Pouco mais de quatro meses atrás, quando o senador Roberto Rocha, então sem partido, ainda não havia decidido se disputaria a reeleição ou o Palácio dos Leões, e por isso era incluído na relação dos pré-candidatos a governador, a Coluna previu que, caso ele optasse pelo Governo estadual, teria de travar uma guerra particular com o ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr. (PSD). Naquele momento, os dois encontravam-se enroscados no patamar que vai de 9% a 12% de intenção se voto, enquanto o ainda prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim, que corria atrás de um partido depois de ter deixado o PSL e levado um bolo do PTB, ainda pelejava na faixa de 4% a 6% de intenção de voto. Roberto Rocha caiu fora da guerra sucessória, Lahesio Bonfim ganhou gás e avançou, e Edivaldo Jr. estacionou, permanecendo até agora estancado no mesmo patamar, dando margem para especulações nada positivas a respeito do seu futuro nessa corrida ao comando político e administrativo do Maranhão.
No meio político, vem aumentando o número dos que já duvidam que ele consiga reagir e reunir condições políticas e eleitorais para virar o jogo. Os que pensam assim só enxergam um caminho na briga para disputar o segundo turno, provavelmente com o governador Carlos Brandão (PSB), caso a fatura não seja liquidada já no primeiro: travar uma disputa direta com Lahesio Bonfim. Se vier a ocorrer, o resultado de tal confronto será absolutamente imprevisível. Ambos são jovens, ambiciosos, com lastros diferentes, mas concretos o suficiente para serem apresentados como argumento de campanha.
Com dois mandatos de vereador por São Luís, meio mandato de deputado federal e dois mandatos integrais de prefeito da Capital, cidade com mais de 1 milhão de habitantes, que recebeu quebrada e entregou inteira e relativamente bem cuidada, com as finanças em dia e sem um caso grave de corrupção, Edivaldo Jr. reuniu credenciais suficientes para se colocar na lista de pretendentes ao Governo do Maranhão. Por uma série de erros políticos, que resultou no seu isolamento, ele se tornou candidato de si mesmo, fazendo uma pré-campanha sem brilho, pouco agressiva, causando em alguns a impressão de que está apenas esquentando seus motores para disputar a Prefeitura de São Luís em 2024. Há quem diga que o pré-candidato do PSD já teria avaliado essa situação e estaria se preparando para revertê-la. E isso significa, primeiro, travar um duelo de “vida ou morte” com Lahesio Bonfim, para alcançar o senador Weverton Rocha (PDT), segundo colocado na fase prévia da disputa.
O problema é que o primeiro adversário a ser retirado do caminho é exatamente o que o retirou. O médico e ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, cidade com apenas 4,7 mil habitantes, Lahesio Bonfim não é páreo fácil. Ambicioso, faz uma campanha agressiva e com um discurso voltado para as massas, pontilhado de frases de efeitos, e demonstrando muita disposição para a briga. Ousado, “invadiu” São Luís, ciceroneado pelo respeitado vereador Gutemberg Araújo (PSC), decidiu “ignorar” o ex-prefeito e agora vem disparando petardos na direção do senador Weverton Rocha, para quem começa a ganhar forma de ameaça. Não vai entregar o terceiro lugar de mão beijada.
Edivaldo Jr, sabe que terminar essa corrida em quarto lugar, estancado no patamar dos dez pontos percentuais e ficando atrás do ex-prefeito de um município com população menor do que a da maioria dos bairros de São Luís será um duro golpe na sua carreira. Sabe também que dificilmente reverterá o jogo se não desafiar seus concorrentes para um embate de ideias, que até aqui tem sido dos mais pobres em matéria de propostas. A essas alturas, já deve ter plena consciência de que só terá vez se colocar na corrida pelo voto uma versão mais e aguerrida e agressiva do “bom moço” que esteve por oito anos no Palácio de la Ravardière.
Em um aspecto a disputa será mais intensa: Edivaldo Jr. e Lahesio Bonfim disputam o eleitorado evangélico.
PONTO & CONTRAPONTO
Brandão retoma pré-campanha com força
O governador Carlos Brandão (PSB) retomou com força sua pré-campanha à reeleição. Desde que retornou de São Paulo, no sábado, após a revisão da cirurgia, cujo diagnóstico foi totalmente positivo, o chefe do Governo intensificou sua agenda de compromissos, que incluiu ontem uma visita a Paço do Lumiar, onde inspecionou obras da sua gestão, acompanhado da prefeita Paula da Pindoba (PCdoB). Depois do período de mais de 40 dias em que esteve ausente, tempo em que seus concorrentes aproveitaram para tentar ocupar o espaço vazio que deixou na pré-campanha, Carlos Brandão retomou as incursões políticas, exibindo otimismo crescente em relação ao seu projeto de reeleição. Isso porque, além das pesquisas convencionais de intenção de voto, ele também conta com levantamentos qualitativos, nos quais ele e sua gestão são avaliados. O seu principal concorrente, senador Weverton Rocha (PDT), percebeu que o retorno do governador agitou a ciranda da pré-campanha eleitoral e intensificou sua maratona de visitas ao interior.
Atuação política forte e São João bem-sucedido abrem caminhos para Paulo Victor
Poucos políticos no Maranhão atual vivem o estado de graça que vem embalando os dias do vereador, presidente eleito da Câmara Municipal de São Luís e atual secretário de Estado da Cultura Paulo Victor (PCdoB). Ele se elegeu bem em 2020, superando expectativas, e elegeu-se presidente da Câmara Municipal de São Luís por aclamação, depois de uma impressionante maratona de articulações quando não deixou espaço para nenhum concorrente. Não bastasse isso, atendeu a convocação do governador Carlos Brandão, assumiu a Secretaria de Estado da Cultura e, apesar de alguns percalços, realizou um São João para ninguém botar defeito, arrancando elogios até mesmo de adversários do Governo. Fica no cargo até dezembro, quando retornará ao mandato para assumir o comando da vereança da Capital. Há quem diga que tem planos ambiciosos para 2024 e 2026.
São Luís, 13 de Julho de 2022.