Os rumores que circularam terça-feira sobre suposta articulação do Palácio dos Leões para conseguir uma ordem de prisão contra o ex-deputado estadual e ex-secretário de Estado da Saúde, Ricardo Murad, acabaram por confirmar que o atual Governo do Maranhão está mesmo determinado a levá-lo às barras da Justiça e, se for possível, mandá-lo para a cadeia. Primeiro, é sabido que a Secretaria de Transparência e Controle vasculhou – e continua vasculhando – os registros da Secretaria de Saúde e montou um relatório que, segundo fontes, teria relacionado uma série de irregularidades na gestão de Murad. Depois, a banda governista na Assembleia Legislativa decidiu aumentar mais ainda a artilharia contra o ex-secretário ao criar uma CPI para apurar os supostos desvios. E para completar o cenário da guerra, surgem evidências nítidas de que o governo bateu às portas da Justiça para denunciar o ex-secretário de Estado da Saúde, tanto na Justiça Federal do Maranhão quanto na do Tocantins. Da sua parte, Ricardo Murad tem reagido atacando fortemente o Governo Dino por meio da sua minibancada na Assembleia Legislativa, formada pela filha, deputada Andrea Murad (PMDB), e pelo genro, deputado Souza Neto (PTN).
As informações que vieram à tona nos últimos dois dias não deixam dúvida de que, pelo menos nesse momento, a determinação do Governo é avançar no sentido de colocar o ex-deputado Ricardo Murad numa situação de imobilidade política. Murad, por seu turno, se valeu até aqui da tática segundo a qual a melhor defesa é o ataque. Mas tudo indica que começa a perder fôlego, à medida que sua munição para atacar o governo tem se revelado inócua, enquanto o Palácio dos Leões, ao contrário, amplia seu paiol, reunindo informações supostamente capazes de levar o ex-secretário da Saúde às redes e, dependendo do teor explosivo, até à lona.
Ontem, o blog do jornalista Marco Aurélio D`Eça reproduziu informações sobre uma ação que corre na 5ª Vara Federal do Maranhão e na qual Ricardo Murad e 12 outras pessoas figuram como réus. Vale anotar que, por coincidência, o titular da 5ª Vara Federal é o juiz José Carlos do Vale Madeira, o mesmo magistrado que em março de 2002, a pedido do Ministério Público Federal no Tocantins, autorizou a Polícia Federal a invadir a empresa Lunus, de Jorge Murad (irmão de Ricardo Murad), no dramático escândalo que tirou a então governadora Roseana Sarney da corrida presidencial.
O fato é que, mesmo conhecido como “bom de briga”, detentor, portanto, de um alentado currículo de vitórias políticas, e também pela fama de gestor de estilo “trator”, Ricardo Murad começa a sair da confortável posição de atacante para a incômoda e perigosa área de defesa. Agora, seu adversário é um governo liderado por um ex-juiz federal, que conhece o caminho das pedras nesse campo e parece determinado a tirá-lo do cenário político e obrigá-lo a encerrar a carreira antes da hora. Para isso, o acusa de improbidade no comando da Secretaria de Estado da Saúde, onde executou o mega programa Saúde é Vida, no qual foram gastos mais de R$ 1 bilhão. Murad vem reagindo com o bordão da “perseguição política” e com acusações de supostos desvios no atual governo. O grito da perseguição e a metralha dos seus deputados contra o governo na Assembleia Legislativa não têm feito eco nem produzido resultados práticos visíveis.
E para agravar ainda mais a sua situação, o ex-deputado Ricardo Murad está politicamente isolado, sem o respaldo do seu partido e sem espaço para construir um reduto político onde seja apoiado. Sua base de sustentação se limita à família, aí incluídos os Sarney. Seu adversário, ao contrário, se fortalece a cada dia, com vida útil de mais três anos e quatro meses.
PONTOS & CONTRAPONTOS
Pode sair
Não será surpresa se o ex-deputado Ricardo Murad anunciar, num momento qualquer, sua saída do PMDB. Não conta com o comando partidário, e só é apoiado pelo ex-presidente José Sarney e pela ex-governadora Roseana Sarney, mais por conveniências de natureza familiares do que por vontade política. Murad sabe que seu tempo no PMDB já se esgotou, e para isso conserva inalterado o seu próximo voo partidário, que é o PTN, hoje presidido pelo seu genro, o deputado estadual Souza Neto.
Bem na foto
O líder do Governo na Câmara Federal, deputado José Guimarães (PT-CE), elogiou ontem, na tribuna, o governador Flávio Dino, pela maneira como ele vem se posicionando em relação à crise econômica e os seus desdobramentos políticos. O discurso do governador na visita da presidente Dilma Rousseff a São Luís, na segunda-feira, foi motivo de comentários nos mais diversos enfoques. Dino foi elogiado pela firmeza com que se posicionou ao lado da presidente, teve sua manifestação interpretada com surpreendente, e foi também alvo de críticas duras. Mas no geral, o governador saiu ganhando, porque foi elevado à condição de aliado de primeira linha da presidente Dilma.
Melhor não entrar
O ex-deputado federal Gastão Vieira, ex-ministro do Turismo, tem conversado com amigos e colaboradores para encontrar um caminho para ele e seu partido, o PROS, na corrida para a Prefeitura de São Luís. Gastão pensa seriamente na possibilidade de vir a ser candidato a prefeito. Mas avalia que, se entrar na briga, enfrentará duas candidaturas de peso, a do prefeito Edivaldo Jr. (PTC) e a da deputada federal Eliziane Gama (PPS). Sabe que será uma parada duríssima e não quer inaugurar sua nova caminhada partidária com uma derrota dessa dimensão.
São Luís, 12 de Agosto de 2015.
O que Gastão quer concorrer para a prefeitura se não vai ganhar…. tem que ser Edvaldo com seus projetos em prol do povo maranhense
Vai entender mais vai só passar vergonha porque esse não ganha não