Antes de completar um dia na condição de ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr. (PDT) foi alvejado pelo primeiro disparo destinado a colocar em dúvida a imagem de excelência na gestão financeira com que deixou o cargo que exerceu por oito anos. O petardo, que o alcançou às 20 horas e 48 minutos do primeiro dia do ano, foi disparado no Twitter pelo deputado estadual Neto Evangelista (DEM), ex-candidato apoiado pelo PDT à sua sucessão, mas que não contou com seu apoio. Na postagem, Neto Evangelista, a pretexto de enumerar dificuldades que o prefeito Eduardo Braide (Podemos) enfrentará, afirma, sem citá-lo, que Edivaldo Holanda Jr. deixou a Prefeitura com “restos a pagar” no valor nada menos que R$ 650 milhões, e dizendo acreditar que o volume de papagaios pendurados seja bem maior. Ele afirma que, segundo a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), São Luís tem Capacidade de Pagamento “C”, “o que, segundo também o STN, só ganhamos do falido Rio de Janeiro nesse quesito”.
Neto Evangelista escreveu também que o novo prefeito recebeu São Luís como “a pior capital do Nordeste”, segundo o Índice de Governança Municipal (IGM), utilizado pela Sudene e outras instituições como instrumento de avaliação nesse campo. E mais: o respeitado Índice Firjan de Gestão Fiscal “aponta nossa Capital como a pior do Brasil nesse quesito”. Na sua avaliação, o parlamentar democrata afirma que, “sem recursos específicos para a Covid, sem compensação sobre a queda de arrecadação e com o fim do auxílio emergencial, o desafio será grande”. E conclui: “Eduardo terá de arrumar literalmente a casa”, o que, numa interpretação lógica e cartesiana, leva à conclusão de que, para o parlamentar, ao contrário do que afirmou na mensagem de despedida, o ex-prefeito deixou a casa desarrumada.
A manifestação de Neto Evangelista, feita no calor da troca do comando municipal, pode ser vista por vários vieses. Pode ter sido, como sugere no final, um gesto de preocupação com a nova gestão, um sinal de alerta, ou também uma denúncia velada, que ficou engasgada durante a campanha eleitoral. Na corrida às urnas, Neto Evangelista definiu e usou um discurso ignorando os resultados da gestão de Edivaldo Holanda Jr., que por sua vez ignorou a existência dele como candidato à sua sucessão.
Até as pedras de cantaria de São Luís sabem que Neto Evangelista e Edivaldo Holanda Jr. não se toleram. O pote de mágoas que cada um carrega em relação ao outro foi enchido na campanha para a Prefeitura em 2012, quando Edivaldo Holanda Jr. (PTC) disputou com João Castelo (PSDB), que tinha Neto Evangelista, então tucano, como vice. No decorrer daquela campanha, Neto Evangelista bateu forte no adversário, transformando diferenças políticas em inimizade ácida. Tanto que quando o senador Weverton Rocha decidiu que o PDT apoiaria a candidatura do democrata Neto Evangelista à sua sucessão, Edivaldo Holanda Jr. reagiu afirmando que não o apoiaria “de jeito nenhum”, e manteve a decisão, aumentando a distância que já os separava. A “neutralidade” do prefeito foi decisiva para o insucesso do candidato da aliança PDT-DEM, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno.
Sem se comprometer com nenhum candidato – contrariando, portanto, a equação básica da política, na qual todo político tem de ter um lado, e que neutralidade pode levar ao isolamento -, Edivaldo Holanda Jr. optou por não se posicionar na disputa por sua sucessão. Preferiu investir as 24 horas de cada dia da contagem regressiva na imagem de bom gestor e esnobando a política, mesmo sabendo que, se pretende voar mais alto, não irá muito longe sem a força dos que o apoiaram nas duas eleições, mas que não tiveram seu apoio agora. O petardo disparado pelo deputado Neto Evangelista é um sintoma forte de que muitos outros virão nos tempos de disputa que se aproximam.
Com experiência suficiente para saber como funciona a ciranda da guerra pelo poder, o ex-prefeito já deve ter definidas estratégias para o confronto com adversários.
PONTO & CONTRAPONTO
Assembleia Legislativa entra na linha de frente dos parlamentos com maior presença feminina
A Assembleia Legislativa recebeu ontem três novos deputados: Socorro Waquim (MDB), que assumiu na vaga de Rigo teles (PL), novo prefeito de Barra do Corda; Betel Gomes (PRTB), que sucedeu a Felipe dos Pneus (Republicanos), agora prefeito de Santa Inês, e Fábio Braga (Solidariedade) na vaga de Fernando Pessoa (Solidariedade), que se elegeu prefeito de Tuntum.
Com a chegada de Socorro Waquim e Betel Gomes, a Assembleia Legislativa do Maranhão entra na linha de frente dos parlamentos estaduais onde é expressiva a participação de mulheres. Elas se somam a Ana do Gás (PCdoB), Andreia Rezende (DEM), Cleide Coutinho (PDT), Daniella Tema (DEM), Detinha (PL), Thaíza Hortegal (PP), Helena Duailibe (Solidariedade) e Mical Damasceno (PTB), totalizando 10 parlamentares femininas, representando quase 25% da composição do plenário de 42 cadeiras.
Com o novo quadro, o parlamento maranhense reforça o pluralismo partidário e avança para o equilíbrio de gênero. Mais ainda, quando é visível que as deputadas são parlamentares atuantes, propositivas, afeitas ao debate e preocupadas com os problemas mais diversos enfrentados pela população do Maranhão.
Socorro Waquim é professora e política experimentada e bem-sucedida, tendo sido deputada estadual, vereadora e prefeita de Timon, tendo também atuado como integrante do secretariado do último Governo de Roseana Sarney (MDB). Além da vivência política, Socorro Waquim leva para o parlamento estadual a experiência de ter comandado Timon, hoje o terceiro maior município do Maranhão em população, e politicamente consciente em relação ao papel da mulher na política. “Nossa presença aqui é a presença do empoderamento das mulheres”, disse.
Filha de lavradores, Betel Gomes, que é professora primária, chega à Assembleia Legislativa para exercer o seu primeiro mandato estadual com a experiência de militante política na região de Buriticupu, onde atuou como secretária de Cultura, Educação e Assistência Social. Já empossada, declarou que se sente motivada para fortalecer a posição das mulheres na Casa e dar “o melhor de mim” pelo povo do Maranhão.
Ao comentar a posse dos três novos deputados, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB) destacou que a presença de 10 mulheres entre os 42 deputados torna a Assembleia Legislativa do Maranhão um parlamento diferenciado e caminhando para o equilíbrio nesse sentido. “Me sinto honrado de presidir a Casa com esse perfil”, disse.
Dino fica neutro na disputa da Famem, deixando campo aberto para Weverton e Brandão
O governador Flávio Dino (PCdoB) não se envolverá na disputa para o comando da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem), na qual o atual presidente Erlânio Xavier (PDT), prefeito reeleito de Igarapé Grande, tem como adversário o prefeito reeleito de Caxias, Fábio Gentil (Republicanos).
A explicação para a neutralidade anunciada pelo governador é simples. A eleição na Famem foi transformada numa medição de força entre o senador Weverton Rocha (PDT), que apoia o atual presidente, e o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos), que abraçou a candidatura do prefeito de Caxias, que é do seu partido. Ambos vêm travando um embate direto e aberto para consolidar seus projetos de disputar o Governo do Estado. O governador não quer se envolver numa disputa que não lhe diz respeito diretamente.
O presidente Erlânio Xavier é o homem de frente de Weverton Rocha, tendo coordenado sua campanha em 2018. O comando da Famem faz dele um importante porta-voz do senador junto aos prefeitos, o que torna a entidade um braço fundamental na estrutura de apoio dele. O comando de um pequeno município não lhe dá peso político, mas a presidência da Famem faz dele um interlocutor privilegiado e valioso para o projeto de poder do líder pedetista.
O prefeito Fábio Gentil, ao contrário, comanda o quarto maior e politicamente mais importante município do Maranhão, e com a autoridade de quem foi reeleito com mais de 75% dos votos, praticamente desmontando a máquina poderosa montada ex-deputado Humberto Coutinho. Candidato irreversível à presidência da Famem, conforme anunciou, Fábio Gentil conta com o apoio do vice-governador Carlos Brandão, que tem como aliado.
A neutralidade do governador Flávio Dino tornará a disputa mais dura entre Erlânio Xavier e Fábio Gentil pelo comando da Famem, acirrando o embate entre Weverton Rocha e Carlos Brandão pelo Palácio dos Leões.
São Luís, 05 de Janeiro de 2021.
Neto evangelista quer culpar o prefeito pela sua derrota
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tá pouco