João Alberto, Edison Lobão e Roberto Rocha têm razões para se posicionar a favor ou contra o processo de impeachment de Dilma

 

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João Alberto, Edison Lobão e Roberto Rocha: razões diferentes para votar okntra ou a favor do impeachment

No vai-vem das posições muito comum nos últimos dias no Brasil, vem à tona agora a informação, ainda imprecisa, segundo a qual os três senadores maranhenses votarão a favor do impedimento da presidente Dilma Rousseff (PT). Pelo que está sendo ventilado nos bastidores e nos mais diversos canais de informação, João Alberto (PMDB), Edison Lobão (PMDB) e Roberto Rocha (PSB) já estariam decididos a tomar essa posição, mesmo antes de o processo ser instaurado no Senado da República. Tal definição não surpreende, pois afinal, tudo o que já foi escrito e dito acerca do conteúdo da denúncia que alveja a presidente da República é mais que suficiente para que os parlamentares diretamente envolvidos, que encaram suas atividades com responsabilidade, já tenham formado um juízo a favor ou contra o impeachment. Os senadores João Alberto, Edison Lobão e Roberto Rocha são políticos experientes, acostumados a embates políticos de peso e com visão larga o suficiente para se posicionarem sem maiores problemas.

O senador João Alberto, que vinha resistindo a fortes pressões do seu  o seu partido para apoiar o processo de impeachment, por entender que a acusação não tem base legal e que o que está em curso é um movimento político destinado a derrubar o Governo, pode perfeitamente redefinir seu posicionamento. E tem várias razões para, se for o caso, rever a argumentação que vinha orientando sua posição. A primeira delas: o apelo para que vote pelo impeachment vem do seu partido, o PMDB, o que significa dizer que, no caso, o senador seria parte de uma dissidência que agora estará retornando ao leito da sua agremiação partidária, situação que obedece a uma lógica política, à medida que ele é um pemedebista dos mais afinados com a linha de ação do partido. Outra razão para justificar a provável redefinição da sua posição é o fato de que o senador não tem maiores ligações com o PT, embora tenha respeitado integralmente a aliança PMDB/PT no Maranhão. E finalmente, na observação de um aliado, o senador João Alberto já fez a sua parte pró-Dilma quando avalizou o voto “não ao impeachment” dado pelo deputado federal João Marcelo Souza. Se, numa hipótese remota, decidir votar a favor da presidente, o senador o fará muito à vontade, mesmo contrariando o seu partido.

A situação do senador Edison Lobão é rigorosamente diferente, podendo ser considera excepcional. Lobão foi ministro de Minas e Energia nos dois últimos anos do Governo Lula e em todo o primeiro Governo Dilma, teve participação importante nos momentos bons e ruins das duas gestões, e hoje amarga uma situação incômoda, com seu nome envolvido no escandaloso esquema de corrupção na Petrobras. Com a experiência de quem já enfrentou enormes dificuldades políticas e que agora se vê numa espécie de encruzilhada, principalmente por estar na alçada da mira da Operação Lava Jato. Se decidir motivado pelo fato de ter sido ministro de proas por mais de cinco anos e de ter, nesse período, criado laços de amizade com a presidente Dilma Rousseff, Lobão certamente votará contra o impeachment. Mas se, ao invés disso, optar por seguir a orientação do PMDB, na perspectiva de ter um presidente do seu partido, Michel Temer, e pressionado por amigos e aliados, Lobão votará pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Nesse contexto, Edison Lobão vive uma situação ao mesmo tempo delicada e incômoda. Mas a julgar pelo que está circulando nos bastidores, o senador e ex-ministro tende a votar de acordo com a orientação do PMDB, que é pelo impedimento da presidente.

O senador Roberto Rocha tem a situação mais confortável em relação ao processo de impeachment da presidente Dilma. Em princípio, o senador deve votar pelo impedimento da presidente, de acordo com a orientação do seu partido, o PSB. Por outro lado, Roberto Rocha poderá ouvir um apelo do governador Flávio Dino (PCdoB), que certamente não atenderá, porque ele não tem emitido sinais evidentes de simpatia pela presidente República. Roberto Rocha é um parlamentar jovem, pragmático, que faz uma política de resultados e que dificilmente se deixará encantar por acenos que o levem a tomar uma posição desastrada. Visivelmente empenhado em pavimentar estradas que o levem ao Palácio dos Leões em 2018 ou em 2022, ou à Prefeitura de São Luís em 2020, Rocha está muito à vontade nesse processo, a começar pelo fato de que nada o liga à situação dramática do Governo Dilma, que ele julgará em breve. Daí ser lógico se ele optar pelo impeachment que entronize o vice-presidente na cadeira principal do Palácio do Planalto..

No Senado, que é uma Casa revisora e tem um colégio eleitoral bem menor, é também um campo de batalha onde estratégias podem dar certo ou fracassar redondamente; onde decisões são negociadas, de modo que nenhum senador vai se dobrar tão facilmente a pressões.

 

PONTO& CONTRAPONTO

 

Página triste na História
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Othelino Neto lamenta espetáculo “feio” e decisão pelo impeachment de Dilma na Câmara Federal

“É uma página triste na história da democracia, do parlamento brasileiro. E quando me pronunciei sobre esse assunto aqui, fiz sempre questão de dizer que eu era crítico de alguns aspectos do governo petista, em especial das alianças excessivamente à direita que fez, fortalecendo e deixando valentes os monstros que hoje são os algozes do PT”. Com essas afirmações, o 1º vice-presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB) se manifestou ontem em relação ao desfecho da primeira etapa do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) na Câmara Federal. Destacou o “posicionamento firme” do seu partido, o PCdoB “na luta pela democracia” com a totalidade de sua bancada votando pelo estado democrático de direito. Na sua fala, Othelino não perdeu a oportunidade de ferroar o PT: “Infelizmente, o governo do PT sofre um grave revés por de terem valorizado os aliados errados. Os deputados do PCdoB estavam lá, firmes com a democracia”, completou. Na sequência, o deputado destacou ainda a postura de outros partidos de esquerda, como o PDT, com a grande maioria de sua bancada, o PSOL, deputados da Rede que estavam, na Câmara, protestando contra o impeachment. “Realmente foi um momento muito feio para a história do país, onde vários deputados manifestaram votos pela continuidade do impedimento da presidente da República sem, sequer, citar o fato gerador do processo. Poucos se referiram às pedaladas. Quase todos disseram que estavam cassando por razões, eminentemente, político-ideológicas”, disse.

 

Governador não foi derrotado

O 1º vice-presidente da Assembleia Legislativa foi contundente ao rebater  também críticas feitas ao governador Flávio Dino pela posição tomada contra o processo de impeachment. Quanto às críticas ao governador Flávio Dino (PCdoB) por conta do prosseguimento do processo de impeachment, Othelino enfatizou que ele “não foi derrotado” como tenta passar a oposição. Segundo o deputado, “quem perdeu foi o Brasil, o Estado Democrático de Direito. “O governador foi o político que sempre foi. Teve posição e a manifestou publicamente. Teve a coragem de levantar a sua bandeira e de defendê-la até o final. Muito embora tivesse razões, fosse ele apenas olhar para o que o PT fez com ele nas últimas duas eleições de governador, para até ser solidário. Mas ele não estava falando para a ocasião; estava falando para a história. E mesmo tendo tido os constrangimentos que teve, quando o PT do Maranhão foi obrigado a não estar na coligação dele, teve a postura de defender, acima de tudo, aquilo que ele compreende e de defender a democracia”, concluiu.

 

São Luís, 19 de Abril de 2016.

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