O PT bateu martelo: a partir de agora é oficialmente aliado do Governo Flávio Dino (PCdoB), conforme foi anunciado segunda-feira numa entrevista coletiva capitaneada pelo seu presidente regional, professor Raimundo Monteiro, acompanhado de próceres da cúpula estadual do partido. Não ficou claro se o partido vai ampliar sua participação no governo, onde já tem dois secretários – Márcio Jardim (Esportes) e Francisco Gonçalves (Direitos Humanos e Participação Popular) -, como também os dirigentes petistas não foram muito taxativos sobre como fica a relação do PT com o PMDB no Maranhão. Num discurso de poucos ecos, o presidente Raimundo Monteiro apresentou as conclusões do encontro realizado no sábado, no qual foram reafirmadas “as nossas bandeiras históricas” e anunciada a decisão de “manter forte os projetos da presidente Dilma Rousseff e apoiar propostas que levem à continuidade o desenvolvimento do Brasil”.
Mas, ao contrário do que era esperado, o que foi anunciado como o desfecho da maior guinada do partido nos últimos tempos não se deu com festa nem manifestações de entusiasmo dos líderes petistas. O que a imprensa enxergou na entrevista coletiva, foi uma cúpula partidária murcha, fleumática, portanto sem entusiasmo e passando à imprensa a impressão de que o PT perdeu o entusiasmo e se apresentou de maneira acanhada. Além disso, deixou muitas perguntas sem respostas, contribuindo para reforçar a suspeita de que o partido perdeu o foco e não está conseguindo enfrentar com a firmeza dos tempos de oposição, a pancadaria que sofre na condição de agremiação governista cujo projeto de poder enfrenta uma tempestade destruidora que só aumenta.
Não há dúvida de que o desembarque na aliança que dá sustentação ao governador Flávio Dino era o caminho natural do partido com o fim do projeto de poder da sua aliança com o PMDB, que foi trucidado nas urnas em 2014. O PT nunca ficou em posição confortável fazendo dobradinha com o Grupo Sarney por ordem do ex-presidente Lula e do ex-ministro José Dirceu. Essa aliança, cujo saldo é uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado ocupada pelo ex-vice-governador Washington Oliveira, foi construída na marra, em 2010, tanto que rachou o PT, tendo os rebelados declarado apoio ao então candidato Flávio Dino. O problema se repetiu em 2014 e o que se viu foi o naufrágio da aliança nas urnas. Desde então, os mais diferentes grupos que formam o PT no Maranhão têm pressionado a cúpula partidária para se afastar do PMDB, mesmo sabendo que o governo da presidente Dilma Rousseff só está de pé por causa do partido de José Sarney e que, se os pemedebistas retirarem esse suporte, o petismo desaba de vez no país.
A situação do PT maranhense, portanto, não é confortável. Para começar, o anúncio da adesão ao novo governo não foi festejado, nem pelo PT nem pelo aliado. Nenhum graúdo do governo do PCdoB veio a público saudar a reviravolta do aliado. Na segunda-feira, além da entrevista e do anúncio, a cúpula petista deveria ser recebida pelo governador Flávio Dino, mas ele se encontrava em São Paulo, onde visitou o seu mais importante aliado e parceiro político, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho (PDT), que ontem se submeteu a uma cirurgia. O desembarque, portanto, foi frio, formal, sem manifestação de boas vindas nem entusiasmo em ambas as partes. E pelo visto, sem desdobramentos, já que não há no horizonte qualquer indicação de que o PT ocupará espaço maior no governo.
É sabido que em política nem sempre o que parece é de fato. Ninguém discute que o governador Flavio Dino quer o PT na sua base e que a recíproca é verdadeira, pois o PT também quer fazer parte dessa base. O problema é que também em política a regra de uma aliança partidária é a do toma-lá-dá-cá, e aí surge a questão principal: o que o PT tem a oferecer de concreto ao governo e o que, em contra partida, o governo tem a oferecer ao PT.
PONTO & CONTRAPONTOS
Coutinho operado. Tudo bem
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho (PDT), foi submetido a uma cirurgia, ontem, no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, para a retirada de uma lesão no intestino grosso. A cirurgia foi bem sucedida e Coutinho já está em processo de recuperação. A informação foi divulgada em nota ontem à noite pelo direto de Comunicação do Poder Legislativo, Carlos Alberto Ferreira, e cuja íntegra é a seguinte:
O Presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, deputado Humberto Coutinho (PDT), foi submetido, nesta terça-feira (1º), a procedimento cirúrgico no Hospital Sírio Libanês, na cidade de São Paulo (SP), pela equipe do médico do cirurgião proctologista Marcelo Averback, sob os cuidados dos médicos oncologista Paulo Hoff e do cardiologista Roberto Kalil Filho. A cirurgia foi acompanhada pelo cirurgião gastro-intestinal José Rodrigues e o proctologista David Carvalho, ambos amigos pessoais do presidente. A cirurgia foi realizada com sucesso. Humberto Coutinho passa bem e já se encontra em recuperação no apartamento do hospital, cercado por seus familiares e amigos.A médica, sua esposa, Cleide Coutinho, e seus filhos e familiares agradecem as manifestações de carinho e fé pela pronta recuperação do presidente.
Carlos Alberto Ferreira
Diretor de Comunicação da Assembleia Legislativa
Deputados silenciam 1 minuto por Nauro
A Assembleia Legislativa homenageou ontem, um minuto de silêncio, o poeta Nauro Machado, morto sábado. O presidente em exercício da Casa, deputado Othelino Neto (PCdoB), a perda Nauro Machado, que se tornou um poeta mundial. “As obras dele foram traduzidas para o alemão, para o inglês, para o francês, etc. No meio literário fora do Brasil, era reconhecido como um dos grandes poetas do mundo, um orgulho para o Maranhão”, destacou. Othelino lembrou que Nauro Machado era um homem de hábitos muito simples, que passou grande parte de sua vida no Centro Histórico de São Luís, produzindo poesias. “Às vezes, o Nauro passava por alguém, não falava. A pessoa olhava e dizia: o Nauro ficou arrogante, passa e não fala. Era ele andando na rua e fazendo poesias e montando os versos. Assim era o Nauro, um maranhense inesquecível, simples e que dedicou sua vida, em especial, à poesia e a amar a cidade de São Luís”, destacou o presidente em exercício da Alema. “Eu estive no velório. Encontrei a escritora Arlete Nogueira da Cruz, evidentemente muito entristecida, falando dos anos de convivência, da relação harmoniosa que tinham quando ele lia para ela fazer a crítica das poesias dele. E ela também lia as poesias dela para ele fazer a crítica. E assim foram mais de 40 anos de convivência”, comentou. E completou: “Nauro Machado, um maranhense que nos orgulha e que nos deixou no último sábado. Mas sua produção literária vai ficar, eternamente, para que nós possamos conhecer, para que os nossos filhos saibam que um grande homem conseguiu produzir poesias de primeira qualidade. Enfim, que Deus o tenha em bom lugar. Ele, com certeza, continuará a fazer poesias, agora lá no céu”.
São Luís, 01 de Dezembro de 2015.