Um dos principais termômetros da política maranhense, a Federação de Municípios do Estado do Maranhão (Famem), que congrega a maioria dos 217 prefeitos, entra, agora efetivamente, no radar dos grupos políticos e partidários, por causa do processo sucessório, que deve ser realizado em Janeiro, com a eleição da nova diretoria. Dois prefeitos – Ivo Rezende (PSB), de São Mateus, e Bruno Silva (PP), de Coelho Neto -, expoentes da novíssima geração de políticos maranhenses, se lançaram candidatos a presidente da entidade, emitindo fortes sintomas de que a disputa será dura e envolverá muito mais do que as aspirações de cada um deles. Outros prefeitos estão de olho no comando da entidade, que deveria tão somente ser porta-voz do municipalismo no Maranhão, mas que foi transformada num braço político poderoso a serviço de quem está no comando, caso do senador Weverton Rocha (PDT), que controla a entidade por meio do seu homem de confiança, Erlânio Xavier (PDT), prefeito de Igarapé do Meio e vice-presidente estadual do PDT.
O prefeito de São Mateus, Ivo Rezende, ainda não tem o apoio formal do seu partido, mas todos os sinais sugerem que ele não entrou nessa disputa somente pela sua vontade de comandar a entidade. Nos bastidores, correm rumores de que o prefeito de São Mateus deve receber o aval do PSB. Por outro lado, o prefeito de Coelho Neto, Bruno Silva, tem como patrono o deputado federal André Fufuca, que comanda o PP no Maranhão e tem peso expressivo na política federal. Tanto Ivo Rezende quanto Bruno Silva são prefeitos engajados e enxergam na Famem um instrumento de ação política que extrapola sua natureza como entidade municipalista.
Isso está acontecendo porque a entidade foi colocada sob o controle do senador Weverton Rocha, que na troca de comando em 2017, estreou seu mandato senatorial movendo céu e terra para eleger Erlânio Xavier presidente da entidade. A eleição do vice-presidente do PDT deu uma imensa massa de poder ao projeto do senador Weverton Rocha de chegar ao Palácio dos Leões, cacife reforçado com a eleição de mais de 40 prefeito em 2020, tornando-o, à vista de muitos, um candidato quase imbatível na disputa pelo Governo do Estado. O seu projeto ficou ainda mais claro em janeiro do ano passado, quando acionou todo o poder de fogo da sua máquina política para reeleger Erlânio Xavier, numa disputa ferrenha contra o prefeito reeleito de Caxias, Fábio Gentil (Republicanos), apoiado pelo então vice-governador e pré-candidato a governador Carlos Brandão.
Mesmo duramente derrotado nas urnas, passando de favorito a terceiro colocado na corrida ao Palácio dos Leões, vencida em turno único pelo governador reeleito Carlos Brandão, o senador Weverton Rocha provavelmente tentará emplacar o sucessor de Erlânio Xavier, que também chega ao final do segundo mandato politicamente emagrecido. Mas são poucos no meio político os que acreditam que ele terá fôlego para bancar uma candidatura com alguma viabilidade. E se perder o comando agora, dificilmente o terá de volta, podendo considerar uma perda quase definitiva.
A entrada dos prefeitos de São Mateus e de Coelho Neto, dois municípios de peso nas regiões onde estão situados, na disputa, tira o protagonismo do senador pedetista e do atual presidente, seu lugar-tenente. A começar pelo fato de que os dois aspirantes à presidência da Famem são alinhados ao Palácio dos Leões, o primeiro tendo como patrono o ex-prefeito Miltinho, e o segundo tem o aval do deputado federal reeleito André Fufuca, aliado do governador Carlos Brandão, e um dos chefes nacionais do PP, e que planeja passos políticos mais arrojados nas próximas eleições.
Outros nomes certamente surgirão nas próximas semanas, principalmente depois do desfecho da eleição presidencial no próximo domingo. Isso quer dizer que a Famem vai continuar com dois eixos, o das ações municipalistas e o do seu uso como máquina de ação política e eleitora do grupo que vier a comandá-la.
PONTO & CONTRAPONTO
Brandão joga aberto sobre montagem do novo Governo e relação com políticos
Numa entrevista que concedeu nesta semana ao jornal Folha de S. Paulo, o governador Carlos Brandão (PSB) mandou dois recados à classe política do Maranhão, incluindo aliados e adversários. No primeiro, avisa como será a participação de partidos aliados no seu próximo Governo. No segundo, diz como será sua relação com os políticos aliados e adversários.
Primeiro: “Os partidos que nos ajudaram a tendência é ocuparem espaço no governo. Qual é a nossa preocupação? É a indicação de um quadro técnico qualificado. O partido que nos ajudou, compôs a nossa base, não tem nenhum problema fazer indicação. Só que tem o crivo da qualificação técnica, o histórico dessa pessoa”.
Segundo: “A gente tem que desarmar o palanque. Eu me conduzi de modo diferente aqui. Nos debates, não parti para a agressão. Acabou a eleição, o palanque está desmontado. Estou aberto aqui no Palácio dos Leões [sede do governo] para receber qualquer deputado. Receber não significa que terá privilégio. É lógico que nossos apoiadores terão uma atenção diferenciada, mas os que não apoiarem não serão discriminados”.
Mais claro, impossível.
Roberto Costa se solidariza com a senadora Eliziane Gama
“Eliziane tornou-se uma figura política nacional exatamente pela sua fidelidade cristã e atuação política permanente em defesa dos direitos humanos e das minorias. Ela conquistou o respeito não somente do Maranhão, mas também do Brasil”.
Foi como o deputado Roberto Costa (MDB) se solidarizou com a senadora Eliziane Gama (Cidadania), diante da agressiva posição da cúpula da Assembleia de Deus no Maranhão, perlo fato de a parlamentar haver declarado apoio ao ex-presidente Lula da Silva (PT) na disputa pela presidência da República.
O líder emedebista foi mais longe ao afirmar que sua solidariedade à senadora Eliziane Gama não se limita ao episódio, mas alcança sua história política ao longo dos mandatos como deputada estadual, deputada federal e senadora. E concluiu: “Tenho certeza de que sua posição está em sintonia com os anseios da nossa população, principalmente da parte mais pobre”.
São Luís, 26 de Outubro de 2022.