Quem há alguns meses imaginou que o deputado estadual Sérgio Frota deixaria o PSDB, pelo qual se elegera vereador de São Luís em 2012 e chegou à Assembleia Legislativa em 2014, para embarcar no PR, que no estado é controlado com mão de ferro pelo deputado Josimar de Maranhãozinho? Quase ninguém. O movimento migratório feito pelo deputado e presidente do Sampaio Corrêa é, na verdade, uma estratégia radical de sobrevivência, de vez que a legenda tucana, que representava exibindo visível orgulho e segurança, mergulhou numa tremenda reviravolta no Maranhão, trocando à força, via intervenção, o seu comando estadual, com a troca do vice-governador Carlos Brandão pelo senador Roberto Rocha. Ao ser mandado embora, Carlos Brandão está levando pelo menos 20 dos 29 refeitos eleitos pelo partido em 2016, enquanto o senador Roberto Rocha, ao assumir, encontrou os que não foram em situação de incerteza, acrescentando ao grupo o ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira.
O vendaval que atingiu de maneira avassaladora o então forte e pacato PSDB, que ainda se recuperava da lerda do seu quadro mais importante, o ex-governador, ex-senador e à época deputado federal João Castelo, está alcançando outros partidos, ainda que com menor intensidade.
Nas últimas semanas, o PDT, a agremiação de centro-esquerda criada e comandada no Maranhão pelo ex-governador Jackson Lago pelo ex-deputado federal Neiva Moreira, e hoje comandada pelo deputado federal Weverton Rocha mergulhou num surpreendente processo de muitas perdas e poucos ganhos. Para começar, uma guerra contra o câncer tirou-lhe o seu mais importante quadro nesse momento, o deputado Humberto Coutinho, presidente da Assembleia Legislativa e um dos garantidores da aliança liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB). Logo em seguida, o partido perdeu duas lideranças de expressão: o economista Leo Costa, que ajudou a fundá-lo e a consolidá-lo, vencendo duas eleições para a Prefeitura de Barreirinhas, e o respeitado ex-deputado estadual e ex-prefeito de São Bento, Isaac Dias, que desencantado com a linha atual do partido, migrou de volta para o MDB. O PDT perdeu também uma das suas aquisições mais recentes, o deputado estadual Fábio Macedo, e vai perder também a suplente de deputado federal Rosângela Curado, que se ensaiou como um fenômeno político e eleitoral, mas fracassou nas urnas e acabou na cadeia acusada de corrupção. Seu ganho principal é o deputado Ricardo Rios, um político jovem, com base em Vitória do Mearim.
Nesse jogo de trocas partidárias, que terminará no dia 7 de março para quem pretende disputar mandato em outubro, a maior tacada está sendo armada pelo PRB, comandado no Maranhão com pulso firme pelo deputado federal Cleber Verde: arrebanhar, de um só lance, pelo menos 15 dos 29 prefeitos e dezenas de vereadores dispostos a deixar o PSDB. Se a transação partidária foi realizada, o PRB passará a ser o segundo maior partido do estado em número de prefeitos e de vereadores, só perdendo para o PCdoB, que domina o cenário com 46 prefeitos.
Há um intenso movimento nos bastidores envolvendo o DEM, que já ganhou a filiação do politicamente promissor advogado Felipe Camarão, atual secretário de Estado da Educação, um dos quadros mais destacados da equipe do governador Flávio Dino – a filiação assombrou alguns deputados, que viram nele um concorrente poderoso, mas ele próprio tratou de esclarecer que a filiação se destina a projetos futuros. O DEM aguarda a entrada do ex-governador e atual deputado federal José Reinaldo Tavares, que deve disputar vaga no Senado pela agremiação hoje comandada pelo deputado federal Juscelino Rezende. Se entrar, o ex-governador turbinará o partido com um exército de seguidores, devendo transformá-lo numa agremiação viável.
Há uma série de movimentos intensos em torno de outros partidos, como o PSB, que abriga figuras politicamente importantes como o prefeito de Tuntum e presidente da Famem, Cleomar Tema, mas que só terá horizonte mais claro depois da eleição da nova direção nacional. Se vencer a corrente pernambucana, hoje comandada pela família do ex-governador Eduardo Campos, que defende uma linha mais à esquerda, o deputado Bira do Pindaré estará consolidado no comando estadual. Mas se vencer a corrente paulista, comandada pelo vice-governador de São Paulo, o braço maranhense do PSB será fortemente influenciado pelo senador Roberto Rocha, mesmo pertencendo ele ao PSDB.
Outros partidos menores, como PTN, PMDN, PSL e outros poderão ganhar ou perder quadros. Os dias que se seguirão ao Carnaval registrarão esses movimentos até a data limite de filiação.
PONTO & CONTRAPONTO
Denúncia do PRP contra governador e secretários é ação política sem resultado
A iniciativa do PRP de bater às portas da Justiça Eleitoral pedindo “providências” contra o suposto uso da máquina governamental por secretários de Estado pré-candidatos a cargos eletivos nas eleições deste ano é reveladora de que o pequeno partido está sendo usado pelo ex-secretário Ricardo Murad, que a ele se filiou recentemente para, segundo afirma, ser candidato a governador. Sem prefeito, sem deputado federal, apenas com um deputado estadual (Max Barros, que estaria em busca de novo partido) e um inexpressivo punhado de vereadores espalhados pelos municípios distantes, o PRP foi escolhido como instrumento para tentar criar algum embaraço formal ao governador Flávio Dino (PCdoB) e à poderosa aliança partidária que lidera.
A “notícia” que o presidente do partido, Severino Sales, protocolou no TRE, na tarde de sexta-feira, pedindo que a Procuradoria Eleitoral investigue a denúncia de abuso feita por deputados a partir de pronunciamentos dos deputados Raimundo Cutrim (PCdoB), feito na quarta-feira, e Josimar de Maranhãozinho (PR), na quinta-feira, não tem qualquer fundamento concreto. Com a sólida expertise no assunto, que acumulou como o poderoso secretário de Saúde no Governo de Roseana Sarney, o ex-deputado Ricardo Murad sabe disso porque conhece o caminho das pedras como ninguém e sabe que a iniciativa gerou um fato político e uma fotografia, mas não terá nenhuma consequência. Pelos simples fato de que no momento n.ao existe candidatos formais nem conduta vedadas para eles.
A ida do presidente do PRP ao TRE produziu, enfim, um factóide. Válido como ação puramente política, mas inócuo em matéria de resultado.
Acadêmicos de Tatuapé fez bonito com o Maranhão no sambódromo de São Paulo.
Antes de qualquer registro, vale registrar que a Coluna não comunga com a política das grandes escolas do eixo Rio-São Paulo de sair por aí vendendo enredos. Mas também não vê a estratégia como algo condenável. O desfile de uma escola pode, sim, ser uma vitrine para atrair a atenção de milhões de pessoas, entre elas milhares de turistas, e o Maranhão tem encantos de sobra para serem explorados. Isto posto, a Coluna registra com satisfação observações sobre o desfile da pequena escola paulista Acadêmicos do Tatuapé, que levou o Maranhão para a avenida.
Quem apostou o desfile da Acadêmicos de Tatuapé daria bons frutos, ganhou de goleada. O enredo foi bem desenvolvido, as alegorias e fantasias surpreenderam pela beleza e criatividade, a escola desfilou com garbo, estimulada pelo enredo, a bateria deu conta do recado e as arquibancadas deram um show à parte cantando o belo samba. Nada ficou a dever a outras escolas que desfilaram na madrugada de sábado. Foi uma apresentação de gala, que premiou a agremiação carnavalesca independente do que vier da Comissão Julgadora. O prefeito Luis Fernando Silva (PSDB), que levou muitas pancadas por ter dito em entrevista que a escola destacaria São José de Ribamar, foi dormir com o peito lavado, depois que assistiu à passagem do belo carro alegórico tendo a Cidade do Padroeiro como tema. Enfim, não é exagero afirmar que a pequena Acadêmicos do Tatuapé eternizou o Maranhão no sambódromo de São Paulo. Valeu.
São Luís, 11 de Fevereiro de 2018.