Leões: Divergências e tensões na base governista produziram indefinições na corrida sucessória

Felipe Camarão, Orleans Brandão, Eduardo Braide, Roberto Rocha, Lahesio Bonfim e
Weverton Rocha foram apontados em 2024 para disputar o Palácio dos Leões em 2026

Se 2024 foi um ano de disputas e confrontos, rachas e rompimentos, com poucas tentativas de conciliação, num processo de demarcação de espaços políticos, 2025, o ano que começa nesta quarta-feira, será ainda um período de muitas tensões e refregas, mas será também um tempo em que os grupos começarão a se ajustar para a grande e decisiva guerra política e eleitoral, na qual estarão em jogo o Palácio dos Leões e duas cadeiras no Senado da República, e, no plano maior, a Presidência da República. O ano que termina foi uma espécie de prévia para definição de candidaturas à sucessão do governador Carlos Brandão (PSB), cujo roteiro inicial dentro da aliança governista foi alterado, o que abriu caminho para o surgimento de projetos sucessórios diferenciados. Esse ambiente de conflito, que rachou a base governista, manteve a pré-candidatura do vice-governador Felipe Camarão (PT) e criou o projeto de candidatura do atual secretário de Relações Municipais Orleans Brandão (MDB), e no campo oposicionista foram apontados nomes como o prefeito de São Luís Eduardo Braide (PSD), o ex-senador Roberto Rocha (sem partido) e o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Yglésio Moises (Novo).

Não surpreendeu que os olhares se voltassem para os dois nomes do campo governista. Isso porque, no que diz respeito a Felipe Camarão, candidato natural da chamada corrente dinista, o seu partido, o PT é parte importante da aliança que dá sustentação ao governador Carlos Brandão, e pode vir a ter o aval declarado do presidente Lula da Silva. No contrapeso, Orleans Brandão se consolidou como o principal articulador e porta-voz do governador Carlos Brandão na seara municipalista. Em meio as divergências entre as duas correntes governistas, a banda dinista pressiona para consolidar o projeto de candidatura do vice-governador Felipe Camarão, enquanto a chamada corrente brandonista, vem apostando cada vez mais alto no projeto de candidatura de Orleans Brandão, embora ele próprio já tenha declarado que o seu projeto é ser deputado federal.

O distanciamento das duas correntes governistas abriu a possibilidade de, em caso de rompimento irreversível, o governador Carlos Brandão abrir mão de disputar uma cadeira no Senado e permanecer no cargo até o último dia, o que lhe dará as condições de lançar um candidato competitivo, inviabilizando a candidatura de Felipe Camarão. A permanência no cargo até o final do mandato foi várias vezes admitida pelo governador Carlos Brandão ao longo do ano, com larga repercussão no meio político e até fora dele. Por sua vez, a corrente dinista atuou fortemente no sentido de obter do governador a declaração de que apoiará a candidatura do vice-governador, como a dele foi apoiada pelo governador Flávio Dino. O problema é que essas tentativas de fortalecer o projeto de Felipe Camarão foram acompanhadas de posições e declarações duras da corrente dinista em relação ao governador e ao Governo Carlos Brandão, além de ações judiciais extemporâneas, que colocaram o Palácio dos Leões na defensiva, tolheram a possibilidade de diálogo e incentivou o clima de confronto.

Em meio ao bombardeio, o vice-governador Felipe Camarão tem trabalhado ultimamente para encontrar um discurso de conciliação, declarando que o governador Carlos Brandão é o seu candidato a senador. Na mesma linha, embora não declarando que Carlos Brandão permanecerá no Governo até o final, aliados do governador continuam propagando o projeto de candidatura de Orleans Brandão.

O novo ano chega com animação para criar as condições de um grande acordo, como também com uma dose de disposição de levar a aliança governista a um racha definitivo, produzindo, nesse caso, um cenário de imprevisibilidade sem paralelo.

No campo oposicionista propriamente dito, a grande novidade foi a reeleição do prefeito de São Luís, Eduardo Braide, e com ela uma forte expectativa quanto ao que ele pensa sobre a disputa governamental de 2026. Nas contas feitas por todos, Eduardo Braide ganhou estatura para, se quiser, deixar a prefeitura para disputar o Governo em 2026, iniciando a corrida com um forte cacife em São Luís. Os seus movimentos – como sua ida à Imperatriz para apoiar a candidatura de Mariana Carvalho (Republicanos) e, mais recentemente, encontros com a banda dinista que se opõe ao governador Carlos Brandão – não deixaram dúvidas de que ele considera seriamente entrar na disputa, desde que se sinta cacifado para competir para valer.

Num outro quadrado desse campo está o ex-senador Roberto Rocha, que lançou a sua pré-candidatura sem sequer ter um partido. Numa esteira de fracassos retumbantes, o ex-senador é parte dos grupos que disseminam o bolsonarismo no Maranhão, embora não tenha recebido ainda qualquer sinal do ex-presidente em relação ao seu projeto de candidatura. Na mesma linha, só que mais moderado em relação ao bolsonarismo, mas pelo segundo lugar na eleição de 2022, quando bateu o senador Weverton Rocha, o ex-prefeito Lahesio Bonfim passou o ano anunciando sua pré-candidatura ao Governo.

Por fim, o senador Weverton Rocha entrou na lista pelas vozes de vários aliados, mas ele próprio tem se comportado como candidato à reeleição. O ano que chega vai leva-lo a uma definição.

Como se vê, está tudo armado para que 2025 seja um ano politicamente movimentado.

PONTO & CONTRAPONTO

As montagens para o Senado dependem da decisão de Brandão

Carlos Brandão, André Fufuca, Eliziane Gama e Weverton Rocha devem disputar o Senado

A corrida para o Senado teve duas definições muito claras, as pré-candidaturas da senadora Eliziane Gama, que declarou que buscará a reeleição, e o projeto de candidatura do deputado federal e ministro do Esporte André Fufuca (PP), que ainda não fez uma declaração formal sobre o assunto, mas não escondeu, em nenhum momento, que é esse o seu objetivo.

A grande dúvida – que resistiu surpreendentemente ao longo de 2024 – é a posição do governador Carlos Brandão, que no epicentro do jogo sucessório, falou mais da possibilidade de permanecer no cargo do que sair para concorrer a uma das cadeiras de senador.

Nesse caso, a equação é simples. Se o governador Carlos Brandão resolver disputar o Senado, será um candidato fortíssimo, que dificilmente será batido. Nessa hipótese – que é ainda a mais plausível -, os dois senadores que buscam a reeleição e o ministro do Esporte travarão uma guerra sem trégua por uma vaga. Foi esse o cenário desenhado em 2024. E se decidir ser senador, o governador Carlos Brandão terá em 2025 tempo suficiente para formatar a sua candidatura, costurar as alianças e torna-la um projeto viável, mais forte, porque, no caso, fará dobradinha com o governador Felipe Camarão, que disputará reeleição.

Portanto, com o governador concorrendo, a disputa para as duas vagas no Senado será francamente favorável ao chefe do Executivo e ao seu companheiro de chapa, muito provavelmente o ministro do Esporte, tendo a senadora Eliziane Gama como segunda opção.

Madeira atuou na interlocução e na articulação do Governo ao longo do ano

Sebastião Madeira

Em meio a secretários que pontificaram em 2024, como Orleans Brandão (Ralações Municipais), Luzia Waquim (Governo), Aparício Bandeira (Infraestrutura), Bira do Pindaré (Agricultura Familiar), José Reinaldo Tavares (Projetos Especiais) entre outros, o secretário-chefe da Casa Civil, Sebastião Madeira, foi um dos mais ativos articuladores do núcleo duro que dá suporte ao governador Carlos Brandão.

Com a experiência de quatro mandatos de deputado federal, dois de prefeito de Imperatriz e uma longa vivência partidária como tucano raiz, Sebastião Madeira foi um ativo interlocutor, que atuou com a mesma eficiência no campo político e partidário, nas relações institucionais do Palácio dos Leões com outros Poderes, ajudou a consertar aspectos pouco visíveis da gestão pública, tendo sido também um ativo conselheiro do chefe do Executivo.

Respirando política todos os dias, Sebastião Madeira trabalhou pela manutenção da aliança, atuando como fio condutor entre os líderes da base governista -Carlos Brandão e Flávio Dino, conseguindo a proeza de, no auge da crise, junta-los como padrinhos na festa do seu casamento. Além do mais, tirou o PSDB do limbo, dando ao partido a visibilidade possível.

Tirou férias nos últimos dez dias do ano e certamente retornará ao posto para continuar em 2025 o trabalho de articulação e interlocução que o tornou peça importante na equipe palaciana.

São Luís, 30 de Dezembro de 2024.

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