Mesmo com alguns choques isolados, Brandão e Camarão atuam para resolver a crise na base

Carlos Brandão e Felipe Camarão atuam
pela reunificação da aliança governista

Em meio a explosões isoladas aqui e ali, com ataques e contra-ataques sobre temas superficiais, mas também num ambiente em que o Poder Executivo vai se ajustando, sem alarde, com troca de comando em diversas áreas, e ainda sob os ecos de decisões judiciais que resolvem questionamentos que causaram rusgas, o governador Carlos Brandão (PSB), agora inteira e abertamente apoiado pelo vice-governador Felipe Camarão (PT), vai aos poucos reduzindo o grau de tensão política, caminhando assim para reunificar a aliança que dá sustentação ao seu Governo. Não há, ainda, no horizonte político, um sinal concreto de que a crise esteja sendo de fato resolvida, mas não há dúvida de que os ânimos estão serenando, o que cria efetivas condições para a solução completa da encrenca.

Nas últimas 72 horas, o meio político foi sacudido por vários movimentos, uns sugerindo pacificação e outros acirrando os ânimos, indicando uma espécie de “equilíbrio” no ambiente de tensão.

Nesse contexto, primeiro foi a entrada do vice-governador Felipe Camarão no circuito das conversas pelo entendimento, seguido do acerto pelo qual foi feita a troca de comando na Secretaria de Educação, reduzindo quase a zero a presença do ex-secretário na pasta, incluindo ainda no pacote a ação do PCdoB e do Solidariedade questionando a eleição do prefeito de Colinas, aliado do governador Carlos Brandão, apontado por muitos como provocação

No contrapeso, vieram a decisão do ministro Alexandre de Moraes, da Suprema Corte, confirmando a legalidade da nomeação do advogado Daniel Brandão para o Tribunal de Contas do Estado (TCE), contestada pelo Solidariedade, e a iniciativa da presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale, de preencher os cargos de Diretor Legislativo e Diretor de Relações Institucionais do Poder, abertos com a exoneração dos dirigentes anteriores sob acusação de nepotismo. Mas como ainda não há uma trégua formal entre os divergentes, o tabuleiro da base governista foi sacudido pelo injustificado pugilato verbal entre a vice-prefeita de Paço do Lumiar, Mariana Brandão (MDB) com o deputado federal Márcio Jerry (PCdoB).

No epicentro desses movimentos e atento a cada um deles, o governador Carlos Brandão sinalizou com clareza o seu interesse na superação das diferenças e na recomposição plena da sua base de apoio. “Estamos tentando unificar”, declarou ele em conversa com jornalistas. Conhecido pela discrição com que faz política, atuando fortemente nos bastidores, evitando a todo custo declarações e anúncios precipitados, optou por não responder pessoal e diretamente aos duros ataques da ala dissidente da aliança, preferindo manter-se distante de polêmicas, embates e controvérsias. E a prova disso é que não há registro de declarações com as quais o governador tenha sido agressivo com seus atuais adversários políticos. Esse tem sido também o comportamento da presidente Iracema Vale.

Mesmo com essas escaramuças e com a declaração de Márcio Jerry segundo a qual “não há recomposição política apenas por manifestação de intenção”, é visível o fato de que no momento o ambiente político é muito menos carregado do que em dezembro passado, quando a crise esteve muito perto de arrebentar de vez. Está em curso, portanto, a construção, complicada, mas efetiva, das condições para que governistas e dissidentes sentem à mesa, ajustem as suas posições, resolvam pendências e voltem a ser uma aliança inteira. É fácil? Não. Afinal, a crise causou estragos fortes nas relações. Mas como a política é apontada como a arte do impossível, não há pendência que não possa ser resolvida.

O que vale no momento é que os principais interessados na recomposição, a começar pelo vice-governador Felipe Camarão, estão se movimentando e com disposição para conversar. “Vou conversar com todos”, declarou o vice-governador, reforçando a posição do governador Carlos Brandão de continuar criando as condições para o diálogo. Até porque a partir de agora o tempo passa a ser fator importante.

PONTO & CONTRAPONTO

Famem: Roberto Costa consolida vantagem com o apoio de 14 prefeitos baixadeiros

Roberto Costa reunido com prefeitos da Baixada, que lhe declararam apoio

A declaração de apoio de 14 prefeitos da Baixada Ocidental praticamente selou um desfecho favorável à candidatura do prefeito de Bacabal, Roberto Costa (MDB), na eleição para a presidência da Famem, que ocorrerá na próxima quarta-feira, 15.

Com o posicionamento dos gestores municipais baixadeiros, o dirigente bacabalense obteve maioria sólida de intenções de voto, não havendo condições para qualquer outro eventual candidato atuar como concorrente em condições de virar o jogo. O grupo inclui o novo prefeito de Pinheiro, André da Ralpnet (Podemos), chegou a ensaiar candidatura ao comando da entidade municipalista. E a manifestação foi justificada pela prefeita de Serrano do Maranhão, Val Cunha: “Roberto já tem uma larga experiência política. É um bom nome, reconhecido em todo o Maranhão, e nós ficamos satisfeitos em poder contribuir com essa eleição”.

Além do pinheirense André da Ralpnet e da serranense Val Cunha, declararam apoio a Roberto Costa os prefeitos Heliezer (Peri-Mirim), Deyvison do Posto (Mirinzal), Gilson Lima (Presidente Sarney), Nivaldo Araújo, (Alcântara), Jadeco  (Apicum-Açu), Márcio Hominho (Bacuri), Letícia de Sibá (Bacurituba), Guerra (Penalva), Dr. Rômulo (Cajapió), Dico de Dedeco (Palmeirândia), Joãozinho Pavão (Santa Helena) e Magno (Guimarães).

André Fufuca já trabalha sua pré-candidatura ao Senado como decisão já tomada

André Fufuca: definição

Em conversas fechadas com aliados, o ministro André Fufuca (Esporte) estaria deixando claro que o seu projeto de disputar o Senado está, de fasto, deixando de ser uma possibilidade e ganhando condição concreta.

Essa avaliação estaria sustentada em pesquisas feitas pelo PP durante a campanha para as eleições municipais. As informações estatísticas não foram divulgadas, uma vez que foram levantadas apenas para orientação do ministro e seus aliados mais próximos.

Os fatos indicam que, ao mesmo tempo em que trabalha sua posição nas bases eleitorais, o ministro André Fufuca cuida de tornar seu projeto senatorial viável também no Palácio do Planalto, onde pode ter o apoio do presidente Lula da Silva (PT).

São Luís, 10 de Janeiro de 2025.

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