Dino dobra caciques do Congresso e encerra 2024 como personalidade destacada na República

Flávio Dino chega ao final de 2024 como
personalidade destacada na República

Em setembro de 2022, durante a campanha eleitoral, o então candidato a presidente da República, Lula da Silva (PT), fez escala em São Luís, e num grande comício na Praça Pedro II, em frente ao Palácio dos Leões, ao lado do governador Carlos Brandão (PSB), candidato à reeleição, e do ex-governador Flávio Dino (PSB), candidato a senador, foi ovacionado por milhares de seguidores e simpatizantes, e no seu discurso, disse que, se voltasse ao Palácio do Planalto, Flávio Dino seria seu ministro. Começava ali uma das trajetórias mais destacadas de um político no Brasil pós-ditadura.  Os três foram vitoriosos nas urnas: Carlos Brandão deu início ao seu próprio Governo e Flávio Dino assumiu o mandato de senador e foi convocado pelo presidente Lula da Silva para ser ministro da Justiça e Segurança Pública.

Os desdobramentos desse roteiro de vida real surpreenderam os maranhenses e os brasileiros em geral por conta do desempenho do senador maranhense à frente de uma das pastas mais nobres, desafiadoras e complexas do ministério, que cuida de direitos e deveres dos brasileiros, segurança interna, direitos do consumidor, administrando várias instituições, sendo a Polícia Federal a mais importante.

Antes de assumir o Ministério da Justiça, ainda nos estertores do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), quando as manifestações golpistas estavam se sucedendo em Brasília, Flávio Dino teve papel decisivo no desmonte das manobras da turma bolsonarista com o intuito de desestabilizar o País e impedir a posse do presidente Lula da Silva. Esse processo culminou uma semana depois da posse, com a invasão das sedes dos três Poderes, que seria a senha para o golpe, que só não aconteceu por dois motivos: os comandantes das Forças Armadas refugaram e, sob o comando do ministro Flávio Dino, o Governo reagiu, decretou intervenção em Brasília e sufocou a manobra no que entrou para a História como o 8 de Janeiro.

Em novembro de 2023, Flávio Dino foi indicado para o Supremo Tribunal Federal, tendo sido aprovado pelo Senado ainda naquele ano. Em fevereiro deste ano, Flávio Dino renunciou ao mandato de senador e foi nomeado ministro da Corte Suprema, iniciando ali um novo momento da trajetória que vem surpreendendo até mesmo os que já o conheciam. Em apenas dez meses, o novo ministro do STF, lastreado pela experiência de 12 anos como juiz federal e professor universitário, um mandato de deputado federal e dois mandatos como governador do Maranhão, Flávio Dino assumiu um protagonismo que nenhum outro quadro da sua geração, magistrado ou político, alcançou.

Nos seus cerca de 300 dias na condição de ministro da Corte Suprema, Flávio Dino conseguiu, em parte, conter as investidas da extrema-direita de fragilizar aquela instituição, por meio de pressões, ameaça e, em alguns casos, desrespeitando decisões. O ponto culminante dessa reviravolta aconteceu ainda em outubro, quando ele deu o primeiro passo para desmontar no Congresso Nacional o maior esquema de corrupção na área pública do País: o orçamento secreto e todo o esquema de emendas usado por deputados e senadores sem regras respeitáveis, o que permitiu o desvio de bilhões e bilhões de reais ao longo das últimas décadas. A decisão do ministro de bloquear o pagamento de emendas pelo velho sistema camuflado, sem qualquer rastreabilidade, até a adoção de regras claras e transparentes, de modo a tornar rastreável o uso desses recursos públicos, obrigou o Congresso a extinguir o orçamento secreto e a aprovar regras mais transparentes, assegurando que emendas agora tenham autor, destino e projeto, para que o dinheiro seja aplicado devidamente, sem risco de ser desviado.

Nas três últimas semanas, o Brasil assistiu, com atenção máxima, a queda de braço entre o ministro Flávio Dino e os coronéis do Congresso Nacional, capitaneados pelo deputado-presidente Arthur Lira (PP-AL), que tentaram burlar as regras para liberar R$ 4,2 bilhões de afogadilho ainda neste ano. O ministro apontou irregularidades no processo e manteve o bloqueio, dando 24 horas para que a Câmara Federal se explicasse. A resposta do parlamento chegou às suas mãos no final da tarde de sexta-feira, e até ontem ele estava examinando o quadro, deixando bem claro que, caso haja alguma irregularidade, o bloqueio dos R$ 4,2 bi será mantido, doe em quem doer.

O ministro Flávio Dino fecha 2024 como uma das personalidades mais destacadas da República.

PONTO & CONTRAPONTO

Fora dos cargos, Fábio Gentil e Hilton Gonçalo continuarão politicamente fortes

Fábio Gentil e Hilton Gonçalo: sem mandato,
mas no jogo politicamente fortes

Dois prefeitos se tornarão ex-prefeitos à meia-noite desta terça-feira (31/12) reconhecidos pelas suas gestões e por sua força política e iniciarão uma caminhada que deverá terminar nas urnas de 2026, muito provavelmente bem-sucedidos.

São eles: Fábio Gentil (PP), que comandou Caxias pelos últimos oito anos e deixa um sobrinho, Gentil Neto (PP) como sucessor, e Hilton Gonçalo (Mobiliza), que encerrará seu quarto mandato à frente de Santa Rita, e deixa no comando da cidade um sobrinho.

Fábio Gentil é um dos políticos cinquentões com maior influência na região onde atua, comandando uma força política que reúne o seu sucessor Gentil Neto, a deputada federal Amanda Gentil (PP), sua filha, e a deputada estadual Daniella Gidão (PSB), sua mulher e parceira política. Nas rodas de conversa sobre política, Fábio Gentil é visto como dono de cacife para ser deputado estadual, deputado federal, suplente de senador e até mês o vice-governador. Ele próprio ainda não disse o que fará depois de deixar a Prefeitura da Princesa do Sertão.

Com poder de fogo que levou o sobrinho Milton Gonçalo (Mobiliza) a ser seu sucessor, Hilton Gonçalo é reconhecido como um político competente, o que explica o tamanho da sua influência na região polarizada por Santa Rita. Começa com o fato de que já é um político experiente, que sai do poder junto com a mulher, Daniella Gonçalo, prefeita de Bacabeira, que também elegeu uma sobrinha, Naila Gonçalo (Mobiliza), para sucedê-la. Não muito afeito a mandatos legislativos, Hilton Gonçalo não esconde de ninguém que seu projeto de poder é chegar ao Palácio dos Leões.

É muito provável que os dois sejam personagens muito comentadas no meio político nos próximos meses.

Josimar de Maranhãozinho fechou 2024 derrotando ninguém menos que Jair Bolsonaro

Josimar de Maranhãozinho levou a melhor
na peleja contra Jair Bolsonaro

O deputado federal Josimar de Maranhãozinho encerra 2024 como vencedor de uma das guerras mais complicadas da sua carreira: a queda de braço com o ex-presidente Jair Bolsonaro pelo controle do PL no Maranhão.

O ex-presidente da República e candidato fracassado a ditador dedicou boa parte da sua agenda pós-eleição a ações que tinham como alvo o cacife político de Josimar de Maranhãozinho e sua mulher, a deputada federal Detinha, e também atingindo de raspão os deputados federais Pastor Gil e Júnior Lourenço.

Jair Bolsonaro esbravejou, xingou e fez acusações graves ao líder e seus seguidores, mas não conseguiu um levante dentro do partido que embalasse seu projeto de expulsar o grupo, que não se abalou com as investidas e, para indignação do ex-presidente, permanece firme e forte.

A derrota de Jair Bolsonaro foi consumada quando o presidente do PL, Waldemar Costa Neto, esteve em São Luís no início deste mês e numa coletiva de imprensa foi taxativo: o PL do Maranhão permanece com Josimar de Maranhãozinho, e fim de conversa.

Com a martelada de Waldemar Costa Neto encerrando o assunto, Jair Bolsonaro teve de abandonar o projeto de entregar o PL maranhense a um aliado dele no estado, que por prudência ele não chegou a identificar.

E para que a derrota não fosse completa e humilhante, Waldemar Costa Neto convenceu Josimar de Maranhãozinho a concordar em entregar o PL Mulher, que era comandado por Detinha, à vereadora eleita em São Luís Flávia Berthier, que nada sabe sobre a política maranhense além do Tirirical.

São Luís, 29 de Dezembro de 2024.

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