PT abre encontro estadual anunciando filiação de Ana do Gás e de Chiquinho da FC

Foto maior: Francimar, Gleisi Hoffmann, Carlos Brandão
e Felipe Camarão na abertura do encontro; embaixo:
Ana do Gás e Chiquinho da FC convertidos ao petismo

A abertura do encontro estadual do PT, realizada ontem à noite na Assembleia Legislativa, reafirmou a linha de ação do partido para se consolidar no poder, usando para tanto uma estratégia em que o pragmatismo está sendo levado a uma amplitude surpreendente. Na presença da presidente nacional Gleisi Hoffmann e do governador Carlos Brandão (PSB), que reafirmou a aliança da agremiação com seu Governo, foram anunciadas várias filiações ao partido, duas delas surpreendentes: a deputada estadual Ana do Gás, atualmente no PCdoB, vai migrar para o PT, pelo qual disputará a Prefeitura de Santo Antônio dos Lopes, um dos municípios mais promissores do estado no campo econômico, e o empresário Chiquinho da FC, dono do Grupo FC Oliveira, também vai se converter ao petismo para, nessa condição, disputar a Prefeitura de Codó, um dos dez mais importantes municípios do Maranhão.

Nada mais inusitado poderia acontecer num encontro estadual do PT, mesmo levando em conta o fato de que esses eventos são agitados pelos debates, que uma saudável tradição no partido. As duas filiações fogem completamente à linha e ao padrão de ação política do PT. A começar pelo fato de que nem a deputada estadual Ana do Gás nem o empresário Chiquinho da FC tem qualquer afinidade com o viés de esquerda da agremiação liderada pelo o presidente Lula da Silva.

Ana do Gás nasceu na direita, militando como primeira-dama de Santo Antônio dos Lopes, município da região central, onde foi descoberta uma reserva gigantesca de gás natural. E foi exatamente por conta do seu discurso entusiasmado, pautado na riqueza que chegaria com a exploração do gás que ela se elegeu para a Assembleia Legislativa em 2014 com a terceira maior votação e com o nome político Ana do Gás pelo PRB. Na eleição de 2018, percebendo que teria dificuldades estando em um partido pequeno, Ana do Gás migrou para o PCdoB, então a maior e mais forte agremiação do Maranhão, liderada pelo governador Flávio Dino. Se reelegeu com a metade da votação e em 2022 com votação bem menor ainda. Agora que o PCdoB é um partido fragilizado e que só se sustenta em Federação com o PT e o PV, Ana do Gás faz um movimento radical migrando para o PT, que está em ascensão no estado, principalmente com a perspectiva de que chegará ao poder com o vice-governador Felipe Camarão (PT). Pode dar uma guinada radical na sua trajetória se vencer a eleição para a Prefeitura em Santo Antônio dos Lopes.

Mais surpreendente ainda foi a anunciada conversão do empresário Chiquinho da FC ao petismo. Filiando-se ao PT, pretende disputar a Prefeitura de Codó, um dos dez mais importantes municípios do Maranhão. Afora a filiação do seu filho, Francisco Nagib, que foi prefeito de Codó pelo PDT e hoje é deputado estadual pelo PSB, não há registro de que o empresário FC tenha alguma afinidade com a centro-esquerda. O empresário comanda o Grupo FC Oliveira, com sede em Codó, onde fabrica produtos de limpeza da marca Econômico e mantém 1.700 empregos diretos. No plano político, é conhecido é sua convivência com os governadores de direita e centro-direita que comandaram o Maranhão desde João Castelo, e também com os de esquerda, como Jackson Lago (PDT) e Flávio Dino, cultivando agora relação próxima com Carlos Brandão. Mas como está posto que o PT precisa se reciclar, se quiser permanecer no poder, a filiação do empresário codoense é um sinal de que essa reciclagem está em curso. É possível que a guinada tenha sido articulada pelo deputado Francisco Nagib, que vem trabalhando duro pela eleição do pai, exatamente por saber que ele enfrentará dois páreos duros: o prefeito José Francisco (PSD), que busca a reeleição e aparece nas pesquisas como favorito, e o ex-deputado e ex-prefeito Zito Rolim (PDT), que é o segundo.

Além disso, a abertura do encontro estadual do PT foi marcada pelo forte discurso da presidente Gleisi Hoffmann, que convocou os líderes e a militância para se mobilizar em apoio ao Governo e presidente Lula da Silva, assim como entrar firme nas eleições municipais, para ampliar os espaços do partido nos municípios, visando as eleições de 2026. Por sua vez, o governador Carlos Brandão reafirmou o seu alinhamento do seu Governo com o Governo do presidente Lula da Silva, informando que ajudará na eleição de candidatos do PT a prefeito – onde não houver confronto com o PSB, claro. E fez elogios ao vice-governador Felipe Camarão, que tem sido um auxiliar competente e um aliado importante.

O encontro do PT continua hoje, no Hotel Luzeiros, com pauta voltada para as questões internas do partido.

PONTO & CONTRAPONTO

Disputa em Paço do Lumiar tem definição na oposição e incertezas na esfera governista

Fred Campos deve disputar a prefeitura com Jorge Maru, apoiado por Paula da Pindoba

Sexto maior município do Maranhão, com 125 mil habitantes, Paço do Lumiar parece caminhar para uma guinada radical na sua vida administrativa e política com as próximas eleições municipais. Ali está sendo travada uma guerra que concentra de um lado as forças hoje reunidas em torno da prefeita Paula da Pindoba, ainda filiada ao PCdoB e que decidiu apoiar a candidatura de Jorge Maru (Republicanos), e de outro lado, a política local, representada pelo empresário e ex-vereador Fred Campos (PSB), que tem o aval do Palácio dos Leões.

Saída da Câmara Municipal para ser candidata a vice de Domingos Dutra (PCdoB) em 2016, assumiu a Prefeitura com o afastamento do prefeito por problemas de saúde, que o tornaram incapaz de permanecer no cargo. Amparada pelo PCdoB e pelo governador Flávio Dino, Paula da Pindoba se reelegeu em 2020, e desde então se distanciou do grupo que a apoiou. Agora, sabe que dificilmente elegerá seu sucessor, uma vez que o cenário indica que Fred Campos está reunindo forças políticas e eleitorais para tornar a disputa mais acirrada.

Fred Campos abriu a sua base política, se filiou ao PSB, conversou com outros partidos da base governista e conseguiu o apoio do PSDB e do MDB, representado no município pelo grupo liderado pelo ex-prefeito Gilberto Aroso.

O candidato do PSB tem dado demonstrações de que tem um plano de ação e um projeto de governo e de poder. Já o seu provável adversário, Jorge Maru, só tem o aval da prefeita Paula da Pindoba e ainda navega num cenário de incertezas.

PSOL definirá candidatura quando firmar Federação com a Rede, que já lançou Janiselma

Janiselma Fernandes, lançada pela Rede,
ainda não tem o aval do PSOL

O PSOL ainda não foi comunicado oficialmente de que a Rede lançou a professora Janiselma Fernandes como pré-candidata à Prefeitura de São Luís pela Federação que une os dois partidos.

Uma fonte credenciada do PSOL foi categórica: o partido só vai tratar desse assunto no início de abril, e tem uma programação definida. Primeiro vai formalizar a Federação PSOL/Rede. Depois é que tratará sobre candidatura a prefeito de São Luís e da montagem de uma chapa para disputar cadeiras na Câmara Municipal.

Segundo a fonte, o PSOL ainda não foi comunicado da decisão da Rede de propor a professora Janiselma Fernandes, que disputou a eleição de 2020 como vice na chapa encabeçada pelo jornalista Jeisael Marx.

O PSOL não descarta aceitar a proposta da Rede de lançar Janiselma Fernandes, não descartando também propor um nome para ser o candidato, que pode ser o professor e advogado Franklin Douglas, que foi candidato a prefeito em 2020.

Em resumo: nada será decidido antes da formalização da Federação PSOL/Rede, não estando descartada qualquer proposta de nome para disputar a Prefeitura de São Luís.

– Muita água ainda vai rolar por debaixo dessa ponte – diz a fonte.

São Luís, 19 de Março de 2024.

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