Ainda é cedo para se montar o quadro definitivo de candidatos à Prefeitura de São Luís, mas pelo andar da carruagem eleitoral na direção de 2024, é possível especular que os mais de 600 mil eleitores da Capital terão pelo menos sete opções: o prefeito Eduardo Braide (PSD), candidatos à reeleição, o deputado federal Duarte Jr. (PSB), apoiado pelo Palácio dos Leões, o deputado estadual Yglésio Moises (ainda no PSB, mas em processo de migração não se sabe para onde), o deputado estadual Neto Evangelista (União), o deputado estadual Wellington do Curso (PSC), e provavelmente candidatos do PSOL, que pode ser de novo o professor Franklin Douglas, e do PSTU, que tende a ser de novo o professor Hertz Dias. Dificilmente o quadro de candidatos a prefeito será diferente dessa simulação, uma vez que é quase certo que o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. está fora do páreo.
A candidatura do prefeito Eduardo Braide tem tudo para ser irreversível. Ele dispõe de um partido sob seu controle na Capital, tem vários partidos acenando para formar uma aliança no espectro da direita, está no comando de uma máquina administrativa azeitada e eficiente, e tem boa avaliação, confirmada pela posição de favorito que lhe dão as pesquisas. Sua condição de líder vem atraído adversários poderosos, como o presidente da Câmara Municipal, vereador Paulo Victor (PSDB), que abriu mão de ser candidato a prefeito e decidiu se tornar uma voz influente de oposição ao prefeito, disparando denúncias fortes contra ele e sua gestão.
Seu adversário mais forte na disputa propriamente dita, o deputado federal Duarte Jr., segundo colocado nas pesquisas, está praticamente consolidado como candidato governista. Já não enfrenta reservas dentro do seu partido e caminha para receber o apoio efetivo das agremiações da aliança liderada pela sua, o PSD, e formada por PT, PCdoB, PP, PSDB e PRD. Duarte Jr. já conquistou o aval da cúpula nacional do PSB e a simpatia de quem decide no PT, o presidente Lula da Silva. A montagem da base da sua candidatura será feita pelo governador Carlos Brandão (PSB).
O terceiro possível candidato é o deputado Neto Evangelista (União). Ele está firme no propósito de disputar a Prefeitura, e pode vir a ter o PDT como aliado, como em 2020. O problema desse projeto de candidatura é uma encrenca que o União tem com a Justiça Eleitoral por conta de suposta fraude na cota de gênero na eleição proporcional de 2022. Se a situação não for revertida, os votos do União serão anulados e Neto Evangelista, que nada teria a ver com a tramoia, poderá perder o mandato. O quarto nome é o deputado estadual Yglésio Moises. O problema desse projeto de candidatura é o partido. Filiado ao PSB, pelo qual se reelegeu, ele tenta deixar o partido sem perder o mandato. No processo ele se diz vítima de perseguição, depois que, ainda na campanha, declarou apoio à candidatura do então presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição, contrariando o apoio do PSB ao ex-presidente Lula da Silva (PT). Se ganhar na Justiça, deixa o PSB e se filia a outro partido, podendo ser candidato a prefeito. Se perder, perderá o mandato.
O deputado estadual Wellington do Curso (PSC) é candidato assumido, mas também o seu partido enfrenta problemas com a Justiça Eleitoral por causa da cota de gênero. A situação de Wellington do Curso é idêntica à de Neto Evangelista: se ganhar, leva tudo; se perder, perde tudo, incluindo o mandato. No mais, resta saber se PSOL vai apostar de novo no projeto de candidatura do o professor Franklin Douglas, que foi um candidato combativo em 2020, e o PSTU tentará outra vez com o professor Hertz Dias, que continua pregando a revolução do proletariado e o fim da propriedade privada.
Se não houver mudanças, serão sete candidatos ao Palácio de la Ravardière, mas apenas dois com chances reais de eleição.
PONTO & CONTRAPONTO
Nomeação do bolsonarista Gil Cutrim para a Codevasf causou surpresa no meio político
Causou surpresa no meio político maranhense a nomeação do ex-deputado federal Gil Cutrim (Republicanos) para o cargo de diretor de Estratégias e Finanças da Companhia do Vale do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). A reação não se deu por dúvidas quanto ao seu preparo para exercer o cargo, mas pela sua posição ostensivamente contrária à eleição do presidente Lula da Silva (PT) durante a campanha eleitoral, quando se posicionou declarada e abertamente a favor da reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Advogado com militância na defesa de prefeitos encrencados, Gil Cutrim foi vice-prefeito e prefeito de São José de Ribamar, período em que foi presidente da Famem, elegendo-se deputado federal em 2018 pelo PDT, ficando na primeira suplência em 2022.
Durante seu mandato na Câmara Federal, Gil Cutrim contrariou frontalmente orientações do PDT, de oposição, para votar de acordo com as lideranças governistas, passando a militar como membro da bancada fiel ao presidente Jair Bolsonaro. Por isso foi expulso do PDT e se filiou ao Republicanos, pelo qual tentou a reeleição e ficou na primeira suplência.
De acordo informações distribuídas por fontes do próprio Governo, sua nomeação para a diretoria da Codevasf se deu por indicação do ministro de Portos e Aeroportos Silvio Costa Filho, deputado federal por Pernambuco com quem teria fortes laços de amizades. Teria sido o ministro o facilitador do seu ingresso no Republicanos, após ser expulso do PDT. Agora é aguardar o seu desempenho como diretor de Estratégias e Finanças da Codevasf, por muitos apontada como uma seara contaminada pela corrupção.
Tucanos se movimentam para resgatar e fortalecer o PSDB
Anos depois de haver mergulhado numa crise que o levou quase à extinção no Maranhão, fruto em parte dos descaminhos no plano nacional, o PSDB do Maranhão ganha novo ânimo sob o comando do ex-deputado federal, ex-prefeito de Imperatriz e atual chefe da Casa Civil do Governo do Estado, Sebastião Madeira.
O dirigente tucano protagoniza no momento uma campanha no rádio e na TV, na qual anuncia a reviravolta positiva na trajetória do partido, que chegou perto do limbo sob a direção do senador Roberto Rocha. Sebastião Madeira conclama tucanos a voltarem ao partido e convida apartidários a se converteram ao tucanismo.
Desde que retomou o comando, o líder tucano deu novo norte para o PSDB, reorganizando-o nos municípios e atraindo para seus quadros, como foi o caso do presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Paulo Victor, o ex-vereador Fred Campos, forte candidato à Prefeitura de Paço do Lumiar, e Ocileia Fernandes, pré-candidata à Prefeitura de Raposa. Outros nomes expressivos estão se filiando ao partido, que tem como meta eleger grandes bancadas de vereador em São Luís e Imperatriz, para citar exemplos.
Abalado por uma longa luta interna, o PSDB nacional parece disposto a colocar ponto final no racha e voltar a ser um grande partido. E tudo indica que essa tarefa cairá nas mãos do ex-senador Tasso Jereissati.
– Vamos voltar a ser um grande partido – prevê o tucano-mor do Maranhão Sebastião Madeira.
São Luís, 14 de Novembro de 2023.