Anunciada e realizada com força midiática suficiente para causar barulho considerável se os supostos malfeitos investigados tivessem a consistência que pareciam ter, a Operação Pegadores teria deixado um rastro de estragos de difícil reparação. Mas o que seria um catastrófico “day after” para o Governo-alvo, que parecia ter sido arremessado na direção do limbo moral, virou um surpreendente clima de contra-ataque. Parte do que foi apresentado pelo delegado Wedson Lopes – o caso da sorveteria, por exemplo -, e a declaração meio sem jeito da superintendente , foi categórico e documentalmente contestado, ao mesmo tempo em que o Governo cobrou a entrega da suposta lista de 400 fantasmas em cujas contas teriam ido paras a maior fatia dos R$ 18 milhões supostamente desviados no braço tocantino da Secretaria de Estado da Saúde, onde, segundo o relatório das investigações, a enfermeira Rosângela Curado e sua turma andaram metendo os pés pelas mãos, e por isso devem acertar contas com a Polícia e com a Justiça. O Palácio dos Leões não reagiu contra a operação em si, mas partiu com força para derrubar informações contidas no relatório lido pelo delegado.
Quando a bomba estourou, por volta das 8hs da manhã de quinta-feira, o QG da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) entrou em ação e enxergou na Operação Pegadores a oportunidade de ouro que esperava havia quase três anos: colar a pecha da corrupção no atual Governo. E o fez por todos os canais ao seu alcance, levando a prisão de Rosângela Curado e sua turma para o campo político. Mas, ao contrário do que era esperado por muitos, que apostaram na sua entrada em parafuso, o governador Flávio Dino (PCdoB) segurou a onda r programou a reação na base da razão, sem açodamento. Auxiliado pelos secretários de Estado de Saúde, Carlos Lula, de Articulação Política e Comunicação, Márcio Jerry, determinou a elaboração de uma nota na qual não contestou a ação, reconheceu sua licitude e manifestou disposição de colaborar para que tudo seja esclarecido, doa em quem doer.
Deflagrada na manhã de quinta-feira, a Operação Pegadores foi realizada com força plena e argumentos supostamente sólidos. Mas antes mesmo da entrevista coletiva da PF, no final da manhã, uma nota do Palácio dos Leões sinalizaria que o buraco seria mais embaixo. Na sexta-feira, o governador Flávio Dino comandou uma reação intensa e eficiente que, sem contestar a ação em si, colocou em xeque algumas das suas conclusões. Com documentos supostamente incontestáveis, porta-vozes formais e informais do Palácio dos Leões azedaram algumas das cerejas do bolo da investigação, caso, por exemplo, a tal sorveteria que teria sido usada como “lavanderia”, que deixara de existir em 2013, não podendo ter sido usada entre 2015 e 2017. Antes, no início da manhã, contrariando o noticiário da TV Mirante na noite anterior, tratando o assunto como um escandaloso caso de corrupção no Governo Flávio Dino, dando a impressão de que o Palácio dos Leões estava encolhido na defensiva, o Bom Dia Brasil, da Rede Globo, praticamente desfez o que fizera. Ao tratar do assunto, o apresentador, Chico Pinheiro, comentou: “É uma luta desmontar esses esquemas que foram montados durante anos e anos de corrupção”. Um petardo direto contra o Governo Roseana Sarney, que teve também o poder de eliminar qualquer eventual culpa do Governo Flávio Dino no caso.
Logo em seguida, animado pela interpretação dada pelo apresentador global, o governador Flávio Dino disparou uma série de mensagens no twitter descartando qualquer bandalheira no seu Governo e cobrando da Polícia Federal a relação de 400 servidores irregulares que estariam drenando criminosamente parte dos recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) enviados ao Governo do Maranhão. A tal lista é tida como a cereja do bolo da investigação, daí porque o governador acha que com ela em mãos poderá informar-se melhor sobre o que de fato estava acontecendo e poderá adotar providências no sentido de corrigir os eventuais malfeitos de Rosângela Curado e companhia.
O governador Flpavio Dino entrou na guerra midiática jogando duro. “Jamais compactuamos com qualquer má aplicação de recursos públicos. Sempre tomamos todas as providências administrativas quando erros foram cometidos”, escreveu o governador Flávio Dino no twitter. E partiu para o ataque direto ao Grupo Sarney, que tentou lhe emplacar a pecha da corrupção ao seu Governo: “Quanto à oligarquia Sarney-Murad, falta-lhe as condições mínimas para falar em moralidade”. E aprofundou a estocada: “Que cuidem dos seus problemas na Polícia e na Justiça. São Muitos”.
Com a série de twittadas, o governador Flávio Dino respondeu os ataques que recebera durante toda a quinta-feira dos seus adversários e, ao mesmo tempo, colocou a Polícia Federal contra a parede ao cobrar enfaticamente a lista dos 400 nomes que teriam sido contratados irregularmente, segundo revelaram as investigações. Esse rebate do governador será apenas mais momento do “bateu-levou”, que ainda vai produzir desdobramentos, porque nessa guerra tudo pode acontecer, menos o Grupo Sarney depor as armas em relação a Flávio Dino até outubro do ano que vem.
Em Tempo: O posicionamento do governador Flávio Dino em relação à Operação Pegadores ficou mais claro ainda no sábado, durante o Congresso do PCdoB. Ele acusou o Grupo Sarney de estar por traz de ações e operações que tentam desestabilizar o seu Governo, “o que foi intensificado com factóides que buscam ter impacto nacional”, acrescentando que “toda hora eles fabricam um negócio absurdo”. E levantou a suspeita de que órgãos federais podem ser usados para atingi-lo: “É possível o uso dos aparelhos federais contra o Governo”.
PONTO & CONTRAPONTO
Gastão Vieira articula aliança com Flávio Dino e pode entrar na briga pelo Senado
O quadro da disputa para o Senado, que parecia definido, pode ganhar novo ingrediente: a possível candidatura do ex-ministro Gastão Vieira. O PROS, partido que ele lidera no Maranhão, caminha para entrar formalmente na aliança comandada pelo governador Flávio Dino, podendo incluir nos acertos políticos candidatura do ex-ministro a uma das vagas na Câmara Alta. Gastão Vieira tem conversado com Flávio Dino, e a cada conversa a relação se torna mais estreita. O projeto inicial de Gastão Vieira é disputar uma vaga na Câmara Federal, onde já cumpriu cinco mandatos. Mas ele, com o lastro que construiu na disputa senatorial de 2014, quando recebeu mais de 800 mil votos, avalia que obter resultado positivo em 2018, mesmo numa disputa envolvendo pesos pesados como Edison Lobão (PMDB), José Reinaldo Tavares (PSB), Sarney Filho (PV), Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PPS). A interlocutores mais próximos, o ex-ministro do Turismo se diz animado para tentar o Senado mais uma vez, mesmo correndo o risco de não alcançar a eleição e permanecer fora do cenário político por mais quatro anos. Daí é que também trabalha seu projeto básico, que voltar à Câmara Federal, onde tem prestigio como especialista em Educação, Turismo e em matéria orçamentaria. No que diz respeito às relações políticas e partidárias, Gastão Vieira está definitivamente afastado do Grupo Sarney e cada vez mais alinhado ao projeto de poder liderado pelo governador Flávio Dino.
Tema participa em Brasília de ações por mais recursos para os municípios
“Não deixem os municípios afundarem”. Embalados por esse slogan, prefeitos de todo o Maranhão, liderados pelo prefeito de Tuntum e presidente da Federação dos Municípios do Estado do Maranhão (Famem), Cleomar Tema, desembarcarão em Brasília, nesta segunda-feira (20), para participar de uma nova mobilização nacional com o objetivo de conseguir recursos federais desta vez para aliviar o caixa das Prefeituras, de modo a que possam fechar o ano numa situação pelo menos mais aliviados.
A mobilização está sendo organizada pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), da qual Cleomar tema é hoje um dos militantes mais ativos, dada sua crença no municipalismo. “As coisas acontecem é nos municípios, e nós temos que fortalecer as Prefeituras”, diz Tema, que espera desembarcar nesta segunda-feira em Brasília com um grupo expressivo de líderes municipais.
A programação inclui reuniões na Câmara Federal e no Senado e com representantes do Governo Federal e de órgãos de controle externo. No Senado, os prefeitos irão discutir temas como a atualização dos programas federais; emendas do FPM – Fundo de Participação dos Municípios (PEC 61/15), e 1% do FPM (PEC 29/17). Na Câmara serão tratadas a PEC 212/16, que trata de precatórios, e os PLs 3776/08, sobre piso do magistério, e 2289/15, relacionado com resíduos sólidos. No Congresso Nacional, a pauta comum tratará sobre a derrubada do veto ao Encontro de Contas (nº 30/17).
Com representantes do Poder Executivo, serão discutidas medidas que viabilizem a liberação de novos recursos para os municípios. Os gestores municipais do Maranhão também irão se reunir com a Bancada do Estado em Brasília, formada por deputados federais e senadores.
São Luís, 19 de Novembro de 2017.
Gastão deveria ser candidato a Deputado Federal. A Senador será difícil, muito difícil, lembrando que nas eleições passadas ele tinha um. mandato de Deputado Federal, era Ministro de Estado, Candidato com laços estreitos com a Governadora do Estado, da Presidente da República e ainda tinha a plataforma de um Partido forte.
Corretíssimo.
Esse Gastão tem que parar, tantos anos na política e não faz nada, deveria nem se candidatar.
TB acho que é melhor ele sair pra deputado federal, o senado vai ser uma briga de foice.
perfeitamente! você é um excelente blogueiro; texto muito claro. E a oligarquia sarney-murad mais uma vez não conseguirá destruir o governo flavio dino. Flavio Dino tem um atributo que lhes falta: a inteligência.
Gastão é um cretino ingrato , tudo que foi na vida passou pelas mãos dos Sarney . Vai ficar novamente sem mandato. Esperar que Flávio Dino o ajude é uma ilusão que só na sua cabeça idiota cabe.
Essa operação vai ter que parar porque foi um ato sujo do Sarney querendo prejudicar o melhor governador do Brasil.