediatamente, com o apoio da mulher, deputada Andreia Rezende, rompeu com o irmão e com os sobrinhos. Mas, ciente da sua situação complicada, não lançou a própria candidatura, mas a de um irmão mais novo, Cyreno Rezende.
Deu no que deu até aqui.
São Luís, 01 de Setembro de 2024.