Muitos sinais indicam que a disputa pela Prefeitura de Colinas, terra-natal e berço político das famílias do governador Carlos Brandão (PSB) e do deputado federal Márcio Jerry (PCdoB), poderá se transformar no pomo de uma discórdia política capaz de dar forma definitiva ao que muita gente já enxerga como sendo o rompimento entre o grupo ligado ao ex-governador Flávio Dino, hoje ministro do Supremo Tribunal Federal, portanto técnica e institucionalmente fora da política partidária. Essa tendência foi confirmada ontem pelo deputado federal Márcio Jerry, que em entrevista à TV Mirante, admitiu a crise em Colinas, confirmou a candidatura do seu irmão, o atual vice-prefeito José Haroldo (PCdoB), descartando a via de conciliação e admitindo o confronto político com o grupo Brandão, que lançou o presidente da Câmara Municipal, vereador Renato Santos (MDB), como candidato.
Márcio Jerry alega que em nome da união estadual, abriu mão da candidatura de José Haroldo em 2016 e em 2020, e afirma a existência de um acordo pelo qual agora seria a vez do candidato do seu grupo. “Ele foi vice-prefeito duas vezes e agora seria o candidato natural dos dois grupos”, argumenta. Vozes do grupo Brandão não confirmam o tal acordo e argumentam nas atuais circunstâncias não dá para não lançar um candidato em Colinas. Ou seja, se não houver um novo entendimento – e tudo nesse momento leva a crer que não haverá -, os dois grupos, que já têm seus candidatos, irão mesmo para o confronto, tornando Colinas o epicentro das eleições municipais de outubro.
Além do embate direto entre os dois grupos, a corrida sucessória em Colinas tende a arrastar outros partidos para o confronto. É o caso do PT e do PV, que é parte importante da aliança estadual agora tencionada. Isso porque, ao lançar José Haroldo pelo PCdoB, o grupo do deputado Márcio Jerry leva para o embate a Federação Brasil Esperança, que é formada por PCdoB, PT e o PV. Isso significa o envolvimento, ainda que indireto, do vice-governador Felipe Camarão (PT), hoje o quadro mais destacado da agremiação petista no estado, e do ex-deputado Adriano Sarney, que chefia o PV no Maranhão e faz parte do Governo Brandão.
Por sua vez, ao manter a candidatura do vereador Renato Santos, o grupo Brandão poderá atrair aliados, como o União Brasil, por exemplo, fortalecendo a base de apoio ao candidato. Mas também poderá motivar partidos adversários, como o PDT, a fortalecer o candidato do PCdoB.
Há situações complicadas em outros municípios, como Imperatriz, onde a base governista está dividida. Ali, o candidato mais viável até agora é o deputado estadual Rildo Amaral, do PP, liderado no Maranhão pelo ministro André Fufuca (Esporte), enquanto a Federação Brasil Esperança (PCdoB, PT, PV) decidiu apoiar a candidatura do ex-deputado Marco Aurélio, que era do PCdoB, migrou para o PSB e retornou ao PCdoB. O PSB ainda não se posicionou na metrópole Tocantina, mas tudo indica que poderá apoiar o candidato do PP. Em Timon a base rachou, com o PT declarando apoio à prefeita Dinair Veloso (PDT), na contramão do PSB, que tem o deputado estadual Rafael Brito como candidato apoiado pelo Palácio dos Leões. Outros municípios vivem situações parecidas, como Barreirinhas, onde está em curto um confronto direto entre o PSB, que tem Vinícius Vale como candidato, e o PCdoB, partido do prefeito Amilcar Rocha, que tenta a reeleição.
Nenhum dos casos lembrados tem o peso e a simbologia da disputa que está sendo desenhada em Colinas, exatamente pelo fato de que se trata de um confronto direto entre dois aliados que parecem estar redefinindo as suas posições, podendo mudar, em parte ou totalmente, a realidade política vivida nesse momento pelo Maranhão.
Em Tempo: Vale registrar que até agora o governador Carlos Brandão (PSB) não se posicionou publicamente sobre a sucessão em Colinas.
PONTO & CONTRAPONTO
CPI que investiga contratos da Prefeitura de SL faz hoje sua segunda reunião
Sob o impacto das declarações do prefeito Eduardo Braide (PSD), feitas na Chácara Itapiracó, quando, num entrevero com o vereador Ribeiro Neto (PSB), acusou-a de ser uma armação contra ele, a CPI da Câmara Municipal que investiga suspeitas de irregularidade em contratos para obras emergenciais firmados pela Prefeitura de São Luís realiza hoje a sua segunda reunião.
A CPI ganhou força com o requerimento em que o presidente da Casa, vereador Paulo Victor (PSB), além de sair em defesa do vereador Ribeiro Neto, apresentou requerimento de teor explosivo: o pedido de convocação do empresário Antônio Calixto (Construmaster), que afirma ter em mãos provas de irregularidades em contratos com as Prefeitura.
Na justificativa do requerimento, o presidente Paulo Victor relata que, ainda em 2023, foi procurado pelo empresário, que teria lhe relatado irregularidades em contratos da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semosp). Segundo o presidente, o empresário afirma ter vídeos que comprovariam tais irregularidades contratuais.
Pelo que está sendo rascunhado, as reuniões da CPI serão animadas.
Roberto Costa lidera pesquisas, mas ainda não disse se será candidato em Bacabal
Provavelmente não existe em Bacabal alguém que não saiba que o deputado Roberto Costa (MDB) é o nome mais forte entre os que estão sendo ventilados para disputar a Prefeitura de Bacabal. Essa informação campeia dentro e fora do meio político, das emissoras de rádio, televisão, jornais, portais de notícia e blogosfera.
Roberto Costa não só é apontado como candidato, como também é visto como o líder absoluto de intenções de voto nas poucas pesquisas feitas sobre as intenções de voto na sucessão do prefeito Edvan Brandão (PSB), alcançando percentuais que nenhum pré-candidato alcançou até em pesquisas conhecidas.
Mas falta nesse desenho um dado fundamental: o deputado Roberto Costa até agora não declarou se será ou não candidato. Não há registrou de qualquer declaração sua nesse sentido. Ele vai constantemente a Bacabal, trabalha com as suas bases, visita bairros e participa de eventos na cidade. Por onde passa é tratado como candidato, mas continua em silêncio em relação à sua candidatura.
O mesmo silêncio ele vem mantendo quando alguém lhe pergunta se não será candidato.
São Luís, 02 de Julho de 2024.