Em meio à forte expectativa que vem marcando a contagem regressiva para a reunião, prevista para acontecer até o final deste mês, na qual o governador Flávio Dino (PSB) e aliados definirão, ou não, o candidato da aliança partidária governista à sua sucessão, uma forte movimentação ganha volume no cenário político estadual: a disputa pelas 18 cadeiras da bancada maranhense na Câmara Federal. Confirmando previsão feita acerca de um ano pela Coluna, a julgar pelo cacife da grande parte dos atuais deputados federais e pela força política e eleitoral de alguns nomes que estão se apresentando como pré-candidatos, a eleição da nova bancada federal deverá fugir a todos os padrões vistos até agora nessa disputa. Os “bons de voto” que lideraram a corrida em 2018 agora enfrentarão concorrentes com poder de fogo difícil de medir, mas que certamente sairão das urnas com expressivas votações, provavelmente brigando por posições entre os mais votados.
Eleitos em 2018 com votações acima dos 100 mil votos, Josimar de Maranhãozinho (PL), Márcio Jerry (PCdoB), Rubens Jr. (PCdoB), André Fufuca (PP), Aluísio Mendes (PSC), Edilázio Jr. (PSD), Júnior Lourenço (PL), Pedro Lucas Fernandes (Aliança Brasil) e Cléber Verde (Republicanos) terão seus cacifes eleitorais testados com a entrada na disputa de nomes como a ex-governadora Roseana Sarney (MDB), o ex-suplente de senador Lobão Filho (MDB), o secretário de Saúde, Carlos Lula (PSB), o secretário de Infraestrutura, Clayton Noleto (PCdoB), que já estão no jogo em movimentação aberta e intensa, e outros nomes que se preparam para entrar, como o ex-prefeito de Timon, Chico Leitoa (PDT) e, provavelmente, o ex-vereador de São Luís Roberto Rocha Filho (sem partido), visto por muitos como nome certo na futura bancada.
A grande expectativa dessa eleição está no desempenho da ex-governadora Roseana Sarney nas urnas. Isso porque uma das motivações da sua candidatura é receber um a grande quantidade de votos – há quem calcule entre 250 e 300 mil – e, assim, turbinar a representação do MDB na bancada, inclusive facilitando a reeleição dos deputados Hildo Rocha e João Marcelo. Não se sabe são certo qual será, por exemplo, o destino do deputado Josimar de Maranhãozinho, que está se apresentando como candidato “irreversível” a governador, mas avisando que pelo menos parte da sua montanha de votos será destinada à sua mulher, a deputada estadual Detinha (PL), que deverá ser candidata a deputada federal. Nesse contexto, ninguém duvida de que, se for mesmo candidato, o empresário Lobão Filho será beneficiado pelo prestígio político da sua família, com forte possibilidade de sair das urnas muito bem votado.
Nos bastidores são altas as apostas nos projetos de candidatura dos secretários Carlos Lula e Clayton Noleto. Reconhecido como o grande responsável pelo bom desempenho do Maranhão contra o coronavírus e pela montagem do sistema que vem tornando o Maranhão diferenciado na área de saúde pública, Carlos Lula caminha para as urnas com chances reais de eleição. O mesmo acontece com Clayton Noleto, que pelo desempenho no comando da Sinfra está credenciado a pleitear um mandato federal, que muitos enxergam como favas contadas. Na mesma direção está o secretário de Indústria, Comércio e Energia, Simplício Araújo (Solidariedade), que atua como pré-candidato a governador com o objetivo de conquistar uma cadeira na Câmara federal, dando um passo além da sua atual condição de primeiro suplente.
Nesse cenário de possibilidades, os ventos podem soprar favoravelmente a deputados de eleitorado forte como Bira do Pindaré, agora mais embalado pelo fortalecimento do seu partido, o PSB. Esses fluídos eleitorais bafejam também Juscelino Filho (Aliança Brasil), Marreca Filho (Patriotas), Zé Carlos (PT), Gil Cutrim (Republicanos) e Pastor Gildenemyr (PMN). Membro desse grupo desde Janeiro, quando herdou a vaga aberta na Câmara Federal com a eleição de Eduardo Braide para a Prefeitura de São Luís, Josivaldo JP é, por enquanto o principal nome do Podemos, o que lhe dá chances na disputa.
A verdade é que o quadro que ganha forma nessa seara reforça a certeza de que a corrida à Câmara Federal será o grande diferencial das eleições de 2022.
PONTO & CONTRAPONTO
Dino reforça estrutura da UemaSul com implantação do Centro de Ciências Agrárias
Na semana que passou, o governador Flávio Dino deu mais uma demonstração de que transita na contramão da visão sombria do atual Governo Federal no que diz respeito à pesquisa e à educação. Na visita que fez a Imperatriz, quarta-feira (3), para marcar o quinto aniversário da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UemaSul), inaugurar o Centro de Ciências Agrárias da instituição, obra que custou R$ 20 milhões e que vai abrir um novo horizonte nas atividades agrárias da Região Tocantina. No mesmo evento, Flávio Dino também assinou edital da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema) de apoio ao curso de Medicina da UemaSul, tendo ainda autorizado abertura de concurso público para o Centro de Ciências da Saúde (CCS).
Vista inicialmente com reservas e tendo até sido objeto de críticas, a criação da UemaSul, resultante da divisão da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), é hoje um projeto vitorioso e bem-sucedido, com campus próprios, instalações adequadas e estrutura que ganha espaço e equipamentos a cada semestre. O Centro de Ciências Agrárias inaugurado na semana passada é um bom exemplo de que os investimentos feitos ali produzem resultados. A UemaSul é parte de um programa de Educação que inclui o reforço da Uema-mãe, a adoção progressiva do ensino básico e médio em tempo integral, da implantação da rede de Iemas e das mais de mil unidades de Escola Digna. Trata-se de um programa sem similar neste momento em todo o País.
Othelino Neto é apontado como “republicano e democrático” no comando da Assembleia
O deputado Othelino Neto (PCdoB) teve reforçada sua postura democrática e republicana como presidente da Assembleia Legislativa. Esses traços da sua atuação institucional com o chefe de Poder foram destacados pelo deputado Wellington do Curso (PSDB), que em discurso revelou que boa parte da sua atuação como parlamentar de oposição se deve às condições proporcionadas pelo presidente da Casa, que, segundo afirmou, dispensa tratamento igualitário e democrático a todos os deputados, sejam situacionistas ou oposicionistas. “O meu mandato, que é de oposição, de fiscalização e de denúncia, deve muito ao deputado Othelino Neto. E eu tenho respeito e gratidão, pois consigo realizar as minhas atividades parlamentares de forma democrática e republicana, porque temos um presidente que nos respeita”, frisou o deputado tucano.
De fato, é difícil encontrar entre os deputados estaduais e até mesmo no meio político em geral vozes que se manifestem em sentido contrário. Mesmo entre adversários, o presidente da Assembleia Legislativa é visto como um político com os pés no chão, que sabe administrar crises e que consegue manter a Casa como um parlamento normal, apesar das fortes tensões entre deputados causadas por pelas guerras pelo poder nas regiões. Não é sem razão que alguns chegam a cogitar noiva eleição para presidente em 23, caso renove o mandato parlamentar no ano que vem.
São Luís, 07 de Novembro de 2021.