MDB faz ajustes, dá mais tempo à atual direção e abre caminho para Roseana Sarney assumir presidência

 

Cúpula do MDB em reunião virtual que definiu os passos do partido para que Roseana Sarney assuma a presidência, tendo Roberto Costa como vice-presidente.

 

O MDB maranhense está pacificado. Depois de mais de dois anos de conversas, articulações e marchas e contramarchas, a ala jovem e as lideranças tradicionais do partido finalmente acertaram seus ponteiros e construíram um entendimento que, tudo indica, resultará na unidade do partido, que andou frouxa e quase foi para o espaço nesse período. Ontem, o comando partidário se reuniu e tomou uma série de decisões para ajustar as relações internas e preparar a agremiação para as eleições do ano que vem. Primeiro, prorrogou o mandato do atual Diretório e da atual Executiva, sob a presidência do ex-senador João Alberto, até abril do ano que vem. Mas com uma condição: se o coronavírus permitir, o partido realizará convenção já em junho, para eleger seu novo comando, no qual a ex-governadora Roseana Sarney será eleita presidente, tendo o deputado estadual Roberto Costa, que lidera a ala jovem, como 1º vice-presidente, cargo que já ocupa. Essa agenda foi decidida por consenso.

Com esse acordo, os líderes do MDB matam três coelhos com uma só cajadada. Primeiro, fazem uma transição no comando partidário, dando a Roseana Sarney a oportunidade de presidir o partido em substituição a João Alberto, que o preside desde que o Grupo Sarney assumiu o controle da legenda no estado, no início dos anos 90 do século passado. Segundo, a ala jovem do partido mantém o espaço que já conquistou ao confirmar Roberto Costa como 1º vice-presidente. E terceiro: ao entregar o comando a Roseana Sarney, na provável convenção de junho, o partido a trará de volta ao epicentro do cenário político, apostando que ela poderá liderar a agremiação com eficiência na corrida eleitoral do ano que vem.

A reunião de ontem foi possível depois de uma série de conversas prévias travada pelo atual vice-presidente Roberto Costa, hoje o principal articulador do braço maranhense do MDB, com Roseana Sarney – com quem tem estreitado as relações e definido metas -, com o ex-senador João Alberto e com o deputado federal Hildo Rocha, que vinha se movimentando com inclinação para rompimento, chegando a anunciara disposição para disputar o comando partidário, chegando mesmo a se colocar como candidato a governador pelo partido. Essas conversas quebraram eventuais arestas e contribuíram para a afinação do discurso emedebista. E nesse ambiente, a ala jovem se consolidou como o braço mais avançado do cenário onde o que restou do Grupo Sarney tenta se reorganizar como um grupo político com potencial de crescimento.

As conversas produziram o entendimento segundo o qual o partido não chegará a lugar algum com as suas forças desarticuladas num cabo de guerra com diversas pontas. Se deram conta de que, mesmo sem o peso de antes, a ex-governadora Roseana Sarney é uma liderança forte, que pode ainda dar uma grande contribuição ao fortalecimento do partido. Tanto que o projeto de ela se candidatar a uma cadeira na Câmara Federal para funcionar como “puxadora de votos” está de pé, mas pode ser mudado se o partido resolver lançá-la ao Senado ou ao Palácio dos Leões. O passo inicial para o retorno da ex-governadora ao centro da ciranda política é demonstrar liderança assumindo a presidência do MDB, apoiada pelas lideranças tradicionais e tendo o suporte expressivo e aguerrido da ala jovem do partido.

Nesse contexto, o deputado Roberto Costa segue em frente como articulador, também movido pela condição de mais forte sucessor de Roseana Sarney no comando do partidário. Eles estiveram em campos opostos nos desentendimentos internos, mas logo compreenderam que os dois são importantes para o MDB, melhor ainda atuando em sintonia. Isso porque a ex-governadora representa prestígio político e eleitoral, enquanto o deputado e atual 1º vice encarna a visão aberta da nova geração do partido, além de ser o seu interlocutor mais destacado, e com a vantagem a mais: tem trânsito em todas as correntes partidárias do estado.

Tudo indica que o MDB do Maranhão está finalmente pacificado, com as suas correntes atuando em sintonia, o que poderá ser um poderoso diferencial na corrida eleitoral que se aproxima.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Dino critica falas de Bolsonaro e aponta caos e indefinições no Ministério da Saúde

Flávio Dino reage às declarações de Jair Bolsonaro sobre pandemia do coronavírus

O governador Flávio Dino (PCdoB) voltou, ontem, em entrevista à CNN, a se posicionar com firmeza em relação às declarações disparatadas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e da completa desarticulação do Ministério da Saúde em relação ao caos que ameaça se instalar no País por falta de um comando articulado no combate ao novo coronavírus.

O governante maranhense criticou duramente a declaração do presidente da República segundo a qual, ao decretarem medidas de distanciamento, como o lockdown ou toque de recolher noturno, por exemplo, governadores e prefeitos estariam tolhendo a liberdade das pessoas.

– O presidente voltou a dizer que os governadores estão ameaçando a liberdade. O que mais ameaça à liberdade é a morte. E, portanto, é uma falácia opor saúde e economia, é uma atitude irresponsável – declarou.

E ao referir à troca de ministro da Saúde num momento tão grave da pandemia, situação que prejudica gravemente o trabalho desenvolvimento pelos estados e pelas prefeituras, Flávio Dino disparou:

– Quem é o ministro da saúde? Não temos nem com quem dialogar. O país está, em meio ao caos, sem ministro da saúde. Tem dois e não tem nenhum.

E diante da insistência do presidente da República em questionar os números da pandemia no Brasil, o governador do Maranhão reagiu com indignação:

– Essa afirmação disparatada, insana, do presidente da República, equivaleria a dizer que os médicos estão assinando atestados de óbitos falsos. E isso é muito grave.

 

Roteiro de Dino agitou movimentos de Weverton e Brandão

Carlos Brandão e Weverton Rocha:  atos ajustados pelo roteiro de Flávio Dino

Assunto principal da Coluna do dia 12/03, o roteiro do processo escolha de candidatos majoritários dentro da aliança governista, revelado no dia 11 pelo governador Flávio Dino, em entrevista à TV Mirante, serviu de ponto de partida para os aspirantes ao Palácio dos Leões, especialmente o senador Weverton Rocha (PDT) e o vice-governador Carlos Brandão (PSDB). Os dois se fixaram na previsão de que a escolha poderá se dar no final deste ano, e começaram a definir estratégias para viabilizar seus nomes. Weverton Rocha está turbinando suas forças no rádio, na TV e na blogosfera, enquanto Carlos Brandão, que não conta com estrutura de mídia, intensifica seus encontros com parlamentares, prefeitos, chefes partidários e líderes regionais e comunitários. Isso significa dizer que a medição de forças será intensificada de agora por diante até dezembro.

São Luís, 19 de Março de 2021.

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