O governador Flávio Dino (PCdoB) caminha para sair das eleições municipais com o domínio político total sobre a Ilha de Upaon Açu, que abriga três das 10 maiores cidades do Maranhão e abriga cerca de 1,4 milhão de habitantes. Candidatos a ele ligados estão consolidados na pré-campanha e devem vencer as eleições em São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa. A situação é tão favorável ao governador que em dois dos três municípios os dois candidatos mais viáveis estão aliados ao seu grupo, e até aqui não apareceu nenhuma evidência de que essa realidade pode sofrer mudança até a campanha. A história recente das eleições mostra que os prefeitos desses municípios nem sempre estiveram alinhados ao Palácio dos Leões, o que faz com que o atual chefe do Executivo estadual a quebre mais um paradigma.
Mesmo sem estar definida e prenunciando avanços, recuos, voltas e reviravoltas, o desfecho da disputa pela Prefeitura de São Luís dificilmente fugirá ao raio de influência do governador Flavio Dino. Até aqui o candidato mais consistente e fortíssimo candidato à reeleição, o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) é aliado de primeira linha do governador, não havendo a menor possibilidade de sair dessa linha de ação política. O mesmo acontece com a deputada Eliziane Gama (PPS), que participou ativamente da campanha de Flávio Dino ao Governo e, mesmo atuando num campo político-partidário radicalmente diferente, mantém com ele forte vínculo político, declarando-se integrante da sua base de apoio. E o deputado Wellington do Curso (PP), mesmo distanciado do Palácio dos Leões, declara-se com frequência integrante da base de apoio do governador.
Além dos três membros do pelotão da frente, outros candidatos integram o lastro de sustentação política do governador Flávio Dino. O deputado estadual Bira do Pindaré – que ainda não tem a candidatura definida pelo PSB -, faz parte do núcleo político que cerca o chefe do Executivo. E por sua vez, o deputado Eduardo Braide (PMN) é membro destacado do staf que dá suporte ao Governo na Assembleia Legislativa.
No caso de São José de Ribamar, o governador não terá um candidato que seja a ele política e partidariamente ligado, e vai apoiar a candidatura do ex-prefeito Luiz Fernando Silva (PSDB). O ex-pré-candidato ao Governo do Estado, que foi homem de proa nos Governos de Roseana Sarney, aproximou-se do governador ao deixar as fileiras do PMDB para se filiar ao PSDB no início de 2015. Essa relação deverá ser consolidada a se confirmar o desenho que prevê a volta do ex-prefeito ao comando do município. Ali, a menos que ocorra um fenômeno absolutamente imprevisível, Luiz Fernando Silva deve sair das urnas com mandato assegurado.
A situação de Paço do Lumiar também caminha para um resultado eleitoral que será comemorado pelo Palácio dos Leões. Ali, o prefeito Josemar Sobreiro (PSDB) brigará pela reeleição disputando com o ex-deputado federal Domingos Dutra, que deixou o PT e se filiou ao PCdoB, partido do governador e que tem o apoio do Governo como um todo. Só que Sobreiro e Dutra podem enfrentar a candidatura do ex-prefeito Gilberto Aroso (PMDB), caso seja ele autorizado perla Justiça Eleitoral a entrar na briga pelo voto. Em Paço do Lumiar, Flávio Dino só perde o controle se Aroso voltar ao poder.
O governador deve consolidar a presença do PCdoB em Raposa, onde a candidata do partido, Talita Laci, parece caminhar firme para sair vencedora nas urnas contra Ociléia Paraíba (PRB) e Eudes Barros (PR) segundo informam pesquisas de opinião publicadas recentemente. A eleição de Talita Laci foi transformada em prioridade pelo PCdoB, que vem trabalhando fortemente na sua promoção política.
Em resumo: a eleição de Edivaldo Jr. é prioridade, mas se der Eliziane Gama, Wellington do Curso, Bira do Pindaré ou Eduardo Braide em São Luís; Luiz Fernando Silva em São José de Ribamar, Domingos Dutra ou Josemar Sobreiro e, finalmente, Talita Laci em Raposa, o governo vai comemorar com rojões que deve estar estocando para disparar em outubro.
PONTO & CONTRAPONTO
Eleições na Ilha não dará qualquer naco de poder a Roseana
Enquanto o governador Flávio Dino se movimenta na expectativa de consolidar o controle político da Ilha emplacando aliados no coando dos quatro municípios, entre eles três dos 10 mais importantes, a começar por São Luís, a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), que representa o que restou do Grupo Sarney, não vislumbra qualquer possibilidade de candidatos seus lograrem erros nas urnas da Capital, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa. Em São Luís, o vereador Fábio Câmara (PMDB), que diz ter o apoio dela, não parece ter qualquer chance de sair do atoleiro que mantém com apenas 3%. Em São José de Ribamar, o seu ex-aliado e ex-homem-forte do seu Governo, não significará força político para ela. Em Paço do Lumiar, sua única chance de voltar ater poder de fogo seria a eleição do ex-prefeito pemedebista Gilberto Aroso, que parece muito remota, já que ali tudo indica que a grande disputa será entre o prefeito Josemar Sobreiro e o ex-deputado Domingos Dutra. E em Raposa, tudo indica que Roseana perderá os vínculos políticos com o município por meio de Ociléia Paraíba (PRB) ou por Eudes Barros (PR).
Citação na Lava Jato não abalou posição de Sarney Filho
O ministro Sarney Filho (Meio Ambiente) parece ter dado a volta por cima à inclusão do seu numa em suposta operação em que ele teria sido beneficiado com a injeção de R$ 1,5 milhão saídos das entranhas de corrupção na Transpetro por ação do então presidente e agora delator Sérgio Machado, que também chamou de “monstro moral”. A reação dura do ministro e a inconsistência – ao menos neste caso -, da delação de Machado parecem ter colocado uma pausa no caso. A inclusão do seu nome no rol dos beneficiados com dinheiro sujo captado por Sérgio Machado repercutiu até dentro do PV. Mas Sarney Filho tem cacife gordo dentro do partido e ganhou ali o benefício da dúvida e uma forte presunção de inocência, o que lhe permitiu se manter firme no comando da pasta. E a mesmo que o caldo seja engrossado e acabe derramando, o parlamentar vai continuar à frente da pasta com o prestígio de bom quadro.