O candidato do PSB à Prefeitura de São Luís, deputado federal Duarte Jr., iniciou ontem sua campanha usando dois ingredientes básicos e eficientes: uma caminhada pelo centro da cidade que pretende governar e uma entrevista à Rádio Mirante News FM, durante a qual disparou duras declarações destinadas a minar o poder de fogo do prefeito Eduardo Braide (PSD), que concorre à reeleição e é favorito segundo as pesquisas, sendo, portanto, o seu alvo preferencial na disputa. Segundo colocado na preferência do eleitorado, conforme todos os levantamentos divulgados até agora, Duarte Jr. deixou claro, nesses primeiros passos da corrida às urnas, que fará uma campanha com dois eixos centrais: apresentar propostas para melhorar a vida da cidade e pregar contra a atual administração.
E como não poderia ser diferente, durante a caminhada, Duarte Jr. reafirmou que seu governo será focado nas soluções dos problemas da cidade. E durante a entrevista, centrou fogo contra o prefeito Eduardo Braide, usando principalmente o episódio do Clio vermelho e sua carga milionária como munição. “O (Eduardo) Braide não tem mais legitimidade moral para ocupar essa função, porque cadeira de prefeito não é lugar para suspeito”, disparou, sinalizando o tom que vai dar ao seu discurso de campanha contra o prefeito de São Luís.
O candidato socialista, que tem o apoio de 11 partidos e o aval declarado do Palácio dos Leões, contando ainda com o apoio do comando nacional do PSB, a cúpula do PT e a simpatia, também declarada, do presidente Lula da Silva (PT), comemorou a decisão da Justiça contrária a um pedido de Eduardo Braide para que ele, Duarte Jr., retirasse das suas redes sociais declarações nas quais o candidato do PSB indaga sobre o envolvimento de familiares do prefeito no episódio do Clio vermelho. “O prefeito quer esconder, e é por isso que ele me processou, para eu não falar mais sobre o assunto, mas nós ganhamos a ação porque nós não inventamos os fatos, os fatos estão aí e ele precisa esclarecer”, declarou o principal adversário do prefeito Eduardo Braide.
Duarte Jr. deflagra sua campanha sabendo exatamente o tamanho do desafio que precisa vencer nas próximas seis semanas. Tem noção precisa de que o Eduardo Braide de agora, prefeito e candidato à reeleição, é muito mais forte do que o adversário de 2020, quando era apenas um deputado federal. Isso sem contar o fato de que, segundo as pesquisas, o prefeito de São Luís é bem avaliado, dado fundamental em qualquer análise. Não será, portanto, uma guerra fácil, ainda que se leve em conta a máxima segundo a qual eleição só se comemora depois dos votos contados e do resultado proclamado.
Duarte Jr. é um político inteligente e já experiente o suficiente para medir e pesar a sua participação numa corrida eleitoral em andamento. Ele confia na sua capacidade de seduzir o eleitorado, principalmente os mais jovens, e já tem vivência para manter de pé o seu discurso de campanha. Além disso, acredita na força eleitoral da aliança partidária que representa e, mais ainda, no apoio do governador Carlos Brandão (PSB) e do vice-governador Felipe Camarão (PT) e dos fluídos emanados de Brasília para embalar sua candidatura.
A julgar pelos movimentos iniciais da sua campanha, Duarte Jr. não pretende ser um figurante nessa corrida à Prefeitura de São Luís. O tom das suas primeiras declarações no período oficial da corrida mostra que ele está disposto a pagar para ver. Isso porque ele parece convencido mesmo de que tem um projeto para São Luís e está determinado a defendê-lo durante a campanha. E tem usado a sua descomunal força de vontade como a base da sua ainda curta, mas já rica, trajetória política.
Em resumo: o candidato do PSB iniciou sua campanha demonstrando que não está impressionado com as informações das pesquisas que mostram o favoritismo do prefeito Eduardo Braide. E vai tentar virar esse jogo.
PONTO & CONTRAPONTO
Afastamento de desembargadores submeteu colegiado do TJ a forte constrangimento
É de constrangimento e expectativa o clima entre os desembargadores maranhenses por causa da decisão do STJ de afastar os desembargadores Guerreiro Jr., Nelma Sarney, Marcelino Weverton e Luiz Gonzaga Filho das suas funções, proibi-los de frequentar o Palácio da Justiça – inclusive o acesso aos seus gabinetes –, manter contato com outros investigados e, principalmente, submetê-los a monitoramento, ou seja, ao uso de tornozeleira eletrônica.
Na sexta-feira, chegou ao Palácio Clóvis Bevilácqua ofício do STJ concedendo cinco dias para que o comando do Tribunal de Justiça – aí incluída a Corregedoria Geral da Justiça – informe sobre o cumprimento das medidas contra os desembargadores sob investigação. E a julgar pelo que disse a nota da direção do TJ, divulgada no final dia em que a Polícia Federal desembarcou nos gabinetes desses magistrados, as medidas serão cumpridas, até nova decisão em contrário.
Entre os desembargadores há uma certeza: nenhum dos quatro colegas deles afastados voltará a atuar no plenário, devendo seguir, direto para a aposentadoria compulsória. O mesmo destino pode estar esperando os dois juízes supostamente envolvidos na operação criminosa quer arrancou milhões de reais do Banco do Nordeste. As vagas serão preenchidas por juízes de quarta entrância até que o TJ providencie os substitutos por meio da promoção de juízes e da indicação da OAB, que agora parece destravada.
Vale lembrar que uma das maracutaias levou apenas 18 minutos para ser forjada e autorizada, com emissão de alvará, para que advogados também envolvidos sacassem alguns milhões ilegalmente turbinados, para serem rateados entre os envolvidos na trama.
Registro
Candidatura de Sílvio Santos a presidente teve Lobão como principal articulador
O comunicador Sílvio Santos tentou ser candidato a presidente da República pelo Partido Municipalista Brasileiro (PMB) em 1989, quando o então governador de Alagoas, Fernando Collor (PRN), e o então deputado federal Lula da Silva (PT), entre outros nomes, se preparavam para disputar a sucessão do então presidente José Sarney (PMDB), na primeira eleição direta para o comando do país após a ditadura. Mas a Justiça Eleitoral rejeitou o registro da sua candidatura por ser ele dono de uma emissora de TV.
A candidatura de Sílvio Santos encantou muitos segmentos da direita liberal, e teve o então senador Edison Lobão (PFL) como um dos principais articuladores. Há quem diga que foi o senador maranhense quem levou a ideia ao dono do SBT. Na época ainda sessentão e no auge do sucesso como apresentador e empresário, Sílvio Santos aceitou o convite, fazendo de Edison Lobão o seu principal aliado e conselheiro, mas que por ser de outro partido preferiu não aparecer muito.
Sílvio Santos e Edison Lobão já eram amigos naquela época, havendo quem afirme que o projeto da candidatura do apresentador ao Palácio do Planalto foi do próprio senador maranhense. Edison Lobão sabia que, mesmo pouco afeito à política, simpatizava com a ideia da candidatura.
O projeto não deu certo, mas a amizade entre os dois continuou, tanto que quando Edison Lobão foi candidato a governador em 1990, Sílvio Santos vez por outra elogiava o amigo nos seus animados programas domingueiros.
São Luís, 18 de Agosto de 2024.