Natalino Salgado vence consulta na UFMA e depende agora da escolha de Bolsonaro para ser reitor pela terceira vez

 

Natalino Salgado votou confiante de que seria o líder da lista para reitor da UFMA

O ex-reitor Natalino Salgado Filho foi o grande vencedor da consulta prévia para a composição da lista tríplice com base na qual o presidente da República, Jair Bolsonaro, por indicação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, nomeará o reitor que comandará a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) no quadriênio 2019-2023. Ele recebeu 49,49% dos votos da comunidade universitária – formada por professores, estudantes e funcionários da instituição. A lista tríplice será completada pelos professores João de Deus (24,23%) e Ridvan Nunes (16,94%) – o professor Welbson Madeira recebeu apenas 7,54% dos votos. No mesmo processo eleitoral, o professor Alan Kardek Barros Filho obteve 32,17% dos votos na disputa para vice-reitor, liderando a lista da qual constará também os professores Luciano da Silva Façanha (23,56%) e Marcos Fábio Belo Matos (13,06%). A lista seguirá para o Ministério da Educação, e o novo reitor será nomeado em até 90 dias.

Nenhuma surpresa na consulta na UFMA. Desde que se lançou candidato, o médico Natalino Salgado, que é professor PHD do Departamento de Medicina, despontou como franco favorito. Ele entrou na disputa com o amplo e sólido lastro formado por dois mandatos consecutivos de reitor (2007-2015), período em que comandou uma gestão por muitos classificada como excepcional, a começar pelo fato de que transformou os oito campi da instituição, principalmente o de São Luís (Dom Delgado) em verdadeiros canteiros de obras. Na mesma pisada ampliou o quadro de professores, promoveu ousadas mudanças administrativas e chegou ao ponto de travar uma guerra contra a poderosa Apruma, incentivando a criação de um sindicato que não fosse controlado pela esquerda e fosse mais flexível na mesa de negociações, pelo que quase foi satanizado.

Nos seus oito anos de mandato, Natalino Salgado colocou em prática o longo aprendizado administrativo que obteve à frente do Hospital Universitário, que sob seu comando foi transformado em hospital de referência no atendimento a crianças, ganhando projeção regional e até nacional pela qualidade nos tratamentos que oferece. Como reitor da UFMA, ele primou pela eficiência, dando à instituição novo ritmo administrativo, deixando claro que o objetivo era a obtenção de resultados. O campus Dom Delgado foi cercado, as avenidas que o cortam foram pavimentadas e sinalizadas, novos prédios forem erguidos, a segurança – que era precária – foi reforçada e, na avaliação de muitos, a qualidade do ensino melhorou em todas as áreas. Para tanto, comprou briga com grupos e desmontou nichos que controlavam diversos segmentos na estrutura da instituição. Investiu forte na interiorização, obtendo resultados surpreendentes, como a implantação do Curso de Medicina em Pinheiro e da TV UFMA, por exemplo. Concluiu o segundo mandato exibindo força política ao eleger a professora Nair Portela sua sucessora, que sem o seu suporte político dificilmente se elegeria. Para surpresa de muitos, Nair Belo apoiou o candidato João de Deus, segundo colocado.

Quem conhece os bastidores da UFMA sabe que os festejados resultados dos seus dois mandatos não foram obtidos com passes de mágica nem com mesuras do MEC. Natalino Salgado atuou como um gestor pragmático, que se transformou num executivo ousado e determinado a alcançar objetivos. Naquele período, empreendeu uma cruzada obstinada e incansável pelos gabinetes do MEC e outros ministérios em busca de recursos, procurando, ao mesmo tempo, o apoio da bancada federal para os pleitos que protocolava nos ministérios. Sua desenvoltura o colocou em destaque no MEC e no colégio de reitores, no qual teve atuação destacada como voz ativa na defesa de mais recursos para as universidades federais.

Agora, com quase metade dos votos, e com o dobro sobre o segundo colocado, Natalino Salgado inicia a última e mais complicada etapa da corrida ao gabinete principal da Reitoria da UFMA: conseguir a nomeação do presidente da República, que passa pela indicação do ministro da Educação. O presidente pode escolher qualquer um da lista tríplice, mas no Brasil a tradição é escolher o mais votado, e Jair Bolsonaro a manteve ao nomear recentemente a mais votada para a Reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Longe das querelas políticas e ideológicas, Natalino Salgado é um caso típico de puro pragmatismo, que o permite se relacionar bem em todas as searas, independentemente da cor partidária ou ideológica, porque o seu foco é a gestão de resultados. Seu nome seguirá para Brasília como franco favorito, mas seus partidários sabem que os novos donos do poder em Brasília são movidos pela imprevisibilidade.

Se for nomeado, terá um desafio gigantesco pela frente: garantir a sobrevivência e a dinâmica da UFMA  – são 91 cursos de graduação, oito à distância, sete cursos de doutorado, 27 de mestrado, cerca de 17 mil alunos de graduação e pós-graduação, 1.430 professores e mil 1.660 servidores – diante da ameaça de um contingenciamento de R$ 30 milhões dos seus recursos orçamentários que, na avaliação da reitora Nair Portela, obrigará a instituição a fechar cursos e suspender serviços importantes prestados à comunidade.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Othelino Neto e Roberto Costa interpretam corretamente a conversa de Dino com Sarney

Othelino Neto e Roberto Costa: interpretações corretas do encontro de Dino com Sarney

Não surpreendeu a reação positiva – algumas entusiasmadas – de deputados estaduais em relação ao encontro do governador Flávio Dino (PCdoB) com o ex-presidente José Sarney (MDB), na quarta-feira, em Brasília, que durou duas horas e reduziu drasticamente o gigantesco fosso que os separava. Elogiaram o episódio os deputados Marco Aurélio (PCdoB), Neto Evangelista (DEM), Duarte Jr (PCdoB), Fábio Macedo (PDT), Edivaldo Holanda (PTC), Zito Rolim (PDT), Thaiza Hortegal (PP) e Daniella Tema (DEM), mas as reações mais expressivas partiram do presidente Othelino Neto (PCdoB) e do deputado Roberto Costa (MDB).

O presidente Othelino Neto foi sucinto, sem confetes nem serpentinas, mas sua fala traduziu com perfeição o encontro Dino-Sarney.  “Essa conversa extrapola as diferenças políticas locais quando um e outro, com a importância política que cada um tem, se dispõe a deixar as questões paroquiais de lado e discutir soluções para o País”, disse o presidente da Assembleia Legislativa, numa interpretação correta e sem afetação do encontro políticos que surpreendeu e agitou os arraiais políticos maranhenses. O presidente da Assembleia Legislativa deixou implícita na sua fala o recado segundo o qual ninguém deve entender o encontro como o fim da guerra política no Maranhão, mas apenas como um momento que dá a ela um norte mais civilizado.

Por sua vez, o deputado Roberto Costa falou em tom de comemoração.  “Este encontro é histórico, não apenas para o Maranhão, mas para o Brasil, e é uma demonstração de amadurecimento político que o país precisa para que a gente possa debelar todas as crises que no momento assolam o País”, declarou o parlamentar emedebista. Com as suas palavras, Roberto Costa ampliou o raio de importância da conversa Dino-Sarney, chamando atenção para a premissa segundo a qual uma trégua entre contrários pode abrir caminhos para solucionar crises. Roberto Costa traduziu fielmente sua posição dentro do MDB maranhense, onde defende uma Oposição firme, mas flexível em relação ao Governo Flávio Dino, linha que ele adotou e vem conseguindo bons resultados, apesar das críticas e pressões que enfrenta dentro do seu próprio partido, por parte de setores emedebista que continuam com sangue nos olhos e faca nos dentes.

O deputado Wellington do Curso (PSDB) inverteu a lógica, enxergando no encontro, ora uma capitulação do governador ao ex-presidente, ora suspeitando de que um “golpe” estaria em andamento. O fato é que, provavelmente por açodamento, que é uma das suas marcas, o parlamentar tucano enveredou por uma interpretação francamente equivocada, perdendo assim uma oportunidade excepcional de criticar o encontro por uma linha mais inteligente, acima do lugar-comum da pancadaria verbal pura e simples.

 

Audiência em Comissão da Assembleia Legislativa mostra que a Caema é caso sem solução

Entre os deputados Rafael Leitoa (PDT) e Dr. Yglésio (PDT), Carlos Rogério traçou um perfil dramático, mas otimista, da Caema na Comissão de Saúde da Alema

Além de ser a empresa de saneamento responsável pelo fornecimento de água potável a milhões de maranhenses, a começar pela população de São Luís, a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão, por todos conhecida como Caema, é uma engrenagem ineficiente e perdulária, que presta um serviço de má qualidade e amarga déficits colossais num estado de finanças frágeis como o Maranhão. Isso ficou muito claro em audiência realizada quarta-feira (26), na Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Maranhão, onde o seu diretor-presidente, engenheiro Carlos Rogério Araújo, falou sobre a situação da empresa e, em especial, sobre a falta de água em 80 bairros, duas semanas atrás, por conta de problemas na rede do Sistema Italuís.

Na presença dom presidente do vice-presidente da Comissão,   deputado Dr. Yglésio (PDT ), e dos deputados Rafael Leitoa (PDT), Fernando Pessoa (SD), Adriano Sarney (PV), Wellington do Curso (PSDB), César Pires (PV), Adelmo Soares (PCdoB), Ariston Sousa (Avante), Helena Dualidade (SD), Pastor Cavalcante (Pros), Marco Aurélio (PCdoB), Vinicius Louro (PL) e Duarte Júnior (PCdoB), o diretor-presidente desenhou uma radiografia dramática  empresa: um déficit mensal de R$ 22 milhões, uma folha mensal de R$ 10 milhões (cerca de 500 funcionários) e dívidas que totalizam R$ 800 milhões, e com necessidade de R$ 80 milhões para quitar apenas dívidas trabalhistas. A Caema, segundo o diretor-presidente, opera em 123 municípios e convive com um a realidade dramática: quase 60% da água potável que produz é desperdiçada, num cenário em que a média nacional de desperdício é de 37%.

Como se vê, problemas de difíceis soluções.

São Luís, 28 de Junho de 2019.

 

Um comentário sobre “Natalino Salgado vence consulta na UFMA e depende agora da escolha de Bolsonaro para ser reitor pela terceira vez

  1. Caro Ribamar Correa!
    Há situações no jogo político que no primeiro momento causa espanto mas depois flui normalmente, tudo por conta do dinamismo muito presente nesse campo. Esse encontro de Flávio Dino com Sarney em nada é diferente do apoio que o grupo Sarney deu para Jackson Lago em uma das campanhas para prefeito de São Luís, como também do Cafeteira no governo do Maranhão, ter recebido apoio do Sarney quando presidente do Brasil, e, no plano presidencial, Lula aliou-se ao Sarney. E por aí vai mundo afora com tantos casos dessa natureza.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *