Sem o aval dos braços do partido em Alagoas e na Paraíba, cujos caciques apoiam a candidatura do ex-presidente Lula da Silva, a senadora Simone Tebet (MS) teve ontem sua candidatura à presidência da República oficializada pelo MDB e ratificada pelo Cidadania e pelo PSDB, unidos à agremiação emedebista numa federação. Simone Tebet foi confirmada deixando em aberto a vaga de candidato a vice-presidente, situação que tem de ser resolvida até o dia 5 de Agosto, de acordo com o calendário das eleições. Em meio a uma animada discussão a respeito da indefinição sobre vice, o Cidadania sugeriu a senadora maranhense Eliziane Gama para a vaga, que é reivindicada também pelo PSDB, que tem no gatilho o senador cearense Tasso Jereissati, um dos mais destacados líderes do tucanato nacional. Com a decisão partidária, o MDB do Maranhão – cujos chefes maiores (entre eles a ex-governadora Roseana Sarney, presidente do partido), que apoiam a candidatura do ex-presidente Lula da Silva (PT) – fica numa situação confusa.
A decisão do MDB de confirmar a candidatura presidencial, apesar da pressão de caciques pró-Lula da Silva (PT), como o senador alagoano Renan Calheiros, o mais influente chefe emedebista a defender o apoio ao candidato do PT, deu nova dimensão ao projeto eleitoral do MDB. E um dos desdobramentos foi o fato de ter aberto caminho para a possível candidatura da senadora maranhense Eliziane Gama na vaga de vice, colocada, portanto, no mesmo patamar do cearense Tasso Jereissati.
Independentemente do que vier a ser decidido, o simples fato de ter sido citada como provável vice de Simone Tebet deu à senadora Eliziane Gama uma estatura política excepcional, consolidando de vez a imagem que ela vem construindo com o seu desempenho parlamentar – exemplo da CPI da Covid e dos vários projetos de lei que propôs e relatou, além dos embates que ela tem travado com aliados do Palácio do Planalto. Recentemente, foi notícia nacional com a aprovação de projeto da sua autoria fixando base salarial para profissionais da saúde. Eliziane Gama ganhou estatura bem maior do que era esperado pelos que a conhecem e por sua ação política. Além de ser parlamentar atuante, ela vem se consolidando como legisladora produtiva e eficiente, e firmando cada vez mais a sua condição de oposição dura e tenaz ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu governo. Foi dura e implacável durante a CPI da Covid e tem mantido sua metralhadora verbal em relação às dificuldades relacionadas com a pandemia.
A lembrança do seu nome para a vaga de vice, avalizada pelo comando nacional do Cidadania, para ser alçada ao topo da corrida presidencial foi uma demonstração de reconhecimento da sua atuação, o que lhe dá importância bem maior. Apesar de algumas situações controversas, no geral a senadora Eliziane Gama tem sido uma parlamentar de ponta. Isso porque aparece sempre total e corretamente envolvida nas grandes questões que afetam o País, fazendo o papel que lhe cabe nesse contexto de crise atrás de crise, com o risco de quebra da ordem institucional brasileira. Suas posições, seus discursos e seus votos têm sido até agora coerentes, tanto quando se manifesta como senadora pura e simples, quanto quando se posiciona na condição de líder da bancada do Cidadania.
Se vier a ser candidata, ela e seus aliados viverão uma situação delicada no Maranhão. Isso porque ela apoia o projeto de reeleição do governador Carlos Brandão (PSB) e a candidatura senatorial do ex-governador Flávio Dino (PSB), ambos fortemente envolvidos, por escolha pessoal e por força de aliança partidária, com a candidatura do ex-presidente Lula da Silva.
Ontem, durante a convenção emedebista, Eliziane Gama saiu de uma posição discreta e foi elevada ao topo do processo político ao ser lembrada para a vaga de vice da emedebista Simone Tebet. No início da noite, já havia passado de provável candidata à condição remota de improvável. Independentemente do que aconteceu, sendo ela candidata ou não, o fato é que a senadora maranhense foi dormir com estatura política bem maior do que a que tinha quando a convenção do MDB começou, às 14 horas.
PONTO & CONTRAPONTO
PSTU confirma Hertz aos Leões e Saulo ao Senado
O PSTU velho de guerra oficializou, em convenção realizada na noite de terça-feira, a candidatura do professor Hertz Dias a governador, tendo como vice o portuário Jayro Mesquita. Oficializou também a candidatura do servidor federal Saulo Arcangeli à cadeira de senador. Também dos quadros do PSTU do Maranhão saiu a indígena Raquel Tremembé para ser candidata a vice-presidente da República na chapa encabeçada pela professora Vera Lúcia.
Hertz Dias já tem um currículo respeitável no plano das candidaturas. Nas eleições de 2018, ele foi candidato a vice-presidente da República na chapa do PSTU encabeçada pela professora Vera Lúcia, que repete a condição de candidata presidencial neste ano. Nas eleições municiais de 2020, Hertz Dias foi candidato a prefeito de São Luís, tendo como vice o seu atual companheiro de chapa, Jayro Mesquita.
Saulo Arcangeli, por sua vez, iniciou sua trajetória no PSOL, partido pelo qual foi candidato a governador, senador e a prefeito de São Luís. Migrou para o PSTU quando o PSOL foi atingido por um grande “racha”.
Solidariedade oficializa candidatura de Simplício Araújo
O empresário bacabalense Simplício Araújo foi confirmado candidato do Solidariedade ao Governo do Estado. A convenção, realizada na noite de terça-feira no Rio Poty, deixou em aberto a vaga de candidato a vice-governador, que Simplício Araújo buscará dentro ou fora do partido, e também a de senador. Muitos observadores davam como certo que Simplício Araújo, que foi secretário de Indústria, Comércio e Energia do Governo Flávio Dino, abraçasse, formal ou informalmente, a candidatura do ex-governador ao Senado, o que não aconteceu. Pelo calendário eleitoral, o candidato do Solidariedade ao Palácio dos Leões tem uma semana para definir seu companheiro de chapa e o candidato ao seu partido ao Senado.
Em Tempo: ao longo dos últimos meses, a Coluna especulou que a movimentação de Simplício Araújo como pré-candidato a governador seria, na verdade, uma estratégia inteligente de viabilizar candidatura à Câmara Federal, da qual é suplente. Ele chegou a reclamar, classificando de “obsessiva” a avaliação da Coluna e insistindo que se candidataria a Governador. Estava certo. Repórter Tempo errou na avaliação, mas continua tentando encontrar a razão de ser dessa candidatura.
São Luís, 28 de Julho de 2022.