O vice-governador Carlos Brandão terá parte do seu projeto de candidatura ao Governo do Estado definido na prévia com que seu partido, o PSDB, escolherá o candidato tucano a presidente da República, numa disputa entre os governadores João Doria, de São Paulo, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul. Qualquer que seja o desfecho dessa disputa, que vem movimentando o ninho dos tucanos, ela terá algum impacto na pré-candidatura do vice-governador, a começar pelo fato de que ele concorrerá como governador à reeleição, e nessa condição, deverá ter participação ativa na corrida presidencial no Maranhão. Carlos Brandão tem conversado com João Doria e Eduardo Leite, atuando como apaziguador e defendendo que o partido permaneça unido, independentemente de quem venha ser o candidato tucano a entrar para disputar com o ex-presidente Lula da Silva (PT), o presidente Jair Bolsonaro (ainda sem partido), o ex-governador Ciro Gomes (PDT) e o ex-juiz Sérgio Moro (Podemos).
Carlos Brandão tem se posicionado com equilíbrio em relação à movimentação para definir candidatos a presidente da República. Ele tem noção muito clara do que isso representa numa disputa para o Governo do Estado, tanto que participa da prévia do seu partido estimulando os dois candidatos, reservando para o dia da eleição, neste Domingo, sua definição pelo voto. É claro que ele tem nome da sua preferência, mas também tem consciência partidária suficiente para apoiar o nome que for escolhido pela maioria dos eleitores tucanos. Há, é verdade, diferenças acentuadas entre os dois candidatos, mas na visão do vice-governador, elas devem deixar de existir no momento em que o vencedor da prévia for anunciado.
O vice-governador trabalha para agregar valor político e eleitoral ao seu projeto de candidatura. Isso fica claro quando ele também trabalha para fechar um acordo com o PT, que pode resultar na indicação de um petista para a vaga de candidato a vice. E com um detalhe importante: a cúpula do partido no Maranhão, liderada pelo presidente Augusto Lobato, trabalha por uma aliança PSDB/PT, com a ideia de fortalecer a base política da candidatura do vice-governador. E nesse ambiente, a indagação natural é como ficarão as candidaturas presidenciais do petista Lula da Silva e do tucano que sair vencedor da prévia deste Domingo. Há vozes que defendem uma negociação ampla com o objetivo de possibilitar a formação de dois palanques. É improvável que essa fórmula seja viabilizada, mas isso só será possível quando o PT e o PSDB resolverem em definitivo suas candidaturas presidenciais.
Carlos Brandão será politicamente favorecido se o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, um dos mais importantes líderes do PSDB, vier a deixar mesmo o ninho dos tucanos e migrar para o PSB e, nessa condição, sair como vice na chapa liderada pelo líder petista. A fórmula já está sendo trabalhada, e se for viabilizada, o vice-governador Carlos Brandão será o primeiro a adotá-la. Nesse caso, o candidato tucano ao Governo do Maranhão poderá contar com dois palanques. É óbvio que um cenário com essas possibilidades depende de muitas articulações, o que torna improvável a sua construção. Isso dependerá muito da disposição dos líderes partidários de reunir as condições para, de maneira republicana e democrática, sentarem desarmados à mesa de negociações.
Se as dificuldades de ordem puramente político-partidária forem devidamente equacionadas e vencidas, não haverá obstáculo para que o vice-governador encabece chapa tendo como companheiro um quadro expressivo do PT ou do PSB. Essas possibilidades serão bem mais viáveis se Carlos Brandão vier a ser escolhido candidato da base partidária liderada pelo governador Flávio Dino, o que deverá ocorrer no dia 29, conforme o próprio chefe do Poder Executivo. Tudo isso será definido até o final deste mês.
PONTO & CONTRAPONTO
Sinais indicam que DEM não se deu bem na fusão com o PSL
Todas as avaliações feitas por cronistas políticos importantes do cenário nacional indicam que o DEM não se deu bem na fusão com PSL. Sinais dessa conclusão são os movimentos lentos e cautelosos do presidente do partido no Maranhão, deputado federal Juscelino Filho, que vem perdendo a condição de interlocutor do partido no Maranhão e no Congresso Nacional. O problema é que depois do anúncio da fusão para a criação do União Brasil, o chefe do DEM no Maranhão viu seu partido caminhar para o raquitismo, com a iminente saída dos deputados estaduais Antônio Pereira, que vai para o PSB, e Daniella Tema, que ainda não definiu seu futuro partidário, além da debandada de alguns prefeitos do partido. Outro dado do revés: a maioria dos dissidentes seguirá o vice-governador Carlos Brandão (PSDB), contrariando sua posição de apoiador de primeira linha do senador Weverton Rocha (PDT). Os próximos desdobramentos da fusão dirão o tamanho do desgaste do deputado Juscelino Filho e como ele reagir[á a essa perda de poder.
Josivaldo JP vai ter de optar entre Jair Bolsonaro e Sérgio Moro
Rumores que correm nos bastidores da política dizem o deputado federal Josivaldo JP (Podemos), que ganhou o mandato com a eleição de Eduardo Braide para a Prefeitura de São Luís, estaria numa espécie de sinuca de bico. Bolsonarista assumido, ele entrou numa espécie de beco sem saída com a filiação do ex-juiz Sérgio Moro ao Podemos, e com disposição de entrarem guerra aberta com o presidente Jair Bolsonaro. O fato fez o cenário colorido de JP desabar, colocando-o na incômoda situação de ter de optar entre permanecer no Podemos e abraçar a candidatura de Sérgio Moro e se manter bolsonarista de proa e migrar para o PL ou para outro partido alinhado ao projeto de reeleição do presidente. Ou seja, se ficar o bicho pega, se correr o bicho come.
São Luís, 20 de Novembro de 2021.