A pesquisa Escutec divulgada em partes nos últimos dias pelo jornal O Estado do Maranhão deve ter disparado o “alerta vermelho” no gabinete principal do Palácio de la Ravardière. Isso porque números encontrados pela pesquisa revelam uma situação nada confortável para o prefeito Edivaldo Jr. (PTC). E se tornam mais preocupantes para o atual governo municipal se levada em conta a informação de que o chefe do Executivo da Capital se prepara para encarar as urnas em busca da reeleição.
Os percentuais divulgados são, de fato, desestimulantes. Quando perguntados se o governo municipal melhorou nos últimos meses, apenas 17,7 responderam que sim. No contrapeso, no entanto, 40,7% responderam que as coisas continuam como estavam. E para complicar mais ainda o quadro, 40,9% eleitores ouvidos na pesquisa disseram que, na avaliação deles, a situação tende a piorar. O cenário nada estimulante para o prefeito se completa com 1,6% dos ouvidos na pesquisa dizendo que não souberam responder. Resumindo: a julgar pelo que a pesquisa apurou, a esmagadora maioria da população está convicta do que diz.
Em outro quadro, a pesquisa Escutec quis saber sobre as expectativas do cidadão em relação ao governo do prefeito Edivaldo Jr.. Os números não são motivo de festa para o prefeito, mas sinalizam uma situação bem mais otimista. Indagados sobre o que esperam do governo municipal, 24,5% dos entrevistados responderam acreditar que ele vai melhorar. Outros 33,2% responderam que a atual gestão da Prefeitura de São Luís vai continuar como está. E 40,1% previram que a situação vai piorar.
O cenário cinzento encontrado pela pesquisa Escutec certamente não está sendo visto pelo prefeito Edivaldo Jr. com uma tragédia política irreversível. É verdade que os números não são nada animadores, mas essa é uma avaliação do momento e ainda faltam 18 meses para a corrida às urnas. Há, portanto, tempo, para que o prefeito de São Luís com sua equipe acerte o rumo e reverta o quadro que o desfavorece política e eleitoralmente. E essa reversão nada tem de eleitoreira, ao contrário, ela é uma exigência da sociedade, que lhe deu quatro anos de mandato e espera que nesse período ele justifique o voto de confiança que lhe foi dado. Podendo, inclusive, se credenciar para um novo mandato.
O prefeito Edivaldo Jr. foi eleito em condições muito especiais, que lhe proíbem fracassar. Chegou ao Palácio de la Ravardière como um representante da nova geração de políticos maranhenses e derrotando uma raposa com lastro sólido, o então prefeito João Castelo. Encontrou não exatamente uma terra arrasada, mas uma máquina quebrada e exausta em todos os sentidos. Sua tarefa inicial foi arrumar os vagões e colocar a locomotiva nos eixos. Só agora começa, de fato, a colher os frutos da faxina e na arrumação.
Uma das fontes mais importantes de comunicação do prefeito de São Luís é o deputado Edivaldo Holanda (PTC), seu pai. Movido naturalmente pelo parentesco e pela ligação política, o parlamentar, que acumula ricas experiências na gerência da coisa pública, tem afirmado, em discursos quase didáticos na Assembleia Legislativa, que a realidade começa a mudar na Capital. Nos seus pronunciamentos, Edivaldo Holanda verbaliza extensos relatórios do que define como “conquistas”, como fez recentemente em relação ao transporte de massa, informando que o uso da biometria facial identificou centenas de carteiras falsas de isenção de tarifa, recuperando faturamento de R$ 2 milhões.
Com a tarimba que acumulou, o deputado Edivaldo Holanda não alimenta ilusões ingênuas de pintar um cenário irreal. Ao contrário, o pai do prefeito doura a pílula, mas com a racionalidade de quem sabe que apostar na fantasia é um erro político imperdoável. Daí a avaliação de que os números desfavoráveis da pesquisa Escutec são a situação do momento, que pode ser mudada em favor do prefeito se ele sair da condição de vítima de terra arrasada e mostrar que pode tornar São Luís uma cidade melhor.
PONTOS & CONTRAPONTOS
Violência I
A brutalidade quep marcou o assalto a uma festa de aniversário em Panaquatira, que resultou em cinco mortes violentas e mais três pessoas feridas, dominou os debates de ontem na Assembleia Legislativa. Os deputados da oposição usaram todos os argumentos possíveis para culpar o governador Flávio Dino (PCdoB) pelo ocorrido. A deputada Andrea Murad (PMDB) (foto) falou do assunto durante mais de meia hora, com um aparte fulminante do deputado Edilázio Jr. (PV) e um discurso duro do deputado Adriano Sarney (PV), que anunciou que vai submeter ao plenário um requerimento pedindo intervenção federal no Maranhão.
Violência II
O discurso oposicionista foi centrado na promessa do governador Flávio Dino de dobrar o efetivo policial do Maranhão. Na primeira etapa, ele anunciou a convocação de mil aprovados no concurso para a Polícia Militar. Ocorre que até agora só 300 foram efetivamente convocados e estão sendo preparados para ir para as ruas. Essa situação foi admitida pelos deputados governistas, que surpreendentemente ficaram ontem na defensiva por causa da chacina de Panaquatira. Isso no momento em que o PCdoB inicia uma campanha de mídia dizendo que o Maranhão está mudando e que o governador Flávio Dino já “convocou” mil excedentes do concurso da PM.
Violência III
A chacina de Panaquatira repercutiu na Câmara Federal, onde o deputado Hildo Rocha (PMDB) denunciou o ocorrido, criticou a politica de segurança do governo Flávio Dino e declarou que os 18 integrantes da bancada federal estão prontos para fazer uma ação no Ministério da Justiça em busca de recursos para reforçar a policia estadual.
São Luís, 25 de Maio de 2015.