Othelino Neto susta migração para o PDT, permanece no PCdoB e vai apoiar Brandão

 

Carlos Brandão anuncia permanência de Othelino Neto no PCdoB, na festa dos 100 anos do partido: “Decisão sábia”

Horas depois de anunciar o apoio do PROS, em articulação com o comando nacional, num claro movimento de reação à virada apontada pela pesquisa JPesquisa, o senador Weverton Rocha (PDT) foi alcançado por um poderoso míssil político: um dos principais pilares da sua pré-candidatura, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto, que estava migrando para o PDT, decidiu permanecer no PCdoB, e nessa condição, apoiar a candidatura do vice-governador Carlos Brandão (a caminho do PSB) à reeleição. E por uma fina ironia, só proporcionada pela política, a decisão de Othelino Neto, que estremeceu os bastidores da corrida aos Leões, foi anunciada por ninguém menos que Carlos Brandão, ao discursar no evento comemorativo aos 100 anos do PCdoB. “Foi uma decisão sábia”, disse. Com a permanência de Othelino Neto, o Partidão estanca a sangria que o vinha enfraquecendo desde a migração do governador Flávio Dino e outros aliados para o PSB.

A permanência do deputado Othelino Neto no PCdoB não foi exatamente uma surpresa. Ele já vinha avaliando o cenário e se dando conta de que o projeto de poder do senador Weverton Rocha não tem a consistência política nem o suporte eleitoral necessário para enfrentar um movimento liderado pelo governador Flávio Dino em torno da pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão. No geral, o senador Weverton Rocha cometeu vários erros políticos inacreditáveis, sendo o mais evidente a decisão de romper com o governador Flávio Dino motivado por um projeto pessoal. O primeiro erro se deu nas eleições municipais de 2020, quando Weverton Rocha levou o PDT e o DEM para o fundo do poço na disputa pela Prefeitura de São Luís. Agora, o projeto é chegar ao Palácio dos Leões atropelando o candidato do governador Flávio Dino.

Nas últimas semanas, diante das evidências de que a pré-candidatura de Weverton Rocha permanece estancada e ameaçada por uma tendência de queda, apesar dos movimentos arrojados realizados pelo senador, amigos e aliados de Othelino Neto o alertaram para o risco político de permanecer no projeto do chefe pedetista. Troca de figurinhas com o presidente do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry, que insistiu na sua permanência no partido; declarações de prefeitos que o apoiam, mas estão com o vice-governador, e conversas com o próprio Carlos Brandão e com o governador Flávio Dino deram ao presidente da Assembleia Legislativa os elementos que ele precisava para se posicionar em definitivo, tendo optado por permanecer no PCdoB e a apoiar Carlos Brandão.

Othelino Neto é um político jovem, mas com experiência suficiente para tomar decisões dessa magnitude. Ao se eleger vice-presidente da Assembleia Legislativa em 2015, entrou para um seleto grupo de políticos de ponta, bem articulados, condição que aprimorou quando assumiu a presidência da Casa em janeiro de 2018, com a morte do saudoso presidente Humberto Coutinho. De lá para cá, comandou o Poder Legislativo como um político maduro, sem nada dever a outros presidentes destacados. Ao contrário, foi além, por exemplo, ao enfrentar a pandemia do novo coronavírus com a Casa atuando com eficiência como suporte fundamental às ações do Poder Executivo contra a onda virótica. Esse roteiro o credenciou um político destacado.

Os movimentos mais recentes do presidente da Assembleia Legislativa sinalizaram claramente que ele estava relutante em relação a deixar o PCdoB, pelo qual conquistou dois mandatos e chegou ao comando da Assembleia Legislativa. No PDT, seria mais um liderado pelo senador Weverton Rocha, enquanto que no PCdoB sempre foi visto com distinção. E essa condição foi confirmada ontem à noite, quando Carlos Brandão pediu aos presentes que aplaudissem o deputado Othelino Neto pela decisão de permanecer no PCdoB. O presidente da Assembleia Legislativa recebeu mais que aplausos, uma vez que ouviu militantes do partido gritarem a palavra de ordem: “Brandão e Othelino!”

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Decisão de Othelino Neto muda cenário em Pinheiro

Ana Paula Lobato pode deixar o PDT e Luciano Genésio pode seguir o PP

Com a decisão do deputado Othelino Neto de permanecer no PCdoB e apoiar Carlos Brandão, a posição das forças políticas de Pinheiro, que eram inteiramente favoráveis ao senador Weverton Rocha (PDT) pode mudar radicalmente, passando a favorecer o vice-governador. Para começar, é provável que a vice-prefeita Ana Paula Lobato, esposa do deputado Othelino Neto, deixe o PDT e, como ele, passe a apoiar o vice-governador Carlos Brandão. Do mesmo modo, o prefeito de Pinheiro, Luciano Genésio, apoiador de Weverton Rocha, reveja sua posição. Filiado ao PP, o prefeito pode seguir a linha traçada pelo presidente estadual e nacional do partido, deputado federal André Fufuca, que declarou apoio total a Carlos Brandão. Se esses fatos vierem a se confirmar, o senador Weverton Rocha ficará isolado em Pinheiro, onde apostava que teria a maioria.

 

Divididos, PROS, PSDB e Cidadania se alinham a Weverton Rocha

Weverton Rocha, Marcos Holanda e Marcos Caldas

O comando nacional da federação reunindo PSDB e Cidadania tomou ontem uma decisão que pode ter desdobramentos: entregou a direção do braço maranhense do PSDB a Inácio Melo, marido, conselheiro e operador político da senadora Eliziane Gama (Cidadania), que, segundo corre nos bastidores, é pré-candidato a deputado federal. Porém, a exemplo do PROS, PSDB e Cidadania são partidos profundamente divididos no Maranhão.

Entregue ao suplente de deputado estadual Marcos Caldas pelo presidente nacional Marcus Holanda, numa articulação de Weverton Rocha, o PROS maranhense tem nos seus quadros o suplente deputado federal Gastão Vieira, que prega “a união de todos” em apoio a Brandão, o deputado estadual Yglésio Moisés, que foi um dos primeiros parlamentares a declarar apoio ao vice-governador, e o deputado estadual Pastor Cavalcante, que deve permanecer no PROS, que em 2020 elegeu apenas um prefeito. E pelo visto, nenhum deles deve rever sua posição. Logo, todos os indícios indicam que o PROS vai para a campanha com um bloco de apoio a Weverton Rocha e outro, mais informal, mas consistente, formado por Gastão Vieira e Yglésio Moisés.

A situação na federação PSDB/Cidadania é igual ou mais complicada. Comemorada com o entusiasmo pelos apoiadores de Weverton Rocha, a federação PSDB/Cidadania pode também seguir para as urnas dividida. A nova direção tucana excluiu, por exemplo, o ex-prefeito de Imperatriz Sebastião Madeira, que era secretário geral do partido no Maranhão e um dos tucanos mais convictos do país, entre outros tucanos de proa. Um que segue a  senadora Eliziane Gama, apoiadora de Weverton Rocha, e outro que não a segue, liderado pelo irmão dela, Eliel Gama, apoiando o vice-governador Carlos Brandão.

São Luís, 16 de Março de 2022.

 

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