Se o eleitor indeciso assistiu ao debate de ontem à noite no portal Imirante.com, realizado em parceria com o jornal O Estado do Maranhão, com o objetivo de escolher um candidato à Prefeitura de São Luís entre os sete que dele participaram, provavelmente terá ido para a cama embalado por dúvidas. Durante três horas, Eduardo Braide (Podemos), Duarte Jr. (Republicanos), Neto Evangelista (DEM), Rubens Jr. (PCdoB), Bira do Pindaré (PSB), Yglésio Moises (PROS) e Jeisael Marx (Rede) se mostraram antenados com os principais problemas da Capital, propuseram soluções factíveis e fugiram de propostas milagrosas. Ao mesmo tempo distribuíram farpas entre si, tendo Eduardo Braide sido escolhido o alvo preferencial, tendo usado muita habilidade para se defender de algumas acusações e, ao mesmo tempo, reagir com petardos, numa demonstração de que se preparou para a pancadaria, que acabou não acontecendo como era esperado. Duarte Jr. com sua ousadia, Neto Evangelista com sua habilidade política, Rubens Jr. com um discurso firme e convincente, e Bira do Pindaré com sua experiência, também trocaram estranhamentos entre si. Em meio a esses movimentos, em tons diferentes, Yglésio Moises com sua reconhecida competência e Jeisael Marx também muito articulado, assumiram posições de independência, o que ficou mais claro com ataques à gestão do prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT), que só foi elogiado pelo candidato do PCdoB.
Como era previsível, Saúde, saneamento e mobilidade foram as áreas dominante entre os questionamentos feitos por jornalistas, eleitores e os candidatos entre si. Nesse contexto, os candidatos apontaram problemas na política municipal de Saúde em curso. Todos os candidatos prometeram pôr fim a filas para cirurgias, acabar ou, pelo menos, reduzir tempo de espera para exames e ainda fazer parte do Sistema Municipal de Saúde funcionar 24 horas por dia, nos sete dias da semana. Os candidatos falaram também de infraestrutura urbana, da balneabilidade das praias, da queda de braço entre Uber e taxis tradicionais, tocaram na segurança pública e nas dificuldades financeiras. Todos apresentaram soluções para velhos problemas, deixando no ar a impressão de que, seja quem for o eleito, São Luís estará em boas mãos na gestão que será iniciada no dia 1º de Janeiro do ano que vem. Mesmo de “raspão” falaram sobre cultura e turismo.
Curiosamente, nenhum candidato tocou nos problemas da cidade antiga, tradicional, detentora do título de Patrimônio Cultural da Humanidade, sendo todas as preocupações expostas relacionadas com a periferia. No geral, eles demonstraram consciência dos problemas e um bom nível de preparo para enfrentá-los. Ninguém apresentou ideias revolucionárias nem mirabolantes, nem tentou enganar o eleitor com conversa fiada. Reforçaram, enfim, a impressão de que a eleição do prefeito se dará pela força da mobilização política e partidária e não por uma guerra política sem limites.
O debate ficou tenso em alguns momentos, por causa de acusações e provocações. Começou com Neto Evangelista disparando contra Eduard Braide, acusando-o de haver fracassado na gestão da Caema, ao que ele contestou elencando algumas conquistas da sua gestão, inclusive a contratação de mil servidores por concurso, tendo Bira do Pindaré rebatido afirmando que só houve concurso por causa de decisão judicial. Eduardo Braide acusou Duarte Jr. de usar verba indenizatória da Assembleia Legislativa durante a pandemia, tendo ele reagido afirmando que Eduardo Braide é investigado pela Polícia Federal, acusando-o também de haver usado assessor da Assembleia Legislativa como caseiro de um sítio. O candidato do Podemos também foi acusado de ter recebido, quando deputado estadual, auxílio-moradia, “mesmo morando na Península”. Eduardo Braide chamou Duarte Jr. de “enganador”, que devolveu acusando-o de mentir. Rubens Jr. e Eduardo Braide também trocaram petardos verbais, sem, no entanto, descer o nível, que, aliás, não aconteceu em nenhum momento das três horas em que os candidatos estiveram frente a frente.
Qualquer análise isenta certamente concluirá que não houve vencedores nem vencidos no debate Imirante.com/O Estado. Os candidatos se mostraram preparados tecnicamente, diferenciados apenas por aspectos pontuais. Mais do que isso, em vez de causar estragos em reputações, a troca de farpas entre eles consolidou a impressão geral de que nenhum tem ficha suja nem rabo preso. O que é uma vantagem excepcional, e indica que a eleição do prefeito de São Luís dependerá do desempenho das forças políticas envolvidas.
PONTO & CONTRAPONTO
Debate Imirante/O Estado teve bom formato, bom tempo e boa condução
Muito bem organizado o debate realizado pelo Portal Imirante.com, que colocou frente a frente sete dos 10 candidatos à prefeitura de São Luís. Com um formato inteligente e um tempo generoso, assegurou aos participantes uma excelente oportunidade para expor suas ideias e propostas e também jogar o jogo político com provocações que renderam acusações, reações e estremecimentos, sem descambar para o charco da baixaria. Vale anotar ainda que o formato garantiu a todos os candidatos mesmo tempo e o mesmo grau de participação, não permitindo que houvesse ações articuladas entre candidatos. Foi conduzido com eficiência e equilíbrio e sem protagonismo pelo jornalista Clóvis Cabalau, diretor de Redação do jornal O Estado do Maranhão, que atuou mais para facilitar do que para complicar. Tudo isso permitiu que o evento transcorresse sem nenhum momento de tensão, sem qualquer fato ou gesto que indicasse quebra das regras. O resultado foi um bom debate, principalmente pelo desempenho dos candidatos.
Assembleia Legislativa encara mais um desvio de conduta do deputado Fábio Macedo
Ao mesmo tempo em que se consolida cada vez mais como uma instituição atuante, que cumpre as suas obrigações institucionais e se conserva corretamente como um espaço de debate político, a Assembleia Legislativa do Maranhão encara uma situação que causa forte desconforto aos seus integrantes e dirigentes: os desvios de conduta do deputado Fábio Macedo (PDT). Depois de causar um escândalo por embriagues num show popular em Teresina, onde chegou a ser preso e só foi liberado por interferência do presidente Othelino Neto (PCdoB), o parlamentar agora está obrigado pela Justiça a manter distância de 300 metros da sua mulher e dos seus filhos. A acusação é de violência doméstica, denunciada à Polícia pela sua cônjuge, que se diz vítima de agressões, ameaças e constrangimentos. O caso aterrissou na mesa da deputada Helena Duailibe (Solidariedade), titular da Procuradoria da Mulher na Assembleia, que divulgou ontem a seguinte nota:
A Procuradoria da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão, com base no art. 24-A do Regimento Interno desta Casa, em face de notícias veiculadas na imprensa, envolvendo o deputado Fábio Macedo em suposto episódio de violência doméstica no âmbito familiar, vem a público manifestar o seu repúdio a todo e qualquer ato de violência física, verbal e/ou psicológica à mulher.
Informa que ao tomar conhecimento das notícias envolvendo o parlamentar, esta Procuradoria decidiu solicitar cópia do processo relacionado ao caso, que tramita na 2ª Vara Especial de Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de São Luís, e, após isso, convidará a esposa do deputado, Lorena Melo Macedo, para trazer informações, que ainda entender necessárias, para esclarecimentos dos fatos narrados nos referidos meios de comunicação.
A Procuradoria da Mulher esclarece, ainda, que após receber o processo, ouvir a vítima e efetuar a análise dos fatos, tomará as providências cabíveis, permanecendo à disposição, tanto da esposa do deputado, quanto de toda a sociedade, no combate à violência e discriminação contra a mulher.
São Luís, 20 de outubro de 2020
Deputada Helena Duailibe
Procuradora da Mulher da Assembleia Legislativa
São Luís, 21 de Outubro de 2020.