A concessão do título de Patrimônio Natural Mundial ao Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, pela Unesco, na semana passada, em Nova Deli, Índia, vai mudar expressivamente o status de Barreirinhas, o principal portal de entrada para a maior joia natural do Maranhão. E esse deve passar a ser o tema central da corrida eleitoral na qual estão envolvidos o prefeito Amílcar Rocha (PCdoB), o engenheiro Vinícius Vale (MDB) e o ex-prefeito Léo Costa (Podemos). Se os problemas de Barreirinhas no campo da infraestrutura urbana e segurança já estavam na pauta dos candidatos, eles terão de rever os seus projetos de gestão, a começar pelo fato de que o título certamente aumentará fluxo de turistas dos cinco continentes e, com isso, o aumento das preocupações do dirigente municipal.
O cenário em Barrerinhas – hoje com 63 mil habitantes, mas recebendo milhares de visitantes a cada ano – é de muitos desafios em relação ao futuro da gestão municipal, e deve se ajustar à nova realidade. Ali, o engenheiro Vinícius Vale, um político da novíssima geração, lidera a corrida à Prefeitura com boa margem de vantagem. O seu concorrente mais próximo é o sociólogo Léo Costa, que já foi prefeito duas vezes, mas já encarando a decadência. E, por fim, o prefeito Amílcar Rocha, que vem perdendo progressivamente as condições de continuar no comando da cidade.
Pesquisa do instituto Prever, realizada no início deste mês e divulgada na semana passada, confirmou a tendência desenhada em levantamentos anteriores mostrando que a população parece antenada com a realidade e inclinada a apostar no novo. De acordo com os números da pesquisa, se a eleição fosse agora, o engenheiro Vinícius Vale (MDB) seria eleito com 42% dos votos válidos, enquanto o ex-prefeito Léo Costa (Podemos) teria 24,90% e o atual prefeito Amílcar Rocha (PCdoB) sairia das urnas na terceira posição com apenas 14,90%, enquanto Totonho Corrêa (?) teria apenas 0,20% dos votos. Além disso, 16,20% formaram o time dos indecisos e revoltados.
Alguns observadores da cena política de Barreirinhas divulgaram, há alguns dias, que Léo Costa e Amílcar Rocha estariam avaliando unir forças para brecar o favoritismo de Vinícius. A pesquisa Prever, porém, trouxe um recado para os dois: se eles se juntarem, correm o risco de tombar, uma vez que a soma de intenções de votos dos dois encontrada no levantamento não cobre a vantagem do candidato favorito. Logo, a união do prefeito com o ex-prefeito pode não ser uma boa estratégia, independentemente de quem venha a ser cabeça da chapa.
Além da sintonia com o eleitorado, o engenheiro Vinícius Vale está também sintonizado com o governador Carlos Brandão que é o grande responsável pela conquista do título aos Lençóis Maranhenses e que apoia a sua candidatura, e também a deputada Iracema Vale, presidente da Assembleia Legislativa, que é sua mãe e principal mentora política. Em resumo, o candidato do MDB tem forte base política e vem mostrando fôlego eleitoral. Isso não significa que a fatura esteja liquidada. Nada disso, com seus problemas, o ex-prefeito Léo Costa e o atual prefeito Amílcar Rocha estão vivos na corrida, que ainda vai durar mais de dois meses, com a certeza de que a campanha será dura.
O fato é que, além dos projetos e propostas que apresentarão durante a campanha, os candidatos a prefeito de Barreirinhas têm agora de mostrar que sabem com precisão o significado do novo status mundial do Parque Nacional dos Lençóis e estão desafiados a dizer como vão tratar essa nova realidade na qual Barreirinhas tem papel-chave como o grande portal de entrada para a região.
Em Tempo: Contratada pelo portal Imigrante, a pesquisa Prever ouviu 450 eleitores nos dias 2 a 4 de julho, tem margem de erro de quatro pontos percentuais para mais ou para menos, tem intervalo de confiança de 95% e está registrada na Justiça Eleitoral sob o protocolo MA-03638/2024.
PONTO & CONTRAPONTO
Chefe maior do PSD nacional, Kassab visita São Luís e Imperatriz, onde o partido pode vencer
A visita do presidente nacional do PSD, deputado federal Gilberto Kassab (SP), ao Maranhão, mais especificamente a São Luís e Imperatriz, confirma o que a Coluna vem afirmando há tempo: o comando nacional do PSD incluiu a disputa pelas prefeituras da Capital do Maranhão, que tem o prefeito Eduardo Braide, candidato do partido, como favorito, e da Princesa do Tocantins, com o deputado federal Josivaldo JP como representante do PSD, na sua lista de prioridades.
Gilberto Kassab não poupa elogios ao prefeito Eduardo Braide, que considera hoje uma das referências do partido em matéria de administração municipal. Na visita que fez ao prefeito de São Luís, ontem, Gilberto Kassab confirmou o prestígio da gestão de São Luís dentro da agremiação.
Em relação a Josivaldo JP, o comando do PSD torce para que ele seja eleito prefeito de Imperatriz, embora a situação seja bem mais complicada. A disputa ali mudou radicalmente com a entrada de Imperatriz no grupo das cidades com mais de 200 mil eleitores, o que assegura eleição em dois turnos, caso nenhum dos candidatos alcance 50% mais um voto. É quase certo que Josivaldo JP irá para o segundo turno com o deputado estadual Rildo Amaral. Isso significa dizer que a eleição será definida com as alianças que cada candidato conseguir fazer.
Ciceroneado pelo presidente estadual do partido, ex-deputado federal Edilázio Jr., Gilberto Kassab deixou o Maranhão apostando que o PSD comandará a Capital e a segunda maior cidade do Maranhão.
Associado à gestão de Assis Ramos, Zé Antônio deixa a disputa em Imperatriz
A desistência de Zé Antônio (PDT) de disputar a prefeitura de Imperatriz, formalizada com a retirada da sua candidatura dá bem a medida do desgaste do prefeito Assis Ramos, que para muitos era o padrinho daquela candidatura, uma vez que o agora ex-candidato era secretário de Educação da atual gestão da antiga Vila do Frei.
Quando Zé Antônio deixou a Secretaria de Educação de Imperatriz para se candidatar a prefeito, a inciativa foi imediatamente associada ao prefeito Assis Ramos. Ele recebeu o apoio do líder maior do PDT, senador Weverton Rocha, mas isso não impediu que sua imagem fosse associada à gestão do prefeito Assis Ramos, comprometendo o seu projeto de candidatura.
O prefeito de Imperatriz é considerado hoje o chefe de gestão mais desgastado no contexto estadual. Daí o fato de que ele foi politicamente isolado, tanto que não teve qualquer condição de ensaiar uma candidatura à sucessão. O movimento de Zé Antônio pareceu inicialmente uma reação do prefeito, mas logo ficou claro que ele nada teve a ver com a decisão do seu secretário de Educação de pedir demissão e se lançar candidato.
Mesmo assim, o reflexo da gestão de Assis Ramos bateu forte no projeto de candidatura de Zé Antônio, que sentiu a barra e saiu do páreo.
São Luís, 29 de Julho de 2024.