O Palácio dos Leões não vai interferir na corrida pela presidência da Câmara Municipal de São Luís. Foi o que anunciou ontem, em tom de garantia, o presidente da Casa, vereador Paulo Victor (PSB), desfazendo rumores segundo os quais o braço político do Governo do Estado estaria se preparando para interferir no processo a favor do candidato governista, vereador Beto Castro (Avante). O vereador-presidente informou aos seus pares que essa interferência não acontecerá e que o próximo presidente do parlamento será eleito em abril do ano que vem sem qualquer interferência externa por parte do Governo. Essa garantir foi dada pelo próprio governador Carlos Brandão (ainda no PSB), numa conversa entre os dois ocorrida no final da semana, na qual o presidente Paulo Victor pediu ao mandatário estadual, de quem é aliado de primeira linha, que não se envolva na escolha seu sucessor, tendo obtido a garantia de que isso não acontecerá.
– Os parlamentares têm autonomia para escolher o próximo presidente – declarou o presidente Paulo Victor em discurso na sessão de ontem, no qual acrescentou: “Não usei meu cargo para pedir votos a ninguém. O governador entendeu que a escolha deve ser feita pela própria Câmara”. E arrematou: “Eu torno público a minha conversa com o governador Carlos Brandão sobre a pauta Câmara Municipal e eleição da Mesa Diretora. Mantive a minha posição para o governador Carlos Brandão, ontem, e pedi respeito, prudência e, assim como é bom homem, ele entendeu e assegurou aos vereadores escolherem a próxima presidência da Câmara sem imposição”.
Com o movimento, o presidente Paulo Victor conseguiu um feito raro na engrenagem política que move a Câmara Municipal de São Luís. Mais do que isso, deu mais um passo para a reafirmação política do legislativo municipal, que muitas vezes elegeu presidentes sob pressões externas – umas ostensivas, outras nem tanto -, mas a maioria com peso para que a eleição fosse vista como resultado de influências paralelas. Ele próprio se elegeu presidente pela primeira vez em 2021com o apoio do Palácio dos Leões, mas logo fez uma série de movimentos que mostraram seu projeto de valorizar a Casa de Simão Estácio da Silveira, dando-lhe a estatura política adequada.
A longa história da Câmara Municipal de São Luís é cheia de altos e baixos no que diz respeito à sua autonomia. Houve muitos períodos em que sua autonomia foi controlada por prefeitos influentes, e por governadores poderosos, mas também vivenciou muitas fases de plena autonomia. Nas últimas décadas, a presidência foi dominada por vereadores influentes, como Manoel Ribeiro nos anos 70, e mais recentes Chico Carvalho, Isaías Pereirinha e Astro de Ogum, todos ligados ao Palácio dos Leões e com laços estreitos com o Palácio de la Ravardière. O vereador Paulo Vitor quebrou essa ciranda, com movimentos diferenciados.
Mesmo ligado ao aos Governos Flávio Dino e Carlos Brandão, durante os seus três mandatos presidenciais ele investiu forte na imagem política da Câmara Municipal. Primeiro estimulando o debate interno, e depois atuando para colocar o parlamento estadual num espaço mais amplo no cenário político da Capital. Ele próprio se colocou nesse projeto quando assumiu a liderança da oposição ao prefeito Eduardo Braide (PSD), e depois lançou sua pré-candidatura à Prefeitura em 2024. O projeto não vingou, mas no período em que manteve sua pré-candidatura, a Câmara Municipal de São Luís foi transformada num ativo centro de debate político.
Principal articulador da candidatura do vereador Beto Castro (Avante), que já conta com a promessa de voto de mais de vinte dos 31 vereadores ludovicenses, o presidente Paulo Victor atua para que a eleição do seu sucessor seja uma decisão dos vereadores ludovicenses, sem influências externas. Sabe que de qualquer maneira o prefeito Eduardo Braide vai dar pitacos e quebrar algumas lanças por algum candidato, ainda que sabendo que dificilmente a Câmara elegerá um nome da sua preferência, salvo num improvável grande acordo.
Em tempo: em balado por mais de duas dezenas de declarações de votos, o vereador Beto Castro vai ter como adversário o vereador Marquinhos (União Brasil), que até agora só tem o seu próprio voto.
PONTO & CONTRAPONTO
Yglésio alfineta Bonfim em movimento para assumir o comando do bolsonarismo no Maranhão
Com a acefalia agravada pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua turma por tentativa de golpe de estado, o braço maranhense da direita radical está mergulhando numa guerra por afirmação. O exemplo mais nítido desse embate foram os petardos disparados pelo deputado estadual Yglésio Moises (PRTB) contra o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes e pré-candidato do Novo ao Governo do Estado, Lahesio Bonfim.
Numa entrevista recente, Yglésio Moises, que vem se firmando como o mais ativo porta-voz do bolsonarismo no Maranhão, afirmou que Lahesio Bonfim não é bolsonarista e por isso não é benquisto na seara dominada pelo ex-presidente da República.
– O Lahesio, hoje, não fala no Bolsonaro, não vejo ele defendendo as pautas, até porque ele sabe que é difícil ganhar eleição no Maranhão apenas com o eleitorado de direita – alfinetou Yglésio Moises, para em seguida estocar mais forte: “Ele não abraça o Bolsonaro e o Bolsonaro não gosta dele, porque eu já ouvi isso também”.
Yglésio Moises avaliou que Lahesio Bonfim é alguém que “não busca parcerias políticas”, o que resulta no fato de que Lahesio Bonfim enfrenta dificuldades para se firmar como liderança no Maranhão, atuando sem alianças mais amplas.
No momento, várias correntes tentam assumir o comando da direita bolsonarista no Maranhão. O deputado Yglésio Moises é, de longe, o político mais atuante nesse objetivo. Além dele e Lahesio Bonfim, estão no jogo por esse espaço a deputada estadual Mical Damasceno (PSD) e o suplente de deputado federal Allan Garcez (PP), que está no exercício do mandato na vaga do deputado federal André Fufuca (PP), atual ministro do Esporte, e o ex-senador Roberto Rocha, atualmente sem partido.
Direita sem radicalismo, Josimar de Maranhãozinho comanda o PL maranhense na contramão do bolsonarismo, sendo por isso alvo frequente de ataques do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Assembleia Legislativa transforma em leis medidas provisórias que melhoram o ensino básico estadual

em leis que melhoram a educação básica no Maranhão
Sob o comando da presidente Iracema Vale (ainda no PSB), a Assembleia Legislativa aprovou ontem projetos que reforçam substancialmente o ensino de tempo integral e o combate à evasão escolar no Maranhão. Osa deputados avalizaram o Projeto de Lei nº 005/2025, que institui a Política de Educação Integral em Tempo Integral no sistema maranhense de ensino, e a Medida Provisória nº 502/2025, que viabiliza o programa Educação de Verdade na rede estadual de educação.
A nova lei fortalece e dinamiza a política de assegurar e fomentar matrículas em todas as etapas e modalidade da educação básica. Essa política visa assegurar a oferta de educação de tempo integral em pelo menos 50% das escolas da rede pública estadual, de modo a atender pelo 60% das matrículas ao longo de uma década. Além disso, a nova lei adota mecanismos que asseguram a qualidade do ensino de tempo integral.
A segunda lei aprovada ontem visa garantir o acesso, a frequência, a permanência dos alunos matriculados, e a qualidade do ensino oferecido na rede pública estadual. Essa política tem como ponto forte o combate à evasão escolar, de modo a assegurar a formação integral dos alunos. Para tanto, a política visa melhoria no transporte escolar, alimentação, tecnologia, inovação, saúde visual e material de didático.
Na mensagem encaminhada à Assembleia Legislativa defendendo a conversão das MPs em leis estaduais, o governador Carlos Brandão afirma: “Com referidas medidas será atendida demanda específica visando assegurar que o serviço público de educação atenda com às necessidades individuais dos alunos, no que tange à necessidade de inclusão tecnológica, acesso a material didático de qualidade, incluindo distribuição de óculos e fornecimento de transporte e refeição, garantindo melhoria nos índices de educação no Maranhão”.
As medidas propostas, que já entraram em vigor por Medidas Provisórias, devem produzir melhorias significativas no ensino básico do Maranhão.
Em Tempo: A aprovação das duas leis pela Assembleia Legislativa ocorreu no dia em que o Ministério Público do Maranhão, em conjunto com a Polícia Civil, aplicou um duro golpe na corrupção na educação ao colocar em marcha a operação “Maat” (fase “Prato Cheio”), que investiga suposto esquema de desvio de verbas da merenda escolar na Prefeitura de Godofredo Viana. Foram presos Antônio da Conceição Muniz Neto e Gihan Ayoub Jorge Torres, residentes em bairros nobres de São Luís.
São Luís, 17 de Setembro de 2025.