Flávio Dino caminha para a virada do ano ganhando todas, mesmo sendo alvo de duras e intensas investidas da Oposição

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Flávio Dino: não deu qualquer chance para a Oposição arranhar sua imagem e deu as cartas no parlamento

A Oposição fez um grande esforço para fechar o ano impondo arranhões danosos à imagem do governador Flávio Dino (PCdoB). Usou como tanque de guerra os projetos de lei que aumentaram seletivamente alíquotas do ICMS, transformando o plenário da Assembleia Legislativa num campo onde foram travadas batalhas animadas, com ataques duros ao Governo e ao governador, mas encontrando pela frente uma bem organizada muralha governista, que não fez nenhuma concessão e derrubou todas as tentativas oposicionistas de, pelo menos, modificar aspectos isolados dos projetos originais. A Oposição tentou convencer empresários e contribuintes a formar um grande movimento contrário às mudanças no ICMS em particular e ao Governo em geral, mas seus apelos não ecoaram e tiveram como resposta notas de protesto sem maior repercussão. No contrapeso, o governador Flávio Dino comemorou a garantia de reforço na receita de ICMS em 2017, e rebateu os ataques à sua imagem divulgando uma pesquisa do instituto Exata informando que sua popularidade é de 61%, percentual que nenhum integrante da atual safra de governadores da Federação alcançou até aqui.

No xadrez da política, Oposição e Governo fizeram suas partes. Ao longo do ano, oposicionistas que representam o Grupo Sarney – não existe na Assembleia Legislativa outro segmento de oposição – fizeram de tudo para, pelo menos, criar algum constrangimentos à situação. O núcleo básico contrário ao Governo, formado pelos deputados Adriano Sarney (PV), Edilázio Jr. (PV), Andrea Murad (PMDB), Souza Neto (PROS), Max Barros (PRB), César Pires (PEN) – os deputados Hemetério Weba (PV), Rigo Teles (PV), Nina Melo (PMDB), Antonio Pereira (DEM) e Roberto Costa (PMDB) são de oposição, mas numa linha pragmática – jogou todas as suas fichas na tentativa de criar embaraços à versão maranhense do comunismo. Perdeu todas diante dos contra-ataques governistas. Comandada pelos deputados Levi Pontes (PCdoB), líder do majoritário bloco governista, e Rogério Cafeteira (PSB), líder do Governo, a “maciça” governista impôs todas as orientações do Palácio dos Leões, deixando à minoria oposicionista apenas o direito de espernear.

Na política do Maranhão, ocorreu em 2016 o domínio implacável da maioria governista, como ocorre em qualquer estado ou País sob o império da democracia. O grupo agora na Oposição amarga o reverso de um longo período de hegemonia em que prevaleceu a vontade e a orientação dos seus líderes, notadamente Roseana Sarney, sem fazer qualquer tipo de concessão à Oposição. No jogo, o grupo hoje no poder vive as delicias de comandar, decidir e impor suas orientações, mas com o desafio permanente de convencer a opinião pública de que está fazendo o que julga certo e que o beneficiário dessas ações é o cidadão comum. Nada há de anormal nesse tabuleiro, mesmo ficando no ar a impressão de que não existe o necessário contrapeso – ele só não aparece mais porque sua força é mínima e não abala os pilares do grupo no poder.

O governador Flávio Dino tem todas as razões do mundo para dizer que o Governo está certo e que a Oposição está errada. Numa Federação em que a maioria dos 27 governadores encontra-se situada em seus palácios, imobilizada por falta de recursos, vários com servidores nas ruas cobrando salários atrasados, o mandatário maranhense caminha para fechar o ano com as contas em dia e com um programa de obras em andamento e uma situação fiscal invejável. Fruto de um processo que começou no Governo passado e que foi fortemente aprimorado pelo atual, o equilíbrio fiscal do Maranhão é, se não o melhor, um das cinco melhores do País, principalmente se comparado a gigantes como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, onde o quadro é de crise aguda, dramático.

Não surpreende que no plano doméstico o Governo tenha imposto sua hegemonia e esteja dando as cartas como lhe convém. A chiadeira da Oposição é justa e lícita, embora aqui e ali o grupo oposicionista cometa equívocos numa guerra em que todos os ventos lhe são desfavoráveis. Um exemplo foi a iniciativa de satanizar deputados que votaram a favor do ajuste do ICMS, como se eles estivessem cometendo um crime. No Rio de Janeiro, numa situação infinitamente pior, nenhum jornal estampou nas suas páginas a relação dos deputados que votaram a favor de medidas duras, cruéis mesmo, como se fossem criminosos. E o que é politicamente perigoso: rotular de heróis os que votaram contra. Os sinais do equívoco, nesse caso, não tardaram, e o primeiro deles foi que, passada uma semana da votação, o governador Flávio Dino continua com sua popularidade nas alturas – 61%, segundo o instituto Exata -, os deputados governistas não foram transformados em vilões nem molestados em público e os oposicionistas não foram festejados pelo voto contrário. E a opereta terminou quarta-feira, na Avenida Litorânea, com a realização de um ato contra o aumento seletivo de alíquotas do ICMS: reuniu exatas 14 pessoas.

Por mais que seus adversários queiram mostrar o contrário, dando à sua versão de comunismo uma pintura meio satânica, de viés quase macarthista, o governador Flávio Dino tem, mesmo sujeito a equívocos e derrapagens, tem se mostrado um governante lúcido, honesto, engajado, operante. E o que é mais importante: com os pés bem fincados no chão.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Andrea Murad na festa de Roberto Rocha: deu o que falar
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Roberto Rocha e Andrea Murad: reunião festiva que gerou um fato político no estado

Governistas em geral torceram o nariz e alguns falaram muito mal. Oposicionistas, ao contrário, trataram de jogar querosene na fogueira, dando ao instante uma conotação de virada político. O episódio que causou tantas reações foi a presença da deputada estadual Andrea Murad (PMDB) na festa com que o senador Roberto Rocha (PSB) reuniu aliados, não aliados, amigos e jornalistas para a confraternização natalina. A descontração com que o senador socialista recebeu a deputada pemedebista chamou atenção dos observadores políticos, que lhe deram as mais diferentes interpretações. Uns se limitaram a reforçar o afastamento de Roberto Rocha do governador Flávio Dino (PCdoB), o que já é fato notório. Outros turbinaram a tese segundo a qual Roberto Rocha caminha para uma grande aliança com Grupo Sarney nas eleições de 2018.

Pode ter sido apenas um movimento da deputada Andrea Murad em atendimento a convite de um senador da República que já pertenceu ao Grupo Sarney e hoje tenta criar trilha própria. Pode ser também um passo isolado do ex-deputado Ricardo Murad que, derrotado nas suas bases, começa a se mexer em busca de um rumo. E, finalmente, pode ser a tendência no sentido de uma aliança do senador Roberto Rocha com o Grupo Sarney. Logo, logo se saberá o que significou, de fato, a presença da deputada Andrea Murad na festa de confraternização do senador Roberto Rocha.

Difícil de entender a crise em Viana

Incrível o que acontece em Viana, onde a Justiça, a pedido do Ministério Público, decidiu bloquear 60% de tudo o que cair nas contas da Prefeitura para garantir o pagamento dos servidores vianenses, em atraso há meses, além de outros problemas administrativos que serão deixados de herança para o prefeito que assumirá no dia 1º de janeiro de 2017. Impressiona o fato de que o responsável por tal situação seja o prefeito Chico Gomes (DEM), um político apontado como sério e que não teve sua conduta ética questionada em nenhum momento. Chico Gomes é um servidor público de larga experiência, acumulada sobretudo nos anos e anos que assessorou diretamente Roseana Sarney nos períodos em que ela foi a poderosa assessora especial da Presidência da República no governo do pai, e quando exerceu mandatos de deputada federal, governadora e senadora. Chico Gomes sempre foi uma referência para prefeitos, deputados, líderes diversos. Como deputado estadual, foi reconhecido como um político correto, meio turrão, mas dono de uma conduta respeitável. Não se sabe o que aconteceu com esse homem público no comando da Prefeitura de Viana, uma das cidades mais antigas e veneradas do Maranhão e cujo comando assumiu em 2013 como uma chama de esperança. Sua gestão foi fraca, segundo vianenses decepcionados, tanto que a população lhe negou a renovação do mandato em outubro. A chama se apagou, e o que se vê hoje, às véspera de passar o bastão, é um prefeito em fim de mandato às voltas com sérios problemas de gestão. Difícil de entender.

São Luís, 25 de Janeiro de 2016.

 

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