A decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender os efeitos da Emenda à Constituição do Maranhão atribuindo foro por prerrogativa de função – uma espécie de foro privilegiado – a diretores e ao procurador geral da Assembleia Legislativa do Maranhão (Alema), afeta diretamente o comando administrativo. No seu despacho, o ministro Dias Toffoli alega que, como a Constituição Federal não prevê o foro privilegiado para ocupantes de cargo em comissão na estrutura do Poder Legislativo, não poderia a Constituição do Estado do Maranhão ter estabelecido norma nesse sentido”. A palavra final sobre o assunto será dada pelo plenário da Suprema Corte, que manterá ou não a suspensão da norma determinada pelo ministro.
A suspensão do foro privilegiado para diretores do Poder Legislativo foi mais um petardo contra a Alema no plano judicial, onde a Casa de Manoel Beckman vem sofrendo duros reveses de mais ou menos um ano e meio para cá. São ações diversas questionando normas existentes há décadas, portanto consolidadas, que vêm mudando a postura do parlamento em relação a diversos temas. A pressão judicial sobre o atual comando da Assembleia Legislativa é vista por alguns como “civilizatória”, à medida que “corrige distorções”, e por outro como “pressão política”, à medida em que está sendo feita numa sequência de fatos produzidos por inciativa da oposição, em especial uma fatia do PSB, do PCdoB, do PSD, e agora do Solidariedade, sob o comando do deputado Othelino Neto. Como contrapeso, atuam a banda maior do PSB – capitaneado na Casa pela presidente Iracema Vale, PP, MDB, PRD, entre outros partidos.
Tudo começou em 2023, quando uma fatia do PSB rompeu a unidade e bateu às portas da Justiça, questionando as regras para a indicação do advogado Flávio Costa para o Tribunal de Contas, depois de ter tido sua indicação para desembargador barrada no Tribunal de Justiça. Essa pendência relacionada com a indicação para o TCE se encontra até hoje tramitando na Suprema Corte. Logo depois veio o questionamento sobre a antecipação da eleição da Mesa Diretora para o biênio 2025/2026, realizada em junho de 2023, como foram antecipadas eleições recentes na Casa, como as dos presidentes Arnaldo Melo, Humberto Coutinho e Othelino Neto, mas não houve mudança de curso.
O petardo foi lançado contra a reeleição da presidente Iracema Vale, antecipada em mais de um ano, mas dentro das regras vigentes da Assembleia Legislativa. O ataque para valer veio neste ano, quando o Solidariedade foi ao Supremo e pediu a suspensão daquele processo de escolha. Não deu outra, pois ainda em outubro o ministro Luiz Fux, concedeu liminar suspendendo a eleição antecipada realizada em 2023 e determinou a realização de novo pleito, que foi realizado no dia 13 de novembro, tendo como resultado um surpreendente empate entre a presidente Iracema Vale (21 votos) e o deputado Othelino Neto (21 votos) e que foi vencida por Iracema Vale pelo critério da maior idade.
Mesmo não tendo havido qualquer irregularidade no processo eleitoral, tendo sido considerado um “ato jurídico perfeito”, o deputado Othelino Neto acionou o seu partido, o Solidariedade, para questionar, não a eleição em si, mas o critério de desempate, que para ele deve favorecer o deputado que tiver mais mandatos, como ocorre na Câmara Federal. O problema é que 18 Assembleias Legislativas e o Senado Federal têm a maior idade como critério de desempate. Em vez de conceder liminar acatando ou não a demanda do Solidariedade, a ministra Cármen Lúcia (STF) decidiu pedir maiores informações sobre o assunto e quer decidir depois de ouvir o Ministério Público Federal e a Advocacia Geral da União. A reeleição da presidente Iracema Vale continua valendo.
Mais recentemente, deputados da oposição bateram às portas da Justiça estadual e obtiveram um substancial reforço no valor das suas emendas impositivas. A decisão judicial foi vista por governistas com uma “interferência” do Judiciário nos assuntos internos do Poder Legislativa, à medida que não decidiu sobre regra, mas sobre valor das emendas, que nessa interpretação seria matéria exclusiva da relação entre parlamento e Poder Executivo.
O fato é que a tensão política no parlamento maranhense está sendo acirradas pela pressão que membros da oposição estão fazendo na Justiça criando fortes embaraços para a Mesa Diretora, que está reeleita, até segunda ordem.
PONTO & CONTRAPONTO
Prefeito de Codó é cassado a 22 dias do final do mandato por nepotismo
Não poderia ter sido mais devastador o fim de mandato do prefeito de Codó, o médico Zé Francisco (PSDB). Além de ter sido derrotado nas urnas por um ex-apoiador, o empresário Chiquinho da FC, que migrou da direita para a esquerda ao se filiar ao PT, o agora ex-prefeito de Codó teve seu mandato encurtado em 21 dias por decisão da maioria da Câmara Municipal.
Os motivos que lastreia a cassação são polêmicos: nepotismo e “falhas” no Portal da Transparência da Prefeitura codoense.
O processo de cassação começou em novembro, mas o prefeito Zé Francisco foi à Justiça e obteve liminar suspendendo os trabalhos da Comissão Processante. Outra decisão suspendeu a suspensão anterior e garantiu o funcionamento da Comissão Processante.
O desfecho do processo ocorreu segunda-feira, com a cassação do prefeito Zé Francisco, causando um duro golpe político no PSDB, que tinha no prefeito codoense uma das suas referências, mesmo tendo ele perdido a disputa eleitoral, não conseguindo a reeleição.
Os 21 dias que restam de mandato serão cumpridos pelo vice-prefeito, o ex-deputado estadual Camilo Figueiredo, filho do ex-prefeito Biné Figueiredo. A ele caberá passar a faixa ao novo prefeito, Chiquinho da FC, no dia 1º de janeiro.
Vale registrar que a disputa eleitoral em Codó foi acirrada. O neopetista Chiquinho da FC obteve 29.426 votos (48,29% dos votos válidos) e Zé Francisco saiu das urnas com 27.737 (45,52%). Ou seja, uma diferença de 1.689 votos, o equivalente a 2,77% a favor do candidato do PT.
O responsável por esse cenário foi o candidato Yuri Correa (PSD), que obteve 2.773 votos (4,56). Sem ele na corrida, o desfecho da eleição em Codó seria rigorosamente imprevisível.
Botão pede intervenção nas empresas de transporte para garantir gratificação a rodoviários
Se depender do vereador reeleito Marlon Botão (PSB), as empresas que controlam o complicado e deficiente sistema de transportes coletivo de São Luís não conseguirão pagar a gratificação natalina dos rodoviários em quatro parcelas. O vereador rejeitou, de maneira fulminante, a proposta dos empresários e, mais do que isso, pediu ao prefeito Eduardo Braide (PSD) que decrete intervenção financeira nas empresas a fim de garantir o pagamento da gratificação integralmente, de preferência antes do Natal.
O vareador socialista argumenta que a iniciativa dos empresários de parcelar em quatro vezes a gratificação natalina vai gerar dificuldades para os rodoviários, que já contam com esse dinheiro para o período natalino, e também para a população de São Luís, uma vez que a categoria está decidida a cruzar os braços no dia 21 de dezembro se a gratificação não for paga integralmente até lá.
Marlon Botão avalia que ao intervir financeiramente nas empresas, o prefeito Eduardo Braide pode resolver o problema e evitar uma greve nos transportes públicos da Capital em pleno período natalino.
São Luís, 10 de Dezembro de 2024.