Rejeitado como presidente da Câmara, Waldir Maranhão agora vira problema sério para o presidente Michel Temer

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waldir hostilizado
Waldir Maranhão (à direita, na Mesa) a hostilizado tentar presidir a sessão

Nenhum parlamentar do País passa atualmente pela situação que envolve o deputado federal Waldir Maranhão (PP). Quem foi acusado de malfeitos – caso dos senadores Renan Calheiros e Romero Jucá (PMDB) – encontra-se virando para armar defesa; quem foi afastado do mandato – caso do deputado Eduardo Cunha (PMDB), suspenso do mandato e da presidência da Câmara Federal – busca freneticamente reversão na Justiça; e quem foi cassado por agir fora da lei – caso do agora ex-senador Delcídio do Amaral -, que se movimenta para buscar reparação ao que define como “injustiça”. Nenhum dos casos se iguala ao do presidente interino da Câmara Federal. Mesmo mantendo a integridade do mandato parlamentar e exercendo interinamente a presidência da Casa, tomando medidas administrativas que movimentam milhões de reais dos cofres públicos, e usufruindo de benesses como a que o levou na semana passada ao Chile, para um evento continental sobre transparência, o parlamentar maranhense é crua e ostensivamente rechaçado por líder partidários todas as vezes em que tenta presidir uma sessão, tarefa primeira e mais importante do presidente da instituição. Tal situação, por outro lado, transformou o deputado Waldir Maranhão num fator de preocupação do Palácio do Planalto, que precisa ter na presidência da Câmara Federal um presidente com autoridade e habilidade para ser um interlocutor seguro e confiável para o também presidente interino Michel Temer (PMDB).

Eleito 1º vice-presidente da Mesa Diretora da Câmara Federal, cargo que o levou naturalmente à presidências da Casa, no dia 5 de maio, com o afastamento do presidente, deputado Eduardo Cunha, por decisão do Supremo Tribunal Federal, sob a acusação de atuar para obstruir o processo de cassação do seu mandato e as ações da Operação Lava Jato. Maranhão assumiu sem nenhum apoio formal, mas com caminho aberto para costurar, com os cuidados necessários, o aval dos colegas de mesa e dos líderes. Apesar das tensões, tudo parecia caminhar para a costura de uma solução quando, no dia 9 de maio, Waldir Maranhão surpreendeu a Nação ao anular as sessões que da Câmara que resultado na autorização para o Senado instaurar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). A decisão bombástica foi revertida antes da meia-noite, mas as consequências dela para Waldir Maranhão foram devastadoras, sendo a principal delas a transformação dele num pária dentro da Câmara. O embuste colocou mais de dois terços da Casa contra ele, que passou a ser fortemente hostilizado por seus pares.

No dia 18 de maio, julgando que os ânimos já poderiam estar serenados, Waldir Maranhão tentou presidia a sessão do dia, Waldir Maranhão sentou o peso da rejeição tão logo sentou na cadeira presidencial no plenário. Líderes como Pauderney Avelino (DEM), Rubens Bueno (PPS), Antônio Imbassay (PSDB), entre outros, ocuparam a tribuna e pronunciaram discursos duros contra o presidente interino, de cara exigindo a sua retirada do plenário e reafirmando que não o aceitam como presidente da Casa. Na quarta-feira, a dramática e inacreditável situação se repetiu. Waldir Maranhão de novo tentou presidir a sessão, desta vez tendo na pauta a DRU, um instrumento que dá ao governo autonomia para gastar até 30% do Orçamento do jeito que bem entender. Não deu outra: tão logo tomou assento na Mesa, o presidente interino Waldir Maranhão foi duramente hostilizado, e dessa vez com uma ameaça velada dos líderes: se ele continuasse na presidência da sessão eles não votariam o projeto. Maranhão tentou resistir, mas uma troca de telefonemas com o Palácio do Planalto o fez cair em si e mudar de ideia. “Vou até o gabinete, mas volto logo”, disse ao 1º secretário, deputado Beto Mansur (PR-MG), levantou-se, saiu e não mais voltou e a DRU foi aprovada sem problemas.

O episódio de quarta-feira acendeu sinal amarelo no Palácio do Planalto, que temendo que o “Fator Waldir” complique a votação de matérias vitais para o Governo, resolveu agir para construir uma solução para o impasse na Câmara Federal. O problema é que qualquer solução deverá passar pelo presidente afastado, Eduardo Cunha, cuja situação se complica a cada dia, mas que continua controlando Waldir Maranhão, a quem o chama de “meu líder” e lhe jurou fidelidade eterna.

 

PONTO & CONTRAPONTO

São Luís não foi incluída no roteiro de Dilma
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Dilma não incluiu São Luís no roteiro da luta contra impeachment

Não vingaram os esforços feitos pela direção estadual do PT para que a presidente afastada Dilma Rousseff desembarcasse hoje em São Luís na sua maratona País afora para mobilizar a sociedade contra o que o processo do seu impedimento, que ela, seu partido e seus partidários chamam de “golpe”. A inclusão de São Luís, na data de hoje, no roteiro da presidente, foi solicitada pela direção estadual do PT ao comando nacional do partido, mas, por razões que não foram comunicadas, não foi atendida. A iniciativa do PT contou com a simpatia velada ao Palácio dos Leões, de onde o governador Flávio Dino dispara diariamente twittadas defendendo respeito ao mandato da presidente, que foi legitimamente conquistado nas urnas. Dino tem sido um dos principais aliados da presidente, liderando um grupo formado por mais de uma dezena de governadores que também não concordam com o processo. Um dos articuladores do pedido formulado pelo PT para que Dilma Rousseff viesse a São Luís nesta sexta-feira, o deputado Zé Inácio, que tem sido voz incansável na catilinária contra o impeachment, disse à Coluna que não sabe ainda o motivo pelo qual São Luís não foi incluída no roteiro da presidente, mas disse acreditar que Dilma Rousseff virá à Capital durante essa corrida contra o “golpe”.

Fábio Braga quer reforço na agricultura familiar
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Fábio Braga: apoio à agricultura familiar

O deputado Fábio Braga (SD) reafirmou ontem sua posição de incentivador da produção ao destacar a entrega, pelo governador Flávio Dino (PC do B), de uma série de veículos às Prefeituras, para melhorar e potencializar a agricultura familiar no Maranhão. Ele ressaltou que a agricultura familiar, se desenvolvida de forma adequada, é uma importante fonte geradora de emprego, especialmente nos municípios onde grande parte da população vive no campo e depende dessa atividade, lembrando que ela também é fator gerador de renda. Para Fábio Braga, a agricultura familiar tem evoluído nos últimos anos, devido principalmente às políticas públicas de apoio ao pequeno produtor implantadas no País, com destaque para o Pronaf, que tem financiado a cadeia produtiva, melhorando, cada vez mais, a produção agrícola familiar, por exemplo. Fábio Braga reconheceu que, nos últimos anos, a agricultura familiar do Maranhão tem recebido a atenção necessária e contemplada com recursos, mas alertou que ainda carece de muitos incentivos. “Hoje, temos uma dependência muito grande com o Piauí, o Ceará e o Tocantins, pois a maioria dos produtos hortifrutigranjeiros, consumidos no Maranhão, são importados desses estados”, assinalou.  “O governador Flávio Dino tem consciência de que precisa apoiar a comercialização e a distribuição dos produtos e melhorar a cadeia produtiva, que envolve também a assistência técnica aos municípios, na elaboração, avaliação e execução de projetos”, destacou. E elogiou o trabalho da Secretaria de Estado da Agricultura (Sagrima) e dos demais órgãos a ela vinculados, como a AGERP, têm apresentado várias ações já desenvolvidas e outras em andamento, dentro das metas do Governo do Estado de reduzir as desigualdades sociais no Maranhão.

 

São Luís, 09 de Junho de 2016.

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