José Reinaldo e Márlon Reis: dois caminhos distintos para chegar ao Senado da República em 2018

 

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Corrida para as vagas no Senado: José Reinaldo tem trajetória sólida; Márlon Reis: um projeto inconsistente

Provavelmente pelo fato de não haver diversas opções de candidaturas ao Governo do Estado, já que os registros até aqui só apontam o projeto do governador Flávio Dino (PCdoB) de pleitear a reeleição, e uma ainda improvável candidatura da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), o meio político e a imprensa têm dedicado seu tempo a rascunhar o cenário em que se dará o que certamente será a mais dura das disputas nas eleições de 2018: a que visa às duas cadeiras no Senado. Estão no páreo nomes de peso como  Weverton Rocha (PDT), José Reinaldo Tavares (PSB), Humberto Coutinho (PDT), Sebastião Madeira (PSDB), Sarney Filho (PV), Eliziane Gama (PPS), João Alberto (PMDB), Lobão Filho (PMDB), Márlon Reis (Rede) são os nomes mais cacifados para entrar nessa briga. Na semana passada, duas manifestações agitaram esse cenário em construção, uma do ex-governador e atual deputado federal José Reinaldo, que anunciou a irreversibilidade da sua candidatura, e outra do ex-juiz Márlon Reis, que confirmou a pretensão de concorrer ao Senado, mas admitiu também a possibilidade ser candidato a governador.

Ninguém discute que o deputado José Reinaldo Tavares é um dos políticos maranhenses em atividade mais credenciados para ser senador. Engenheiro civil com uma rica invejável trajetória nas estruturas do Estado e da União, tendo atuado no 1º escalão no Governo de José Sarney e, três décadas depois, no Governo de Roseana Sarney, foi diretor geral do antigo Departamento Nacional de Obras Contra Seca (DNOCS) e também do Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), presidente da Novacap (estatal que construiu e administra Brasília), superintendente da Sudene e ministro dos Transporte. No campo político, além dos mandatos de deputado federal, vice e governador por seis anos, José Reinaldo já tem assento na História como o principal articulador e fiador da grande virada que resultou na vitória de Jackson Lago (PDT) para o Governo do Estado em 2006, impondo ao Grupo Sarney a sua primeira e mais dura derrota, tendo também participação decisiva na articulação do movimento que fez Flávio Dino governador em 2014. Foi empurrado para o limbo na Operação Navalha, mas dela saiu ileso, tanto que encarou as urnas duas vezes depois do episódio, sendo uma para o Senado em 2010 – quando foi atrapalhado por Roberto Rocha, hoje senador, o que reforça ainda mais a justificativa da sua candidatura.

Com a representatividade política que construiu ao longo de décadas, José Reinaldo se movimenta para atrair o apoio de todos os grupos políticos do Maranhão, certo de que é detentor de autoridade para pretender um leque de apoio tão vasto. E pelo menos no campo hoje comandado pelo governador Flávio Dino, o ex-governador detém esse crédito, porque não fosse o seu posicionamento determinado em 2006, dificilmente o cenário político do Maranhão agora seria o que é. Daí ser justo avaliar que o ex-governador e atual deputado federal está, efetivamente, credenciado para pleitear a vaga de candidato e o mandato senatorial.

Em outra seara, bem distante do cenário político em evolução no Maranhão, o ex-juiz Márlon Reis tenta criar no estado um espaço político para ele e para o partido de Marina Silva, e com a pretensão nada modesta de disputar um mandato majoritário, de governador ou de senador, querendo assim alcançar o topo sem superar as etapas naturais do processo politico. E o faz no embalo de uma trajetória forjada pela atuação discreta e pouco luminosa como magistrado estadual em comarcas de pouca expressão do interior, mas ao mesmo tempo dedicado, como civil, à militância política intensa e apartidária, que o levou a ser um dos idealizadores do movimento que mobilizou a sociedade brasileira em favor do projeto da Lei da Ficha Limpa, levado ao Congresso Nacional com o suporte de dois milhões de assinaturas, e que, aprovado, tornou-se o primeiro instrumento efetivo de controle político do País. A iniciativa lhe deu o status de celebridade, o que o levou a renunciar ao cargo de juiz no Maranhão – que poderia torna-lo desembargador e lhe daria uma aposentadoria tranquila, junto com a mulher também juíza – para exercer a advocacia especializada em Direito Eleitoral, inicialmente assessorando a Rede Sustentabilidade, partido criado por Marina Silva. Na nova atividade, tropeçou duas vezes nas eleições em São Luís: seu partido não elegeu um só prefeito no estado; e diante do fracasso retumbante da candidata que apoiou em São Luís, Eliziane Gama (PPS), decidiu questionar a eleição de Edivaldo Jr. na Justiça, colocando em risco o seu futuro de especialista em Direito Eleitoral.

No final da semana passada, declarou ao bem informado blog do jornalista Diego Emir que seu futuro político será definido pelas instâncias nacional e estadual da Rede Sustentabilidade, podendo ser candidato a senador ou a governador. “Nada está descartado”, declarou.

São, como se vê, duas trajetórias bem diferentes, uma construída quase inteiramente no Maranhão, tendo passado por todos os níveis da atividade política e partidária no sentido mais amplo; outra nascida de um viés quase antipolítico no sentido formal, mas que dá bem a estatura que a disputa para o Senado vai ganhar durante a campanha.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Refinaria a caminho?
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Área preparada em Bacabeira poderá receber um projeto viável a partir de 2018

O deputado federal José Reinaldo Tavares trabalha no momento uma articulação que poderá resultar na implantação de uma refinaria de petróleo em Bacabeira. Trata-se de um projeto realista, que tem por base uma composição de interesses de investidores iranianos e indianos, sem um tostão da Petrobras. De acordo com o texto publicado na edição de domingo de O Imparcial, sob a assinatura do jornalista Lucas Hadade, o projeto industrial está sendo viabilizado cuidadosamente e sem alarde pelo Palácio dos Leões, vai custar U$ 10 bilhões, e, ao invés de óleos finos, como seria a refinaria premium, o complexo terá capacidade para refinar 650 mil barris de petróleo por dia, produzindo gasolina, nafta e óleo diesel.  A contrapartida do Maranhão será a cessão da área de Bacabeira onde seria implantado o fracassado projeto da Petrobras. A área é ideal para esse tipo de empreendimento, a começar pelo fato de que está próxima do complexo portuário do Itaqui, onde já existe um píer exclusivo para o embarque e desembarque de produtos derivados do petróleo. Vale registrar que no seu Governo, José Reinaldo lançou um projeto audacioso batizado de “Refinaria do Futuro”. Pelo que foi revelado na reportagem, tudo caminha para que as obras sejam iniciadas em 2018. Não será surpresa se for esse projeto a base do que está sendo negociado com iranianos – que sabem tudo sobre o assunto – e indianos – que estão entre os investidores mais agressivos e bem sucedidos dos países em desenvolvimento.

 

Jovair Arantes será Eduardo Cunha no poder
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Jovair Arantes: tropeços na leitura do relatório que não escreveu contra Dilma Rousseff

Candidato a presidente da Câmara Federal, o deputado goiano Jovair Arantes (PTB) desembarcou em São Luís na tarde de sábado para pedir votos aos parlamentares maranhenses. No seu discurso, o parlamentar se apresentou como defensor da ordem e do progresso e da moral e dos bons costumes, e dizendo-se preparado administrativa e eticamente para presidir a instituição política mais importante do país e, assim, se tornar o terceiro na linha de sucessão da Presidência da República. Jovair Arantes, porém, não disse que foi e continua sendo um dos chefes do esquema montado pelo ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) com base na turma do Centrão, que o escolheu a dedo para ser o relator do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). No plenário, gabinetes e corredores da Câmara Federal quase todos dizem que Jovair Arantes, que é dentista por formação, não escreveu uma só linha do relatório em que pediu a condenação da presidente. A certeza dominante é a de que o pacote lhe foi entregue pronto e que ele recebeu algumas orientações dos verdadeiros autores, contratados por Eduardo Cunha, para que não se perdesse na leitura. Mesmo assim, a apresentação do relatório feita por Jovair Arantes foi uma opereta de mau gosto, já que ele tropeçou inúmeras vezes na leitura, evidenciando claramente que não sabia exatamente o que estava dizendo e de que tem certa aversão por palavras impressas. A impressão de muitos é a de que, se o representante goiano for eleito presidente da Câmara Federal, sua eleição será a volta de Eduardo Cunha ao poder, mesmo sem mandato e atrás das grades.

São Luís, 23 de Janeiro de 2017.

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