Confirma-se o que observadores dos movimentos que vêm marcando a corrida para a Prefeitura de São Luís já esperavam: está em curso uma campanha de difamação contra o deputado estadual Duarte Júnior, candidato do Republicanos à Prefeitura de São Luís, e que ocupa o segundo lugar nas preferências do eleitorado, segundo todas as pesquisas divulgadas até aqui. O método utilizado é o ataque via redes sociais, no caso o WhatsApp, com a utilização de DDDs das mais diferentes regiões do território nacional para divulgar vídeo em que o candidato, caracterizado como um palhaço, é apontado como “migueloso”, um adjetivo típico do linguajar ludovicense de baixo calão, o que indica a raiz do crime. E como é regra, o criminoso – provavelmente um pau mandado pouco inteligente – consegue se manter no anonimato, talvez até por não saber que a Polícia Federal, por ele já acionada, dispõe de recursos tecnológicos para chegar ao autor, cuja identificação, prisão e acerto de contas com a Justiça é apenas uma questão de tempo. O problema é que essa covardia virtual pode estimular uma guerra suja numa campanha até aqui marcada pela civilidade.
Não surpreendeu que Duarte Júnior fosse o primeiro candidato-alvo de um ataque dessa natureza. Jovem – tem apenas 34 anos -, com boa formação – é advogado e professor de Direito -, competente – fez uma gestão inovadora e atuante no Procon e no Viva Cidadão -, inteligente – usa bem as redes sociais, onde tem milhares de seguidores -, ousado – se lançou candidato a deputado estadual e saiu das urnas como o terceiro mais votado, com votação consagradora na Capital -, e obstinado – superou obstáculos gigantescos para consolidar sua candidatura à Prefeitura de São Luís -, candidato do Republicanos tem sido alvejado por muitos petardos políticos. Mas, ao contrário do que calcularam seus adversários políticos, ele se mantém de pé, deixando os atacantes perplexos e com dificuldade para encontrar meios de arranhar sua imagem política. Para ele tem valido a teoria da massa fermentada: quanto mais nela se bate, mais ela cresce o seu volume.
Duarte Júnior é um caso de sucesso que desafia a lógica. Menino pobre, sempre teve de batalhar muito para avançar. Ele próprio lembra que vendeu chip para celular na Rua Grande, trabalhou como atendente na cantina da escola, e encarnou um palhaço num programa de TV para criança em que sua irmã era a estrela. Paralelamente, estudou com os pés no chão, tornou-se bacharel em Direito, mergulhou na advocacia e no ensino do Direito, entrou para a política participando da campanha vitoriosa de Flávio Dino (PCdoB) em 2014, ganhando em 2016 a oportunidade de comandar o Procon e em seguida também o Viva Cidadão. Aproveitou com garra e durante três anos deu uma guinada radical na melhoria e na expansão dos serviços prestados pelos dois órgãos. E foi com base no resultado do trabalho que obteve o aval do governador Flávio Dino para se lançar candidato a deputado estadual. Deu no que deu.
Só, livre da tutela de caciques partidários e sem lastro político familiar, contando apenas com ousadia, determinação e o uso inteligente das redes sociais, Duarte Júnior se tornou um fenômeno. Tão logo desembarcou na Assembleia Legislativa, avisou ao mundo a sua pré-candidatura à prefeito de São Luís, movimento que de cara despertou seus oponentes. Nesses 20 meses tem enfrentado ciladas e ataques, tem reagido com surpreendente equilíbrio, dando a entender que é osso duro de roer e que não vai se dobrar. Foi com esse ânimo – pouquíssimas vezes abalado -, que ele enfrentou a guerra dentro do PCdoB, que perdeu, mas que sobreviveu intacto ingressando no Republicanos, apoiado pelo vice-governador Carlos Brandão e firmando uma discutível aliança com o PL liderado pelo controvertido deputado federal Josimar de Maranhãozinho.
O segundo lugar na preferência do eleitorado até aqui não dá a Duarte Júnior a garantia de que irá para o segundo turno e nem de que, nessa hipótese, será eleito prefeito. Mas é inegável que, independentemente do desfecho da corrida à Prefeitura de São Luís, o jovem advogado que na infância se fantasiou de palhaço para ganhar a vida é um político da linha de frente da sua geração. Atacá-lo em campanha apócrifa no WathsApp é covardia e também perda de tempo.
PONTO & CONTRAPONTO
Tucanos maranhenses reforçam laços com o bolsonarismo
Repercutiu fortemente no meio político e fora dele a imagem em que o senador Roberto Rocha e o ex-prefeito Sebastião Madeira, ambos do PSDB, emolduram o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante audiência no Palácio do Planalto, ocorrida Quarta-Feira (23). A visita resultou na decisão presidencial de visitar a Princesa do Tocantins no início de Outubro. Até aí, nenhum ponto fora da linha.
A imagem reúne uma série de traços que lhe dão expressivo peso político. Começa com o fato de que, na contramão dos movimentos do partido no plano nacional, o comando do PSDB do Maranhão continua estreitando laços com o bolsonarismo. A ida de Jair Bolsonaro à Imperatriz, que pode ser justificada pelo fato de que a cidade foi uma das raras onde o candidato Bolsonaro venceu no Maranhão e onde, é sabido, tem muitos apoiadores. Por isso, a visita presidencial deixa no ar a impressão de que será uma maneira de fazer o contraponto ao apoio do governador Flávio Dino ao candidato do PCdoB, Marco Aurélio.
A visita do presidente Jair Bolsonaro a Imperatriz deve causar forte incômodo ao prefeito Assis Ramos, que há muito entrou na linha de tiro do PSDB. Daí talvez a expressão de entusiasmo do ex-prefeito Sebastião Madeira cujos cálculos o levam à vitória nas urnas.
Ex-vice-prefeito Júlio Pinheiro se move por mandato de vereador
Os bastidores da corrida à Câmara Municipal de São Luís alimentam certa expectativa em relação ao desempenho eleitoral do agora ex-vice-prefeito Júlio Pinheiro, apontado por muitos como um dos nomes mais fortes da poderosa chapa do PCdoB. Apoio político com forte potencial eleitoral não lhe falta. Para começar, tem o apoio do alto comando do PCdoB, leva a simpatia do governador Flávio Dino e, dizem, o aval do prefeito Edivaldo Júnior (PDT), com quem se relacionou sem problemas nestes quatro anos. Professor de carreira e militante sindical, Júlio Pinheiro reúne cacife suficiente para receber nas urnas o apoio de pelo menos parte da categoria que, como se sabe, costuma pulverizar seu poder de fogo eleitoral, raramente se mobilizando em torno de uma candidatura. Muita gente aposta que o ex-prefeito, que foi prefeito por alguns dias, dará expediente no Palácio Pedro Neiva de Santana a partir de Janeiro do ano que vem.
São Luís, 25 de Setembro de 2020.