Ex-ministro Eliseu Padilha diz que PMDB é forte e que Temer está preparado para assumir responsabilidades

 

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Eliseu Padilha, Roberto Costa, João Alberto e Othelino Filho

A viagem do ex-ministro da Aviação, Eliseu Padilha, ontem, a São Luís, para receber a Medalha do Mérito Legislativo Manoel Bequimão – concedida pela Assembleia Legislativa por iniciativa do deputado estadual Roberto Costa, que lidera o PMDB na Casa – foi reveladora de que o partido está mesmo caminhando celeremente para romper com o governo da presidente Dilma Rousseff, apostando que ela será destituída do cargo por impeachment e que o vice-presidente Michel Temer será o novo presidente do Brasil. Loquaz, desenvolto e com enorme habilidade com as palavras, o ex-ministro saiu pela tangente todas as vezes que foi perguntado sobre a crise, mas mesmo assim, soltou alguns sinais de que o PMDB caminha para abraçar o pedido de impeachment da presidente da República. Isso significa que o partido está avançando nessa direção e que as tentativas de se formar uma bancada governista sólida na Câmara Federal, por exemplo, não terá o apoio do PMDB.

Nas suas declarações, o ex-ministro, que é um dos mais próximos aliados do vice-presidente Michel Temer, não pronunciou nenhuma frase de apoio explícito à presidente Dilma Rousseff, explicando apenas que sua saída da equipe de governo teve três motivações: questões administrativas, questões de natureza pessoal e questões partidárias. As tais “questões partidárias” são os esforços que serão feitos para organizar o PMDB para as eleições de 2016 e 2018, e que essa tarefa será assumida pelo ex-ministro. Isso implica também preparar o PMDB para o processo de impeachment, caso ele venha ser admitido pela Comissão Especial e pelo plenário da Câmara Federal. Nas suas habilidosas e cuidadosas declarações, o ex-ministro não fez qualquer referência relacionada com eventual decisão de manter ou não a aliança com o PT, deixando no ar a ideia de que o PMDB fará sua carreira solo, lançando candidatos próprios a prefeito em 2016 e ao Governo do Estado em 2018. Sua manifestação superficial a respeito do processo de impeachment, falou muito mais alto que um mero comunicado formal.

As afirmações e negativas feitas por Eliseu Padilha foram integralmente aprovadas pelo senador João Alberto, que comanda o PMDB no Maranhão, e pelo deputado Roberto Costa, que preside o partido em São Luís. Tanto que na homenagem que lhe prestou na solenidade de entrega do Mérito Legislativo Manoel Bequimão, Roberto Costa fez um discurso recheado de elogios ao homenageado, comparando-o com o revolucionário maranhense Manoel Bequimão. No seu discurso de agradecimento, Eliseu Padilha foi muito cauteloso ao falar da crise política na qual o PMDB é parte importante e decisiva, preferindo falar dos projetos do partido “em busca da utopia”. Mesmo assim, entre uma frase e outra, soltou inúmeras pistas que levam ao projeto de poder do partido, começando por um eventual Governo Michel Temer, resultante da também eventual destituição da presidente da República.

Todos os movimentos de Eliseu Padilha, ontem, em São Luís, sugeriram que além de reunião com a Juventude do PMDB e das homenagens que recebeu na Assembleia Legislativa, ele trouxe aos pemedebistas maranhenses mensagem cifrada de que o partido deve se preparar para o que vem pela frente. O que vem por aí pode ser uma guerra política de larga escala para defender o governo de Dilma Rousseff, e pode ser também a queda da presidente da República, o que significará um governo do PMDB, com Michel Temer no comando com a gigantesca e desafiadora tarefa de tirar o país da crise política e do atoleiro econômico.

O que aconteceu na viagem de Eliseu Padilha a São Luís coincidiu com os desdobramentos da crise em Brasília: a derrubada do líder do PMDB ligado ao Palácio do Planalto e a escolha de um líder mais identificado com a ala dissidente do partido, mais ligada ao presidente da Câmara Federal –  Eduardo Cunha (PMDB-RJ), indicam que a agremiação está dividida e que a unidade só se dará com a queda da presidente Dilma Rousseff.

 

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Ex-ministro minimiza diferenças dentro do PMDB

O ex-ministro Eliseu Padilha fez malabarismo verbal para mostrar que sua saída do governo foi um gesto pessoal, com motivações administrativas e questões partidárias. Ele explicou que saiu em solidariedade ao vice-presidente Michel Temer e que assumirá a vice-presidência da Fundação Ulisses Guimarães, organização que cuida das ações ideológicas, doutrinárias e programáticas do PMDB e responde também pela formação e aperfeiçoamento dos quadros militantes pemedebistas. Ele reconheceu que o PMDB, como todos os demais partidos, tem divergências internas, mas que, ao invés de prejudicar a agremiação, essas diferenças contribuem para fortalecer o processo de debate interno e para consolidar o caráter plural e democrático da maior organização partidária do país. Previu que as divergências que ocorrem dentro da bancada na Câmara Federal desaparecerão quando houver uma definição a respeito do pedido de impeachment. O ex-ministro tem convicção de que o partido se mobilizará para enfrentar seja qual for a decisão em relação à presidente da República.

 

Padilha lança André Campos para prefeito

andre campos-horzUma manifestação do ex-ministro Eliseu Padilha abriu caminho para uma nova queda de braço dentro do partido por causa da corrida à Prefeitura de São Luís. Reunido com líderes e militantes da Juventude do PMDB, Padilha lançou o ex-líder estudantil André Campos para ser o candidato do PMDB à Prefeitura da Capital. Festejado pelos líderes, em especial pelo deputado Roberto Costa, e pela militância jovem, o lançamento de Campos se choca com a pretensão do vereador Fábio Câmara, que se movimenta para ser o candidato do partido confiando que poderá fazer a diferença no embate com o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) e com a deputada federal Eliziane Gama (Rede). Fábio Câmara não compareceu à reunião da Juventude do PMDB nem à homenagem ao ex-ministro Eliseu Padilha na Assembleia Legislativa. André Campos, no entanto, acompanhou o ministro em todo o seu roteiro em São Luís, e disse à Coluna que topa ser o candidato a prefeito, desde que o assunto seja amplamente discutido dentro do partido.

 

São Luís, 09 de Dezembro de 2015.

Um comentário sobre “Ex-ministro Eliseu Padilha diz que PMDB é forte e que Temer está preparado para assumir responsabilidades

  1. Meu caro Ribamar, nós sabemos que a improvável candidatura do correto André Campos não vai levar o PMDB a lugar nenhum. Essa é uma fórmula encontrada por Roberto Costa e João Alberto de apoiar Edivaldo Holanda. Sim, pq sabemos que o André não tem votos nem para eleger-se vereador, e a vontade do Roberto Costa é apoiar o Edivaldo, sonhando com um imaginário apoio de Flávio Dino em Bacabal. Um abraço.

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