Integrantes da lista de Bolsonaro, Roberto Rocha e Yglésio Moises tentam liderar o bolsonarismo no MA

Roberto Rocha e Yglésio Moises são bolsonaristas de proa

Não surpreendeu que dois dos três nomes maranhenses que integram sejam o ex-senador Roberto Rocha (sem partido) e o deputado estadual Yglésio Moises (PRTB). Eles são, de fato, as expressões mais destacadas da multifacetada direita dura no Maranhão, que vai do segmento mais ameno, democrático, passando por um segmento mais conservador, este também capaz de conviver com a democracia formal, baseada na alternância do poder pelo voto direto, e, finalmente, os extratos mais radicais e agressivos da direita golpista, que prefere o País sob uma ditadura, que usa a tortura e a repressão, como pregava há até pouco o agora ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Muito próximos que estejam próximos do bolsonarismo e atuando, cada um a seu modo, na defesa do ex-presidente, apontando-o como “vítima” do Supremo Tribunal Federal, o ex-senador Roberto Rocha e o deputado Yglésio Moises flertam com a direita extremista.

O ex-senador Roberto Rocha cresceu vendo o seu pai, o advogado e depois grande fazendeiro Luiz Rocha fazer uma carreira política vitoriosa brigando pelo voto antes – como vereador de São Luís nos anos 60 -, durante a ditadura – como deputado estadual, deputado federal nos anos 70, e governador do Estado em 1982. E seguiu o exemplo, elegendo-se deputado estadual, deputado federal, vice-prefeito de São Luís em 2012 e senador da República em 2014 pelo PSB, na chapa liderada por Flávio Dino (PCdoB). Trouxe também para política o DNA conservador dos grandes proprietários de terra, que permanecem hoje como a turma do agro, que financia a banda mais nociva da política brasileira. Foi esse traço que o jogou nos braços do então presidente Jair Bolsonaro, fazendo uma migração partidária que passou pelo PSDB e acabou no PTB do tresloucado Roberto Jefferson, o mais agressivo dos golpistas ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, hoje preso. Roberto Rocha jogou todas as suas fichas na sobrevivência do bolsonarismo, mas afundou depois de sofrer suas derrotas amargas, uma quando disputou o Governo com Flávio Dino em 2018 e ficou em quarto lugar, e outra quando tentou se reeleger senador e foi esmagado nas urnas pelo mesmo Flávio Dino em 2022. Sua presença na lista de contatos do ex-presidente Jair Bolsonaro sugere que ele continua sonhando em liderara direita extremada no Maranhão.

O deputado Yglésio Moises tem outra origem política e navega em outra vertente. Nascido no PDT, identificado com a cartilha de esquerda light do líder brizolista Jackson Lago, Yglésio Moises sempre atuou como uma espécie de outsider, prospectando os seus próprios votos, sempre sinalizando total impossibilidade de se subordinar a regras partidárias. Reeleito em 2018, mudou-se para o PSB, onde logo entrou em choque com os controladores do partido, todos ligados ao governador Flávio Dino (PSB). Rompeu com o grupo durante a campanha de 2022, quando decidiu contrariar a orientação do partido de apoiar a candidatura do ex-presidente Lula da Silva (PT) e passou a apoiar a candidatura do presidente Jair Bolsonaro, que tentava a reeleição. Médico por formação e dono de uma inteligência fora da curva, Yglésio Moises se reelegeu com boa votação, tentou sair do PSB pelas vias normais, falou, e foi à Justiça, onde conseguiu e mudou para o PRTB. Desde que assumiu o novo mandato, Yglésio Moises assumiu a condição de bolsonarista roxo, incorporando, aberta e enfaticamente, o discurso bolsonarista de atacar o Supremo Tribunal Federal e satanizar o ministro Alexandre de Moraes, e mais recentemente o ministro Flávio Dino, de quem é inimigo figadal. Foi candidato a prefeito de São Luís e conseguiu trazer Jair Bolsonaro para uma carreata em São Luís. Para ele, o ex-presidente, que se encontra na iminência de ser julgado e que, tudo indica, vai parar na cadeia por um bom tempo por golpismo, é “vítima” da “ditadura do Judiciário”, que ele e a bolha do bolsonarismo enxergam. Sua presença na lista do ex-presidente Jair Bolsonaro é mais que explicada e justificada.

O terceiro nome da lista é apresentado como “Francisco Blog Maranhão”, que a Coluna não conseguiu identificar.

PONTO & CONTRAPONTO

Marreca Filho amplia defesa de Brandão em Brasília, acusando os “atores da oposição” de “perseguição”

Marreca Filho assumiu a defesa
de Carlos Brandão e seu Governo

Cresce o número de defensores do governador Carlos Brandão (ainda no PSB) diante das investidas cada vez mais ácidas da oposição na Assembleia Legislativa. Além do batalhão de deputados governistas que diariamente rebatem os ataques da chamada bancada dinista, a defesa do governador e sua gestão se amplia na Câmara Federal, onde, depois das rebatidas feitas pelo deputado federal Hildo Rocha (MDB), o seu colega Marreca Filho (PRD) foi à tribuna em defesa do governador e do seu Governo.

Em defesa do governador Carlos Brandão, “que tem trinta anos de vida pública sem problemas com Justiça”, Marreca Filho criticou “alguns atores do Maranhão, que estão criando temos e ameaças claras e diretas, com perseguição, tentando criar uma crise jurídica e um clima de muita instabilidade”. E acrescentou avaliando que “essa insegurança jurídica vai prejudicar os investimentos que estão indo para o Maranhão e afetar diretamente o emprego”.

Marreca Filho afirmou que o atual Governo do Maranhão “é de resultados, com obras nos 217 municípios, obras estruturantes”, as quais estão atraindo investimentos, o que lhe dá uma aprovação de 60%. E atacou: “Os atores da oposição não querem o bem para o Maranhão, só querem o poder pelo poder e só pensam em benefício próprio”.

Vale registrar que o deputado Marreca Filho raramente vai à tribuna, o que dá mais peso ao discurso de ontem.

Vice da chapa de Orleans Brandão deve ser mulher

Maura Jorge, Iracema Vale e Roseana Sarney
lembradas para vice de Orleans Brandão

  A definição – ao que tudo indica irreversível – do secretário estadual de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB) como pré-candidato à sucessão do governador Carlos Brandão (ainda no PSB) desencadeou uma onda quase tsunâmica de especulações a respeito de quem será o vice.

A Coluna prospectou ouvindo brandonistas de proa e apurou que não existe nenhum traço de definição, mas que uma decisão importante já teria sido tomada: o candidato a vice na chapa do emedebista deve ser uma mulher. Isso não significa dizer que o vice não possa ser um homem. Mas a ideia dominante é de que seja preferencialmente uma mulher.

Por conta dessa opção, três nomes são os mais ventilados. O primeiro é Maura Jorge (PSDB) a experiente e politicamente ativa prefeita de Lago da Pedra. O segundo nome é a deputada Iracema vale (ainda no PSB), presidente da Assembleia Legislativa, que lidera a corrente brandonista, mas que não se entusiasmaria muito com a ideia. E o terceiro nome mais lembrado é Roseana Sarney, atual deputada federal, que governou o Maranhão por quase 14 anos e que é também lembrada para uma das vagas no Senado.

Essa discussão vai longe, porque vice é sempre uma escolha negociada.  

São Luís, 22 de Agosto de 2025.

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