Ilha continua oposicionista e Braide ganha estatura para tentar Governo em 26 ou em 30

Eduardo Braide, Júlio Matos e Eudes Barros são de
oposição; Fred Campos atua na base governista

Muitos apostaram que as eleições municipais de 2024 resultariam no enquadramento político da Ilha de Upaon Açu, alinhando seus quatro municípios, que reúnem cerca de 1,6 milhão de habitantes, ao campo político que comanda o Governo do Estado. Os que apostaram erraram, porque apenas Paço do Lumiar, o terceiro maior deles, se manteve governista com a eleição do advogado Fred Campos (PSB). Nessa região de domínio oposicionista, encarando candidatos governistas, Eudes Barros (PL) se reelegeu em Raposa, Júlio Matos (Podemos) renovou o mandato em São José de Ribamar e Eduardo Braide (PSD) precisou de apenas um turno para ganhar mais quatro anos no comando de São Luís, a maior e mais importante Prefeitura do Maranhão, tornando-se um dos quadros políticos mais influentes do Maranhão.

Mesmo não fazendo oposição cerrada ao Palácio dos Leões, mas também não abrindo a guarda para o poder de fogo governista, Eudes Barros, Júlio Matos e Eduardo Braide não dão sinais de alinhamento com a aliança governista. O prefeito reeleito de Raposa emite seguidos sinais de que não quer briga, preferindo manter uma relação institucional produtiva com Governo estadual, enxergando a possibilidade de um passo mais largo no futuro. Já o de São José de Ribamar, que parece não ter outras pretensões além de passar mais quatro anos dedicados a atender aos reclames dos seus 180 mil habitantes. O prefeito eleito de Paço do Lumiar reforça a todo momento a sua posição governista, a começar pelo fato de que é gigantesca a tarefa de colocar em ordem uma máquina maltratada e saqueada.

Dos três oposicionistas, o que detém, de fato, cacife político é o prefeito da Capital, Eduardo Braide, cuja reeleição, alcançada em turno único, o catapultou para o epicentro da política estadual, de modo que ele encerra 2024 como nome a ser considerado nas próximas disputas para o Governo do Estado. E ele não esconde que tem um projeto nesse sentido, e mostrou isso quando assumiu de vez a sua condição de militante de direita, já reeleito, desembarcou em Imperatriz para dar suporte à candidata da direita à Prefeitura de lá, numa clara sinalização de que está no jogo, podendo disputar o Governo do Estado em 2026 ou em 2030.

Com o lastro que acumulou como deputado estadual (dois mandatos), deputado federal (meio mandato) e a quatro anos como prefeito da Capital, reeleito para mais quatro logo no 1º turno, Eduardo Braide vem investindo, cada vez mais enfaticamente, na sua imagem de gestor eficiente. Obras como a reorganização do trânsito de São Luís, por exemplo, se tornaram uma espécie de portfólio por meio do qual vai ampliando o seu espaço político, que hoje é considerável. Esses movimentos fizeram com que o prefeito de São Luís fosse incluído na lista de nomes que podem entrar na briga já pela sucessão do governador Carlos Brandão. Ele nada declarou ainda sobre o assunto, mas a julgar pela desenvoltura com que tem comandado a administração da Capital, quase ninguém, no meio político ou fora dele, acredita que ele ficará de fora das eleições de 2026.

No início de dezembro, Eduardo Braide recebeu em seu gabinete, no Palácio de la Ravardière, a surpreendente visita do deputado Othelino Neto (Solidariedade) e da senadora Ana Paula Lobato (PDT), causando rumores e especulações as mais diversas. Tais reações foram reforçadas com a sua presença numa confraternização natalina fechada dos oito deputados que integram o chamado grupo dinista, que eram governistas e hoje estão na oposição. Nos bastidores, já dizem até que se ele for candidato a alguma coisa, o prefeito de São José de Ribamar, Júlio Matos, o apoiará.

O fato é que três dos quatro prefeitos da Ilha de Upaon Açu encerram o exercício reeleitos e, ao que todo indicam, querem mostrar força nas urnas em 2026, tendo o de São Luís como dono do maior cacife.

PONTO & CONTRAPONTO

Paulo Victor deve ser presidente pela terceira vez consecutiva e entrar para a história

Paulo Victor deve ser eleito

Se não acontecer nenhum imprevisto, uma reviravolta qualquer, o vereador Paulo Victor (PSB), após ser empossado para o seu terceiro mandato, será eleito mais uma vez presidente da Câmara Municipal de São Luís na tarde do dia 1º de janeiro de 2025. E se a contagem feita até agora estiver certa, ele será eleito com nada menos que 29 – incluindo o seu próprio – dos 31 votos da nova composição do parlamento ludovicense.

Já convocada via Diário Oficial do Município, a eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal poderá se dar em chapa única, uma vez que só a liderada por Paulo Victor foi registrada. Os dois vereadores que não lhe declararam apoio, Douglas Pinto (PSD) e Flávia Berthier (PL), poderão se inscrever e disputar a presidência isoladamente, o que é improvável no contexto criado com a força avassaladora do atual presidente.

A se confirmar o que está escrito nas estrelas, Paulo Victor entrará para os anais do parlamento de São Luís como um dos poucos que conseguiram isso ao longo da história da secular Casa de Simão Estácio da Silveira. Ele foi eleito presidente em 2021 por aclamação e reeleito em 2023 quase na mesma condição, podendo até mesmo repetir o feito daqui a uma semana, no 1º dia de 2025.

A julgar pela sua capacidade de articulação, Paulo Victor pode vir a ser aclamado, bem como seus parceiros de chapa: 1º vice-presidente: Concita Pinto (PSB), 2º vice-presidente: Beto Castro (PSB), 3º Vice-Presidente: Raimundo Penha (PDT), 1º Secretário: Aldir Junior (PL), 2º Secretário: Thyago Freitas (PRD), 3º secretário: Daniel Oliveira (PSD), 4º Secretária: Clara Gomes (PSD) e 5º Secretário: Cleber Filho (MDB).

Rildo Amaral monta equipe com nomes da esquerda e na extrema-direita

Rildo Amaral com Clayton Noleto e com Ricardo Seidel

O prefeito eleito de Imperatriz, Rildo Amaral (PP), está montando uma equipe sem qualquer preocupação com a sempre delicada questão ideológica.

Político de centro, que parece bem ajustado ao PP, Rildo Amaral convidou para a Secretaria de Governo, que, tudo indica, será o braço coordenador das ações da Prefeitura, Clayton Noleto, que foi o eficiente secretário de Infraestrutura nos sete anos do Governo Flávio Dino. Administrador por formação, Clayton Noleto foi militante do PCdoB e atualmente preside o PSB em Imperatriz.

Na outra ponta da linha, o prefeito Rildo Amaral escolheu para a Secretaria de Segurança Pública o suplente de deputado estadual Ricardo Seidel (PL), que passou uma temporada na Assembleia Legislativa, onde se revelou um político de extrema-direita, bolsonarista de carteirinha. A julgar pelos discursos que fez na condição de deputado temporário, Ricardo Seidel é defensor da tese segundo a qual “bandido bom é bandido morto”.

Se conseguir administrar as diferenças, o prefeito Rildo Amaral poderá fazer uma gestão com força para surpreender meio mundo.

São Luís, 27 de Dezembro de 2024.

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