O governador Flávio Dino deu ontem o passo decisivo para a sua guinada no plano partidário ao formalizar o pedido de desfiliação do PCdoB, mesmo sem anunciar a legenda pela qual irá às urnas como candidato ao Senado nas eleições do ano que vem. Com o pedido, o governador está livre para buscar um partido mais adequado ao seu perfil ideológico e ao seu projeto político, evitando assim o desgaste de ter de fazer esforços redobrados para manter de pé uma agremiação sem futuro. Seu destino será o PSB. Nos 15 anos em que militou nas fileiras do PCdoB, Flávio Dino se tornou o seu quadro mais importante, a começar pelo fato de que foi o primeiro governador do partido em toda a sua história, transformando o Maranhão na sua base mais importante, com deputados federais, deputados estaduais, prefeitos e vereadores. Fez, em vão, um esforço gigantesco para modernizar a agremiação. Estava, portanto, escrito nas estrelas, que sua saída do PCdoB era apenas questão de tempo.
Foi um casamento bem-sucedido, apesar das diferenças. Nesse período, Flávio Dino se desdobrou para alcançar dois objetivos. O primeiro foi dar ao PCdoB a condição de maior força partidária do Maranhão, o que conseguiu em 2014, com a sua eleição, posição reforçada nas eleições municipais de 2016, quando a legenda saiu das urnas com mais de 40 prefeitos. Nesse período, o governador trabalhou com afinco para modernizar o PCdoB, de modo a inseri-lo no tabuleiro partidário nacional como um uma legenda reciclada e adaptada à nova realidade política do Brasil e do planeta. Defendeu uma revisão doutrinária, sem abrir mão do viés esquerdista, ajustando o partido a uma identidade de centro-esquerda. E há quem diga que tentou, também em vão, rebatizá-lo e trocar seus símbolos – a foice e o martelo –, que nada identificam ou representam na atualidade.
Um dos políticos mais preparados e atuantes da sua geração, Flávio Dino ganhou projeção nacional, primeiro por realizar um governo diferenciado, com a execução de programas arrojados nos campos da saúde, educação, segurança e desenvolvimento social, e depois pela sua atuação política em defesa da democracia e contra os ensaios golpistas e antidemocráticos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e sua turma. Preocupado com a pulverização das forças democráticas em várias candidaturas, vem pregando a construção de uma ampla aliança multipartidária, reunindo segmentos de centro-direita, centro e centro-esquerda como a fórmula mais sensata e segura de enfrentar as forças da direita radical alinhadas ao presidente da República.
O governador do Maranhão foi convidado para ingressar em vários partidos, mas há tempos que sua inclinação é pelo PSB, uma legenda equilibrada, firme na sua posição ideológica sem radicalismo esquerdista e nas suas postulações programáticas. Seu iminente ingresso no partido, juntamente com seus principais aliados – como o deputado federal Márcio Jerry, que preside o PCdoB no estado – prenuncia futuro alvissareiro para o PSB, que poderá se tornar uma das maiores – se não a maior – agremiações partidárias do Maranhão nos próximos tempos. Isso porque, além dos quadros do PCdoB que o seguirão, muitos outros nomes atualmente mal acomodados em diversos partidos poderão migrar para a seara socialista.
Há algumas semanas, a Coluna previu que, se Flávio Dino migrasse do comunismo para o socialismo, o PSB seria transformado num partido forte, enquanto o PCdoB estaria até mesmo ameaçado de desaparecer do mapa partidário no Maranhão. A previsão está se materializando, o que dará ao governador Flávio Dino uma margem bem maior de ação política, condição indispensável para uma atuação mais forte e produtiva no esforço de construção da grande frente partidária para a guerra eleitoral do ano que vem.
PONTO & CONTRAPONTO
Sob o comando de Flávio Dino, PSB deve rever algumas decisões recentes
Com o ingresso no PSB, o governador Flávio Dino assumirá o comando do partido no Maranhão, devendo escalar o deputado federal Márcio Jerry, hoje presidente do PCdoB, para dirigir a nova legenda. E como a Coluna previu, sob a liderança do governador, o PSB certamente redesenhará sua posição na corrida ao Palácio dos Leões. Deve, por exemplo, desfazer a precipitada declaração de apoio do partido à candidatura do senador Weverton Rocha (PDT), feita pelo ainda presidente da agremiação, Luciano Leitoa, ex-prefeito de Timon. O mais provável é que o PSB dê suporte ao projeto de candidatura do vice-governador, como vinha fazendo, lenta e cuidadosamente, o PCdoB. É claro que essa reviravolta não se dará de maneira tratoral, como foi o anúncio feito por Luciano Leitoa, feito sem o aval do maior nome do partido até aqui, o deputado federal Bira do Pindaré.
Maranhão entra forte no combate à corrupção
O Maranhão acaba de dar mais um passo importante na guerra contra a corrupção, para muitos o pior dos flagelos da vida brasileira. Na terça-feira (15), o estado passou a integrar o Programa Nacional de Prevenção à Corrupção (PNPC), mantido pela Rede de Controle da Gestão Pública. O objetivo é identificar o grau de suscetibilidade à fraude e o nível de proteção dos vários estratos da gestão pública brasileira (nos âmbitos municipal, estadual e federal) contra atos de corrupção, e também como a adoção de boas práticas de controle e de prevenção funciona no combate a desvios. Comandado procurador geral de Justiça e chefe do Ministério Público do Maranhão, Eduardo Nicolau, o lançamento contou com a participação do governador Flávio Dino (PCdoB) e do presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Lourival Serejo, entre outras autoridades. Todos rigorosamente afinados com a linha de combate à corrupção proposta no PNPC.
Na abertura, o governador Flávio Dino ressaltou que o combate à corrupção não se dá somente no campo repressivo, mas sobretudo no preventivo, como propõe o programa. “A corrupção não é um fenômeno que se refere somente ao mundo da política. Também tem uma dimensão econômica e social. É um sinal permanente de violação a princípios e regras e, por isso, em simetria, temos que combatê-la cotidianamente. Participar deste programa é uma forma de garantir a boa aplicação dos recursos púbicos em favor das metas, dos objetivos previstos na Constituição Federal”. E o procurador-geral de Justiça, Eduardo Nicolau, visto como defensor de combate tenaz à corrupção, foi direto ao ponto: “Não tenho dúvidas de que a prevenção é o melhor e o mais eficaz caminho de combate à corrupção no país, que passa pelo fortalecimento das instituições de controle e pela construção da boa governança nas várias esferas de poder”.
São Luís, 18 de Junho de 2021.