Se os estrategistas do movimento político liderado pelo governador Flávio Dino (PCdoB) imaginam que o Grupo Sarney está abatido e ainda permanece desnorteado por causa da derrota acachapante que sofreu em 2014 e foi sacramentada nas eleições municipais de 2016, devem ficar mais atentos. O emagrecimento causado pelas duas eleições, as ferroadas que recebeu por causa das suspeitas de malfeitos no Governo anterior e os petardos judiciais disparados contra a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) acenderam o sinal de alerta na cúpula do Grupo por ela comandado, levando seus integrantes a darem os primeiros passos no sentido de avaliar o cenário e definir ações que o levarão à corrida eleitoral do ano que vem. Os chefes do Grupo Sarney estão convencidos de que Roseana Sarney está sendo alvo de uma campanha destinada a desmoralizá-la e impedir que ela seja candidata ao Palácio dos Leões. Nesta quinta-feira mesmo, os líderes do Grupo – o ex-presidente José Sarney, a ex-governadora Roseana Sarney, os senadores João Aberto e Edison Lobão e o ministro Sarney Filho -, se reunirão em Brasília para trocar impressões sobre o cenário político do Maranhão e procurar caminhos para reverter o quadro atual, de preferência voltando ao poder em 2018.
Os líderes do Grupo Sarney acusam o governador Flávio Dino de usar a máquina estatal para “perseguir adversário”, apresentando como exemplos denúncias de supostos atos de corrupção em seu Governo, como o “Caso da Sefaz”, no qual a ex-governadora Roseana Sarney é acusada de liderar uma quadrilha que trocava créditos fiscais tributáveis por precatórios, que não são tributáveis, o que a levou a ter seus bens bloqueados, na semana passada, por decisão da Justiça. Os chefes do Grupo dizem que tudo não passa de uma “armação” destinada “a prejudicar a imagem da ex-governadora”. E avaliam que as pancadas, em vez de prejudicá-la, poderão fortalecer sua imagem política e o seu cacife e eleitoral.
– Se continuar assim, no ano que vem ela vai estar muito forte – diz o senador João Alberto, que comanda o PMDB no Maranhão, e que prega a candidatura de Roseana Sarney para enfrentar o governador Flávio Dino, sem, no entanto, arriscar a previsão de que ela vencerá a disputa pelo Governo.
A cúpula do sarneysismo reclama que o governador Flávio Dino estaria “usando a máquina e a polícia” para fazer política “na base da pressão”, segundo afirmas o senador João Alberto. Não admite explicitamente, mas deixa no ar a impressão de que reconhece o poder de fogo político e eleitoral do governador Flávio Dino, identificando nele um candidato difícil de ser batido, a começar pelo fato de que está no cargo e busca a reeleição. E para enfrentá-lo, o comando do Grupo realiza agora reuniões de avaliações, examinando todos os aspectos do cenário político para definir uma estratégia que só será posta em prática no ano que vem. Até lá, já saberá com precisão o tamanho e o cacife do Grupo e, principalmente, o poder de fogo de Roseana Sarney, para definir se ela será mesmo candidata. Será com base nas informações que levantar que a cúpula traçará a estratégia que colocará em prática na corrida pelo voto. De cara, a cúpula do sarneysismo sabe que conta com vários nomes dispostos a ser o candidato a governador – João Alberto é um deles -, mas é consenso que a ex-governadora é o nome mais viável.
O Grupo Sarney quer também entrar forte na briga pelas duas vagas no senado, calculando que poderá emplacar pelo menos um senador. Ao contrário do que tem sido dito, não existe, até aqui, definição com relação a nomes, estando alinhavado, mas sem martelo batido, apenas o ministro Sarney Filho. Isso só será definido no ano que vem, mas é sabido que, além do ministro, estão interessados nas vagas os senadores Edison Lobão e João Alberto, o suplente de senador Lobão Filho e o ex-deputado federal Clóvis Fecury, que também já foi suplente de senador.
O fato é, bem mais magro e sem a influência de outros e ainda sem um norte, o Grupo Sarney está acordando e, pelo que dizem seus líderes, buscando condições para se recuperar e entrar no jogo eleitoral para valer. Busca definir uma estratégia direcionando todas as suas pragas políticas para o governador Flávio Dino, que não é visto apenas como um adversário poderoso e com a faca e o queijo na mão vitorioso, mas como o responsável direto por todas as agruras que o sarneysismo tem amargado nos últimos tempos.
PONTO & CONTRAPONTO
Lobão está na nova lista de Janot
O senador Edison Lobão (PMDB) é, por enquanto, o único político maranhense a integrar a lista extraída da chamada “delação do fim do mundo”, parte da Operação Lava Jato, encaminhada pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal com pedido de abertura de inquérito, na qual estão incluídos os senadores Renan Calheiros (PMDB) e Aécio Neves e José Serra (PSDB), por exemplo. Edison Lobão já esperava. Ele não sabe ainda em qual dos delatores citou seu nome, mas mantém o que vem dizendo: não tem culpa no cartório e o inquérito. E se vier a virar réu, vai provar que a acusação é injusta. A reação do senador pemedebista, porém, vai depender do teor do que tiver dito o delator que o acusou e, claro, dos argumentos que sua defesa apresentar como contestação. Edison Lobão vive agora uma tensa e nada agradável contagem regressiva cujo desfecho dependerá do que decidir o ministro relator Edson Fachin.
Coutinho propõe reajuste para servidores do Legislativo
A Assembleia Legislativa apreciará, e deve aprovar, na sessão de amanhã (16) Projeto de Lei de autoria do presidente Humberto Coutinho (PDT) concedendo reajuste de 6,3% aos vencimentos-base dos servidores efetivos e comissionados do Poder. O projeto tem o aval da Mesa Diretora e deve ser chancelado pelo plenário.
O percentual também será aplicado aos valores da Função Gratificada, da Gratificação pela Execução de Trabalho Técnico Legislativo, instituída pela Resolução Legislativa n° 327, de 11 de maio de 1995, e da Gratificação Técnica, regulamentada pela Resolução Legislativa nº 809, de 28 de novembro de 2016.
O reajuste, que alcançará também os proventos dos aposentados e pensionistas amparadas pelo art. 7º da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2001, deverá entrar em vigor no dia 1º de maio.
Especial
Cleones Cunha é Cidadão Ludovicense
No que foi uma das sessões mais concorridas dos últimos tempos no Palácio Pedro Neiva de Santana, à qual compareceram nada menos que 13 desembargadores, o presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão, desembargador Cleones Carvalho Cunha, tornou-se ontem (14) o mais novo filho adotivo de São Luís, ao receber da Câmara Municipal o honroso Título de Cidadão Ludovicense. Proposto pelo vereador Osmar Filho (PDT), atual 1º vice-presidente da Casa e aprovado por unanimidade, o título foi entregue pelo autor na presença do presidente da instituição parlamentar, vereador Astro de Ogum (PMN). O prefeito de Tuntum e presidente da Federação dos Municípios do Estado do Maranhão (Famem), Cleomar Tema Cunha, homenageou o irmão dizendo-se “muito orgulhoso”, e em seguida declarando: “Cleones veio da cidade de Tuntum com desejo de vencer na vida, e venceu”.
O diploma de cidadania foi entregue em clima de emoção, num plenário lotado de familiares e amigos. O vereador Osmar Filho justificou a iniciativa lembrando que Cleones Cunha já é na prática um cidadão de São Luís, à medida que participa intensamente da vida da cidade, como magistrado, militante católico, intelectual, professor e, sobretudo, cidadão. Por sua vez, o presidente Astro de Ogum classificou a concessão como uma decisão justa da Câmara Municipal.
Fortemente laçado pela emoção, Cleones Cunha recebeu a cidadania ludovicense agradecendo o gesto do vereador Osmar Filho e seus pares, e aproveitando a tribuna parlamentar para fazer uma reflexão sobre a responsabilidade dos três poderes com respeito aos problemas da cidade e do Estado, que ainda se debatem com uma realidade em que crianças e adolescentes vivem sem lar e sem salas de aula. E concluiu: “Escolhi São Luís do Maranhão para viver. Esse momento é único, singular, de felicidade. Sou um legítimo ludovicense. Aqui, fiz minha vida pessoal e profissional, onde vivo, resido e trabalho”, assinalou.
Natural de Tuntum, Cleones Cunha é bacharel em Direito pela UFMA (1981). Foi professor do Colégio Santa Teresa, subdiretor-geral da Secretaria do Tribunal de Justiça, chefe de gabinete do órgão e diretor da Corregedoria Geral da Justiça. Ingressou n o Ministério Público Estadual em 1983 como 1º lugar em concurso público. Foi 1º colocado nos concursos para professor da UFMA em 1985 e, no ano seguinte, para juiz de Direito. Na magistratura, serviu nas comarcas de Vitorino Freire, São Bento, Coroatá e São Luís. Já na Capital, foi assessor da presidência e membro e corregedor-geral Eleitoral em dois momentos. Em 1998, tornou-se juiz da Corregedoria Geral da Justiça. Foi promovido por merecimento para o cargo de desembargador em 10 de novembro de 1999. Foi supervisor-geral dos Juizados Especiais, diretor da Escola Superior da Magistratura do Maranhão (Esmam), corregedor-geral da Justiça (2012/2013) e é o atual presidente no biênio da Corte (2016/2017).
O novo Cidadão de São Luís é mestre em Direito Canônico pelo IPDC-RJ/Universidade Gregoriana, membro da Sociedade Brasileira de Canonistas e da Academia Maranhense de Letras Jurídicas.
São Luís, 14 de Março de 2017.
Individualmente, a Roseana tem muito mais cacife eleitoral que o Flávio Dino.
Aliás, lembrando: o povo do Maranhão, nas eleições passadas, não votou em Flávio Dino, votou contra a família Sarney. Ou seja, Roseana perdeu pra ela mesma… Só que agora, a cada dia que passa, a rejeição do Flávio Dino tb sobe. Ou seja, as próximas eleições tendem a ser novamente uma disputa onde a rejeição será, mais uma vez, protagonista. Só que nessa, a disputa entre os “rejeitados” será mais equilibrada.