Os deputados estaduais são, por tradição e por efetividade, em parte responsáveis pelo sucesso ou pelo fracasso dos candidatos a cargos eletivos majoritários, principalmente os aspirantes a governador. Na corrida eleitoral já em curso, a Assembleia Legislativa está rigorosamente dividida, com os 42 deputados espalhados pelos vários pré-candidatos a governador, sendo que dois deles, o vice-governador Carlos Brandão (PSDB) e o senador Weverton Rocha (PDT), dividem hoje o apoio de deputados. Os outros membros da Assembleia Legislativa estão espalhados por Josimar de Maranhãozinho (PL), Edivaldo Holanda Jr. (PSD) e Simplício Araújo (Solidariedade). Há situações curiosas, como a do pré-candidato do Solidariedade, e a divisão das bancadas do PCdoB e do MDB, para citar dois exemplos. Mas como o momento é ainda de pré-campanha, pode-se afirmar que antes do final do ano todos os 42 deputados terão se posicionado.
De acordo com levantamentos informais, o vice-governador Carlos Brandão está em vantagem na Assembleia Legislativa, com o apoio declarado dos deputados Socorro Waquim (MDB), Thaíza Hortegal (PP), Adelmo Soares (PCdoB), Ana do Gás (PCdoB), Antônio Pereira (DEM), Arnaldo Melo MDB), Daniella Tema (DEM), Duarte Jr. (PSB), Edson Araújo (PSB), Yglésio Moises (PROS), Wellington do Curso (PSDB), Ariston Ribeiro (Republicanos), Paulo Neto (DEM), Rildo Amaral (Solidariedade), Fábio Macedo (Republicanos), Carlinhos Florêncio (PCdoB), Edson Araújo (PSB), chamando a atenção Rafael Leitoa (PDT), nome de proa no partido de Weverton Rocha. Ao mesmo tempo, surpreende o fato de o vice-governador não ter o apoio declarado do único deputado do seu partido na Casa, Wellington do Curso, que, na contramão, fez uma oposição ferrenha e zoadenta ao governador Flávio Dino.
Sem declarações formais, mas por relação partidária e afinidades políticas, o senador Weverton Rocha já conta com os deputados Zito Rolim (PDT), Glaubert Cutrim (PDT), Ricardo Rios (PDT), Cleide Coutinho (PDT), Marco Aurélio (PCdoB), Andreia Rezende (DEM), Neto Evangelista (DEM) Roberto Costa (MDB), Ciro Neto (PP) e Wendell Lages (PMN), um time forte e turbinado pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), apoiador de primeira hora e hoje principal avalista do pré-candidato do PDT. Correm rumores de que o grupo do pedetistas seria reforçado pelos deputados Pará Figueiredo (PSL) e Betel Gomes (PRTB).
Nesse contexto, gera forte curiosidade o fato de a terceira maior base de apoio na Assembleia Legislativa seja a de Josimar de Maranhãozinho, pré-candidato assumido do PL, que levará os quatro do partido – Detinha, Hélio Soares, Leonardo Sá e Vinícius Louro. Ele é seguido do ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr., pré-candidato do PSD e que tem na Assembleia Legislativa o apoio declarado de dois deputados: o experiente Edivaldo Holanda (PTC), seu pai, e César Pires (PSD), que além de pertencer ao seu partido, é o principal articulador da sua campanha.
No âmbito do Poder Legislativo estadual encontram-se ainda algumas situações curiosas. Dos quatro deputados do Solidariedade, dois – Ariston Pereira e Rildo Amaral – estão alinhados à candidatura do tucano Carlos Brandão, enquanto os doutros dois – Helena Duailibe e Fábio Braga – ainda não se declararam. Mas o fato é que nenhum apoiará a candidatura do presidente do partido, o secretário de Indústria, Comércio e Energia Simplício Araújo. Outra situação incomum é os deputados “terrivelmente evangélicos” Mical Damasceno (PTB) e Pastor Cavalcante (PROS), ainda não disseram com clareza para onde vão. Conforme se ouve nos bastidores, os dois estariam aguardando definições de Brasília relacionadas com o futuro do senador Roberto Rocha para se posicionar.
E como a corrida eleitoral costuma produzir marchas e contramarchas, não será surpresa se esse cenário vier a sofrer expressivas alterações quando o governador Flávio Dino anunciar, até o final do mês que vem, o resultado das suas consultas sobre quem será o candidato do seu grupo à sua sucessão. Por enquanto, o vice-governador Carlos Brandão levando a melhor no Palácio Manoel Beckman.
Se está mesmo rompendo com Dino, como disse Louro, Maranhãozinho pode atirar no pé
Se atuou como porta-voz do seu partido, o PL, na entrevista que concedeu ontem à TV Mirante, o deputado estadual Vinícius Louro praticamente consumou o rompimento entre o deputado federal Josimar de Maranhãozinho e seu grupo com o governador Flávio Dino (PSB) e a aliança governista. De acordo com o Vinícius Louro, os quatro deputados do PL na Assembleia Legislativa – Detinha, Leonardo Sá, Hélio Soares e ele próprio – migrarão da base governista para a oposição, deixando de votar com o Governo para votar contra o Governo. Serão quatro votos que, somados aos dois de oposição assumida, formação um contingente de seis votos contrário ao Governo num plenário com 42 votos. Na prática, a bancada do PL no parlamento estadual, que tinha certo peso e mantinha as portas do Palácio dos Leões abertas, está optando por mergulhar no isolamento, já que em nada mudará a estabilidade da base parlamentar governista. Se o chefe maior do grupo, Josimar de Maranhãozinho, resolver partir para atacar o Governo com discursos, poderá crivar de balas os próprios pés, pois o que não falta aos líderes e porta-vozes governistas é munição pesada para revidar. No duro, no duro, Josimar de Maranhãozinho não dispõe de arsenal que possa disparar contra o atual Governo, o que tornará sua estratégia um fracasso retumbante. Além do mais, o Governo Flávio Dino tem pouco mais de cinco meses, com um recesso parlamentar bem à frente e um Carnaval logo depois, o que tornará absolutamente inócua qualquer estratégia de ataque. Sobrará a possibilidade de ele e sua tropa tentar pregar contra a eleição do governador Flávio Dino para o Senado. Difícil acreditar que o eleitorado lhe dê ouvidos, se comparar os fatos com o discurso. Ou seja, todos os fatores demonstram que, por onde entrar contra o Governo Flávio Dino, Josimar de Maranhãozinho terá pouco a comemorar. Já traquejado nesse jogo, inclusive por conhecer as agruras de ser oposição nessas circunstâncias, o deputado Vinícius Louro fez suas declarações consciente de que esse rompimento pode ser um mau negócio político e eleitoral para Josimar de Maranhãozinho e sua tropa.
PSB será reforçado por dois deputados estaduais
Pelo menos cinco deputados estaduais poderão migrar para o PSB. Dois deles, hoje filiados ao DEM, já teriam batido o martelo. Um é Antônio Pereira, com base na região tocantina, que chegou a preparar sua mudança para o PSDB, resolveu atender a convite do governador Flávio Dino para se converter ao socialismo democrático. O outro é a deputada Daniella Tema, que se elegeu pelo DEM, mas deve migrar para o PSB, alinhando-se partidariamente ao ex-prefeito de Tuntum, Cleomar Tema, seu marido e orientador político, que já é filiado ao partido.
São Luís, 19 de Outubro de 2021.